Em nove anos, Pará registrou 31 mil casos de hanseníase



Em nove anos, Pará registrou 31 mil casos de hanseníase

21 de janeiro de 2021 0

Oficializada em 2016 pelo Ministério da Saúde, a Campanha Janeiro Roxo busca em mais um melhorar o controle da hanseníase e conscientizar a população sobre a gravida­de da doença, a importân­cia do diagnóstico precoce e do tratamento imediato. Por muito tempo, a enfer­midade causada pela bac­téria Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen foi co­nhecida como lepra, cau­sando grande estigma e pre­conceito que até hoje  di­ficultam o tratamento e o combate de sua dissemi­nação. Segundo um estu­do divulgado pela Sociedade Brasileira de Dermato­logia (SBD), os números da doença cresceram em todo país na última década, com destaque para o Pará, que passou a ocupar o terceiro lugar no ranking dos esta­dos com maiores registros.

De todos os novos casos registrados na popula­ção geral pelo Sistema de Informação de Agravos e Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, um ter­ço se concentra apenas no Pará, o que corresponde a 31.611 pacientes diagnosti­cados entre 2010 e 2019. Segundo o médico e as­sessor do Departamento de Hanseníase da SBD, Mauricio Lisboa, um dos motivos desse aumento nos números está relacionado às péssimas condições de habitação.

"O Pará é um es­tado historicamente endêmico para hanseníase, e vem registrando muitos ca­sos desde o século passa­do. Há outras áreas que historicamente também são endêmicas. Geralmente são aquelas que houve movi­mentos migratórios impor­tantes, como é o caso do Pará, desde o ciclo da borra­cha e mineração. Esses movimentos atraem um gran­de número de pessoas que são acomodadas de for­mas inadequadas, forman­do aglomerados populacio­nais sem infraestrutura, facilitando assim a transmis­são da hanseníase",explica.

Mesmo com grandes avanços nos estudos e tratamento da doença, o asses­sor do SBD diz que ainda há lacunas a serem preen­chidas. "Apesar dessa bacté­ria ser conhecida há maisde 100 anos, o tratamento que usamos hoje ainda é o mes­mo introduzido há 50 anos. Por exemplo, também ain­da não temos um teste laboratorial que auxilie nesse
di­agnóstico de pacientes. Há inclusive uma carência de estudos que suportem no­vas drogas, e de políticas de saúde que expandam o arsenal terapêutico", observa.

CONTROLE
Embora a hanseníase seja uma doença que tem cura, ela precisa ser tratada de maneira precoce para evitar possíveis sequelas no futuro. "A doença surge como lesões de pele, algu­mas mais localizadas que lembram micoses, impinges ou com lesões mais difusas contendo nódulos em partes do corpo. Outra ca­racterística muito peculiar da hanseníase é a dormên­cia. Então, essas sensações de choques nas mãos e pés, agulhadas e dormências são indicativas de um possível diagnóstico de hansenía­se", ressalta Maurício.

Mesmo com os percen­tuais elevados, o SBD pre­vê ainda o aumento de ca­sos de hanseniase nos pró­ximos anos, especialmen­te pela falta de diagnósti­cos em 2020.

"A hanseníase é uma doença silenciosa e com poucos sinais e sinto­mas. As campanhas de di­agnóstico que geralmente são feitas em escolas ou na comunidade, os exames familiares e campanhas edu­cativas precisaram ser sus­pensos por causa da pande­mia da Covid-19. Com isso. te­mos certeza de que muitos ca­sos perderam a chance de serem diagnosticados nes­se último ano e com a doença avançando", finaliza.

PRIMEIRO DIAGNÓSTICO
1873 foi o ano da descoberta da hanseníase, que é uma das enfermldades mals antigas que acometem a humanidade, com registros de casos da doença há mais de quatro mil anos.

Fonte: Diário do Pará

 

 

 

 

 





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