Pesquisa confirma o preconceito com quem tem psoríase



Pesquisa confirma o preconceito com quem tem psoríase

25 de outubro de 2010 0

Pesquisa inédita feita em oito capitais revela o quanto a psoríase, uma doença que atinge 3% da população, ainda é cercada pelo medo e desconhecimento. Pessoas entrevistadas não hesitam em afirmar que evitariam contratar, frequentar a mesma piscina e até mesmo serem vistas na companhia de alguém com a doença. ‘Mais do que dificuldades para tratamento, pacientes se queixam de segregação’, conta a chefe do serviço de dermatologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, a dermatologista Lúcia Arruda.

Feita pelo Ibope a pedido do laboratório Janssen-Cilag, a pesquisa apresentou aos entrevistados fotos de pacientes tanto com a forma leve quanto com a forma grave da psoríase. As reações eram de pena, tristeza e nojo, mesmo diante das imagens da doença no estágio mais ameno. O desejo de ficar longe de pacientes com a doença ficou evidente, principalmente entre homens. Das 602 pessoas entrevistadas, 83% disseram que não namorariam ou não manteriam relações sexuais com portadores de psoríase e 67% não levariam os filhos em pediatras com a doença.

Outros 63% disseram que não contratariam um portador de psoríase para um cargo de gerência. Os porcentuais foram encontrados quando entrevistados estavam diante de fotos da forma mais leve da doença. Em fotos de pacientes com estágio mais adiantado, a resistência encontrada foi maior. Confundida no passado com hanseníase, a psoríase está longe de ser contagiosa. As manchas vermelhas, que muitas vezes descamam, encontradas em várias partes do corpo, são provocadas por processo inflamatório.

‘Vários fatores podem desencadear o problema: características hereditárias, reações a medicamentos, doenças respiratórias e até traumas emocionais’, diz Lúcia. Quando o processo é disparado, células do sistema imunológico, as células T, passam a se replicar e a se diferenciar, levando a uma produção exagerada de citocinas, substâncias ligadas ao processo inflamatório. ‘Mesmo passado o estímulo, o organismo acaba guardando a memória dessa reação exagerada. Uma nova crise poderá vir, tão logo o paciente seja exposto a um fator desencadeante’, afirma a professora.

O preconceito acaba se tornando mais um inimigo para essas pessoas. ‘Cria-se um círculo vicioso: o paciente que está num período de crise da doença nota a repulsa, o que aumenta o estresse e a dificuldade de o processo inflamatório ser debelado.’ Lúcia está convicta de que, para melhorar o problema, é preciso campanhas de esclarecimento. ‘As pessoas precisam ter em mente que a doença é controlável, acolher o paciente. Quanto mais bem aceito o portador se sentir, melhores as chances de uma crise não retornar.’

Ela cita o caso de um cobrador de ônibus que muitas vezes apresenta a doença nas mãos. ‘As pessoas se recusam a receber o bilhete que ele entrega. Imagine o estresse diário.’ Algumas vezes, o funcionário pede para ser afastado. ‘Ele não tem incapacidad…





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