SBD: Nota Técnica – Febre Maculosa (FM) ou Febre das Capivaras



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15 de junho de 2023 0

SBD:NOTA TÉCNICA

FEBRE MACULOSA (FM) OU FEBRE DAS CAPIVARAS

É causada pela bactéria Gram negativa Rickettisia rickettsii e é equivalente à Rocky Mountain Spotted Fever. Acontece em todos os estados brasileiros, mas poupa a região amazônica.

A Febre Maculosa é transmitida por carrapatos (principalmente os do gênero Amblyomma, os carrapatos-estrela). Os carrapatos dos cães não transmitem a doença. A bactéria pode estar presente em artrópodes adultos, ninfas (vermelhinhos) e larvas (micuins). Todos estes estágios necessitam de uma fase hematófaga em um vertebrado, que pode ser um animal selvagem (especialmente capivaras e cervos), um animal de criação ou mesmo o Homem. Na maioria as vezes, haverá uma história de visita a ambientes selvagens/rurais antes do surgimento dos sintomas.

As manifestações da infecção iniciam-se de modo brusco, com um estado gripal que causa febre, cefaleia e mialgias e que se prolonga por duas a três semanas. Por volta do terceiro ou quarto dia, surge uma erupção eritematosa maculopapular, de tonalidade pálida. Esta se inicia na região dos punhos e tornozelos, podendo se disseminar para membros inferiores, superiores e tronco. Por volta do sexto dia, as lesões podem assumir um aspecto purpúrico (por formação de petéquias), o que é um fator indicador de gravidade da doença, pois indica o surgimento de uma vasculite generalizada decorrente da multiplicação do agente nas células endoteliais de pequenos vasos.

A Febre Maculosa pode evoluir sem sintomas ou em sintomas são atenuados, mas alguns casos provocam necroses cutâneas extensas nas áreas onde se instalam sufusões hemorrágicas. Torpor, agitação psicomotora e sinais meníngeos são frequentes. A face torna-se congesta e infiltrada, com edema peripalpebral e injeção conjuntival. É possível observar tosse e hipotensão arterial. A letalidade pode chegar a 60% dos doentes.

A melhor forma e comprovar o diagnóstico é por meio da Reação de imunofluorescência indireta (RIFI). O tratamento ainda nos primeiros cinco dias é fundamental para o prognóstico e a suspeita clínica é suficiente para iniciar o tratamento. A droga prioritária no tratamento é a doxiciclina 100 mg duas vezes ao dia, até 3 dias após o desaparecimento da febre.

Os casos que surgiram recentemente em Campinas estão dentro de um perfil de acidentes que acontece ocasionalmente na região (por ser uma área endêmica), assim como em Piracicaba e outros municípios de São Paulo. O provável local onde as pessoas adquiriram a doença era naquele momento frequentado por mais de 3000 pessoas e alguns carrapatos infetados transmitiram a doença para até agora 6 vítimas. Não há motivo para pânico e sim para atenção dos órgãos e saúde e profissionais para possíveis novos casos, que podem ou não acontecer. 

 

Colaboração: Vidal Haddad, Aline Bressan, Helio Miot e Heitor Gonçalves

 

 

 

 

*Imagem: https://br.freepik.com/

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12 de junho de 2023 0

 

Nota técnica da Sociedade Brasileira de Dermatologia

Tinturas Capilares sem PPD

 

A parafenilenodiamina (PPD ou PPDA) é o principal componente das tinturas de cabelo, podendo incitar reações graves em pacientes alérgicos. Ela possui grande capacidade de penetração na pele e alto poder alergênico, ou seja, grande capacidade de gerar dermatite.

Diversos sinônimos da PPDA podem ser identificados nos rótulos, como: 1,4-diaminobenzeno, p-aminoanilina, 1,4-benzenodiamina, p-benzenodiamina, 1,4-fenilenodiamina, p-diaminobenzeno, 4-aminoanilina, CI 76060, Ursol D.

Além disso, a PPDA ainda possui reações cruzadas com outras substâncias, dentre elas: aminoazobenzeno, paratoluenodiamina (PTD), 2-nitro-4-fenilenodiamina, 4-aminophenol (p-aminophenol), 3-aminophenol (m-aminophenol), corantes têxteis (Disperse Yellow 3, Disperse Orange 3), sulfoniluréias, PPD-mix, hidroquinona, antraquinona, benzocaína, sulfas, IPPD, fotoprotetores à base de PABA (ácido para aminobenzóico) e o anti-inflamatório celecoxibe.

Muitas das tinturas com a inscrição no rótulo de “sem PPD” contém ao menos uma das substâncias acima, tornando perigoso o seu uso por pacientes alérgicos à PFDA.

Os rótulos com a inscrição “sem PPD” ou “sem PPDA”, ou ainda “tintura hipoalergênica”, NÃO são necessariamente seguros para indivíduos alérgicos a PPDA. Somente a leitura atenta de todos os ingredientes da tintura pode garantir a segurança do uso em pacientes alérgicos.

 

Foto: https://br.freepik.com/

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24 de maio de 2023 0

 

Nota técnica

Riscos do bronzeamento para a pele

Sociedade Brasileira de Dermatologia

O bronzeamento acontece pelo aumento da liberação de melanina na pele, um pigmento responsável pela cor. Além de um efeito cosmético, a exposição a radiação ultravioleta do sol e de as câmaras de bronzeamento, danifica o DNA das células da pele. Ao longo da vida, seja no trabalho, nos momentos de lazer este dano é cientificamente reconhecido.
O bronzeamento artificial está proibido no Brasil, baseado em estudos científicos que comprovam associação das câmaras de bronzeamento ao aumento do risco de câncer de pele. O mais frequente é o carcinoma basocelular, mas também o espinocelular e melanoma, que podem se disseminar para outros órgãos, levando ao óbito, também aumentam. Tal dado torna-se mais preocupante, uma vez que não é possível determinar um nível de exposição seguro ao uso de tais equipamentos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA declarou que não existem benefícios que contraponham os riscos decorrentes do uso dos equipamentos para bronzeamento artificial estético. Esta decisão está em consonância com um alerta emitido pela Organização Mundial da Saúde – OMS em 2009, que classificou a exposição aos raios ultra violeta das câmaras de bronzeamento como cancerígenas.
No Brasil, a estimativa para o do triênio 2023-2025 é de 220.490 casos de câncer de pele por ano, ou seja, aproximadamente 661 mil novos casos ao final do período. Nesse sentido, vale ressaltar que a exposição ao bronzeamento artificial, apenas uma vez na vida, aumenta cerca de 20% de chance de desenvolver o melanoma, o mais temido dos cânceres de pele. O risco aumenta para 59% quando usado antes de 35 anos.
O tratamento de escolha do câncer de pele é a cirurgia para retirada da lesão, o que pode deixar cicatrizes, principalmente em áreas expostas, como a face, trazendo preocupações estéticas e psicológicas. O dermatologista é o profissional que estudou medicina por seis anos, fez residência médica nessa especialidade por ao menos mais três anos e atende diariamente um número crescente de pessoas com lesões pré-cancerosas e câncer de pele e possui o dever ético de alertar sobre as repercussões da exposição ao ultravioleta. A pele bronzeada não é sinônimo de saúde ou beleza, apesar dos apelos relacionados a um hábito saudável, ações antidepressivas e aparência atraente, e até de aumentar a produção de vitamina D.

Departamentos de Oncologia e Fotobiologia
Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)

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14 de março de 2023 0

 

Posicionamento da Sociedade Brasileira de Dermatologia em relação ao Plasma Rico em Plaquetas (PRP) no tratamento de Cabelos e Alopecias

O PRP (Plasma Rico em Plaquetas) é uma terapia considerada experimental pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Isso significa que somente pode ser utilizada dentro de protocolos de pesquisas aprovados. O paciente não pode arcar com nenhum custo e, portanto, essa modalidade de terapia experimental não pode ser cobrada.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia, até o presente momento, reitera o posicionamento do Conselho Federal de Medicina que o PRP não possui evidências científicas suficientes para a sua utilização na prática médica e que necessitamos de mais estudos para avaliar sua eficácia no tratamento dos cabelos e alopecias.

Todo tratamento sanguíneo, bem como a manipulação e uso dos seus componentes, deve seguir rigorosamente as normas de segurança e boas práticas da hemoterapia. Além disso, é de suma importância que apenas tratamentos reconhecidos pelas entidades oficiais de especialidade sejam aplicados em pacientes, garantindo a ética, segurança e qualidade aos pacientes no Brasil.

Departamento de Cabelos e Unhas da SBD

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10 de setembro de 2022 0

NOTA TÉCNICA À POPULAÇÃO

Sociedade Brasileira de Dermatologia esclarece sobre a segurança e a eficácia do Minoxidil oral no tratamento das alopecias

Diante do recente destaque da mídia relativo ao uso de Minoxidil oral no tratamento de casos de alopecia, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), com o apoio de seu Departamento de Cabelos e Unhas, vem a público prestar os seguintes esclarecimentos:

  1. A queda de cabelo está entre os motivos mais frequentes de consulta dermatológica. O diagnóstico correto de suas diversas causas é fundamental para definição do tratamento. A alopecia androgenética á a causa mais prevalente de perda de cabelos na população em geral.

2. O tratamento clínico da alopecia androgenética (calvície) deve ser conduzido de forma individualizada, a partir do diagnóstico realizado por médico dermatologista. Este é o especialista preparado e capacitado para cuidar desses casos.

3. O tratamento embasado da alopecia androgenética envolve o uso de minoxidil tópico, de bloqueadores hormonais e do transplante capilar. Estes apresentam resultados com altos níveis de evidência científica.

4. O Minoxidil oral foi originalmente indicado no tratamento da hipertensão arterial (pressão alta) e seus efeitos colaterais reconhecidos para este uso. Nos últimos anos, seu uso em baixas dosagens foi estudado no tratamento das alopecias.

5. O minoxidil oral pode ser indicado em pacientes selecionados com alopecia. Seu uso criterioso, isolado ou associado a outras abordagens, ocorre por indicação médica. Avaliação clínica e cardiológica do paciente pode ser necessária previamente ao seu uso. No cumprimento de seu papel, o médico dermatologista fará a indicação, a prescrição e o acompanhamento do tratamento. 

6. O medicamento Loniten® não está disponível comercialmente no Brasil, sendo que a manipulação do Minoxidil oral é controlada por receituário médico.

Finalmente, a SBD ressalta que a dermatologia é especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Comissão Mista de Especialidades, vinculada ao Ministério da Educação, como habilitada e capacitada para orientar pacientes em ações de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças relacionadas à pele, cabelos e unhas.  Não há outra especialidade ou área de atuação com essa prerrogativa. 

A SBD está atenta aos avanços técnicos e científicos em dermatologia, sempre atualizando seus associados quanto às melhores práticas clínicas e pronta a esclarecer informações, evitando expor pacientes à insegurança e à ineficácia. 

São Paulo (SP), 10 de setembro de 2022. 

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA

Departamento de Cabelos e Unhas

Referências Bibliográficas

1. Adil A, Godwin M.J .The effectiveness of treatments for androgenetic alopecia: A systematic review and meta-analysis. Am Acad Dermatol. 2017 Jul;77(1):136-141. 2. Kanti V, et al. Evidence-based (S3) guideline for the treatment of androgenetic alopecia in women and in men – short version.J Eur Acad Dermatol Venereol. 2018 Jan;32(1):11-22 3. Manabe M, et al. Guidelines for the diagnosis and treatment of male-pattern and female-pattern hair loss, 2017 version.J Dermatol. 2018 Sep;45(9):1031-1043.  4. Cauhe J et al. Effectiveness and safety of low-dose oral minoxidil in male androgenetic alopecia..J Am Acad Dermatol. 2019 Aug;81(2):648-649 5. Sharma AN et al. Low-dose oral minoxidil as treatment for non-scarring alopecia: a systematic review. Int J Dermatol. 2020 Aug;59(8):1013-1019. 6. Randolph M, Tosti A.J. Oral minoxidil treatment for hair loss: A review of efficacy and safety. Am Acad Dermatol. 2021 Mar;84(3):737-746.


10 de junho de 2021 0

A covid-19 pode gerar manifestações cutâneas em pacientes afetados pelo novo coronavírus, o que já pode ser comprovado por meio de exames como PCR, imunohistoquímica e microscopia eletrônica. As lesões de pele surgem em até quatro semanas depois do início dos sintomas gerais da covid-19, mas principalmente nas duas primeiras. Os quadros de exantema e urticária costumam ser mais precoces, com início concomitante aos sintomas gerais ou nos dois primeiros dias, embora existam relatos de surgimento tardio, até um mês depois. As manifestações vasculares, como pseudo-eritema pérnio, púrpura e necrose são tardias, ocorrendo em geral após a segunda semana de infecção.

As conclusões fazem parte de documento divulgado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) que fez uma revisão ampla de estudos científicos dedicados ao tema. O trabalho, que será disponibilizado aos especialistas, ressalta que as manifestações cutâneas, apesar de possíveis, são menos específicas do que outros sinais clínicos relacionados à covid-19, exigindo sempre uma avaliação criteriosa dos dermatologistas antes de sua classificação final.

CLIQUE AQUI PARA ACESSAR

A assessora do Departamento de Medicina Interna da SBD, Camila Seque, responsável pela revisão, explica que a frequência das manifestações dermatológicas nos pacientes com covid-19 ainda é um dado bastante variável na literatura internacional. “Diferentes pesquisas estimam prevalências entre 0,2% e 45%. São inúmeros fatores que influenciam essa ampla variabilidade, tais como: a metodologia do estudo científico; o perfil epidemiológico das amostras; a avaliação presencial ou por telemedicina; a exclusão ou não dos diagnósticos diferenciais; entre outros”, enumera. Segundo ela, no Brasil, até o momento não há estatística sobre esses achados.

Sintomas – Alguns estudos apontam a possibilidade das lesões cutâneas surgirem antes dos sintomas gerais da covid-19, ou seja, de serem os primeiros sinais da infecção. “Isso pode ocorrer entre 8 a 17% dos pacientes que desenvolvem quadro cutâneo”, alerta Camila Seque.

Segundo informa a nota técnica da SBD, nesses casos, as lesões de pele precedem em média três dias os sintomas gerais e os quadros de urticária são os mais relatados. “Tal dado é relevante, pois aponta para as manifestações cutâneas como possíveis marcadores iniciais da infecção por SARS-CoV-2, e ainda na fase pré-clínica, o que contribuiria para o diagnóstico precoce da covid-19”, complementa o texto.

A coordenadora Científica da SBD, Flávia Bittencourt, adverte que outro ponto controverso na literatura científica é a presença de lesões de pele como manifestação única da covid-19, ou seja, lesões cutâneas sem qualquer outro sintoma geral. “Até o momento, há poucos estudos que sustentem essa afirmação”.

Outro dado importante da nota técnica é sobre a relação entre as manifestações cutâneas e as formas leves e graves da doença. Segundo a especialista, elas podem se apresentar em ambas as formas, pois acometem diferentes perfis de pacientes. A nota técnica da SBD também aponta que as manifestações cutâneas mais comuns encontradas na literatura internacional como possível infecção pelo SARS-CoV-2 são: erupções máculo-papulares; urticariformes; tipo pseudo eritema pérnio; vesico-bolhosas; e livedo/necrose.

“Vale ressaltar que até mesmo a frequência de cada um desses padrões é variável de acordo com cada estudo. Grande parte das pesquisas de revisão sistemática relata maior frequência das erupções maculo-papulares (até 70%), seguida das lesões vasculares (incluindo pseudo eritema pérnio), enquanto outros relatam que o padrão mais comum seriam as lesões tipo eritema pérnio (até 75%). Já os quadros urticariformes, vesiculares e livedo/necrose parecem ser mais raros”, salienta o texto.

Alopécia – A revisão divulgada pela SBD aborda uma questão que pode ter relação com a maior susceptibilidade de adoecimento dos homens em relação às mulheres, inclusive com chance de evolução para a forma mais grave da doença, com risco de internação e óbito.

De acordo com a dermatologista Camila Seque, uma possível explicação para essa predisposição do sexo masculino à infecção e ao pior prognóstico seria a associação entre a via dos andrógenos e a infectividade do SARS-CoV-2. Ele explica que um dos marcadores clínicos da expressão dos andrógenos é justamente a alopécia androgenética (AGA), que pode ser um possível fator de risco para a covid-19, uma vez que estudos observaram elevada frequência de AGA entre os homens internados por covid-19.

Além disso, o uso de medicações antiandrógenas, amplamente indicadas nos casos de AGA, parecem ter um efeito protetor na doença, com redução dos sintomas e menores chances de necessitarem de cuidados em UTIs. Porém, a pesquisadora salienta que ainda não há estudos, com metodologia adequada, que demonstrem efetivamente se a introdução dessas medicações após o diagnóstico de covid-19 teria algum benefício terapêutico ou, até mesmo, risco adicional.

Evolução – O tema deve gerar novos documentos. Segundo especialistas que acompanham a evolução da pandemia, por se tratar de uma doença recente, cujo conhecimento ainda está em construção, as informações sobre a covid-19 podem mudar em semanas ou meses. No caso das manifestações cutâneas, ainda há dúvidas sobre a real frequência das manifestações dermatológicas na covid-19, quais as mais relevantes e mecanismos fisiopatológicos envolvidos, entre outros.

“Acompanhar o crescimento diário do conhecimento sobre a covid-19 em todas as áreas da medicina, inclusive na dermatologia, é uma excelente oportunidade de aprendizado e contribuição para sua construção, sempre com a esperança de que a ciência traga mais respostas que se reflitam em benefícios, tanto para os pacientes quanto para a sociedade”, concluiu Camila Seque.


2 de junho de 2021 0

A covid-19 pode gerar manifestações cutâneas em pacientes afetados pelo novo coronavírus, o que já pode ser comprovado por meio de exames como PCR, imunohistoquímica e microscopia eletrônica. As lesões de pele surgem em até quatro semanas depois do início dos sintomas gerais da covid-19, mas principalmente nas duas primeiras. Os quadros de exantema e urticária costumam ser mais precoces, com início concomitante aos sintomas gerais ou nos dois primeiros dias, embora existam relatos de surgimento tardio, até um mês depois. As manifestações vasculares, como pseudo-eritema pérnio, púrpura e necrose são tardias, ocorrendo em geral após a segunda semana de infecção.

As conclusões fazem parte de documento divulgado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) que fez uma revisão ampla de estudos científicos dedicados ao tema. O trabalho, que será disponibilizado aos especialistas, ressalta que as manifestações cutâneas, apesar de possíveis, são menos específicas do que outros sinais clínicos relacionados à covid-19, exigindo sempre uma avaliação criteriosa dos dermatologistas antes de sua classificação final.

CLIQUE AQUI PARA ACESSAR

A assessora do Departamento de Medicina Interna da SBD, Camila Seque, responsável pela revisão, explica que a frequência das manifestações dermatológicas nos pacientes com covid-19 ainda é um dado bastante variável na literatura internacional. “Diferentes pesquisas estimam prevalências entre 0,2% e 45%. São inúmeros fatores que influenciam essa ampla variabilidade, tais como: a metodologia do estudo científico; o perfil epidemiológico das amostras; a avaliação presencial ou por telemedicina; a exclusão ou não dos diagnósticos diferenciais; entre outros”, enumera. Segundo ela, no Brasil, até o momento não há estatística sobre esses achados.

Sintomas – Alguns estudos apontam a possibilidade das lesões cutâneas surgirem antes dos sintomas gerais da covid-19, ou seja, de serem os primeiros sinais da infecção. “Isso pode ocorrer entre 8 a 17% dos pacientes que desenvolvem quadro cutâneo”, alerta Camila Seque.

Segundo informa a nota técnica da SBD, nesses casos, as lesões de pele precedem em média três dias os sintomas gerais e os quadros de urticária são os mais relatados. “Tal dado é relevante, pois aponta para as manifestações cutâneas como possíveis marcadores iniciais da infecção por SARS-CoV-2, e ainda na fase pré-clínica, o que contribuiria para o diagnóstico precoce da covid-19”, complementa o texto.

A coordenadora Científica da SBD, Flávia Bittencourt, adverte que outro ponto controverso na literatura científica é a presença de lesões de pele como manifestação única da covid-19, ou seja, lesões cutâneas sem qualquer outro sintoma geral. “Até o momento, há poucos estudos que sustentem essa afirmação”.

Outro dado importante da nota técnica é sobre a relação entre as manifestações cutâneas e as formas leves e graves da doença. Segundo a especialista, elas podem se apresentar em ambas as formas, pois acometem diferentes perfis de pacientes. A nota técnica da SBD também aponta que as manifestações cutâneas mais comuns encontradas na literatura internacional como possível infecção pelo SARS-CoV-2 são: erupções máculo-papulares; urticariformes; tipo pseudo eritema pérnio; vesico-bolhosas; e livedo/necrose.

“Vale ressaltar que até mesmo a frequência de cada um desses padrões é variável de acordo com cada estudo. Grande parte das pesquisas de revisão sistemática relata maior frequência das erupções maculo-papulares (até 70%), seguida das lesões vasculares (incluindo pseudo eritema pérnio), enquanto outros relatam que o padrão mais comum seriam as lesões tipo eritema pérnio (até 75%). Já os quadros urticariformes, vesiculares e livedo/necrose parecem ser mais raros”, salienta o texto.

Alopécia – A revisão divulgada pela SBD aborda uma questão que pode ter relação com a maior susceptibilidade de adoecimento dos homens em relação às mulheres, inclusive com chance de evolução para a forma mais grave da doença, com risco de internação e óbito.

De acordo com a dermatologista Camila Seque, uma possível explicação para essa predisposição do sexo masculino à infecção e ao pior prognóstico seria a associação entre a via dos andrógenos e a infectividade do SARS-CoV-2. Ele explica que um dos marcadores clínicos da expressão dos andrógenos é justamente a alopécia androgenética (AGA), que pode ser um possível fator de risco para a covid-19, uma vez que estudos observaram elevada frequência de AGA entre os homens internados por covid-19.

Além disso, o uso de medicações antiandrógenas, amplamente indicadas nos casos de AGA, parecem ter um efeito protetor na doença, com redução dos sintomas e menores chances de necessitarem de cuidados em UTIs. Porém, a pesquisadora salienta que ainda não há estudos, com metodologia adequada, que demonstrem efetivamente se a introdução dessas medicações após o diagnóstico de covid-19 teria algum benefício terapêutico ou, até mesmo, risco adicional.

Evolução – O tema deve gerar novos documentos. Segundo especialistas que acompanham a evolução da pandemia, por se tratar de uma doença recente, cujo conhecimento ainda está em construção, as informações sobre a covid-19 podem mudar em semanas ou meses. No caso das manifestações cutâneas, ainda há dúvidas sobre a real frequência das manifestações dermatológicas na covid-19, quais as mais relevantes e mecanismos fisiopatológicos envolvidos, entre outros.

“Acompanhar o crescimento diário do conhecimento sobre a covid-19 em todas as áreas da medicina, inclusive na dermatologia, é uma excelente oportunidade de aprendizado e contribuição para sua construção, sempre com a esperança de que a ciência traga mais respostas que se reflitam em benefícios, tanto para os pacientes quanto para a sociedade”, concluiu Camila Seque.

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18 de março de 2021 0

Nesta semana, o SBDcast – canal de ciência, conhecimento e informação da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) – trouxe um episódio que aborda assunto emergente nos consultórios dermatológicos: “O uso do minoxidil oral nas alopecias”. Para esclarecer as principais dúvidas e atualizar os especialistas com base nas evidências científicas mais recentes, o programa recebeu um expert da área, o preceptor do Ambulatório de Alopecia da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, Rodrigo Pirmez.

CLIQUE PARA ACESSAR O PODCAST DA SBD NA ÁREA RESTRITA DO ASSOCIADO

Durante o bate-papo, que contou com a moderação do 2º secretário da SBD, Beni Grinblat, o especialista – de forma simples e didática – forneceu detalhes a respeito das indicações para essa droga, suas dosagens e efeitos adversos, entre outros pontos.

A prosa, apesar de descontraída, foi rica em informações técnicas que serão úteis no processo de atendimento. Na conversa, segundo destacou Rodrigo Pirmez, entre os efeitos colaterais mais recorrentes relacionados ao uso do minoxidil oral estão: hipertricose, cansaço, tontura, cefaleia e ainda taquicardia.

Lançado em fevereiro deste ano, SBDcast é mais um canal de ciência, conhecimento e informação que dá suporte às ações de educação continuada. Criada pela Gestão 2021-2022 da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a iniciativa entra no ar sempre às quartas-feiras, exclusivamente para os associados, sendo que os programas ficam disponíveis na área do sócio no site da SBD e também no aplicativo da instituição.


23 de abril de 2020 0

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) divulgou nessa quinta-feira (23/4) estudo sobre o uso de antimaláricos aminoquinolínicos na prática dermatológica. No momento em que se discute a prescrição da hidroxicloroquina e da cloroquina no tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus, a entidade oferece uma nova contribuição científica esclarecendo aspectos e efeitos do uso dessa substância pela dermatologia, colocando à disposição das autoridades sanitárias o conhecimento acumulado pela especialidade.

O trabalho foi enviado ao Ministério da Saúde no mesmo dia, atendendo solicitação do diretor do Departamento de Atenção Especializada e Temática (DAET/MS), Marcelo Campos Oliveira. Na mensagem de encaminhamento, a SBD ressaltou que sua nota técnica foi preparada após análise de extensa literatura científica e da longa experiência de seus especialistas, os quais têm atuado no intuito de oferecer aos pacientes segurança e eficácia em suas orientações.

Leia aqui a íntegra do documento

No contexto da pandemia de Covid-19, esse documento apresentado pela SBD, em sua Gestão 2019 -2020, torna-se uma relevante contribuição para as autoridades sanitárias. Por serem reconhecidamente adotados com frequência em tratamentos dermatológicos, as descrições sobre seus mecanismos de ação, interações medicamentosas, posologia e efeitos adversos serão úteis na medida que se discute o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes diagnosticados com Covid-19.

“A SBD está à disposição para contribuir na construção de soluções com base científica sólidas, que sejam de amplo interesse social e coletivo dentro do esforço para superação dessa grave crise epidemiológica”, diz a entidade no documento entregue ao Ministério da Saúde.

O estudo percorre a origem e a linha do tempo dos antimaláricos aminoquinolínicos, cuja descoberta remonta do século XVII. A SBD esclarece, ainda, aspectos da farmacologia, mecanismos de ação, posologia, interações medicamentosas, uso por gestantes e lactantes, efeitos adversos e outros; trazendo referências técnico-científicas importantes do uso desses medicamentos pela dermatologia. “Esse é apenas um exemplo das contribuições possíveis de nossa especialidade na implementação de políticas públicas de saúde”, disse o presidente da SBD, Sérgio Palma.

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23 de abril de 2020 0

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) divulgou nessa quinta-feira (23/4) estudo sobre o uso de antimaláricos aminoquinolínicos na prática dermatológica. No momento em que se discute a prescrição da hidroxicloroquina e da cloroquina no tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus, a entidade oferece uma nova contribuição científica esclarecendo aspectos e efeitos do uso dessa substância pela dermatologia, colocando à disposição das autoridades sanitárias o conhecimento acumulado pela especialidade.

O trabalho foi enviado ao Ministério da Saúde no mesmo dia, atendendo solicitação do diretor do Departamento de Atenção Especializada e Temática (DAET/MS), Marcelo Campos Oliveira. Na mensagem de encaminhamento, a SBD ressaltou que sua nota técnica foi preparada após análise de extensa literatura científica e da longa experiência de seus especialistas, os quais têm atuado no intuito de oferecer aos pacientes segurança e eficácia em suas orientações.

Leia aqui a íntegra do documento

No contexto da pandemia de Covid-19, esse documento apresentado pela SBD, em sua Gestão 2019 -2020, torna-se uma relevante contribuição para as autoridades sanitárias. Por serem reconhecidamente adotados com frequência em tratamentos dermatológicos, as descrições sobre seus mecanismos de ação, interações medicamentosas, posologia e efeitos adversos serão úteis na medida que se discute o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes diagnosticados com Covid-19.

“A SBD está à disposição para contribuir na construção de soluções com base científica sólidas, que sejam de amplo interesse social e coletivo dentro do esforço para superação dessa grave crise epidemiológica”, diz a entidade no documento entregue ao Ministério da Saúde.

O estudo percorre a origem e a linha do tempo dos antimaláricos aminoquinolínicos, cuja descoberta remonta do século XVII. A SBD esclarece, ainda, aspectos da farmacologia, mecanismos de ação, posologia, interações medicamentosas, uso por gestantes e lactantes, efeitos adversos e outros; trazendo referências técnico-científicas importantes do uso desses medicamentos pela dermatologia. “Esse é apenas um exemplo das contribuições possíveis de nossa especialidade na implementação de políticas públicas de saúde”, disse o presidente da SBD, Sérgio Palma.





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