Um panorama sobre o fator de impacto dos ABD
JSBD – Ano 23 – N.03 – 04
Em junho, o Journal Citation Reports aumentou o fator de impacto dos Anais Brasileiros de Dermatologia de 0,884 para 1.050. Com o resultado, a publicação melhorou quatro colocações no ranking mundial, passando para a 56a posição e fortalecendo a produção científica dermatológica do país. Para falar sobre o assunto, o JSBD convidou o editor chefe da publicação, Sinésio Talhari. Leia a entrevista a seguir.
A que atribui esse aumento do FI? Precisão científica? Rápida avaliação dos trabalhos, bem como sua relevância e originalidade? Revisão por pares?
Desde a indexação dos ABD, há aproximadamente 10 anos, todos os editores sempre trabalharam no sentido de a revista melhorar a qualidade de suas publicações, adotando critérios rigorosos para a aceitação de trabalhos e estimulando os profissionais das diversas áreas dermatológicas para a submissão de originais relacionados a pesquisas, artigos relevantes de revisão e educação médica continuada, entre outros.
Nos últimos dois anos criamos novas seções e suprimimos outras, acompanhando a evolução das principais revistas dermatológicas internacionais. Entre as mudanças destacamos as seções voltadas para as doenças tropicais/infecciosas, carta pesquisa, aumento do número de casos para Qual o seu diagnóstico?, e carta ao editor. Reduzimos o número de casos clínicos, só aceitando aqueles de especial relevância para o aprendizado. Também reduzimos o número de publicações – a revista ficou mais condensada.
As modificações acima mencionadas, acreditamos, foram decisivas para o aumento do fator de impacto e, mais recentemente, a reclassificação da revista pela Capes – somos Qualis B2. Éramos B3. Aumento do Qualis significa mais respeitabilidade e pontuação dos trabalhos publicados.
Artigos originais recebem mais citação seguidos dos de revisão?
Sim, pelo fato de termos menor fator de impacto e sermos B3, temos recebido pequeno número de artigos inéditos, de pesquisa. Essa foi uma das principais razões para criarmos a seção de dermatologia tropical/infecciosas. Esse é um nicho em que podemos ser mais fortes em comparação com outras revistas. Além disso, estimulamos os profissionais a ficar mais atentos para essas enfermidades, a maioria negligenciada e, em muitos serviços dermatológicos de nosso país, praticamente abandonada no ensino de graduação, residência médica e pós-graduação. Por exemplo, são pouquíssimos os serviços que diagnosticam, tratam e acompanham pacientes com hanseníase. As DST/Aids, leishmanioses e outras doenças cutâneas de relevância na saúde pública não têm merecido a devida atenção no dia a dia do ensino da dermatologia. Investigar nessas áreas e publicar nos ABD certamente tornarão a revista mais visível e respeitada no universo dermatológico.
O que pode ser feito fazer para que o FI da revista aumente ainda mais, assim como o número de citações?
Além do que mencionamos acima, temos enorme potencial de publicar em outras áreas do conhecimento dermatológico. É preciso que os ABD façam parte do grupo das revistas importantes na hora de os autores fazerem a escolha para submeter seus artigos. Infelizmente, ainda não somos lembrados na hora da escolha dos bons periódicos para enviar os melhores trabalhos. É importante mencionar que, além de todas as mudanças realizadas e das conquistas obtidas até agora, teremos ainda maior visibilidade, pois, migramos para a Editora Elsevier. Teremos ahead of print, os artigos terão visibilidade similar à oferecida pelas principais revistas dermatológicas.
Qual é a importância da produção científica em dermatologia no país?
Além da respeitabilidade que os dermatologistas brasileiros merecem, é importante ressaltar que a qualidade de tudo que publicamos refletirá no melhor conhecimento dermatológico dos profissionais e, claro, nossos pacientes serão os principais beneficiados.