Além de desencadear problemas emocionais, devido, sobretudo, ao isolamento social, a pandemia do novo coronavírus também tem agravado problemas de pele. O estresse e a falta de sol, causados pelo tempo dentro de casa, são um gatilho para desencadear um aumento e o agravamento de doenças de pele, principalmente a psoríase, doença inflamatória crônica, não contagiosa, que afeta diretamente milhares de pessoas no Brasil e pode atingir todas as idades. A prevalência da psoríase na população brasileira é de aproximadamente 1,3% e na população mundial é de cerca de 2%.
— A tensão emocional e a ansiedade, relacionadas à pandemia do novo coronavírus, tendem a agravar doenças psicodermatológicas, como a psoríase. Medicações como a cloroquina, por exemplo, também podem exacerbar a doença. Além disso, por estarem em casa, muitas pessoas não se expuseram ao sol ou a atividades ao ar livre, mesmo sabendo que a luz UVB é benéfica para controle da doença — apontou a Dra. Renata Magalhães, médica dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
A causa da psoríase ainda não é totalmente conhecida, mas sabe-se que é uma doença imunomediada (quando o sistema de defesa do organismo ataca células saudáveis do próprio corpo) que tem relação com fatores genéticos. Alguns gatilhos podem desencadear ou agravar o quadro, como estresse, tabagismo, infecções e uso de algumas medicações.
Geralmente, a doença é percebida através do aparecimento de lesões avermelhadas e elevadas, com escamas esbranquiçadas na superfície. Coceira e dor associada a rachaduras na pele são outros sintomas. Os locais mais atingidos são o couro cabelo, cotovelos, joelhos e as costas, podendo também aparecer em outras regiões do corpo como nas unhas (ungueal), mãos e pés (palmo-plantar) e articulações (artropática ou artrite psoriásica). Existem também variantes graves com lesões com pus (pustulosa) e aquelas que se espalham por todo corpo (eritrodérmica).
De acordo com a Dra. Renata Magalhães, a melhor forma de prevenir ou melhorar o quadro de psoríase é manter hábitos de vida saudáveis, usar hidratantes, tomar banhos de sol — de forma moderada —, evitar o traumatismo da pele, além de se consultar com um dermatologista periodicamente.
— Um terço dos pacientes com psoríase desenvolve artrite psoriásica. Além disso, obesidade, diabetes, hipertensão, enfermidades coronarianas e doença inflamatória intestinal, como a Doença de Crohn, podem estar associadas à psoríase. Condições psiquiátricas, como ansiedade, depressão e abuso de substâncias, também podem acometer grande parte dos pacientes — declarou a especialista.
A escolha do tratamento é feita pelo dermatologista, tendo em vista a gravidade e o tipo do quadro. Existem tratamentos tópicos com pomadas e cremes para formas leves e localizadas, fototerapia com luz UV controlada, medicamentos orais e medicamentos injetáveis (imunobiológicos).
Dia Mundial de Combate à Psoríase
No dia 29 de outubro, é comemorado o Dia Mundial de Combate à Psoríase. Tendo em vista a data, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) começou mais uma campanha de conscientização para a população.
Neste mês de outubro, estão sendo divulgadas informações sobre a psoríase, doença crônica inflamatória, não contagiosa e que tem tratamento, apesar de ser recorrente. Coordenada pelo médico dermatologista Ricardo Romiti, Coordenador da Campanha Nacional de Psoríase da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a iniciativa tem como objetivo orientar e esclarecer as dúvidas da população. Este ano, a campanha foi pensada para dar dicas, as #TopTipsemPsoríase, para pacientes com a doença. A psoríase provoca alterações na pele, nas unhas, no couro cabeludo e até nas articulações (artrite psoriásica).
Mesmo não sendo contagiosa, os pacientes com a doença sofrem muito preconceito por causa das lesões aparentes na pele. O impacto da doença não fica restrito ao corpo e também pode causar depressão, ansiedade e ganho de peso. “Um acompanhamento multidisciplinar é importante para a melhora da qualidade de vida do paciente”, reforça Dr. Ricardo Romiti.
Não deixe de procurar um médico dermatologista para diagnóstico e tratamento no site da SBD (www.sbd.org.br) ou nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Mais informações em www.psoriasetemtratamento.com.br.
Fonte: Observatório da Saúde do RJ
Para a campanha mundial do ano de 2020 a International Federation of Psoriasis Associations (IFPA), escolheu o tema "Informe-se". Através de informações confiáveis, é possível coletar dados, criar ferramentas e outros recursos para melhorar a qualidade de vida das pessoas com psoríase, promovendo conscientização, empoderamento e ação.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) abre oficialmente em outubro, desde 2016, a Campanha Nacional de Conscientização da Psoríase. Nesse período, elabora ações anuais de esclarecimento para mostrar que os pacientes podem conviver com a doença, considerada crônica, sistêmica, autoimune e não contagiosa. Afeta a pele de cerca de 3% da população mundial, isto é, 125 milhões de pessoas em todo o mundo.
No Brasil, a prevalência da doença é de 1,3%, variando entre 0,9 a 1,1% nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e 1,9% no Sul e Sudeste, o que representa 5 milhoões de pessoas.
A psoríase é uma doença crônica da pele, não contagiosa, caracterizada pela presença de manchas róseas ou avermelhadas, recobertas por escamas esbranquiçadas. Sua causa é ainda desconhecida e embora exista uma predisposição familiar, não é necessariamente transmitida aos descendentes.
Atinge homens e mulheres, em qualquer idade, podendo ocorrer desde formas localizadas e discretas, até formas muito severas acometendo grande área da superfície corporal. A psoríase está sujeita a melhoras dos sintomas e a recaídas, relacionadas a diversos fatores: traumas (físico, químico, queimadura solar), infecções, drogas, estresse emocional, etc.
Os locais mais atingidos são o couro cabeludo, cotovelos, joelhos, palmas das mãos, plantas dos pés, unhas e tronco, com lesões em ambos os lados do corpo.
Tipos e sintomas:
– Psoríase Vulgar: lesões de tamanhos variados, delimitadas e avermelhadas, com escamas secas, aderentes, prateadas ou acinzentadas que surgem no couro cabeludo, joelhos e cotovelos.
– Psoríase Invertida: lesões mais úmidas, localizadas em áreas de dobras como couro cabeludo, joelhos e cotovelos.
– Psoríase Gutata: pequenas lesões localizadas, em forma de gotas, associadas a processos infecciosos. Geralmente, aparecem no tronco, braços e coxas (bem próximas aos ombros e quadril) e ocorrem com maior freqüência em crianças e adultos jovens.
– Psoríase Eritrodérmica: lesões generalizadas em 75% ou mais do corpo.
– Psoríase Ungueal: surgem depressões puntiformes ou manchas amareladas, principalmente nas unhas das mãos.
– Psoríase Artropática: além da inflamação na pele e da descamação, a artrite psoriática, como também é conhecida, causa fortes dores nas articulações. Afeta mais comumente as articulações dos dedos dos pés e mãos, coluna e juntas dos quadris e pode causar rigidez progressiva e até deformidades permanentes. Também pode estar associada a qualquer forma clínica da psoríase.
– Psoríase Pustulosa: aparecem lesões com pus nos pés e nas mãos (forma localizada) ou espalhadas pelo corpo.
– Psoríase Palmo-Plantar: as lesões aparecem como fissuras nas palmas das mãos e solas dos pés.
Tratamento:
A psoríase é uma doença de evolução crônica e não há como preveni-la, sendo possível controlar sua reincidência. O tratamento procura principalmente reduzir o número e a gravidade das lesões e vai depender das características do paciente.
Hoje, com as diversas opções terapêuticas disponíveis, é possível viver com uma pele sem ou quase sem lesões, independentemente da gravidade da psoríase.
Cada tipo e gravidade de psoríase podem responder melhor a um tipo diferente de tratamento (ou a uma combinação de terapias). O que funciona bem para uma pessoa não necessariamente funcionará para outra, dessa forma, o tratamento da psoríase é individualizado.
Os medicamentos utilizados podem ser tópicos (para passar no corpo) ou sistêmicos (devem ser ingeridos). Casos leves e moderados (cerca de 80%) podem ser controlados com o uso de medicação local, hidratação da pele e exposição ao sol.
É importante salientar que qualquer tratamento deve ser feito sob rigorosa orientação médica, de forma persistente, sendo necessário, em alguns casos, suporte psicológico para uma melhor adaptação ao impacto provocado pela doença.
Cinco milhões de brasileiros que vivem com psoríase passam a contar, a partir de agora, com um novo fluxograma de tratamento e um delineamento atualizado nas estratégias para ajustes em suas terapias. O documento, elaborado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), orientará o manejo dos pacientes com essa doença em diferentes fases de cuidados, prevendo a incorporação de avanços científicos e tecnológicos ocorridos ao longo dos últimos oito anos, data da edição de texto anterior (2012).
Do total de pessoas com diagnóstico de psoríase em torno de 3,7 milhões (73,4%) têm sua qualidade de vida comprometida. Isso em decorrência de manifestações dessa doença na pele que comprometem movimentos, causam desconforto e geram exposição dos portadores a situações de preconceito por conta de desconhecimento da população. Para o presidente da SBD, Sérgio Palma, muitos pacientes desenvolvem quadros de depressão e outros transtornos de saúde mental devido à reação de alguns diante das lesões. “Por isso, é essencial levar informações sobre a psoríase e suas implicações aos brasileiros. É o que a SBD fez em campanha recém encerrada sobre o tema”, destacou.
Medicamentos – Entre as mudanças que são trazidas pelo Consenso Brasileiro de Psoríase 2020 e Algoritmo de Tratamento da SBD estão a definição de novos desfechos, de metas de tratamento e de critérios de gravidade, bem como o uso de medicamentos imunobiológicos. Essas substâncias terapêuticas consideradas de última geração têm grande eficiência no tratamento de doenças autoimunes, como é o caso da psoríase. Produzidos por sistemas biológicos vivos, com estrutura molecular complexa, de alto peso molecular e homóloga às proteínas humanas, esses medicamentos são capazes de atuar em locais específicos das vias imunológicas e inflamatórias.
O Consenso da SBD servirá como referência para formulação de protocolos de atendimento e de políticas públicas voltadas aos pacientes com psoríase – de moderada à grave, apostam os dirigentes da entidade. Segundo Sérgio Palma, esse documento terá grande repercussão nas práticas adotadas em serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pela área privada, com a incorporação, exclusão ou alteração de tecnologias. “Por meio dele, fica estabelecido um parâmetro moderno de assistência para pessoas com psoríase, o qual deve ser agregado à prática clínica para trazer maior efetividade, segurança e conforto no manejo dessa doença que não tem cura, mas que, com as orientações e suporte terapêutico corretos, pode causar menos desconforto aos seus portadores”, disse Palma.
Doença – Grande parte da população ainda desconhece a psoríase. Trata-se de uma doença inflamatória crônica da pele e das articulações, de caráter imunomediado e não contagioso, que afeta cerca de 125 milhões de indivíduos em todo o mundo. Pelo menos 5 milhões estão no Brasil. Lesões nos joelhos, cotovelos, couro cabeludo e genitais são as manifestações clínicas mais comuns.
“Entende-se que os cuidados com portadores de psoríase, principalmente os mais jovens, devem ser entendidos como tema prioritário para a agenda pública de saúde. Por conta de seu caráter sistêmico, essa doença, antes vista como agravo de pele, passou a ser relacionada a doenças do sistema cardiovascular, ou seja, o portador tem maior risco de desenvolver outros transtornos. Por isso, esse Consenso deve ser um instrumento de consulta voltado a quem enfrenta essa doença, seja como paciente ou como médico assistente responsável”, disse o dermatologista Ricardo Romiti, professor da Universidade São Paulo (SP) e responsável pela publicação.
Epidemiologia – Na avaliação dos especialistas da SBD, no Brasil, a composição étnica, aumento da longevidade, além de características climáticas e de insolação podem implicar em dados epidemiológicos únicos e diferentes prevalências regionais de psoríase. Essas características também influenciam, no País, as manifestações graves dessa doença e sua resposta às terapêuticas disponíveis.
Dados recentes da SBD estimam a prevalência da psoríase, no Brasil, em 1,31% da população, sendo 1,15%, em mulheres; e 1,47%, em homens. Houve, ainda, a identificação de um aumento da prevalência de psoríase quanto à faixa etária: abaixo dos 30 anos, de 0,58%; entre 30 e 60 anos, de 1,39%; e entre maiores de 60 anos, 2,29%. As regiões do país também diferem quanto à prevalência da doença, com maiores indicadores nas regiões Sul e Sudeste, em contraste com Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
O tratamento desse transtorno visa a redução do desconforto que causa. Em pacientes com quadros leves, o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT), do Ministério da Saúde, ainda em vigor, orienta a prescrição de medicamentos externos, como cremes e pomadas com corticosteroides, calcipotriol e ácido salicílico. Nos casos moderados e graves, a opção prioritária é a fototerapia ultravioleta B (UVB) ou ultravioleta A (PUVA), assim como medicamentos orais sistêmicos. A SBD inova ao propor que seja agregado ao PCDT os chamados imunobiológicos e terapias-alvo, considerados os tratamentos mais modernos, pois atuam como anticorpos, bloqueando a proteína que causa a inflamação.
Apesar de não ter cura, é possível reduzir o aparecimento de episódios da doença em seus portadores, alertam os especialistas. Para tanto, recomenda-se a adoção de hábitos de vida saudáveis, como: alimentação equilibrada, prática de atividade física, não fumar e evitar situações de estresse emocional. Também é recomendado o uso de hidratante e controlar a exposição diária ao sol. No entanto, alerta Ricardo Romiti, “é essencial sempre contar com suporte de médico dermatologista para fazer o diagnóstico e acompanhar o paciente para fazer ajustes na terapêutica, caso necessário”.
O Consenso Brasileiro de Psoríase 2020 e Algoritmo de Tratamento da Sociedade Brasileira de Dermatologia foi elaborado sob a coordenação dos especialistas Sérgio Palma (PE), Ricardo Romiti (SP), André Vicente E. de Carvalho (RS) e Gleison V. Duarte (BA). O documento tem 35 capítulos e reúne a produção de 80 colaboradores, que fizeram a estratificação de níveis de evidência e seu grau de recomendação sobre diferentes tópicos relacionados à doença.
O dia 29 de outubro é marcado como data de conscientização, tratamento e combate ao preconceito relacionados a doença psoríase, uma enfermidade inflamatória crônica da pele caracterizada por lesões avermelhadas e descamativas, normalmente em forma de placas, não transmissível e que não tem cura. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a enfermidade afeta cerca de 3% da população mundial, isto é, 125 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 5 milhões apenas no Brasil. A psoríase atinge pessoas de qualquer faixa etária, com maior incidência entre 30 e 40 anos e 50 e 70 anos, sem distinção quanto ao gênero. No Brasil, a prevalência média da doença é de 1,3%, variando entre 0,9 a 1,1% nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e 1,9% no Sul e Sudeste.
As causas da psoríase ainda são desconhecidas, mas sabe-se que envolvem questões autoimunes e genéticas. Também já está confirmado que alguns fatores externos podem causar o surgimento ou a piora das lesões, como o tempo frio, as infecções e o estresse. O hábito de coçar ou de mexer nas lesões e os banhos quentes e prolongados pioram o quadro, provocando, muitas vezes, até ressecamento e coceiras da pele.
O médico dermatologista do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE) e Diretor da SBD, Egon Daxbacher, alerta sobre o preconceito que pacientes diagnosticados com a psoríase sofrem.
“Toda doença que afeta a pele de forma intensa, e que leva a prejuízo na imagem, acaba sendo alvo de preconceito, infelizmente. Isso faz com que as pessoas diagnosticadas possam se sentir mal com a doença mais do que ela própria já cause problemas e, com isso, até dificultar a resposta ao tratamento”, opina o especialista.
Daxbacher também associa as doenças crônicas (hipertensão arterial, diabetes e obesidade) e os problemas emocionais, e até psicológicos, como uma forma de desencadear ou agravar a psoríase. O médico ressalta a complexidade de casos mais graves.
“Casos muito extensos de psoríase, que afetem quase ou totalmente a pele do corpo, podem facilitar infecções e desidratação. Em casos que as articulações sejam afetadas, podem ocorrer deformidades de mãos e pés”, explica.
A psoríase é classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma doença inflamatória crônica, grave e não transmissível. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e a Secretaria de Estado de Saúde (SES) realizam, anualmente, a Campanha Nacional de Conscientização da Psoríase, com objetivo de reduzir a falta de informações sobre a doença e, em especial, extinguir o preconceito vivido por pacientes que receberam este diagnóstico. O Dia Mundial da Psoríase surgiu justamente para tentar solucionar esta questão. A data, celebrada sempre em 29 de outubro, nasceu em 2004 a partir da união de várias organizações mundiais para tratar do tema.
Sintomas
A psoríase apresenta um conjunto de sintomas confundíveis com outras doenças de pele. Os mais comuns são:
• Lesões róseas ou avermelhadas, recobertas por escamas esbranquiçadas, que afetam a pele, especialmente em cotovelos, joelhos, couro cabeludo, unhas, palmas das mãos e plantas dos pés;
• Manchas, coceira, queimação e dor, unhas grossas, sulcadas ou com caroços;
• Em casos mais graves e avançados, a doença pode causar danos às articulações, com dor e inflamação articular.
Diagnóstico
Os dermatologistas são, habitualmente, os médicos que realizam os diagnósticos e iniciam o tratamento da psoríase. Não há exames de sangue que comprovem a enfermidade, e por esta razão, o diagnóstico é realizado por exame clínico por meio de uma avaliação profissional dos sinais e sintomas do paciente ou, eventualmente, por biópsia.
Tratamento
Nos casos mais leves, normalmente são prescritos medicamentos como pomadas, loções, xampus ou gel. Em casos mais avançados, são indicadas sessões de fototerapia por ultravioleta, com ou sem remédio, medicamentos de uso oral ou injetável. O tratamento deve ser sempre indicado por um médico. Uma das principais diretrizes da data é ressaltar as perspectivas de tratamento da psoríase para uma melhor qualidade de vida aos pacientes. A importância do diagnóstico correto e do acesso à informação – uma das principais armas para combater o preconceito – se tornam essenciais para que o paciente não sofra abalos psicológicos, aprenda a se cuidar e a gerenciar sua doença.
Prevenção
Não existe hoje uma forma de prevenir o surgimento da doença em quem tem predisposição. Apesar disso, existem tratamentos que podem manter a doença controlada ou mesmo ausente da pele, parecendo que a pessoa não a possui.
A SES pede para que a população não deixe de procurar um médico dermatologista para diagnóstico e tratamento no site da SBD (www.sbd.org.br) ou nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Mais informações em www.psoriasetemtratamento.com.br.
Cinco milhões de brasileiros que vivem com psoríase passam a contar, a partir de agora, com um novo fluxograma de tratamento e um delineamento atualizado nas estratégias para ajustes em suas terapias. O documento, elaborado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), orientará o manejo dos pacientes com essa doença em diferentes fases de cuidados, prevendo a incorporação de avanços científicos e tecnológicos ocorridos ao longo dos últimos oito anos, data da edição de texto anterior (2012).
Do total de pessoas com diagnóstico de psoríase em torno de 3,7 milhões (73,4%) têm sua qualidade de vida comprometida. Isso em decorrência de manifestações dessa doença na pele que comprometem movimentos, causam desconforto e geram exposição dos portadores a situações de preconceito por conta de desconhecimento da população. Para o presidente da SBD, Sérgio Palma, muitos pacientes desenvolvem quadros de depressão e outros transtornos de saúde mental devido à reação de alguns diante das lesões. “Por isso, é essencial levar informações sobre a psoríase e suas implicações aos brasileiros. É o que a SBD fez em campanha recém encerrada sobre o tema”, destacou.
Medicamentos – Entre as mudanças que são trazidas pelo Consenso Brasileiro de Psoríase 2020 e Algoritmo de Tratamento da SBD estão a definição de novos desfechos, de metas de tratamento e de critérios de gravidade, bem como o uso de medicamentos imunobiológicos. Essas substâncias terapêuticas consideradas de última geração têm grande eficiência no tratamento de doenças autoimunes, como é o caso da psoríase. Produzidos por sistemas biológicos vivos, com estrutura molecular complexa, de alto peso molecular e homóloga às proteínas humanas, esses medicamentos são capazes de atuar em locais específicos das vias imunológicas e inflamatórias.
O Consenso da SBD servirá como referência para formulação de protocolos de atendimento e de políticas públicas voltadas aos pacientes com psoríase – de moderada à grave, apostam os dirigentes da entidade. Segundo Sérgio Palma, esse documento terá grande repercussão nas práticas adotadas em serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pela área privada, com a incorporação, exclusão ou alteração de tecnologias. “Por meio dele, fica estabelecido um parâmetro moderno de assistência para pessoas com psoríase, o qual deve ser agregado à prática clínica para trazer maior efetividade, segurança e conforto no manejo dessa doença que não tem cura, mas que, com as orientações e suporte terapêutico corretos, pode causar menos desconforto aos seus portadores”, disse Palma.
Doença – Grande parte da população ainda desconhece a psoríase. Trata-se de uma doença inflamatória crônica da pele e das articulações, de caráter imunomediado e não contagioso, que afeta cerca de 125 milhões de indivíduos em todo o mundo. Pelo menos 5 milhões estão no Brasil. Lesões nos joelhos, cotovelos, couro cabeludo e genitais são as manifestações clínicas mais comuns.
“Entende-se que os cuidados com portadores de psoríase, principalmente os mais jovens, devem ser entendidos como tema prioritário para a agenda pública de saúde. Por conta de seu caráter sistêmico, essa doença, antes vista como agravo de pele, passou a ser relacionada a doenças do sistema cardiovascular, ou seja, o portador tem maior risco de desenvolver outros transtornos. Por isso, esse Consenso deve ser um instrumento de consulta voltado a quem enfrenta essa doença, seja como paciente ou como médico assistente responsável”, disse o dermatologista Ricardo Romiti, professor da Universidade São Paulo (SP) e responsável pela publicação.
Epidemiologia – Na avaliação dos especialistas da SBD, no Brasil, a composição étnica, aumento da longevidade, além de características climáticas e de insolação podem implicar em dados epidemiológicos únicos e diferentes prevalências regionais de psoríase. Essas características também influenciam, no País, as manifestações graves dessa doença e sua resposta às terapêuticas disponíveis.
Dados recentes da SBD estimam a prevalência da psoríase, no Brasil, em 1,31% da população, sendo 1,15%, em mulheres; e 1,47%, em homens. Houve, ainda, a identificação de um aumento da prevalência de psoríase quanto à faixa etária: abaixo dos 30 anos, de 0,58%; entre 30 e 60 anos, de 1,39%; e entre maiores de 60 anos, 2,29%. As regiões do país também diferem quanto à prevalência da doença, com maiores indicadores nas regiões Sul e Sudeste, em contraste com Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
O tratamento desse transtorno visa a redução do desconforto que causa. Em pacientes com quadros leves, o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT), do Ministério da Saúde, ainda em vigor, orienta a prescrição de medicamentos externos, como cremes e pomadas com corticosteroides, calcipotriol e ácido salicílico. Nos casos moderados e graves, a opção prioritária é a fototerapia ultravioleta B (UVB) ou ultravioleta A (PUVA), assim como medicamentos orais sistêmicos. A SBD inova ao propor que seja agregado ao PCDT os chamados imunobiológicos e terapias-alvo, considerados os tratamentos mais modernos, pois atuam como anticorpos, bloqueando a proteína que causa a inflamação.
Apesar de não ter cura, é possível reduzir o aparecimento de episódios da doença em seus portadores, alertam os especialistas. Para tanto, recomenda-se a adoção de hábitos de vida saudáveis, como: alimentação equilibrada, prática de atividade física, não fumar e evitar situações de estresse emocional. Também é recomendado o uso de hidratante e controlar a exposição diária ao sol. No entanto, alerta Ricardo Romiti, “é essencial sempre contar com suporte de médico dermatologista para fazer o diagnóstico e acompanhar o paciente para fazer ajustes na terapêutica, caso necessário”.
O Consenso Brasileiro de Psoríase 2020 e Algoritmo de Tratamento da Sociedade Brasileira de Dermatologia foi elaborado sob a coordenação dos especialistas Sérgio Palma (PE), Ricardo Romiti (SP), André Vicente E. de Carvalho (RS) e Gleison V. Duarte (BA). O documento tem 35 capítulos e reúne a produção de 80 colaboradores, que fizeram a estratificação de níveis de evidência e seu grau de recomendação sobre diferentes tópicos relacionados à doença.
Informação e conhecimento sobre psoríase direto do Cristo Redentor. Assim será a transmissão da próxima SBD Live, marcada para esta quinta-feira, 29 de outubro (Dia Mundial da Psoríase), às 19h. Na abertura, o presidente da SBD, Sérgio Palma, apresentará informações gerais da doença e comentará sobre a campanha institucional deste ano, reforçando o papel do médico dermatologista na assistência e a atuação da SBD nos aspectos de educação e informação em saúde. Com expertise no tema, os médicos dermatologistas membros da SBD Claudia Maia e Paulo Oldani participarão esclarecendo as principais dúvidas do público a respeito da psoríase.
A iniciativa terá transmissão ao vivo pelo canal oficial da SBD no Youtube. Durante a live, também serão projetadas lesões da psoríase no monumento, além de alertas sobre diagnóstico e tratamentos.
Se for bem controlada, independentemente do tipo, a pessoa com psoríase terá uma vida saudável.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia realiza uma série de atividades na Campanha Nacional de Conscientização da Psoríase 2020 visando chamar a atenção para que informações confiáveis sobre a doença circulem cada vez mais entre a população. As ações vêm mobilizando o país inteiro e podem ser acompanhadas na página Psoríase Tem Tratamento aqui no site da Sociedade, por meio de matérias e envolvimento dos médicos dermatologistas, população geral e mídia.
Entrevista
Considerados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um dos maiores riscos à saúde no mundo, os movimentos antivacinas têm tomado proporções inimagináveis – ao contrário do que ocorre em países europeus e nos Estados Unidos, não existe um movimento antivacina estruturado no Brasil, mas sim fragmentado e impulsionado pelas redes sociais. E em tempos de pandemia do novo coronavírus e de retorno de doenças já controladas, como o sarampo e a febre amarela, a ideia de que alguém ou um grupo possa ser contrário à imunização é um risco para a população mundial. Essa situação, contudo, tem acontecido com frequência. E uma das causas é a forte concorrência entre informações oficiais sobre problemas de saúde pública e as fake news (notícias falsas) que desacreditam a eficácia e segurança das vacinas. No entanto, sem as vacinas, possivelmente não estaríamos vivos em um mundo repleto de doenças.
A dermatologista Cecília Bortoletto, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que, embora muito se fale sobre o assunto de alguns anos para cá, essa oposição às vacinas não é exatamente um fenômeno recente – na realidade, teve início com a introdução da vacina de varíola no final do século 18. “Trabalhos recentes mostram que as crenças e os argumentos dos movimentos antivacinas mantiveram-se inalterados nos dois últimos séculos, mas as mídias sociais facilitaram a disseminação das informações contra as vacinas. E apesar do grande impacto da ação preventiva na saúde individual e coletiva, o número de indivíduos que questiona sua importância e se recusa a ser vacinado ou a vacinar seus filhos tem aumentado nos últimos anos”, pontua.
No Brasil, embora não existam dados precisos que mostrem a quantidade de pessoas ou grupos que tenham aderido ao movimento, a preocupação com seu impacto entre os profissionais de saúde é crescente. Cecília menciona que na página da Sociedade Brasileira de Pediatria de São Paulo, a infectologista Silvia Regina Marques, responsável pelo Departamento de Infectologia dessa instituição, comenta que “entre os possíveis fatores para a queda nas coberturas vacinais, estão a falsa ideia de que não é mais preciso se vacinar, o desconhecimento dos esquemas vacinais recomendados, a falta de tempo e profissionais de saúde insuficientes para atender à demanda e sem a devida capacitação”. Silvia afirma, ainda, que a “atitude referente às vacinas varia de aceitação à recusa total, mas é, principalmente, no grupo intermediário a esses dois, o da hesitação, que nós, profissionais de saúde, devemos atuar para incrementar essas taxas de cobertura”.
Afinal, por que as vacinas têm sido mais temidas do que doenças? Podemos destacar alguns motivos, como a crise de confiança na ciência, nas instituições e no jornalismo como discurso da verdade. A busca pela informação com base em crenças, posicionamentos, desejos e preferências pessoais ou de grupos restritos está cada vez em mais em evidência na sociedade atual. Isso é explicado a partir das mídias sociais que criam bolhas afetivo-informacionais pautadas pela lógica do algoritmo: as pessoas buscam informações que reforcem seus preceitos, ainda que sejam mensagens com desinformação. Faz parte da dinâmica social contemporânea acreditar mais no que diz um membro da família, por exemplo, do que obter informações de fontes oficiais. Essa lógica atual baseada na experiência pessoal da realidade impede a compreensão da verdade como evidência científica. É sempre bom lembrar que respeitar a vacinação é responsabilidade coletiva, social e de respeito à vida.
A seguir, Cecília elucida um pouco mais o assunto e levanta, principalmente, a questão sobre como os médicos devem lidar com pacientes que não acreditam na importância das vacinas.
1. Como os médicos devem lidar com pacientes que declaram não pretender tomar vacinas?
Cecília Bortoletto: Os profissionais de saúde, especialmente os pediatras, que mantêm contato direto e frequente com pais, têm um papel fundamental na manutenção da confiança nas vacinas e são considerados a principal e mais confiável fonte de informação para os pacientes. O médico, na sua formação, é preparado para saber sobre anatomia, fisiologia, doenças e tratamentos, e na nossa formação na graduação aprendemos quais vacinas são necessárias, em quais períodos devem ser tomadas, quais seus efeitos colaterais e as consequências da não vacinação. Não podemos esquecer, porém, que os pacientes do século 21 não são os mesmos de 20 anos atrás. Cada vez mais nossos pacientes são participantes ativos na consulta médica, e muitas vezes já chegam nos nossos consultórios com uma lista de exames necessários para confirmar o diagnóstico feito pelo do “Dr. Google”, ou por meio de sites não médicos. Esse comportamento tem se tornado cada vez mais frequente nos últimos anos. Cabe a nós, profissionais da área da saúde, ouvir e esclarecer nossos pacientes se essas informações não científicas compartilhadas nas redes sociais são verdadeiras ou não, sempre nos baseando, é claro, em evidências científicas.
Na construção dessa nova forma de relação médico/paciente, mais do que nunca, precisamos ouvir nossos pacientes – no caso das crianças, seus pais – antes de julgar ou criticar, para que possamos, de fato, construir argumentos, aprimorando, assim, a forma de comunicação que poderá melhorar a confiança nos tratamentos que indicamos, incluído o que tange à necessidade da vacinação. O acolhimento durante a consulta é peça fundamental para que também possamos ser ouvidos pelo paciente.
2. Que argumentos são imprescindíveis para abrir os olhos dos pacientes que pertencem ao movimento antivacina?
CB: Estar preparado para responder às dúvidas sobre as vacinas é fundamental. O profissional de saúde que foi vacinado, seus conhecimentos sobre o assunto e a sua própria confiança nas vacinas são fundamentais para orientar seu comportamento na indicação das vacinas aos seus pacientes. Em uma revisão de 185 artigos sobre hesitação vacinal entre profissionais da saúde feita em 2016, evidenciou-se que o conhecimento sobre as vacinas, sua eficácia e segurança constrói a confiança do profissional e suas indicações. Segundo a maioria dos artigos, o profissional adequadamente vacinado tem mais chance de prescrever vacinas. Por isso, é necessário conhecimento e educação continuada.
3. Além desse movimento, há também pessoas que se recusam a tomar vacinas em decorrência da religião. Como abordar um assunto tão sensível e mostrar a importância da vacina para essas pessoas?
CB: A recusa em receber vacinas por motivos religiosos parece ocorrer em grupos mais restritos. No livro do Professor Guido Levi Recusa de vacinas − causas e consequências, há um capítulo sobre esse tema. Dois fatos, especificamente dessa parte, chamaram minha atenção: um sobre uma epidemia de sarampo em 1994, nos estados de Missouri e Illinois, nos EUA, a partir de um caso em uma comunidade denominada Christian Science; e o caso dos fundamentalistas islâmicos do Taliban, que lançaram fatwas (pronunciamento legal no Islão, emitido por um especialista em lei religiosa, sobre um assunto específico) opondo-se à vacinação, o que levou a uma das maiores causas de falhas nas coberturas vacinais no Paquistão, Afeganistão e na Nigéria – estes grupos, aliás, estão entre os responsáveis pela ainda não erradicação da poliomielite no mundo, em decorrência da persistência de circulação endêmica do vírus nesses três países.
4. O que muda na relação médico/paciente quando um paciente se recusa, por exemplo, a seguir um tratamento que inclua vacinas, já que até em tratamentos para certas alergias as vacinas são indicadas?
CB: No artigo da pesquisadora Regina Célia de Menezes Succi “Recusa vacinal – o que é preciso saber”, ela menciona aspectos importantes da parte legal. No Brasil, uma lei federal de 1975, regulamentada por um decreto de 1976, dispõe sobre a organização das ações de vigilância epidemiológica, e o Programa Nacional de Imunizações estabelece, no parágrafo 27, que a vacinação é obrigatória em todo o território nacional. Esse mesmo decreto, no parágrafo 29, estabelece como dever de todo cidadão submeter-se, e os menores dos quais tenha a guarda ou responsabilidade, à vacinação obrigatória. Além disso, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece que é dever da família assegurar a efetivação dos direitos à saúde, o que inclui a vacinação de rotina. Do ponto de vista da relação médico/paciente, parentes que se opõem à vacinação de seus filhos podem prejudicar seriamente essa relação, o que pode ser suficiente para permitir que o médico deixe de atender esse paciente (Código de Ética Médica, artigo 36). No caso de vacinas para tratamento de alergias, não ocorre a obrigatoriedade como no caso das vacinas do calendário vacinal e cabe ao médico e ao paciente, se não existe um consenso quanto à forma de tratamento (no caso da vacina), decidir se esse médico seria o mais adequado para atender esse paciente específico. Aqui, novamente, reforço que sem uma boa relação médico/paciente não conseguiremos mudar a maneira como aquele indivíduo enxerga o cuidado com a sua saúde ou a de seus filhos.
5. Me parece que hoje os pacientes estão com mais medo das vacinas do que das doenças. E as fake news influenciam muito esse posicionamento… O que pensa sobre isso?
CB: Uma revisão sistemática publicada em 2020 mostra que as redes sociais têm papel muito importante na disseminação das informações falsas sobre as vacinas. Esses grupos desenvolvem seu próprio conteúdo sem qualquer evidência científica e confundem seus leitores, geralmente, utilizando histórias pessoais ou eventos supostamente ocorridos em crianças que teriam apresentado efeitos colaterais, o que acaba causando comoção em algumas pessoas e tendo maior impacto do que dados científicos fornecidos pelas agências de saúde. Essa revisão também mostra que, embora em menor número, esses grupos são muito mais ativos nas redes sociais do que grupos de pessoas a favor das vacinas – os grupos antivacinas geralmente utilizam os mesmos argumentos nos seus tweets ou posts (risco das vacinas, risco de autismo causado por algumas vacina e teorias de conspiração) e baseiam essas informações em "experiências pessoais".
Um relatório publicado pelo Center for Countering Digital Hate (organização não governamental que tem como objetivo romper a arquitetura de ódio e desinformação) e usado como referência para um artigo no Lancet identificou que 31 milhões de pessoas seguem grupos antivacinas no Facebook, e 17 milhões de pessoas estão inscritas em canais semelhantes no Youtube. Segundo o Professor Peter Hotez, reitor da National School of Tropical Medicine Baylor College of Medicine, os movimentos antivacinas ganharam força no mundo porque evoluíram de um grupo pequeno para se tornar um império na mídia com 500 websites impulsionados pelas redes sociais. Não é mais suficiente, portanto, que a comunidade científica se restrinja à comunicação por meio de artigos em revistas médicas; deve também utilizar a mídia e as redes sociais para divulgar informações verdadeiras e promover debates sobre as vacinas, especialmente neste momento tão delicado em que várias vacinas estão sendo testadas para o controle da pandemia do novo coronavírus
6. Na sua opinião, qual é a importância da imunização?
CB: A imunização foi considerada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) a maior conquista de saúde pública do século 20. Segundo a OMS, a vacinação é uma das formas mais eficientes, em termos de custo, para evitar doenças. Ela atualmente evita de dois a três milhões de mortes por ano, e outro 1,5 milhão poderia ser evitado se a cobertura vacinal fosse ampliada no mundo. Não podemos esquecer que sem as vacinas não teríamos erradicado a varíola; e que a poliomielite já poderia ter sido erradicada em todo mundo por meio da vacinação, caso ainda não ocorressem falhas nas coberturas vacinais no Paquistão, Afeganistão e na Nigéria.
Um estudo realizado em 2016, com 65.819 pessoas em 67 países, o Brasil entre eles, para verificar a percepção sobre segurança, eficácia e importância das vacinas, além de compatibilidade com crenças religiosas, revelou que a confiança nas vacinas de modo geral é alta, mas varia nas diferentes regiões – países da Europa apresentaram maiores níveis de respostas negativas sobre importância, segurança e eficácia das vacinas, e a França foi o país com maior taxa de sentimentos negativos em relação à segurança das vacinas (41%). Dos nove países avaliados nas Américas, o Brasil se colocou entre os que apresentaram melhores níveis de confiança nas vacinas. Apesar desses dados otimistas, temos alguns números preocupantes: uma pesquisa realizada no Brasil mostra que, entre 2016 e 2017, ocorreu queda de 20% na cobertura das vacinas contra poliomielite, hepatite A e meningocócica C, em relação a 2015. Já em 2018, os dados do DataSus mostram queda acentuada nos índices de coberturas vacinais no estado de São Paulo. Trazendo essas informações para a realidade atual, neste momento de insegurança com a pandemia do coronavírus, ocorrem dois fatos extremamente importantes: a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um comunicado informando que mais de 117 milhões de crianças em todo o mundo correm risco de não receber a vacina de sarampo durante a pandemia; e outro fato de extrema importância é o que irá ocorrer quando as vacinas de coronavírus estiverem à disposição da população. Portanto, se os movimentos antivacinas, por meio dos seus sites e das redes sociais, divulgarem informações falsas sobre as novas vacinas, será que conseguiremos imunizar uma parcela importante da população mundial para que possamos construir o “novo normal”?
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