Sociedade Brasileira de Dermatologia promove campanha de conscientização sobre Hidradenite Supurativa



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11 de junho de 2024

A Campanha de Conscientização sobre a Hidradenite Supurativa, promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), tem como objetivo conscientizar a população sobre os sinais, sintomas e medidas para o controle da doença. O Dia Mundial da Hidradenite foi em 6 de junho, mas as ações para alertar a sociedade ocorrem ao longo de todo o mês.   

“Alguns pacientes só conseguiram o diagnóstico correto após dez anos depois dos primeiros sintomas, já que esse é um processo inflamatório pouco conhecido e negligenciado. Muitos demoram até chegar ao especialista que é o médico dermatologista, portanto, através da campanha geramos informações para pacientes e médicos que podem favorecer o diagnóstico precoce e, consequentemente, impedir a evolução da doença na sua forma mais grave”, explica o médico dermatologista Heitor de Sá Gonçalves, presidente da SBD.  

A hidradenite supurativa é um processo inflamatório crônico, mais frequente em pacientes com sobrepeso e mulheres, que acomete preferencialmente axilas, mamas, virilha, a região genital e glútea, podendo aparecer nódulos e caroços dolorosos, que podem evoluir com abertura e drenagem de pus. Uma mesma lesão pode inflamar e desinflamar várias vezes no mesmo local e até deixar cicatrizes, dificultando a movimentação dos braços e coxas, por exemplo.  As causas ainda não estão bem estabelecidas, mas ela pode ser considerada uma doença autoinflamatória, quando ocorre uma resposta inflamatória exagerada que agride e danifica a pele e as estruturas associadas.  

“Essa é uma tendência genética e pode estar associada a algumas alterações de saúde e hábitos, como o tabagismo e a obesidade. É importante lembrar ainda que, apesar de não ter cura definitiva, é possível tratar os sintomas e ter uma vida saudável”, explica a médica dermatologista Renata Ferreira Magalhães, diretora científica da SBD.  

Tratamento da Hidradenite Supurativa  

O tratamento envolve a prescrição de medicamentos pelo dermatologista dependendo da complexidade dos sintomas. Além de medidas para controle do peso e melhora da qualidade de vida como a excisão das lesões. Os medicamentos tópicos, podem incluir antissépticos para cuidados locais, antibióticos e esfoliantes tópicos que ajudam a reduzir a inflamação e controlar as infecções bacterianas. Medicamentos sistêmicos, como antibióticos, imunossupressores e imunobiológicos também são eficazes na redução da inflamação.  

Infiltrações locais de corticosteróides e os tratamentos a laser para reduzir os pelos da região e a inflamação também facilitam os cuidados locais. Já a cirurgia é indicada para casos extensos ou persistentes. Isso pode incluir drenagem de abscessos, excisão de tecido cicatricial ou até mesmo remoção das glândulas nas áreas afetadas.  

Para casos graves que não respondem a outras formas de tratamento existem as terapias biológicas que podem ser prescritas, reduzindo o processo inflamatório e viabilizando melhor resultado quando da remoção cirúrgica. Além de analgésicos potentesem casos de dor intensa.  

“Como forma de auxiliar o tratamento e favorecer a prevenção, é fundamental parar de fumar e manter o peso proporcional à altura. Alguns estudos sugerem que uma dieta muito rica em carboidratos, açúcares e gordura animal poderia agravar os sintomas. Evite ainda o uso de roupas apertadas e o suor excessivo nas áreas mais afetadas, como axilas, mamas, virilha, região genital e glútea”, conclui Renata Ferreira Magalhães.  

O dermatologista é o médico especialista para avaliação e conduta das queixas de pele, cabelos e unhas, portanto para o diagnóstico e tratamento do paciente com hidradenite supurativa é indispensável uma análise dermatológica.

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26 de maio de 2023 0

Araras: A Expedição da saúde levando assistência para cidade a 280 KM de Goiânia para tratar doença rara

 

Ainda não eram 9h da manhã e as temperaturas chegaram a 36º C, com uma sensação térmica imensurável naquele momento. Umidade do ar 60%. Ao circular pelo povoado de cerca de 800 pessoas era possível ver muitas necessidades. Um staff de 31 pessoas da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da L’Oreal/La Roche Posay, sendo 14 médicos da SBD, se deslocou de diversos estados do país ao interior de Goiás, no município de Faina, distrito de Araras, que fica a 280 KM de Goiânia. Levaram uma carreta que possibilitou  montagem de três consultórios. A missão? Atender pessoas com uma doença chamada xeroderma pigmentoso. Trata-se de uma doença genética, não contagiosa, que afeta homens e mulheres e é caracterizada por uma enorme sensibilidade à radiação ultravioleta (presente nos raios solares), que afeta as áreas do corpo mais expostas ao sol como a pele e os olhos. 

Araras, está a 280 quilômetros de Goiânia, é o lugar do mundo com o maior índice de xeroderma pigmentoso. Segundo a SBD, enquanto no mundo a incidência da doença é de um para um milhão, no povoado é de um em cada 40 habitantes. Ou seja, existe uma enorme necessidade de infraestrutura e apoio aos pacientes que vivem em um povoado com poucos recursos e apenas uma Unidade Básica de Saúde (UBS).

A equipe se hospedou para dormir e seguir para um novo dia na cidade de Goiás Velho, a da poetisa  Cora Coralina, que em seus poemas falou dos “Becos de Goiás”. Nenhum, porém, foi empecilho para a assistência chegar até Araras e o trabalho foi um sucesso. Goiás Velho fica a aproximadamente 140 km de Goiânia.

A obra de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Araras está parada, está, de acordo com os moradores, caminhando a passos lentos. Isto quando caminha, há mais de cinco anos. Ao lado, 50 casas sendo feitas e também com obras paradas, segundo eles, pelo mesmo período. Se prontas, seriam muito úteis na promoção da qualidade de vida de 50 famílias que teriam proteção adequada do sol, água encanada e esgoto, e estariam ao lado de uma UBS bem maior que a pequena unidade que hoje atende “na raça” e com empenho tantos problemas locais através de quem leva assistência para Araras.

A estrada para chegar tem pouco asfalto, em um trecho curto e muitos quilômetros de barro, em condições normais, cerca de 1h45 de chão. Isso se considerarmos a ida em pick-ups, como as que levaram o grupo da expedição.

A cargo de quem atende na Unidade Básica de Saúde (UBS) ficam os atendimentos gerais, do dia-a-dia, mas a incansável médica Mirian Lane Castilho, da SBD-GO, se junta às equipes da capital e vai de dois em dois meses fazer uma espécie de checagem geral do estado de saúde das pessoas. “Eles precisam e eu venho. Essa é uma necessidade fundamental. Monitorar, assistir, orientar, pois qualquer exposição pode levar a lesões agressivas”, diz ela. 

A ação foi crucial para a realização de cirurgias de pele para biópsia, retirando sinais provavelmente cancerígenos e uniu-se a outras iniciativas locais promovendo o bem estar da população que sofre do xeroderma pigmentoso e para adiantar tratamento que dependiam de uma ida até Goiânia, por exemplo.  “Vivemos dias intensos de um trabalho duro e gratificante. Esta ação é motivo de muito orgulho para a SBD, que desenvolve o seu papel de levar conhecimento, prevenção e tratamento das doenças dermatológicas para nossa população”, destacou Carlos Barcauí, coordenador da ação e vice-presidente da SBD.

Além do atendimento cirúrgico, funcionaram os ambulatórios para análise do quadro de quem foi até lá e tem a doença, consulta com oftalmologista com fornecimento de óculos, uma carreta do Estado de Goiás proporcionou a retirada de documentos e houve recreação para criança, além de almoço e lanche para os presentes na ação.

Alguns pacientes já fizeram mais de 30 vezes a retirada de sinais em procedimentos cirúrgicos. Todos com lesões removidas tiveram o material encaminhado para biópsia. A ideia é dar continuidade com apoio de Sociedades Médicas como a SBD, proporcionando alívio e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

Parte dessa história terminamos de contar com mais palavras de Cora Coralina, já que foi levado também o acolhimento aos pacientes e moradores de Araras “E me fazer pedra de segurança

dos valores que vão desmoronando. Nasci em tempos rudes. Aceitei contradições, lutas e pedras como lições de vida e delas me sirvo. Aprendi a viver”, diz ela. Quem viveu a experiência de Araras não esquecerá, cria-se um laço e como ainda, diria Cora Coralina “E, desde então, caminhamos juntos pela vida…”.

 

 





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