A técnica é focada na prevenção e no combate às feridas de difícil cicatrização, que obrigam as pessoas a ficar de cama por muito tempo. Tratamento direcionado ajuda a apressar a cura
Há quatro anos, Marino Gonche, 77 anos, sofre com feridas nos pés que não cicatrizam. As úlceras, provocadas pelo diabetes tipo 2, acometeram os dois pés. Foi preciso uma cirurgia, na qual foram retiradas as solas dos membros. A partir daí, a vida do aposentado mudou severamente. De um homem ativo e independente, Marino se tornou um paciente que vive em cima de uma cama, completamente dependente. Porém, há um ano, o aposentado é assistido por uma enfermeira dermatológica, o que lhe fez ter esperanças de que logo poderá voltar a andar e sair da cama. “Depois que comecei a ser atendido pela enfermeira, meus pés melhoraram. O esquerdo está com a ferida cicatrizada, mas o direito ainda não”, relata Marino. “Tenho fé em Deus que essa moça vai me curar”, espera.
A esperança do aposentado se iguala à de inúmeras pessoas que convivem com úlceras provocadas por doenças, como o diabetes, acidentes, queimaduras e etc. Graças à enfermagem dermatológica(1), elas têm uma expectativa maior de retornar às suas vidas normais. No dia a dia dos hospitais e dos leitos residenciais, é essa especialidade da enfermagem que ajuda a trazer de volta a qualidade de vida para pacientes que, como Marino, sofrem com feridas de difícil cicatrização. “Pessoas que são tratadas pela enfermagem dermatológica têm um processo mais rápido de cura”, afirma Francisco Le Voci, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e dermatologista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Esses profissionais se especializam na área e adquirem conhecimentos de materiais usados no tratamento dermatológico. São capazes de avaliar a ferida e prescrever os produtos que melhor podem auxiliar na cicatrização e recuperação da pele. “Os registros feitos pela enfermagem dermatológica são de importância fundamental para os médicos, pelas informações que representam. Incluem a avaliação do estado clínico do doente, o conhecimento da progressão da doença, as decisões tomadas e os procedimentos adotados”, pontua Le Voci.
A enfermeira Paula Herrman, que cuida de Marino, afirma que, com tratamento assistido, o paciente melhora mais rápido, pois há uma observação cuidadosa da evolução do problema com os produtos utilizados. “Na maioria das vezes, são pacientes acamados, que não podem ir ao consultório para o médico avaliar a ferida. Nós vamos à casa dele, avaliamos o problema, anotamos a evolução do tratamento e orientamos o cuidador como devem ser as trocas dos curativos e quais os materiais para aquela situação.” É isso que Paula faz pelo menos uma vez por semana com Marino. “Há um ano, ele não colocava os pés no chão por conta das feridas, que chegavam ao osso. Hoje, ele fica de pé, com a ajuda de uma órtese, e ensaia algun…