Em celebração ao Dia do Médico (18/10), a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) reforça o papel crucial da tecnologia no avanço da medicina dermatológica. Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) tem desempenhado um papel transformador na área, especialmente no auxílio ao diagnóstico de doenças de pele, como o melanoma, uma das formas mais agressivas de câncer, e a acne, que afeta milhões de pessoas no Brasil.
A IA se apresenta como uma ferramenta poderosa ao analisar grandes volumes de dados e imagens de pele, facilitando a detecção precoce de condições dermatológicas e permitindo tratamentos mais eficazes. Dr. André Hirayama, responsável pelo núcleo de IA da SBD, destaca o impacto direto dessa tecnologia:
“Com o uso da inteligência artificial, a sensibilidade para diferenciar nevos (pintas) de melanomas subiu de 84% para 100%, e a especificidade aumentou de 72,1% para 83,7%. O melanoma, que é o câncer de pele com pior prognóstico e maior taxa de mortalidade, tem números alarmantes: a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 55 mil pessoas morrem de melanoma a cada ano, o que equivale a seis mortes por hora. O câncer de pele representa 30% de todos os casos de câncer registrados no país, segundo o Ministério da Saúde. A inclusão da tecnologia nos atendimentos pode acelerar a identificação precoce desse tipo de câncer, aumentando significativamente as chances de cura”.
Um estudo publicado no começo de maio no JAMA Dermatology mostrou que os dermatologistas melhoraram significativamente sua precisão diagnóstica para lesões melanocíticas, suspeitas de desenvolvimento de câncer de pele, ao incorporar a inteligência artificial à tomada de decisões clínicas. Essa evolução tecnológica representa um importante passo no combate ao melanoma e outras condições dermatológicas graves.
André Barcaui, professor da FGV e UFRJ, e especialista em Inteligência Artificial, comenta sobre as aplicações da IA na dermatologia, especialmente na análise de imagens:
“A Inteligência Artificial (IA) tem se tornado um recurso essencial na dermatologia, particularmente na triagem de pacientes e na evolução da análise de lesões cutâneas. Por meio de sistemas avançados de aprendizado de máquina, a IA é capaz de identificar padrões complexos em milhões de imagens de pele, detectando características sutis que podem passar despercebidas ao olho humano. Além de acelerar o processo de triagem, permitindo priorizar casos mais críticos, a IA também oferece uma ferramenta poderosa para acompanhar a progressão de lesões ao longo do tempo, ajudando especialistas a refinar diagnósticos e intervenções com maior precisão e eficiência.”
Para aprofundar esse tema, alguns dos principais porta-vozes da SBD destacam como a inovação tecnológica está impactando a rotina médica e beneficiando pacientes em todo o país.
Dr. Heitor de Sá Gonçalves, presidente da SBD, ressalta como a inteligência artificial já está integrada à prática dermatológica:
“A IA tem mostrado uma precisão surpreendente ao auxiliar no diagnóstico de melanoma, analisando imagens de dermatoscopia com uma taxa de acerto muitas vezes superior à avaliação humana isolada. Ela não substitui o olhar clínico do dermatologista, mas amplia nossa capacidade de identificar sinais suspeitos precocemente, o que é fundamental para salvar vidas.”
Dr. André Hyraiama comenta sobre o impacto da IA na dermatologia:
“A inteligência artificial (IA) está revolucionando a dermatologia, ajudando a diagnosticar e tratar condições como psoríase, melanoma, dermatite atópica e hidradenite supurativa. Essa tecnologia pode analisar grandes volumes de dados e reconhecer padrões, melhorando a precisão dos diagnósticos. Além disso, a IA também tem grande relevância na pesquisa clínica, acelerando a descoberta de novos tratamentos e identificando quais pacientes têm maior probabilidade de responder a determinadas terapias.”
No entanto, Hyraiama também destaca a importância de validação contínua dessas ferramentas: “A validação e os testes dos algoritmos de IA são essenciais para garantir que eles não apresentem vieses, como falhas no diagnóstico em populações com pele mais escura, caso os sistemas sejam treinados predominantemente com imagens de pele clara. A diversidade dos dados é fundamental para que a IA seja eficaz e equitativa, permitindo diagnósticos precisos para todos os tipos de pele.”
Por fim, Hyraiama enfatiza a colaboração entre médicos e IA como crucial para o sucesso:
“A combinação entre a expertise dos dermatologistas e a capacidade da IA de processar grandes volumes de dados de forma rápida é a chave para diagnósticos mais rápidos, tratamentos mais personalizados e, em muitos casos, a chance de salvar vidas.”
A SBD acredita que o futuro da dermatologia será ainda mais impulsionado por essas inovações. Contudo, o uso da tecnologia deve sempre caminhar ao lado do conhecimento e da experiência médica.
“A inteligência artificial na medicina dermatológica é uma ferramenta de suporte essencial, mas a relação médico-paciente e o julgamento clínico nunca serão substituídos. A tecnologia está aqui para somar, e a SBD continua investindo em capacitação e pesquisa para que os profissionais possam extrair o melhor dessas inovações,” finaliza Dr. Heitor.
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