Jornalista de Recife tem parte do nariz necrosada após consulta e aplicação malsucedida de ácido hialurônico com biomédico



Jornalista de Recife tem parte do nariz necrosada após consulta e aplicação malsucedida de ácido hialurônico com biomédico

17 de maio de 2018 0

A editora adjunta do Portal Folha PE, Priscila Aguiar, teve complicações após realizar aplicação malsucedida de ácido hialurônico com biomédico. “Procurei essa profissional para fazer um peeling. Gostei do trabalho dela e vi que no seu consultório tinham outras máquinas de estética. Ela comentou sobre a aplicação do ácido hialurônico. Na hora ela me passou muita confiança, disse que não havia riscos, e que com três dias eu estaria recuperada”, relembra Priscila.  A técnica, porém, foi malsucedida, explica o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dr. Sergio Palma, alertando que a complicação mais temida entre aquelas relacionadas ao uso de preenchimento cutâneo é a necrose causada por obstrução ou trauma vascular.
 
De acordo com a Lei do Ato Médico, profissionais da área da saúde e de outras profissões regulamentadas, somente podem realizar atos que são previstos em suas leis regulamentadoras. Os biomédicos, farmacêuticos, enfermeiros, fisioterapeutas e odontologistas não possuem em suas leis regulamentadoras autorização para a realização de procedimentos invasivos estéticos, informa o médico dermatologista. Palma comenta que entre os erros estéticos mais comuns estão a aplicação de preenchedores em planos inadequados, o excesso do material de preenchimento e as injeções em áreas de alto risco, como as próximas à artéria facial, à artéria angular ao longo do sulco nasolabial, nariz e glabela; além de queimaduras e cicatrizes por peelings agressivos, lasers e tecnologias como a criolipólise e a luz pulsada. 

“É preciso que a população entenda que esses procedimentos envolvem algo muito sério, a saúde. Eles não podem estar separados de uma consulta médica”, diz Palma complementando: "do ponto de vista de saúde pública, vale ressaltar que a prática da medicina e realização de tratamentos devem ser feitos no consultório médico, onde é possível observar os quesitos de biossegurança dos procedimentos. O conhecimento e domínio das técnicas de aplicação, da anatomia local, das indicações e contraindicações com base no estudo amplo das doenças que envolvem a pele, também são fundamentais para alcançar melhores resultados, bem-estar e segurança do paciente. Também é de extrema importância que o profissional executor do procedimento estético esteja preparado para prontamente avaliar e lidar com possíveis efeitos adversos", assinala.
 
Recentemente, decisões da justiça reafirmaram que outros profissionais estão proibidos de exercer procedimentos estéticos médicos e invasivos. No dia 20 de abril, a Justiça Federal decretou a nulidade da Resolução 573/2013 do Conselho Federal de Farmácia (CFF), e farmacêuticos são proibidos de realizar procedimentos estéticos dermatológicos. Em dezembro de 2017, a Justiça Federal no Rio Grande do Norte concedeu liminar, válida para todo o país, que proíbe a aplicação de botox e preenchimentos faciais para fins estéticos por dentistas. 
 
A Sociedade Brasileira de Dermatologia registra que entre maio e dezembro de 2017 cerca de 370 denúncias de casos concretos contra o exercício irregular da medicina foram encaminhadas pelo Departamento Jurídico da SBD aos órgãos de fiscalização (Ministério Público, Vigilância Sanitária e conselhos de fiscalização profissional) para providências cabíveis (ver gráficos). O número é resultado das ações permanentes realizadas pela entidade para a valorização dos interesses dos médicos dermatologistas, da dermatologia e da população. 

Os últimos dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) mostram que em 2016 o número de procedimentos não cirúrgicos teve um crescimento significativo de 79,15% em relação a 2014. No total, foram realizados 1.332.203 processos não cirúrgicos, sendo a aplicação de toxina botulínica com aumento de 96,4%, seguido da técnica de preenchimento com 89,5%. Esse aquecimento no mercado estético tem trazido à tona também a questão da qualificação profissional. 
 


Atenção! Antes da realização de todo e qualquer procedimento, seja ele invasivo ou não, fique atento aos cuidados a serem tomados:
 – Certifique-se de que o profissional responsável é médico devidamente registrado no CRM e especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia em nosso site www.sbd.org.br. Verifique também o seu Registro de Qualificação de Especialista em Dermatologia (RQE) no Conselho;
– Converse com o seu dermatologista, questione a experiência do mesmo e, caso ele não faça o procedimento, saberá indicar outro especialista para a realização do tratamento prescrito;
– Cuidado com os sites de compras coletivas e anúncios na internet que oferecem pacotes baratos e promoções;
– Desconfie também dos locais que se dispõem a cobrar preços muito baixos, frequentemente tem muita rotatividade de profissionais e nem sempre compram os melhores equipamentos e produtos
 
A Sociedade Brasileira de Dermatologia é a única instituição reconhecida pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Conselho Federal de Medicina (CFM) como representante dos dermatologistas no Brasil. 





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