Os dermatologistas brasileiros têm, agora, um Manual Prático de Fototerapia que lhes oferece parâmetros para o emprego dessa ferramenta terapêutica em distintos cenários. O documento, elaborado a partir de contribuições de 11 especialistas convidados, tem como proposta fazer uma atualização com base técnica e científica sobre o tema. Com textos objetivos e didáticos, tem uso garantido em consultório, clínicas e hospitais que atendem pacientes em busca desse procedimento.
A elaboração desse trabalho foi iniciativa da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), na Gestão 2019 – 2020, como uma ação voltada ao aperfeiçoamento das práticas profissionais. Na coordenação geral, estão a professora Ivonise Follador, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e o presidente da entidade, Sérgio Palma. Ambos acompanharam os autores dos capítulos – de diferentes gerações de dermatologistas –, os quais tiveram autonomia para desenvolver os temas sob sua responsabilidade, demonstrando conhecimento teórico e técnico, bem como sua vivência na medicina.
Iniciativa pioneira – “Este Manual Prático de Fototerapia é um projeto idealizado há alguns anos que finalmente se concretiza. Sinto-me muito honrada e alegre em poder coordenar este trabalho. Trata-se de uma iniciativa pioneira com o envolvimento de colegas dedicados e integrados na proposta de oferecer, aos associados da SBD e aos membros dos Serviços Credenciados e Especializados de Fototerapia, o acesso a um conhecimento qualificado, que certamente será de grande ajuda, no dia a dia, no exercício da dermatologia”, ressaltou Ivonise Follador.
Na dermatologia, a fototerapia se consolidou como abordagem terapêutica nos anos 1970, com a introdução do psoraleno, antes do procedimento com luz artificial. Atualmente, esse método é adotado na especialidade para cuidados com inúmeras dermatoses, muitas de alta incidência e difícil controle. Como informa o Manual, além dos cuidados nas indicações e protocolos corretos, deve-se assegurar que as revisões médicas periódicas, também fundamentais para o êxito dos tratamentos, transcorram regularmente. É essencial observar questões, como: melhora clínica, necessidade de associação ou mudança de terapêutica associada, coleta de documentação fotográfica, entre outras.
“Doenças como a dermatite atópica, o vitiligo e a psoríase se beneficiam de tratamentos com fototerapia, que melhoram a qualidade de vida dos pacientes, com a redução dos sinais e sintomas causados pelos diferentes transtornos. O método também é indicado para diversas dermatoses com período crônico de evolução, como linfomas cutâneos de células T e eczemas crônicos”, disse Sérgio Palma.
Padronizado – Além disso, ele conta, a fototerapia pode ser utilizada como monoterapia ou associada a algumas drogas, com objetivo de diminuir o tempo de tratamento e as doses de medicações. Por conta dos bons resultados terapêuticos alcançados, “entende-se que essa ferramenta, da qual a dermatologia lança mão regularmente, deve ter seu manejo orientado e padronizado”, acrescentou o presidente da SBD.
Segundo Ivonise Follador, é fundamental, para que um serviço de fototerapia funcione bem, que os técnicos – preferencialmente da área de enfermagem, que fazem diariamente o manejo das máquinas – sejam muito bem treinados. “Devem ser orientados e preparados para atuarem com cuidado e dedicação, adotando, igualmente, postura ética e humanizada na sua relação com pacientes e outros profissionais”, disse.
Os coordenadores do Manual Prático de Fototerapia lembram, ainda, que como esses procedimentos estão vinculados a tratamentos longos, geralmente com idas aos serviços duas a três vezes na semana, durante meses, alguns pontos não podem ser ignorados. Eles destacam a necessidade de preenchimento da ficha clínica e conversas explicativas, com os esclarecimentos aos pacientes, que devem ser frequentes.
“Os dermatologistas e os membros de suas equipes devem participar do processo ativamente, mantendo contato regular com os pacientes nas visitas, para a interação adequada entre eles, favorecendo, assim, excelentes resultados e segurança na prática dessa modalidade terapêutica”, concluiu Palma.