Com o apoio da SBD, dermatologistas capacitam médicos e enfermeiros de sete estados para o combate à hanseníase
Cerca de 1 mil médicos e profissionais da Atenção Primária de sete estados brasileiros, além de dermatologistas de todo o País, serão beneficiados por um programa de capacitação em hanseníase promovido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), em parceria com o Ministério da Saúde, a Organização Panamericana de Saúde (Opas) e a DAHW Brasil, uma organização não-governamental de origem alemã. O projeto é totalmente online, devido às limitações impostas pela pandemia de covid-19.
Os módulos preparados por médicos dermatologistas da SBD estão sendo exibidos à distância, em atividades mediadas por outros especialistas convidados. Nas dinâmicas, além da apresentação das aulas pré-gravadas, há interação com os participantes nos estados, que têm suas dúvidas respondidas em tempo real. Nesta fase, o público é composto por médicos, enfermeiros e agentes da Estratégia de Saúde da Família (ESF).
Julho – Os encontros com os profissionais da Atenção Primária da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Pernambuco e Tocantins devem se suceder até a primeira quinzena de julho. Em cada oportunidade, são apresentadas seis aulas, que abordam diferentes tópicos sobre a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de casos de hanseníase. Até o momento, já foram realizadas cinco transmissões dessa série. Nesta semana, acontecerão outras seis.
Em julho, serão realizados três grandes encontros para os dermatologistas e residentes dos Serviços credenciados da SBD. As inscrições para essa atividade, que será gratuita, serão abertas nas próximas semanas. No grupo de professores envolvidos com este projeto de capacitação em hanseníase, estão Egon Daxbacher (RJ), Lúcia Martins Diniz (ES), Maria Araci Pontes (CE), Maria Eugenia Noviski Gallo (RJ), Maria Katia Gomes (RJ), Maria Leide Wand Del Rey de Oliveira (RJ), Maurício Nobre (RN) e Sérgio Palma (PE). Além deles, há ainda Heitor de Sá Gonçalves (CE) e Sandra Durães (RJ), responsáveis pela coordenação geral.
Indicadores – Dados epidemiológicos revelam a pertinência da iniciativa da Gestão 2021-2022 da SBD. No Brasil, foram diagnosticados 312 mil novos casos de hanseníase, entre 2010 e 2019. Os números do Ministério da Saúde indicam uma média de 30 mil registros por ano, um número que vem mantendo discreta queda, mas não ainda significativa para sugerir o controle ou declínio da doença no País. Independentemente disso, o Brasil continua na segunda posição no ranking mundial da hanseníase, atrás apenas da Índia.
Do total dos 312 mil novos registros, no período analisado, 30% foram diagnosticados já com algum grau de incapacidade física, ou seja, apresentavam perda de força ou da sensibilidade em mãos, pés ou olhos, e 10% já manifestavam deformidades visíveis, com impacto na vida dos pacientes em situações de trabalho e na realização de atividades do dia a dia.
A maior incidência da hanseníase no Brasil está nas áreas com menor índice de desenvolvimento humano (IDH). O Nordeste é a região que mais identificou casos novos, entre 2010 e 2019 (43% do total, o equivalente a 132,7 mil). Em seguida, vêm o Centro-Oeste, com 20% dos casos; o Norte (19%); e o Sudeste (15%). Apenas 4% dos novos pacientes registrados são do Sul do País.
Precoce – “Um dos principais problemas relacionados à assistência aos pacientes com a hanseníase é a dificuldade de se obter o diagnóstico e o tratamento precoces para a doença. Apesar de ser possível alcançar a cura e minimizar sequelas, nem todos os serviços da rede pública, em especial os da Atenção Primária, contam com médicos, enfermeiros e agentes capacitados para atuar na detecção e encaminhamento dos pacientes”, explica Heitor de Sá Gonçalves, que também é vice-presidente da SBD.
Com o objetivo de suprir essa demanda a SBD idealizou este projeto, conta Sandra Durães, que ocupa a Coordenação do Departamento de Hanseníase da entidade. Com a mudança da abordagem da capacitação de presencial para online, ela afirma que a iniciativa ganhou folego e amplitude. O número de estados beneficiados dobrou e, com isso, mais profissionais receberão as orientações sobre o tema.
“A queda nos indicadores de hanseníase no Brasil conta com a participação efetiva dos dermatologistas, que colaboraram com a estratégia de descentralização da assistência e têm capacitado profissionais da Atenção Primária nos últimos anos. Com o apoio da atual gestão da SBD, nossos especialistas poderão amplificar esta contribuição para reduzir o surgimento de novos casos. Assim, com a qualificação das equipes e a realização de campanhas de conscientização, como a do Janeiro Roxo, nossa meta ficará mais próxima”, ressalta Sandra Durães.