Cuidados com a pele: em 20 anos, hanseníase atinge quase 800 mil brasileiros, aponta levantamento da Sociedade Brasileira de Dermatologia




11 de fevereiro de 2020 0

JSBD – Ano 23 – N.06 – 01 – DEZEMBRO-FEVEREIRO

Silenciosa e negligenciada pelas autoridades sanitárias em anos anteriores, a hanseníase acumula milhares de vítimas ano após ano no Brasil. Entre 1999 e 2018, foram diagnosticados 768.215 casos desta doença, que pode ser detectada com facilidade. Mesmo com as constantes campanhas educativas, com foco no diagnóstico precoce, a detecção de novos casos tem indicado uma média de 38 mil registros por ano, no período. Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca o Brasil no segundo lugar no mundo em casos de hanseníase. Perde apenas para a Índia, que em 2017 apresentou 126.164 registros. 

Para a coordenadora da Campanha Nacional de Hanseníase da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Sandra Durães, trata-se de uma doença que afeta, sobretudo, regiões com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Apesar de o Brasil ser considerado uma potência econômica, a existência de desigualdades regionais repercute na forma como o registro de novos casos se materializa, explicou. 

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Nessas duas décadas analisadas, no Brasil, as maiores detecções de novos casos, em números absolutos, foram registradas no Maranhão (84.628 notificações); Pará (83.467); Mato Grosso (63.779); Pernambuco (57.355); e Bahia (52.411). Os dados foram apurados e avaliados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia com base em informações da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde. 

Prevenção – Como janeiro é o mês dedicado a conscientização, combate e prevenção da hanseníase no País, a SBD somou forças para apontar a importância de se enfrentar essa doença tropical de evolução crônica, que se manifesta principalmente por meio de lesões na pele e sintomas neurológicos, como dormência e diminuição de força nas mãos e nos pés. 

Seu diagnóstico, tratamento e cura dependem de exames clínicos e, principalmente, da capacitação do médico. Nesse sentido, Sergio Palma, presidente da SBD, afirma que a entidade tem colaborado com a capacitação de médicos de outras especialidades e generalistas, o que contribui para o fortalecimento da rede de detecção dessa doença. “No entanto, fica o alerta: quando descoberta e tratada tardiamente, a hanseníase pode trazer deformidades e incapacidades físicas”, ressaltou.

Ao longo dessas duas décadas, a avaliação dos números da hanseníase comprova que seu enfrentamento exige o desenvolvimento de diferentes estratégias devido à complexidade de seus determinantes. Múltiplos fatores estão envolvidos nessa questão, entre eles a dificuldade de acesso da população aos serviços de saúde, principalmente no Norte, Centro-Oeste e Nordeste, levando ao diagnóstico tardio. 

Por um lado, percebe-se um movimento de queda constante no total de novos casos identificados entre 1999, quando o Brasil contabilizou 43.617 registros da doença, e 2016, onde esse total baixou para 25.214. Porém, os dados do Ministério da Saúde apontam uma pequena alta a partir de então, com 26.875 notificações, em 2017, e 28.657, no ano seguinte. 

Detecção – No que se refere à taxa de detecção da doença na população geral, os indicadores também oscilam. Em 2000, ela era de 25,44 casos por 100 mil habitantes, chegando a 12,23, em 2016. Porém, como na contagem de números absolutos, esse índice também voltou a apresentar alta nos anos seguintes: 12,94 notificações, em 2017, e 13,70, em 2018.

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“Isso não significa necessariamente uma piora repentina. A doença não se comporta como uma epidemia viral. Na verdade, é a prova de que a rede de atendimento, buscou mais ativamente os casos para fazer o diagnóstico mais precoce. Contudo, mostra que o volume de pessoas portadores da hanseníase ainda é significativo, sendo que muitos não sabem que possuem essa condição”, alerta Egon Daxbacher, diretor da SBD e especialista no assunto.

Segundo ele, esse aumento no número de novos casos detectados, entre 2016 e 2018, resulta de mudanças na estratégia de prevenção e combate à doença. Dados do Ministério da Saúde apontam, por exemplo, que houve aumento no total de casos detectados a partir de ações como campanhas, exames feitos em pessoas que mantém contato (direto ou periférico) com pacientes e exames de coletividade.

O percentual de contactantes examinados passou de 60,9%, em 2000, para 81,4%, em 2018. “Mudou o modo de detecção, que deixou de ser apenas por demanda espontânea ou por encaminhamentos”, lembrou Daxbacher. Além disso, continuou ele, o tamanho da rede assistencial na atenção básica, onde a grande maioria dos pacientes recebe acompanhamento, quase triplicou. Há 18 anos, eram 3.327 serviços que atuavam nesse sentido. Atualmente, são 9.051.

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Carregada de estigmas, a hanseníase apresenta uma taxa de mortalidade relativamente baixa, em comparação com o número de casos diagnosticados no período. Entre 2008 e 2017, em todo o Brasil foram registrados 1.801 óbitos decorrentes dessa doença. O maior volume de mortes aparece no Maranhão (269), Bahia (136), Ceará (135), Rio de Janeiro (134) e Pará (126). 

Por sua vez, o tratamento da doença, o qual é eminentemente ambulatorial, tem gerado inúmeros pedidos de internação para o acompanhamento de pacientes com maiores complicações, com necessidade de cuidados mais especializados e até mesmo cirúrgicos para tratar as sequelas deixadas.

Internação – Nas duas décadas analisadas, o Sistema Único de Saúde (SUS) processou 38.745 pedidos de internação para pacientes por conta da hanseníase, com o custo total estimado em R$ 27,6 milhões (valores não atualizados). Ao longo do período, esses procedimentos foram mais adotados no Paraná (4.514 casos), Pernambuco (4.341), Santa Catarina (3.246), Goiás (2.811) e São Paulo (2.682 pedidos). 

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Se na Idade Média as pessoas com hanseníase eram obrigadas a anunciar sua presença carregando um sino, o preconceito se arrastou pelos séculos. No Brasil, há algumas décadas o isolamento compulsório era adotado, separando famílias e amigos. No entanto, até hoje muitos ignoram que essa doença tem tratamento eficaz, disponível na rede pública. 

O Grau de Incapacidade Física (GIF) nos casos diagnosticados, como de Grau 2, fica em 10,2 ocorrências por milhão de habitantes. Nos pacientes com atestação de cura, 68% foram avaliados quanto a incapacidade. Conforme explicou Sandra Durães, durante a evolução da doença, o acometimento do nervo periférico faz com que o paciente apresente alterações motoras e sensoriais. “Com o tempo, se lesiona e desenvolve infecção na pele que pode se transmitir ao osso. Também corre o risco de perder tecidos, como ocorria no passado. Atualmente, isso é muito raro, porque o tratamento é eficaz”.

Conforme explicou Egon Daxbacher, o diagnóstico precoce é muito importante e crucial para o controle da doença. “Se o paciente conta com atendimento médico e dos outros profissionais da equipe de saúde e toma seus remédios vai ficar bem. Mas se não houver acompanhamento e adesão ao tratamento, a hanseníase evolui, com possibilidade de aumentar o dano neural. As manchas reduzirão e o doente deixará de ser um agente de transmissão, mas as perdas motoras não serão recuperadas. Em decorrência, essa pessoa exigirá acompanhamento multiprofissional e de médicos de diferentes especialidades para não se lesionar e reduzir o risco de ficar incapacitada”, disse.


31 de janeiro de 2020 0

JSBD – Ano 23 – N.06 – 01 – DEZEMBRO-FEVEREIRO

Segundo a pesquisa Perfil das Consultas Dermatológicas, realizada pela própria Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) em 2018, a acne é o principal motivo que leva a consultas dermatológicas. Os dados não foram exatamente uma surpresa na época, levando-se em conta que as pessoas tendem a procurar tratamento com mais agilidade quando o problema afeta diretamente a aparência, como é o caso da acne.

A médica dermatologista da SBD e chefe do Serviço de Dermatologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcia Ramos-e-Silva, explica que a acne é uma condição bastante comum não só no Brasil, mas em todo o mundo, e é na adolescência que se apresenta de forma mais aguda, atingindo entre 79 e 95% da população dessa faixa etária. Pode, porém, acometer também adultos, especialmente mulheres entre 25 e 40 anos. “Estima-se que haja mais de 16 milhões de brasileiras portadoras dessa condição, na proporção de quatro mulheres afetadas para cada homem. Atinge também todas as raças, apesar de parecer mais frequentes nos brancos”, esclarece.

É o caso da jornalista Alice Santos, de 38 anos. Quando mais nova, não costumava ter espinhas no rosto, mas com o tempo começou a apresentar pequenas bolinhas que logo foram diagnosticadas por sua dermatologista como acne. “Achei estranho porque normalmente associamos espinhas, cravos e o inchaço característico à adolescência, e nesse período minha pele era boa. Quando minha médica falou sobre acne, a primeira preocupação foi com a maquiagem, pois apesar de não usar nada pesado, gosto de passar pó para evitar o brilho e blush para dar cor. Mas fiquei preocupada com a questão de tampar os poros da pele, e ela logo me tranquilizou sobre isso”, conta.

E realmente não há problema no uso de maquiagem nos indivíduos que apresentem acne, basta que o produto não seja comedogênico e seja livre de óleo. “Além disso, a maquiagem pode estar associado a alguma substância para ao mesmo tempo tratar a acne, como substâncias secativas: ácido salicílico, entre outros”, pontua Marcia.

Embora não exista contraindicação para o uso de maquiagens por quem tem acne, é importante alertar que a não proibição deve caminhar junto com o tratamento adequado. Ou seja, uma rotina diária de cuidados com a pele é fundamental para a resolução do quadro. “O primeiro e muito importante passo é uma limpeza correta pela manhã e à noite, com o uso de produtos adequados para a pele acneica. Os produtos específicos, sejam eles orais ou tópicos, em geral, só funcionarão com a associação desta limpeza apropriada”, enfatiza a médica.

Ela salienta que atualmente há tratamentos bastante eficientes para melhorar a condição. “Quando comecei na dermatologia, os casos graves inexoravelmente caminhavam para cicatrizes inestéticas, mesmo com os tratamentos disponíveis naquela época, e isso não acontece mais desde o advento dos retinoides”.

No entanto, a médica lembra que os médicos devem ficar atentos na escolha da medicação correta para cada caso. “Devem ser avaliados localização, intensidade, frequência de aparecimento das lesões, sexo e idade do paciente, entre outros aspectos, e o uso de procedimentos e limpezas adjuvantes. Isso nos permite resolver e/ou melhorar muito todos os pacientes que usam as medicações corretamente”, comenta.

 


10 de dezembro de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.05

A tecnologia está cada vez mais presente no mundo contemporâneo. Desde compras on-line a pesquisas sobre diferentes assuntos, a rede também tem mudado a forma como as pessoas se relacionam. E na medicina essa realidade não é diferente. De um lado, os pacientes que podem acessar aplicativos específicos e outros dispositivos para controlar e acompanhar suas funções vitais, atividades esportivas, sono e cuidados com alimentação. De outro, médicos que utilizam diferentes ferramentas para os auxiliar no cuidado com a saúde de seus pacientes, usando, por exemplo, prontuários eletrônicos que facilitam o registro padronizado das informações; o armazenamento de imagens para documentação da evolução das doenças; o acesso aos dados de onde quer que esteja; e a emissão de receitas sem o risco de caligrafias ilegíveis.
 
O dermatologista Pedro Dantas é um entusiasta da tecnologia. Para ele, novas tecnologias devem ser vistas como ferramentas de auxílio no cuidado com a saúde, e não como empecilho à sua promoção. Lembra, aliás, que antes da internet o acesso à informação confiável era muito mais difícil. Além dos livros, tratados e eventualmente revistas científicas assinadas – que deveriam ser devidamente catalogadas e guardadas –, era primordial participar de eventos científicos, pois constituíam as principais oportunidades de atualização.

“Os recursos diagnósticos eram mais escassos, assim como o arsenal terapêutico, com alguns medicamentos de difícil aquisição. Hoje em dia, temos rápido acesso a um conteúdo imensurável e com grandes chances de tratar nossos pacientes com terapias atualizadas e baseadas em evidências. Os recursos diagnósticos têm-se mostrado cada vez mais precisos. Na dermatologia, especificamente, já existem algoritmos de análises de imagens de lesões pigmentadas com acurácia superior à de dermatologistas (Esteva et al. Nature, 2017)”, pontua.
 
O médico, entretanto, tem ressalvas sobre o uso indiscriminado da tecnologia para tudo.

“Atualmente, resolvemos quase tudo pelos aplicativos de mensagens e redes sociais. Mas é preciso cautela para que a relação humana entre médico e paciente não seja deixada de lado”, comenta e faz um alerta sobre consultas não presenciais: “Essa aparente facilidade esconde algumas armadilhas que devem ser consideradas em uma consulta médica. A consulta virtual reduziria o processo de maneira significativa. A anamnese se resumiria a um preenchimento de formulário; o exame físico se basearia em fotos ou vídeos enquadrados a critério dos pacientes; o diagnóstico baseado em algoritmos; e a conduta em consensos e protocolos preestabelecidos. Transformaríamos o cuidado à saúde em uma ciência exata, absoluta, cartesiana. O que faltaria nesse processo? A interação real entre médico e paciente, que é primordial para o acolhimento, direcionamento, gestão e compreensão de fatores que perpassam os formulários e fotos”, avalia, enfatizando, ainda, que, apesar de ferramentas diagnósticas com base em inteligência artificial se tornarem uma realidade acessível, elas demandam que os médicos reconheçam seu papel como gestores da saúde de seus pacientes, como os médicos de família faziam no passado.
 
Outro ponto importante sobre o tema e que muitas vezes pode ser prejudicial no tratamento de pacientes diz respeito ao fato de o acesso à informação estar facilitado para todos. Isso pode gerar uma sensação de que as pessoas são experts em assuntos relacionados à saúde na busca de tratamento pelas redes. “Apesar de muito do que há na internet não ter respaldo científico, existe também conteúdo disponível de origem confiável. O problema é que o discernimento entre o conteúdo de qualidade ou não e, principalmente, se aquele conteúdo se aplica à situação do paciente é subestimado pelo público, gerando uma falsa sensação de total conhecimento sob sua condição de saúde. Nesse contexto, o médico muitas vezes é visto como mero ‘controle de qualidade’ do autodiagnóstico e com papel secundário no acompanhamento dos pacientes. Essa percepção equivocada pode levar a sérios problemas de saúde, principalmente quando ocorrer em grande escala. Além disso, o médico também deixa de ser uma figura de respeito e é considerado com contínua desconfiança por parte do paciente, que passa também a ser um constante questionador da atitude médica, o que dificulta uma postura empática pelo profissional de saúde”, enfatiza.

O médico afirma que não há como interferir no acesso a essas informações. Por isso, ele diz que é importante estar atualizado continuamente do que é divulgado na mídia e nos sites para poder argumentar com os pacientes ‘convictos e antenados’. “Devemos discutir de maneira coerente e embasada o porquê das desconfianças dessas novidades ou, até mesmo, estar aberto e disposto a aprender com os pacientes, nos comprometendo a estudar sobre o assunto e dar um feedback posterior sobre nossa opinião embasada em nossa formação e experiência”, salienta.
 
Além da veracidade ou não do que é encontrado na internet, as redes sociais trouxeram outro problema para dentro dos consultórios dermatológicos. Na cultura digital, existe uma falsa noção de que ser perfeito está ao alcance de todos. Além dos filtros que mascaram fotos reais, inúmeros procedimentos estéticos são anunciados por não médicos como a solução para a aparência dos sonhos.

“A questão estética, nessa nova realidade, vem como catalisador de uma frustração em massa e uma sociedade baseada em truques para só mostrar o melhor ângulo. Uma tendência desenfreada de busca por rosto e corpo perfeitos em uma competição subliminar de quem ficará mais parecido com seus ídolos, resumindo a importância da pessoa à aparência. Uma legião de pessoas saudáveis buscando médicos, dentistas, esteticistas ou quem quer que as possa ajudar a chegar mais perto desse objetivo”, enfatiza.

Nesses casos, Dantas reforça a postura que dermatologistas devem ter com pacientes que chegam com opinião formada sobre a realização desses procedimentos. “Acredito que temos sempre que agir com cautela, ética e firmeza. Modismos, por sua própria definição, têm caráter efêmero, e isso tem que ser ratificado com os pacientes. Nada vai ser melhor do que o tempo e a história para consolidar técnicas e procedimentos. A busca infindável pelo mais atual e moderno, pelo tratamento recém-lançado, sempre vai haver, e cabe a nós agir com parcimônia e não nos deixar levar exclusivamente pela indústria e pelos desejos dos pacientes. Vale ressaltar que, por se tratar de procedimentos invasivos, podem ocorrer complicações e que, porque conhecemos outros aspectos patológicos e fisiológicos da pele, estamos mais aptos a preveni-las e tratá-las. Devemos aderir ao novo quando houver embasamento científico, regulamentação, treinamento adequado e segurança para fazê-lo”, reforça.
 

 

 


18 de junho de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.02 – MARÇO-ABRIL

O cantor Paulo Ricardo; a modelo Luiza Brunet; as atrizes Cris Vianna e Alexandra Richter; e a jornalista Marina Caruso. Essas são algumas das personalidades que participam de campanha da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância de fazer procedimentos estéticos com dermatologistas.

Assista aos vídeos gravados pelas personalidades

Em mensagens de vídeo, que começam a circular em canais de redes sociais nesta semana, essas personalidades informam sobre os riscos de fazer tratamentos com pessoas não habilitadas e asseguram que o sucesso dos cuidados passa pela escolha de profissionais preparados.

Invasivos – O alerta da SBD surge de uma constatação: está cada vez mais frequente a realização de procedimentos estéticos invasivos por profissionais não habilitados, aumentando os riscos de erros que podem ser irreversíveis. Queimaduras e deformações no rosto e no corpo são exemplos de efeitos adversos enfrentados por pacientes que foram atendidas inicialmente por pessoas sem formação e depois recorrem a dermatologistas na espera de reverter os quadros.

Assim, profissionais não habilitados, clínicas clandestinas e desinformação formam o caldo ideal que traz dores de cabeça para quem quer ser bonito a qualquer custo. “A cosmiatria deve ser realizada por médico especializado, como o dermatologista, o qual está habilitado para isso e preparado para tratar também eventuais complicações que possam ocorrer. Aquele que pretende fazer um tratamento estético não deve se colocar sob os cuidados de não médicos ou mesmo de médicos que não possuem a formação adequada”, explica o presidente da SBD, Sérgio Palma.

Todos os contribuíram com a campanha participaram do Seminário Cosmiatria e Laser: beleza à luz da medicina, organizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), em parceria com o jornal O Globo. A presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Carmita Abdo, que também gravou uma mensagem, lembrou, aliás, que o dermatologista ajudará a entender a real necessidade dos procedimentos a partir da avaliação do paciente.

“Muitas vezes, uma lesão de pele tem origem interna, e isso é o dermatologista que identificará. Outras vezes, o procedimento que a pessoa deseja fazer é descabido, e é o médico dermatologista que explicará o melhor caminho a seguir. É preciso ter cuidado com os procedimentos estéticos, pois, por menos invasivos que pareçam, poderão trazer consequências sérias e irreversíveis”, ponderou.

Ato Médico – Segundo a SBD, a Lei do Ato Médico reserva aos profissionais da medicina a realização de procedimentos chamados de estéticos ou cosmiátricos considerados invasivos. Isso vale para serviços como aplicações de toxina botulínica e outras substâncias, criolipólise e preenchimentos. O entendimento legal se baseia na compreensão de que esses atendimentos exigem conhecimento mais profundo do organismo humano, o que garante a segurança do paciente.

“Cabe ao especialista definir as quantidades das substâncias a ser aplicadas, considerando aspectos como a harmonia do rosto ou do corpo e possíveis reações adversas que podem decorrer do seu uso. Considerando-se que, mesmo se todos os cálculos forem corretos, a paciente ainda pode sofrer uma reação (mais ou menos grave), o dermatologista está preparado para uma intervenção imediata de emergência para garantir a vida e a integridade de quem ele trata. A ação de não médicos deve ser combatida pelas autoridades, pois traz insegurança a pacientes e seus familiares”, afirmou o Sérgio Palma.

Integridade – Os problemas decorrentes de procedimentos feitos por não especialistas e não médicos levaram a SBD a pedir ajuda ao Ministério Público Federal. Recentemente, a entidade protocolou no MPF documento no qual solicita providências sobre o assunto. Segundo Sérgio Palma, entre 2017 e 2019, a Sociedade realizou mais de 800 denúncias de prática irregular na realização de procedimentos estéticos aos Ministérios Públicos estaduais, às Vigilâncias Sanitárias de estados e municípios, e aos conselhos de classe de profissionais da saúde não médicos.

Em 2017, foram protocoladas 351 denúncias; em 2018, outras 371; e 111, até abril de 2019. No período, os destaques em termos de quantidade de ações recaíram sobre os seguintes estados: São Paulo, com 199 denúncias; Minas Gerais, com 94; Rio de Janeiro, com 88; Santa Catarina, com 85; Paraná, com 55; Rio Grande do Sul, com 51; Espírito Santo, com 48; Goiás, com 45; e Bahia, com 28. Os processos têm sido montados com base em informações de pacientes, médicos e até notícias veiculadas pela imprensa apontando situações de abuso.

O presidente da SBD, Sérgio Palma, espera que essa ação provoque uma tomada de posição efetiva dos Ministérios Públicos em que tramitam as representações. “Essa é uma situação que deve ser coibida por dois motivos. Em primeiro lugar, a realização desse tipo de procedimento por não médico é vetada em lei. Então, falamos de um ato ilegal que deve ser coibido pelas autoridades. Por outro lado, e ainda mais grave, é a situação de risco aos quais milhares de pessoas estão sendo expostas cotidianamente. Não são poucos os casos de sequelas e doenças causados por erros cometidos por essas pessoas. Em algumas situações, até mortes já foram registradas”, argumentou.

Leia mais sobre o assunto:

https://www.sbd.org.br/noticias/dermatologistas-apelam-ao-ministerio-publico-contra-atos-praticados-por-nao-medicos-na-area-da-estetica/

https://www.sbd.org.br/noticias/tratamento-estetico-com-nao-medico-coloca-integridade-de-paciente-em-risco-alerta-sbd/

https://www.sbd.org.br/noticias/celebridades-destacam-importancia-do-dermatologista-para-quem-pensa-em-fazer-procedimentos-esteticos/


11 de março de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.01 – JANEIRO-FEVEREIRO

A SBD lança a nova etapa da campanha de valorização do médico dermatologista que tem a marca “Sua pele sua vida: um alerta da Sociedade Brasileira de Dermatologia”. O objetivo da iniciativa é buscar engajar o público leigo e a própria classe médica no reconhecimento do papel do médico dermatologista no diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças da pele, cabelos e unhas, incluindo procedimentos estéticos médicos e invasivos.

Assista ao novos vídeo protagonizado pela atriz Maria Clara Gueiros e publicado em março nos canais de comunicação da SBD:

 

 


27 de fevereiro de 2019 0

JSBD – Ano 23 – N.01 – JANEIRO-FEVEREIRO

Lei Federal 12.135/2009 instituiu como Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase o último domingo de janeiro. Neste ano, a comemoração foi no dia 27

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) com o apoio das Regionais, realizou a Campanha Nacional de Combate à Hanseníase no início do ano. Desde 2016, o Ministério da Saúde oficializou o mês de janeiro e a cor roxa para a realização de atividades educativas. No período, as pessoas puderam se informar ainda mais sobre os sintomas e sinais da doença e quanto à importância do diagnóstico precoce. A Comunicação da SBD teve participação essencial no desenvolvimento da campanha, com divulgações nas redes sociais e site, além de entrevistas concedidas à imprensa. A reportagem do JSBD e a assessoria de imprensa da SBD, no Rio de Janeiro, receberam informes de outros estados, com ações locais, bem como acompanharam algumas atividades.

No site da SBD, estão publicadas informações sobre a doença e matérias veiculadas em canais de comunicação para o esclarecimento do público leigo. Um balanço geral das atividades mostrou que a partir do release da SBD para a imprensa, foram originados oito artigos em jornais e revistas impressas e 11 entrevistas em rádio e TV. A produção de matéria para a Radio Web, por exemplo, gerou entrevista que foi replicada em 376 rádios (171 comerciais, 177 comunitárias e 28 educativas em 304 cidades com alcance de 55.112.548 pessoas).

Além disso, a SBD produziu vídeo de esclarecimento, com divulgação em cinemas brasileiros, como também no site e na FanPage no Facebook. As peças publicadas alcançaram cerca de 10 mil pessoas. A intenção foi fazer chegar a informação de forma mais intensa possível, com a inclusão do tema nesses espaços online, e integrada aos demais veículos de comunicação oficiais da SBD.

A dermatologista Sandra Durães, coordenadora do Departamento de Hanseníase da SBD, enfatiza que “a força da campanha anual, sempre com muita inserção na mídia, de uma forma geral, permite maior alcance e reflexão crítica da população brasileira”.

Segundo a médica, ainda há muitos desafios para o controle da doença, como, por exemplo, a vigilância de contatos, a inclusão de novos medicamentos no arsenal terapêutico (tanto específico como para o tratamento das reações) e o desenvolvimento de testes laboratoriais preditivos de adoecimento, de reações hansênicas e para o diagnóstico precoce.

Com relação ao tratamento ideal para a hanseníase, Sandra Durães e demais membros do Departamento, composto pelos dermatologistas Gerson Oliveira Penna, Maurício Lisboa Nobre e Lucia Diniz, mencionam a necessidade de um esquema de curta duração, capaz de reunir medicações bactericidas. “A questão não é somente a resistência bacteriana, pois essa ainda parece ser incipiente, mas precisamos de novos medicamentos”, frisam.>

No caso do diagnóstico clínico, ele é feito na maior parte dos casos e ao longo das últimas décadas, cada vez de forma mais precoce, na rede de atenção primária à saúde.

“Isso foi possível pelo comprometimento e participação de dermatologistas na capacitação das equipes de atenção básica. O paciente precisa ter acesso não apenas à antibioticoterapia e às orientações para prevenção de incapacidades, mas também, sempre que necessitar, ao atendimento especializado por neurologistas, neurocirurgiões, ortopedistas e psicólogos. Além disso, laboratórios para baciloscopia e uma rede adequada de referência e contrarreferência para casos de difícil manejo são essenciais para o atendimento integral do paciente”, consideram.

Mais dados sobre a campanha

  • Iluminação de monumentos, como o Palácio do Buriti e o Palácio do Planalto (em Brasília), Arcos da Lapa, Monumento aos Pracinhas e Cristo Redentor (no Rio de Janeiro).
  • Produção de vídeo de esclarecimento do paciente Canário nos cinemas (Espaço Itaú de Cinema e Cinemark no Rio de Janeiro; Complexo Aricanduva em São Paulo; Barrashopping Sul em Porto Alegre; Salvador Shopping em Salvador; Goiabeiras Shopping em Cuiabá; Capim Dourado em Palmas).
  • Pílulas de publicidade na Bandnews FM, 99 FM de Belém, Gazeta FM de Cuiabá, Mirante AM de São Luiz, Jovem Palmas FM de Palmas e Meio Norte FM de Teresina.

 

Camara Municipal

Cristo Redentor

Palácio da Alvorada

 





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