Relatos de casos Surgical & Cosmetic Dermatology




10 de dezembro de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.05

Relatos de casos

http://www.doi.org/10.5935/scd1984-8773.2018102936    

Retalho A-T para reconstrução de ferida operatória na ponta nasal

A-T flap for reconstruction of surgical wound in the nasal tip

 

Théo Nicolacópulos; Rogério Nabor Kondo
Serviço de Dermatologia, Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina (PR), Brasil
Trabalho realizado no Serviço de Dermatologia do Hospital Universitário do Norte do Paraná, Universidade Estadual de Londrina (UEL) – Londrina (PR), Brasil.

Suporte Financeiro: Nenhum
Conflito de Interesses: Nenhum

Correspondência:

Rogério Nabor Kondo
Hospital das Clínicas de Londrina (AEHU) Rodovia PR 445, km 179 − Campus Universitário (UEL)
Londrina-PR – 86051990

E-mail: kondo.dermato@gmail.com

 
Resumo

A região nasal é local frequente de tumores cutâneos, e reparar defeitos nessa região pode ser um grande desafio cirúrgico devido à necessidade do restabelecimento de suas propriedades estrutural, funcional e estética. Este estudo descreve a aplicação de um retalho A-T como opção para reconstrução de ferida operatória secundária à excisão de carcinoma basocelular na ponta nasal.
Palavras-chave: Carcinoma basocelular ; Nariz; Retalhos cirúrgicos

INTRODUÇÃO

A reconstrução de defeitos cirúrgicos decorrentes da excisão de neoplasias na região nasal é um grande desafio devido a características locais, como sua estrutura rígida e de pouca mobilidade.
Descrevemos a utilização de um retalho A-T como opção para o fechamento de ferida operatória na ponta nasal.

 
RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 76 anos, caucasiana, apresentando há oito meses placa eritematosa e infiltrativa na ponta nasal, com biópsia incisional prévia compatível com carcinoma basocelular nodular. Foi realizada marcação de margens cirúrgicas de 3mm para a reconstrução com retalho A-T, utilizando-se incisão nos sulcos alares para o avanço bilateral (Figura 1). O defeito cirúrgico resultante da excisão do tumor não foi passível de fechamento primário (Figura 2A), e as incisões programadas para o retalho A-T foram então realizadas (Figura 2B). O retalho foi posicionado e suturado com fio mononáilon 5-0, alternado com mononáilon 6-0 (Figura 3). Após seis meses, a paciente se apresenta sem sinais de recidiva tumoral e com ótimo resultado estético (Figura 4).

 
DISCUSSÃO

Retalhos cutâneos são recursos que podem ser necessários para o fechamento de excisões de tumores da pele na face.1-4 Na região nasal, as reconstruções podem ser um verdadeiro desafio para o cirurgião dermatológico, devido ao apelo ao bom resultado estético e funcional. As alternativas incluem fechamento primário, cicatrização por segunda intenção, enxertos ou retalhos cutâneos. Entretanto, diversos fatores norteiam a escolha cirúrgica, sendo os retalhos cutâneos uma ótima opção devido à similaridade da pele utilizada para o fechamento, quanto à textura, cor e espessura. Ademais, especificamente na subunidade da ponta nasal, deve-se atentar para a manutenção da forma, posição, contorno e cicatriz.5,6

O retalho A-T é classificado como de avançamento bilateral, de acordo com seu movimento principal em direção à área do defeito.2,4 É um excelente método para solucionar um defeito amplo e profundo cujo tecido adjacente não permite fechamento direto. Possui as vantagens de poder ser realizado sob anestesia local e com resolução num único tempo cirúrgico.4

No presente caso, a lesão da ponta nasal corresponderia ao “A” e a incisão nos sulcos alares nasais bilateralmente, ao teto do “T”, permitindo o avanço bilateral. Tal modalidade respeita os princípios fundamentais cosméticos, de forma que as incisões foram estrategicamente posicionadas na junção das subunidades nasais, maximizando a camuflagem de cicatrizes. Houve boa integração do retalho à área receptora e ótimo aspecto cosmético (Figura 4).

 
CONCLUSÃO

A utilização de retalho A-T para correção de defeitos cirúrgicos em ponta nasal, seguindo princípios fundamentais cosméticos, torna-se opção cirúrgica com ótimo resultado estético e funcional.

 
CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES:

Théo Nicolacópulos | ORCID 0000-0001-7672-4337
Concepção e planejamento do estudo, elaboração e redação do manuscrito, cirurgião dermatológico do caso.

Rogério Nabor Kondo | ORCID 0000-0003-1848-3314
Orientação, concepção e planejamento do estudo, elaboração e redação do manuscrito, cirurgião dermatológico do caso.

 
REFERÊNCIAS

1. Hassan MI, Hassan DAE. Reconstruction after removal of basal cell carcinoma. J Am Sci. 2012;8(7):42-9.

2. Baker SR. Advancement flaps. In: Baker SR, editor. Local flaps in facial reconstruction. 2th Ed. Philadelphia: Elservier; 2007. p.415-74.

3. Camacho-Martinez FM, Rollón A, Salazar C, Rodriguez-Rey EM, Moreno D. Free flaps in Surgical Dermatology. Comparison between fasciocutaneous and myocutaneous free flaps in facial reconstructions. An Bras Dermatol. 2011; 86(6):1145-50.

4. Kondo RN, Pontello Junior R. A-T flap for the reconstruction of an operative wound in the malar region. Surg Cosmetic Dermatol. 2015; 7(3):272-74.

5. Faris C, Vuyk HD. Reconstruction of nasal tip and columella. Facial Plast Surg Clin North Am. 2011;19(1):25-62.

6. Lohuis PJFM, Godefroy WP, Baker SR, Tasman AJ. Transposition Flaps in Nasal Reconstruction. Facial Plast Surg Clin N Am. 2011;19(1):85-106.

 

 

 


10 de dezembro de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.05

O Termo de Consentimento Informado é um documento que presta esclarecimentos ao paciente ou a seus responsáveis sobre a realização de procedimentos com segurança. Nele, são apresentados por meio de escrita simples e linguagem acessível a proposta terapêutica e os procedimentos a utilizar, assim como possíveis complicações ou riscos da assistência prestada. Deve possuir dados de identificação do paciente, de seu responsável e do médico, bem como a assinatura dos envolvidos; emitido em duas vias, uma delas fica com o paciente. 

Para o presidente da SBD, Sérgio Palma, é fundamental que o médico ofereça todas as orientações relativas aos cuidados que prestará, bem como aos procedimentos e possibilidade de efeitos colaterais e intercorrências.

“É primordial manter a comunicação efetiva com o paciente. Dessa maneira, não se deve apenas pedir que o paciente ou seu responsável assine um papel para cumprimento das exigências, mas sim informá-lo detalhadamente sobre todo o tratamento/procedimento”, frisa, lembrando a sugestão de deixar um espaço no termo para que o paciente escreva do próprio punho suas observações.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia disponibiliza sugestão de documento a fim de auxiliar o médico dermatologista em sua missão de agir com o máximo de atenção e zelo, em benefício da saúde de seus pacientes, conforme determinam os Princípios Fundamentais do Código de Ética Médica. A entidade ressalta que o presente modelo é uma sugestão e não isenta o profissional de sua responsabilidade sobre o Ato Médico.

Clique para ver sugestão de modelo do formulário para futuras reproduções. O profissional é livre para adaptar ao termo o que achar mais adequado.


6 de agosto de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.03 – 04

Os chefes de Serviços Credenciados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) participaram de reunião na sexta-feira (28/6), em São Paulo (SP), com a Diretoria-Executiva da entidade. Na oportunidade, foram discutidos aspectos relacionados à nova matriz de competência da especialidade, recentemente publicada pelo Ministério da Educação. O encontro aconteceu um dia antes da reunião do Conselho Deliberativo. 

Outro tema abordado no encontro foi o estabelecimento de acordo de cooperação entre a Sociedade e o MEC para fiscalização dos programas de residência na especialidade. Os participantes compartilharam suas percepções sobre as medidas e avaliaram os avanços possíveis. “Ao tomarmos a iniciativa de que colocar ambos os assuntos em debate, procuramos valorizar a participação do grupo no fortalecimento da formação na especialidade”, ressaltou o presidente da SBD, Sergio Palma, que coordenou os trabalhos.

Matriz – Os termos da nova matriz de competência dos programas de residência em dermatologia estão previstos na Resolução n. 8/2019, da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (SES/MEC). O texto publicado no Diário Oficial da União de 11 de abril estabelece que a partir de 1º de março de 2020 os critérios previstos deverem ser obrigatoriamente implementados pelos Serviços Credenciados.

A norma fixa ainda a jornada semanal dos Programas de Residência Médica, incluídas as atividades de plantão e teórico-práticas, e define que a formação em dermatologia deverá possuir a duração de três anos, com acesso direto, respeitando-se a carga horária semanal conforme legislação vigente. 

Para conhecer a íntegra da Resolução n. 8/2019, acesse aqui.

Fiscalização – Com relação ao acordo de cooperação, as bases estão elencadas na Resolução n. 25/2019, também da SES/MEC, que saiu na edição do Diário Oficial da União de 18 de abril. A regra estabelece que, conforme decidido pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), as sociedades de especialidade, como a SBD, interessadas farão parte de um fluxo de visitas aos programas de Residência Médica com finalidades de regulação, supervisão e avaliação.

Pelo acordado, dentre outros pontos, o calendário de visitas será estabelecido pela CNRM e a CEREM (instância auxiliar). A coordenação da visita será a cargo da CEREM, a qual será a responsável pelo cumprimento dos prazos de visita. De cada missão, farão parte, no mínimo, dois avaliadores por PRM: um designado pela CNRM ou CEREM e outro pela Sociedade de Especialidade Cooperada.

Para conhecer a íntegra da Resolução n.25/2019, acesse aqui

Durante o debate com os chefes de Serviços Credenciados, o ex-presidente da entidade José Antônio Sanches (foto acima) ressaltou que os textos foram elaborados a partir das contribuições das entidades médicas ao longo dos anos. Por sua vez, o atual presidente Sergio Palma reiterou o significado normativo de ambas as Resoluções que, em sua avaliação, poderão implicar em importantes aperfeiçoamentos do processo de formação de especialistas. 


6 de agosto de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.03 – 04

A SBD-RS, juntamente com o Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremers), no intuito de alertar as autoridades sobre os riscos do exercício ilegal da medicina, organizou um Fórum de Debate, no dia 24 de agosto. Estiveram presentes representantes de sete especialidades médicas: dermatologia, cirurgia plástica, cirurgia vascular, endocrinologia, ginecologia e obstetrícia, oftalmologia e traumatologia). Autoridades convidadas do Ministério Público, da Polícia Civil, das Secretarias de Saúde Municipal e Estadual e da Vigilância Sanitária discutiram, juntamente com a classe médica, medidas de enfrentamento do exercício ilegal da medicina a fim de resguardar a saúde da população gaúcha.

Em agosto a Regional lançou nova campanha publicitária, “Dermatologia: a diferença se sente na pele”, que terá divulgação em três rádios FM, no Caderno Donna do jornal Zero Hora, no Google e em outdoors e backbus na cidade de Porto Alegre.

 


6 de agosto de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.03 – 04

Durante o Congresso da Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia (EADV), realizado em setembro de 2018, em Paris, a dermatologista Marcia Ramos-e-Silva recebeu do presidente do encontro o Award for Clinical Care. Em março, a médica dermatologista foi agraciada com o título de sócia honorária da Academia Americana de Dermatologia (AAD), durante o Congresso, em Washington, sendo a primeira especialista brasileira a ter esse título. A honraria foi recebida durante a Awards Ceremony “Star of the Academy”. Já em junho, no Congresso Mundial de Dermatologia (WCD), em Milão, Marcia mereceu a honra de ser a Maria Duran Lecturer, escolhida pelo Maria Duran Committee, da International Society of Dermatology, no Simpósio da International Society of Dermatology. Na ocasião, proferiu a palestra “Tropical Dermatology and Women”.

 

 


6 de agosto de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.03 – 04


Nas palestras ministradas para pescadores e suas famílias são oferecidos
materiais explicativos, incluindo histórias em quadrinhos que mostram
formas de prevenção e principais animais causadores de agravos 

O projeto Pescadores do Brasil idealizado pelo dermatologista, professor e pesquisador da Faculdade de Medicina da UNESP, Vidal Haddad Junior, (foto) foi indicado para receber apoio da Liga Internacional de Sociedades de Dermatologia (ILDS) pela sua relevância social e científica. Implementada há 20 anos, a iniciativa traz benefícios positivos para a sociedade por meio de campanhas de conscientização para a prevenção de acidentes (envenenamentos e traumas) por animais aquáticos voltadas tanto para pescadores como para suas famílias. 

Centenas de colônias de pescadores marinhos e fluviais já foram visitadas e receberam informações sobre primeiros socorros por acidentes por peixes, águas-vivas, caravelas e ouriços-do-mar de cada região do país.

Para a elaboração de material didático, Vidal conta com parceria de alunos dos cursos de Medicina e Ciências Biológicas da UNESP e da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). 

O financiamento foi concedido por meio do Projeto ILDS DermLink, que visa contribuir para a assistência dermatológica em comunidades carentes sob a temática dermatologia tropical e saúde de populações migrantes. É administrado por meio da International Foundation Dermatology (IFD). 


Pescadores em praia de Ubatuba, em São Paulo


6 de agosto de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.03 – 04

Nos meses de agosto e setembro, a prevenção e o tratamento da hanseníase ganhará reforço motorizado. O Projeto Roda Hans estará circulando pelo Estado do Rio de Janeiro levando atendimento especializado à população e capacitando profissionais para a identificação de casos da doença. Além da conscientização e da assistência qualificada, o foco está no início do tratamento precoce.

O projeto é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), juntamente com o Ministério da Saúde e a Novartis Brasil. Na prática, uma carreta com seis consultórios visitará diferentes municípios dando aos pacientes acesso a dermatologistas especialistas em hanseníase que, durante o trabalho, contarão com o suporte de residentes de serviços de pós-graduação credenciados pela SBD.

“Esse é um momento muito importante para o diagnóstico precoce de casos da doença para orientação da população para os sintomas, além da capacitação dos profissionais da rede básica em relação à doença”, afirmou Sandra Durães, coordenadora do Departamento de Hanseníase da SBD.

Iniciativas – Essa é apenas uma das iniciativas previstas pela SBD em seu esforço para a prevenção à hanseníase no Brasil, conforme o planejamento da atual gestão da entidade. O Janeiro Roxo, campanha do Ministério da Saúde de combate à doença, contará com o apoio e a colaboração da Sociedade. O esforço inclui a ativa participação dos dermatologistas por meio de esclarecimentos e aulas voltadas à população nas salas de esperas dos ambulatórios de todo o país.

Além disso, são realizados exames de pele para identificar novos casos de hanseníase e promovida a participação dos dermatologistas em entrevistas em jornais, rádios e televisão. “Temos que capacitar cada vez mais os profissionais de saúde no reconhecimento da doença, investir em informações e campanhas em relação aos sinais e sintomas da doença e garantir recursos para a pesquisa e o desenvolvimento de novas ferramentas de combate à doença, principalmente em áreas de baixa renda e de maior vulnerabilidade”, destaca Egon Daxbacher, diretor da SBD, que tem se dedicado ao tema. Ele salienta que cada vez mais é preciso falar da hanseníase: “Parece uma doença que já acabou quando na verdade ainda temos em torno de 25 mil casos todo ano, sendo que em torno de 8 a 10% desses pacientes terão algum tipo de sequela proveniente”, alerta.

Debate político – Nesta semana, a hanseníase voltou a ganhar evidência no debate político. A presidência da República defendeu o enfrentamento dessa doença no Brasil durante transmissão ao vivo em sua página no Facebook na segunda-feira (8/7), em que estava acompanhado pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e pelo presidente da Fundação Nippon, o japonês Yohei Sasakawa, que lidera um trabalho internacional de prevenção e tratamento da doença.

Os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) também acompanharam a transmissão. O presidente da República disse que desconhecia a extensão do problema no país e reforçou a necessidade de as pessoas procurarem ajuda sempre que identificarem qualquer sintoma. Segundo Egon Daxbacher, esse fato demonstra que o assunto entrou no radar da autoridade máxima do país, o que pode sinalizar um direcionamento dos recursos e dos esforços no combate à doença.

“A taxa de detecção da doença é considerada importante e em algumas regiões, como Norte, Centro-Oeste e Nordeste, há um número de casos expressivos. Nos lugares com menor endemia, ainda ocorrem atrasos no diagnóstico. Por isso, é preciso intensificar as ações em todo o País”, justifica.

Casos – O Brasil é o segundo país em casos de hanseníase no mundo. De acordo com Sandra Durães, o Ministério da Saúde tem se esforçado muito nos últimos anos no tratamento da doença. “De alguns anos para cá, houve o processo de descentralização do atendimento, isto é, os pacientes que antes eram atendidos em unidades de especialistas em dermatologia e neurologia, atualmente são atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) no Programa de Saúde da Família (PSF). Para isso ser possível, os dermatologistas trabalham incessantemente na capacitação dos médicos da Atenção Básica e de Saúde da Família para diagnosticar e tratar a doença”, destaca.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 200 mil novos casos da doença são detectados em todo o mundo anualmente, sendo que Brasil, Índia e Indonésia concentram 80% desse total. Ainda segundo a entidade, o Brasil respondeu por 93% dos 29.101 casos detectados nas Américas em 2017.

“A SBD atua juntamente ao Ministério da Saúde no Comitê Técnico Assessor de Hanseníase, onde auxilia na tomada de decisões. Também capacita os dermatologistas no combate à doença e treina médicos de família no reconhecimento da doença em vários locais no Brasil”, lembrou o presidente da SBD, Sergio Palma, que no serviço público onde atua, em Recife (PE), também participa do atendimento de um ambulatório especializado nessa doença.

Agente etiológico – Doença infectocontagiosa potencialmente curável e que tem como agente etiológico o bacilo Micobacterium leprae. A infecção por hanseníase pode acometer pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade, mas é de difícil adoecimento, já que é necessário um longo período de exposição à bactéria, motivo pelo qual apenas uma pequena parcela da população infectada chega a adoecer.

Está classificada entre as doenças ditas negligenciadas que atingem populações com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O Brasil, apesar de estar entre as grandes economias mundiais, apresenta grande desigualdade social, com grandes bolsões de pobreza nas periferias de suas metrópoles.

“A maioria da população é resistente à doença e ao entrar em contato com a bactéria consegue desenvolver uma boa imunidade e, automaticamente, resistência à bactéria. Um pequeno percentual de pessoas pode adoecer”, explica Sandra Durães. A doença é transmitida pelas vias áreas superiores (tosse ou espirro), por meio do convívio próximo e prolongado com uma pessoa doente sem tratamento, sendo que possui um longo período de incubação (em média, de dois a sete anos) até que os sintomas se manifestem.

Diagnóstico – O diagnóstico da hanseníase é essencialmente clínico e feito somente pelo exame físico e a história clínica do paciente. A partir daí, um médico capacitado é capaz de diagnosticar a doença. “Exames complementares como a baciloscopia, que mede a carga bacilar do paciente, e a biópsia da pele devem ser realizados, porém não são de extrema necessidade. Na maioria dos casos, o diagnóstico pode ser feito apenas pelo exame clínico”, destaca Sandra Durães.

Ela ressalta que o tratamento não é capaz de reverter o dano neural causado pela hanseníase e que, por isso, o diagnóstico precoce é crucial, pois deixará menos sequelas no paciente. “A bactéria da hanseníase tem uma afinidade especial pela pele e pelos nervos periféricos. Na pele, ele irá se apresentar com manchas, que podem ser brancas, rosas, vermelhas. Podem surgir caroços na pele, infiltrações (áreas vermelhas elevadas), e essas lesões possuem característica fundamental de apresentarem alguma alteração da sensibilidade ao frio, ao calor, à dor e ao tato. A área lesionada fica dormente e apresenta formigamento”, exemplifica.

Sandra Durães observa ainda que os pacientes podem apresentar perda dos pelos das sobrancelhas, sensação de nariz entupido, e ainda diminuição da força muscular nos pés e nas mãos justamente pelo acometimento dos nervos periféricos.

Tratamento – Existem dois tipos de tratamento a partir da análise do perfil dos pacientes, de acordo com a resistência que a pessoa tem à doença. Para os pacientes paucibacilares – com ótima resistência à doença, poucas lesões na pele e nos nervos periféricos e pequena carga bacilar – o tratamento é feito à base de antibióticos durante seis meses.

No oposto, existem os pacientes multibacilares, aqueles com grande carga bacilar e número expressivo de lesões na pele e nervos acometidos, cujo tratamento com antibióticos é feito durante 12 meses. O tratamento é feito gratuitamente nos postos de saúde em todo o território nacional. “O paciente vai lá uma vez por mês tomar determinado tipo de medicação e as outras medicações são administradas em casa. Com o tratamento, o paciente se torna incapaz de transmitir a doença às outras pessoas”, explica.

Estigma – A hanseníase é uma doença com alto potencial de causar incapacidades e deformidades físicas. Isso ocorre devido à lesão do nervo periférico. “A partir do momento que o paciente não tem a capacidade de sentir uma panela quente, ele vai se lesionar com a queimadura e esta pode se tornar uma infecção secundária da pele, ser transmitida ao osso e causar uma osteomielite, com a perda das extremidades dos dedos dos pés e das mãos”, adverte Sandra Durães.

Ela esclarece ainda que não há nenhuma medida de isolamento em relação à doença. “Antigamente os pacientes ficavam reclusos. Hoje, o tratamento é muito mais eficaz e isso não é necessário. A partir do início do tratamento, com a primeira dose do medicamento, o paciente já se torna não contagiante. Pessoas que conviveram com os pacientes antes do tratamento devem ser examinadas a fim de verificar se existe alguma lesão não percebida por elas. As pessoas que não têm a doença irão receber uma dose da vacina BCG, diminuindo as chances de casos mais graves da doença”, elucida.


6 de agosto de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.03 – 04

A Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados realizou nesta quinta-feira (11/7) uma audiência pública para discutir a criação da Semana de Prevenção e Combate ao Câncer da Pele. Como contribuição para os debates, o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Sérgio Palma (foto acima), apresentou aos parlamentares as ações desenvolvidas pela entidade no âmbito da campanha Dezembro Laranja, cujas ações já beneficiaram diretamente mais de 600 mil pacientes em todo o Brasil ao longo dos últimos 20 anos.

A realização da audiência atendeu a um requerimento do deputado Dr. Frederico (Patri-MG), relator do PL 4234/08. Dentre outros pontos, o projeto prevê a instituição de uma data específica para a organização e implementação de atividades governamentais nos meios de comunicação acerca da prevenção e do tratamento da doença. Segundo a proposta, caberá ao Ministério da Saúde a realização das ações, que se estenderá por todo território nacional, “podendo, para tanto, celebrar convênios e acordos com órgãos congêneres públicos e privados, e, especialmente, com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde”.

“Na campanha deste ano, que se inicia em 7 de dezembro, contaremos com mais de 4 mil médicos e voluntários em 132 postos pelo país, atendendo a população gratuitamente para a prevenção e diagnóstico do câncer da pele”, destacou Palma. O presidente da SBD acrescentou que a medida é um passo importante e propôs que as atividades alusivas à prevenção do câncer da pele se estendessem ao longo do mês de dezembro, não se restringindo apenas a uma semana.

Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Dr. Frederico (Patri-MG), o presidente da SBD, Sérgio Palma, a representante do MS Jaqueline Silva Misael, o vice-presidente de Relações Nacionais e Internacionais da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Gustavo dos Santos Fernandes, e parlamentares

A sugestão foi bem recebida pelo deputado federal Dr. Frederico, pela representante do Ministério da Saúde, Jaqueline Silva Misael, e pelo vice-presidente de Relações Nacionais e Internacionais da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Gustavo dos Santos Fernandes, que também participaram da sessão. Confira a íntegra da apresentação do presidente da SBD na Câmara dos Deputados.

Campanha SBD – A sensibilização promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia acontece sempre no último mês do ano, quando a entidade realiza diferentes ações em parceria com instituições públicas e privadas para informar a população sobre as principais formas de prevenção e a procurar um médico especializado para diagnóstico e tratamento. 

No período, são iluminados monumentos, realizadas iniciativas de conscientização em praias, parques, praças em locais de grande movimentação, entre outras atividades. Todo ano o tema da campanha é renovado para atrair um maior número de pessoas nessa luta de conscientização.

Em 2018, a iniciativa passou a contar com o apoio e a chancela da Academia Americana de Dermatologia (AAD) e da Liga Internacional de Sociedades de Dermatologia (ILDS).

Panorama – O câncer da pele responde por 33% de todos os diagnósticos desta doença no Brasil, sendo que o Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra, a cada ano, cerca de 180 mil novos casos. O tipo mais comum, o câncer da pele não melanoma, tem letalidade baixa, porém, seus números são muito altos.

A doença é provocada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Essas células se dispõem formando camadas e, de acordo com as que forem afetadas, são definidos os diferentes tipos de câncer. Os mais comuns são os carcinomas basocelulares e os espinocelulares. Mais raro e letal que os carcinomas, o melanoma é o tipo mais agressivo de câncer da pele.


6 de agosto de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.03 – MAIO-JUNHO

A Sociedade Brasileia de Dermatologia (SBD) encaminhou ofício às diretorias de Jornalismo e de Entretenimento das principais emissoras de TV e de rádio do Brasil cobrando atenção por parte das equipes na hora de convidar profissionais para tratar de temas relacionados à saúde da pele, do cabelo e das unhas, inclusive no se refere à estética e à cosmiatria. O texto, divulgado nesta quinta-feira (25/7), também foi enviado às redações de jornais e revistas de grande circulação. O objetivo é, sobretudo, estimular a observação pelos veículos de critérios que protegem a população e garantem a valorização dos que estão realmente habilitados pelas entidades da área médica para executar essas ações. 

No documento, a SBD reitera a importância de as emissoras respeitarem a legislação que protege o Ato Médico (Lei nº 12.842/2013), pela qual apenas graduados em medicina podem realizar procedimentos estéticos invasivos e fazer o diagnóstico e o tratamento de doenças. Para a entidade, a participação de não médicos em reportagens sobre esses assuntos, desrespeita pressuposto legal e coloca o espectador numa situação de vulnerabilidade ao informá-lo erroneamente sobre quem pode executar determinados serviços, como aplicações de preenchimentos e de toxina botulínica. Nesse caso, em pautas sobre a saúde e os cuidados com a pele, cabelos e unhas o ideal é ouvir dermatologistas, conforme reitera a Sociedade da especialidade. 

“Os veículos de comunicação são peça-chave na formação de hábitos e comportamentos saudáveis. Desse modo, ao solicitar que observem aspectos normativos vigentes, reconhecidos por diferentes instâncias judiciais, a SBD está apenas alertando-os para que cumpram com rigor sua tarefa de repassar boas informações ao seu público. Temos certeza de que rádios, TV, jornais e revistas serão sensíveis ao nosso pleito, pois têm compromisso com a ética e com a legalidade”, ressaltou o presidente da entidade, Sergio Palma.

Especialista – Além desse tema, a SBD solicitou ainda aos responsáveis pelos veículos de comunicação que ao creditarem médicos convidados a falar sobre assuntos relativos à dermatologia, apenas nomeiem como especialista na área da dermatologia os que tiverem seu título registrado junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM), ou seja, possuam um número no Registro de Qualificação de Especialista (RQE). 

A queixa decorre do crédito indevido a alguns médicos que desconsideram as regras da publicidade médica e se anunciam como especialista sem possuírem a titulação devida, o que é proibido e passível de processo ético-profissional. Da mesma forma, a SBD espera que os veículos de comunicação fiquem sensíveis a esse pleito. 

“Para ser um dermatologista, o médico estuda mais de oito mil horas de estudo, apenas na residência. A imprensa deve reconhecer e valorizar esse esforço. Atribuir título a quem não passou por esse processo não reconhece o mérito de quem trabalhou para atuar no tratamento e no diagnóstico de doenças da pele e de seus anexos, assim como agride as normas que regulam a categoria médica”, disse Sergio Palma. 

Informação – Recentemente, ocorreu episódio desse tipo no programa da apresentadora Ana Maria Braga, que contou com a participação de uma médica que, mesmo sem ter título de especialista em dermatologia registrado no CFM, foi creditada como tal. Na avaliação de Palma, “mesmo que o profissional diga ser detentor de determinado atributo, os jornalistas devem checar a veracidade da informação”.

Inclusive, a SBD se colocou à disposição para identificar nomes de referência para oferecer esclarecimentos em entrevistas e reportagens. Também foi informado como verificar a situação de todos os médicos brasileiros, os veículos de comunicação e qualquer pessoa podem acessar o portal do CFM (https://bit.ly/1O55zWK). No campo busca de médico, ao informar o nome do profissional, o interessado terá acesso a dados como números do CRM e do RQE, o que atesta ser ele um especialista em determinada área. No caso da dermatologia, no site da SBD, é possível encontrar informações sobre todos os que possuem título, atribuído após aprovação em exame específico organizado pela entidade. 

Para se tornar dermatologista é preciso ser graduado em Medicina, curso que compreende seis anos de estudo em período integral. A seguir, concluir um curso de residência médica em dermatologia reconhecido pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) ou de especialização em Serviço Credenciado à SBD, com aprovação no Exame de Título de Especialista em Dermatologia (TED), promovido pela entidade em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB). Ao fim dessas etapas, o médico ainda necessita se registrar no Conselho Regional de Medicina (CRM) do estado onde atuará, informando ser especialista em dermatologia para poder se anunciar dessa forma. 


18 de junho de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.02 – MARÇO-ABRIL

Sob a coordenação de Clivia Carneiro, a Biblioteca da SBD informa que o Programa de Comutação Bibliográfica (Comut) está suspenso por tempo indeterminado em decorrência de processo de revisão interna do próprio programa. 

No entanto, a SBD reforça que possui biblioteca de referência na área à disposição, "como plataformas para pesquisa de periódicos, como EBSCO e RIMA, além de inúmeras revistas nacionais e internacionais, como JAAD, British Journal, Jama Dermatology, entre outras revistas, livros, teses etc., por meio das quais temos capacidade para atender a maioria dos pedidos dos associados na dermatologia", afirma a diretora da biblioteca gestão 2019/2020, Clivia Carneiro, lembrando que a biblioteca dispõe dos serviços de solicitação bibliográfica, normatização bibliográfica, pesquisa bibliográfica e treinamento de usuários.

Para solicitações, os associados podem entrar em contato pelo e-mail biblioteca@sbd.org.br e pelo telefone (21) 2253-6747, das 9h30 às 18h.





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