Combate à Covid-19: SBD divulga nota técnica sobre o uso da isotretinoína oral no tratamento de acne
Como forma de orientar dermatologistas e pacientes que adotam a isotretinoína oral em tratamentos para a acne grave, por conta das dúvidas existentes com respeito ao coronavírus e seu impacto no organismo humano, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) encomendou análise sobre o uso desse medicamento a alguns dos maiores especialistas no assunto no país. A seguir, estão as principais conclusões do trabalho realizado:
1) A isotretinoína oral é uma medicação utilizada há 40 anos para tratamento de acne grave nódulo cística e de acne vulgar moderada resistente a tratamentos habituais;
2) A prescrição é feita depois de avaliações individual, clínica e laboratorial. O acompanhamento médico é feito regularmente durante todo o tratamento;
3) O uso dessa medicação vem ajudando a tratar e prevenir sequelas da acne, evitando cicatrizes físicas e psicológicas de doença que atinge o jovem em formação de personalidade, gerando problemas de autoestima e psicossociais;
4) Os efeitos colaterais são bem conhecidos e bem manejados, desde que com acompanhamento regular pelo médico dermatologista. Dentre eles, estão, principalmente, ressecamento de pele e mucosas, ressecamento de olhos, elevação de gorduras sanguíneas e, raramente, cefaleia, queda de cabelo, elevação de enzimas hepáticas e até questionáveis casos de depressão;
5) Ressalte-se que caso seu paciente apresente ressecamento intenso de mucosas, cabe sugestão de redução de dose e aumento de medidas de hidratação das áreas atingidas, reduzindo, assim, sinais irritativos e evitando a suspensão da droga;
6) Acne de moderada a grave causa frequente depressão e impacto negativo na qualidade de vida do indivíduo. Atualmente, têm-se usado doses baixas dessa medição, sendo que os efeitos colaterais são praticamente ausentes ou mínimos no decorrer do tratamento.
7) O maior problema identificado no uso da isotretinoína se relaciona ao seu grande potencial teratogênico, ou seja, de causar alteração no feto, o que determina às pacientes a necessidade de não engravidarem durante o processo, usando como medidas preventivas métodos contraceptivos eficazes e reconhecidos. Nestas situações, essa prática é mandatória;
8) Com respeito ao coronavírus, após analisar uma série de estudos publicados em importantes periódicos, não se identificou, até o momento, relação de uso de isotretinoína em pacientes com acne e riscos de infecção ou de alteração na evolução do microorganismo causador da Covid-19;
9) Assim, orienta-se aos dermatologistas e pacientes em uso da isotretinoína oral para acne a manutenção do tratamento em curso. Solicita-se que o acompanhamento pelo especialista seja contínuo, devendo ser-lhe repassados qualquer relato de possíveis efeitos colaterais para detecção, avaliação e compreensão de reações adversas ao fármaco, para, se necessário, mudança de conduta;
10) Diante desse quadro, alerta-se aos pacientes sobre a importância de completar o tratamento prescrito com isotretinoína oral o que evita recaídas e recidivas da acne, mantendo sempre um diálogo aberto com seu médico dermatologista nesse período.
Rio de Janeiro (RJ), 21 de março de 2020.
Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)
Gestão 2019/2020