O 3º Simpósio de Hanseníase, realizado de forma online, foi um grande sucesso, teve mais de 1600 inscritos e contou com a participação de mais de 800 pessoas ao vivo. O evento, promovido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), apresentou seis palestras sobre temas fundamentais relacionados à hanseníase. Durante as apresentações, o público teve a oportunidade de interagir em tempo real com os palestrantes.
“Dada a relevância do tema, esse é um evento gratuito promovido pela SBD, aberto aos associados, mas também para acadêmicos de medicina, residentes e médicos não associados. É fundamental contribuirmos para a disseminação de informações sobre uma doença que é tão negligenciada”, disse o presidente da SBD, Dr. Carlos Barcaui, durante a abertura do evento.
A primeira palestra abordou o tema “Diagnóstico Precoce da Hanseníase: Desafios e Estratégias”, ministrada pela Dra. Sandra Maria Barbosa Durães. A dermatologista ressaltou a importância de identificar as pessoas que estão em contato regular com os pacientes sem tratamento, pois elas têm maior risco de contrair a doença. Além disso, ela apontou os desafios enfrentados na realização de exames, especialmente nas fases iniciais da doença.
“O estigma, a percepção dos pacientes e seus familiares sobre a importância do exame clínico, as dificuldades sociais para que os pacientes compareçam às consultas, especialmente se não apresentam sintomas, a descentralização da assistência e a falta de testes diagnósticos nos estágios iniciais são alguns dos obstáculos”, explicou Dra. Sandra.
Ela também sugeriu estratégias para superar essas dificuldades, como: educação em saúde para a população, educação médica continuada, estruturação da rede de assistência, e medidas como visitas domiciliares e campanhas de conscientização.
“A busca por ferramentas inovadoras, como uso de aplicativos de reconhecimento de lesões, testes preditores de adoecimento e Georreferenciamento podem ser decisivos para o diagnóstico precoce”, acrescentou.
Outro tema abordado foi o “Manejo dos Estados Reacionais na Hanseníase”, apresentado pela Dra. Maria Araci Pontes, assessora do Departamento de Hanseníase da SBD. Ela explicou que os estados reacionais podem afetar entre 30% e 50% dos pacientes e que pequenas alterações no sistema imunológico podem desencadear esses episódios.
“As reações podem surgir antes, durante ou após o tratamento. Mesmo quando ocorrem após o término do tratamento, é importante entender que essas reações não têm correlação com o processo infeccioso, mas exigem atenção especial no diagnóstico e tratamento precoce, pois são as principais causas de incapacidade na hanseníase”, destacou a especialista.
Dr. Egon Luiz Rodrigues Daxbacher, assessor do Departamento de Hanseníase da SBD, trouxe o tema “Hanseníase e Doença Sistêmica”. Ele destacou que a hanseníase pode afetar outros órgãos além de pele e nervos periféricos. “Mesmo quando a doença atinge órgãos internos, como os suprarrenais, a carga bacilar será sempre menor do que na pele ou nos linfonodos”, explicou o médico.
Já o Dr. Ciro Martins Gomes, coordenador-Geral de vigilância da Hanseníase e Doenças em eliminação – MS, apresentou dados sobre “Panorama da Resistência Medicamentosa em Hanseníase no Brasil: Desafios e Perspectivas”, com destaque para a Região Centro-Oeste, que apresentou a maior proporção de casos de resistência medicamentosa primária e secundária.
O simpósio também contou com a apresentação de casos clínicos por Dr. Heitor de Sá Gonçalves e Dra. Carolina Thalari. A secretária-geral da SBD, Dra. Regina Carneiro, falou sobre “Diagnósticos Diferenciais na Hanseníase: Reconhecendo Semelhanças e Diferenças Clínicas”.
“É importante que médicos que não são dermatologistas saibam identificar as lesões de hanseníase e diferenciá-las de outras condições dermatológicas, principalmente na atenção básica”, afirmou Dra. Regina.
Por fim, a aula do neurologista Marcus Cunha, sobre “Neuropatia Hansênica e Diagnósticos Diferenciais”, será gravada e disponibilizada para os inscritos posteriormente.
A coordenadora do Departamento de Hanseníase da SBD, Dra. Carla Andréa Avelar Pires, expressou sua gratidão aos participantes: “Agradeço imensamente a todos que dedicaram seu tempo para estar aqui neste sábado pela manhã. O evento foi, sem dúvida, enriquecedor”.
“Com a excelente participação de mais de 800 pessoas em um sábado de manhã, o simpósio marca um excelente início para a gestão da SBD, que já prepara novos eventos de atualização e troca de conhecimentos”, conclui Dra. Regina Carneiro.
As aulas, que foram gravadas, serão disponibilizadas de 10 a 28/02. Quem não participou do evento ainda pode se inscrever e ter acesso ao conteúdo. Clique aqui.