Ações pela valorização da especialidade contam com a participação de diversos dermatologistas




10 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Destaque

A SBD lançou em julho a Campanha de Valorização do Dermatologista. A iniciativa reforça o papel do médico dermatologista na assistência à população – tanto no tratamento e diagnóstico das doenças quanto na realização de procedimentos cosmiátricos. Por meio de dez vídeos curtos e posts a divulgar nas redes sociais e no site institucional especialistas abordarão temas que envolvem capacitação médica, oncologia cutânea, cabelos e unhas, e doenças negligenciadas, dermatologia cosmiátrica, pediátrica e preventiva, pesquisa em dermatologia e defesa da especialidade.

No primeiro vídeo, com a participação da diretoria, foram comentados aspectos da capacitação, da responsabilidade e do compromisso ético do especialista com o paciente. O material reforça a ideia de que o paciente encontra no dermatologista o apoio para tratar de sua saúde e encontrar soluções que melhorem seu bem-estar, estabelecendo-se então uma relação com base na confiança e na segurança. A mensagem também ressalta a importância de os pacientes verificarem se o profissional escolhido é realmente dermatologista, acessando os sites da SBD ou do Conselho Federal de Medicina (CFM). 

Novos vídeos

Em breve, novas peças com a participação de representantes da especialidade de vários estados e áreas de atuação serão exibidas nas redes sociais. Paralelamente, a SBD enviou mensagem a seus associados estimulando-os a gravar curtos depoimentos para exibir em suas páginas pessoais, bem como encaminhar para inserção nos canais da Sociedade Brasileira de Dermatologia no Facebook e no Instagram. 

Algumas dessas mensagens gravadas pelos associados poderão compor outros vídeos que serão divulgados oportunamente. “Temos trabalhado em diferentes frentes para valorizar o papel do dermatologista. Trata-se de uma ação contínua de defesa profissional. Entendemos que essa é uma oportunidade de mostrar para a população, os pacientes e nossos próprios colegas a importância de nossa especialidade”, avaliou o presidente da SBD, Sérgio Palma. 

Em sua opinião, além dos vídeos de engajamento, outras iniciativas continuarão sendo promovidas, sempre com foco no fortalecimento da especialidade. “A Gestão 2019/2020 tem procurado qualificar e ampliar sua atuação no campo parlamentar, na esfera judicante, na comunicação com a sociedade. Daremos seguimento a esse trabalho, com o apoio dos colegas, cientes de que é uma luta de longa duração”, concluiu. 
 

Clique para assistir:
 


 


9 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Outros olhares

Muitos médicos que estão à frente das unidades de tratamento intensivo para Covid-19 têm enfrentado o medo e a insegurança em seu cotidiano para atender a população em meio a disseminação mundial de uma doença que pode ser transmitida por apenas um toque. Guardadas as devidas proporções, o Brasil já passou por pandemia semelhante à que acontece atualmente, mas utilizando formas de tratamento muito diferentes. A hanseníase, ou lepra, nome pelo qual a doença era conhecida no passado, motivou a criação dos leprosários, comunidades isoladas em que somente pessoas diagnosticadas com a doença poderiam ficar.
 
Criados por volta de 1920 e fechados definitivamente no Brasil em 1986, os leprosários – esses locais existiam também em países da Europa, especialmente, em Portugal e na Grécia –, que também eram chamados de asilos ou casas de isolamento, funcionavam como comunidades exclusivas para quem tinha a enfermidade. “Eram praticamente cidades fechadas, com comércio, escola, cartório, hospital, praças etc. Possuíam até dinheiro próprio; as fichas, que tinham valores equivalentes aos mil-réis”, explica o dermatologista Gerson Dellatorre, preceptor do Hospital Santa Casa de Curitiba e colecionador dessas moedas ou fichas. Ele lembra, ainda, que embora o tratamento para a cura da hanseníase tenha sido descoberto nos anos 1940, os locais foram mantidos até idos de 1980, e com inúmeros relatos sobre violência de todas as formas e muito preconceito com os que de lá saíam.
 
Aa fichas dos leprosários, embora agucem a curiosidade pelo contexto em que foram criadas, mostram que o Brasil de 100 anos atrás não era tão diferente do que encontramos hoje, com a violência crescente e a segregação de determinados grupos. A seguir, Dellatorre fala um pouco mais sobre história, medicina e a forma como evoluímos ao lidar com situações de emergência de saúde pública, como as pandemias.
 
JSBD: Por que teve a ideia de colecionar as moedas? A coleção foi motivada por alguma experiência pessoal?
Gerson Dellatorre: Me interessei pela numismática (termo utilizado para se referir ao estudo e/ou coleção de moedas) quando ainda cursava a residência de dermatologia na Santa Casa de Curitiba. Estava com a televisão ligada no History Channel, e o programa falava a respeito de moedas − ou, como os numismatas preferem denominá-las nesses casos, fichas − de um leprosário brasileiro. Como a hanseníase estava presente no nosso dia a dia de atendimentos, aquilo muito me chamou atenção pelo seu valor histórico. A partir disso, eu passei a procurar a existência delas no Brasil e também em outros países, buscando conhecer um pouco da história de cada local.
 
JSBD: Essas fichas de uso exclusivo dentro dos leprosários realmente evitavam a contaminação entre outras pessoas? Não havia o perigo de contágio para as pessoas que abasteciam o local com insumos, entre outras coisas?
GD: Os locais eram abastecidos pelo mundo externo em locais específicos para o contato com o exterior. Nos leprosários, todos os insumos que entravam (comida, carta ou qualquer outro objeto) costumavam ser devidamente higienizados. Os familiares que visitavam os internos muitas vezes ficavam separados por vidros ou a uma determinada distância. Com o tempo, muitas famílias iam deixando de visitar os doentes e tocando suas vidas lá fora (até porque também passariam a ser estigmatizadas), enquanto quem recebeu a “sentença” recomeçava outra vida dentro do leprosário. Hoje, sabemos que esses cuidados eram excessivos, pois o perigo de contágio é relevante apenas para quem convive de forma próxima com o doente por muitos anos.
 
JSBD: Todos os pacientes eram colocados nos mesmos leprosários ou existiam "graus ou tipos" variados de leprosários?
GD:
Acredito que o critério maior fosse o geográfico. As pessoas eram internadas em locais próximos àqueles em que viviam.
 
JSBD: Houve algum caso de saída dessas fichas das colônias, tendo, então, infectado alguém?
GD:
Não, pois não era um perigo real, mas sim fruto do desconhecimento e do medo próprios da época.
 
JSBD: Quantos leprosários existiram no Brasil?
GD:
Cerca de 40, e um detalhe curioso é que, embora a descoberta do tratamento da doença tenha acontecido em 1943, esses locais foram mantidos até os anos 1980. Acredito que os mantiveram porque as pessoas que lá viviam eram tão negativamente rotuladas, que a volta à sociedade seria difícil para os ex-doentes.
 
JSBD: As fichas eram diferenciadas apenas no seu formato, mas tinham os valores da época ou eram diferentes em outros aspectos? De que material eram feitas?
GD:
Algumas, como as da Colônia Santa Tereza (SC) e da Colônia Itapuã (RS), eram feitas de latão e foram cunhadas por uma funilaria, a Siderúrgica Eberle, da cidade de Caxias do Sul, que tinha expertise na produção de lamparinas, talheres, espadas e outros itens metálicos. Já nas fichas colombianas, por exemplo, embora o metal escolhido fosse o bronze, foram utilizadas diferentes ligas, produzindo fichas com tonalidades que iam do marrom-escuro ao amarelo.

JSBD: Como médico, o que acha das colônias? Eram eficientes para evitar o contágio mesmo?
GD:
Na minha visão, em última análise, elas representam uma época marcada pela ausência da cura da doença e pelo medo extremo de ser por ela contaminado. Havia ainda a falta de conhecimento mais amplo sobre suas formas de transmissão, e isso levou a políticas de isolamento compulsório em vários países do mundo, tornando a hanseníase uma das doenças mais estigmatizantes na história da humanidade.

JSBD: Essas fichas podem significar um retrato de como a segregação é cruel, já que esses pacientes que as utilizavam eram deixados e não tinham muita assistência (são retratados muitos casos de violência, roubos etc.). Poderia fazer uma breve associação sobre o que, comparativamente, seriam esses leprosários hoje?
GD:
É difícil encontrar um paralelo exato àquela situação nos dias de hoje. A saúde pública sanitarista, antigamente, cometia excessos, mas o fazia com base nos conhecimentos científicos que possuía, e é muito complicado fazer um julgamento dessa situação. É claro que, com o conhecimento que temos hoje, seria inconcebível criar esses locais. A medicina evolui e continua evoluindo com esses tropeços. Tenho certeza de que, daqui a 50 anos, o que hoje praticamos e achamos que esteja certo será criticado. Essa evolução, que antes acontecia em espaço de décadas, hoje ocorre em horas. Essa rapidez das informações tem como efeito colateral, por exemplo, deixar a pesquisa mais passível de erros, como vimos recentemente naquele estudo sobre tratamento da Covid-19 que foi removido do The Lancet. Já imagino em 2050 alguém dando uma entrevista contando peculiaridades desse isolamento social que estamos enfrentando, e espero que lá na frente achem que tudo foi um absurdo, pois isso seria sinal de que encontraram a resolução do problema.
 
JSBD: Estamos vivendo tempos bastante obscuros, até com negação da ciência. Acredita que algo assim como esses leprosários e a criação dessas moedas possa ser retomado em tempos de Covid-19?
GD:
Acredito que não; são situações diferentes: uma doença crônica, estigmatizante e altamente debilitante se não tratada, e uma doença aguda (Covid).
 
JSBD: Como era uma “economia” separada do resto do país, como as pessoas eram “remuneradas” dentro dessas colônias? Como era o dia a dia nas colônias? Havia médicos? Todos, incluindo quem trabalhava, eram doentes? Há alguma curiosidade sobre essas moedas?
GD:
Havia médicos, assistentes de enfermagem (muitas vezes eram freiras). Alguns leprosários, como o da Colônia Santa Tereza, em São Pedro de Alcântara (SC), eram como pequenas cidades, incluindo pequenos comércios. Possuía também hospital, residências das famílias, escola, cartório, delegacia, igreja, cadeia, praça de esportes, oficinas, cemitério  e até um cinema. Para o funcionamento desse comércio, obrigatoriamente, era necessário um numerário, e, como se acreditava que o dinheiro nacional não poderia circular ali dentro, foi idealizado um dinheiro apenas para uso local: as fichas da C.S.T. Existem cinco tipos desse dinheiro, com valores faciais de 1.000, 500, 300, 200 e 100 réis. No reverso, todos apresentam as iniciais C.S.T., com o detalhe dos pontos em ligeiro declive para a direita. Os relatos dizem que as fichas de 300 réis eram as mais usadas (e as mais raras dessa colônia), sendo esse justamente o valor da entrada do cinema. Nem a reforma monetária brasileira de 1942 afetou o comércio interno, que continuou a usar as moedas com o padrão mil-réis.
 
JSBD: Houve casos de cura de pacientes de leprosários naquela época?
GD:
O isolamento em si não curava ninguém. Apesar de sabermos hoje que alguns subtipos clínicos de hanseníase apresentam involução espontânea, o isolamento em tese apenas diminuía a transmissão da doença para outras pessoas. A cura só veio a ser disponível no final da década de 1940, com a comercialização da dapsona, ficando mais eficaz muitos anos após, com o advento da terapia combinada (poliquimioterapia).
 
JSBD: Novamente fazendo uma associação com o período atual, quando não nos tocamos para evitar a contaminação, que lições aprendidas pela medicina naquela época podem ser usadas hoje, para evitar a contaminação pela Covid-19?
GD:
A Covid-19 apresenta infectividade exponencialmente maior do que a micobactéria da hanseníase. Para a Covid, na ausência de um tratamento, o distanciamento social e as medidas de higiene e de uso de máscara são, hoje, infelizmente, as únicas armas que possuímos para conter seu alastramento.
 
JSBD: Voltando à sua coleção, quantas peças ela tem, e o que representam as moedas?
GD:
Hoje, na minha coleção tenho cerca de 20 fichas, de diferentes países (Brasil, Colômbia, Venezuela e também Filipinas). As fichas mais raras, como as de leprosários panamenhos e japoneses, são difíceis de achar. Acabam raramente aparecendo à venda em leilões virtuais, com preços altos. Recentemente, pedi a um colega dermatologista que passou por um estágio no Japão que, se encontrasse uma casa de moedas, perguntasse a respeito de uma muito rara, do leprosário Nagashima Aisei-en. O atendente a conhecia, mas informou que seria raríssimo encontrá-la (e consequentemente muito cara).
 
JSBD: Conhece outras pessoas que façam coleções parecidas?
GD:
Não conheço, mas imagino que esta entrevista seja uma oportunidade para, quem sabe, encontrar alguns colegas dermatologistas que também colecionem.


9 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Eventos

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) compôs o grupo de entidades que participou da Reunião de Escopo do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de hanseníase, realizada por teleconferência, pelo Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde (DCCI/SVS) do Ministério da Saúde. A iniciativa teve o objetivo de produzir o primeiro PCDT para hanseníase no Brasil, documento ancorado em evidências científicas. A entidade foi representada por Sandra Durães, coordenadora do Departamento de Hanseníase.

Com o PCDT, se pretende oferecer apoio a médicos, profissionais e gestores de saúde na tomada de decisões relacionadas ao tema, especialmente diante de casos que tragam incerteza científica nos campos da eficácia, segurança, custo-efetividade e aplicabilidade do tratamento. Assim, a rede integrante do Sistema Único de Saúde (SUS) se tornaria ainda mais eficiente e capaz de oferecer maior qualidade no cuidado integral às pessoas com hanseníase.

“A constatação de que nem sempre as recomendações do Ministério da Saúde estão sendo seguidas e esquemas terapêuticos não recomendados estão sendo utilizados com risco de tratamento insuficiente e/ou produção de resistência medicamentosa, torna a produção deste PCDT importante para fundamentar cientificamente a adoção dos esquemas terapêuticos comprovadamente mais eficazes e suficientes”, explica Sandra Durães. 

O presidente da SBD, Sergio Palma, destaca que a colaboração nas ações de controle da hanseníase é uma prioridade para a entidade, em especial na Gestão 2019-2020, o que se reflete na inclusão da doença nos temas de educação continuada nos Anais Brasileiros de Dermatologia e congressos, na realização de capacitações em hanseníase em todo país e na participação ativa nas campanhas do Janeiro Roxo. “Além disso, dermatologistas da SBD têm histórico de produção científica de excelência na área. Desta forma, podemos agregar uma expertise diferenciada à equipe que discutirá o PCDT”, afirma.

Extensão e abrangência – Durante a reunião, realizada em 9 de junho (terça-feira), foram definidos os aspectos a serem incluídos no protocolo, que servirão para a estruturação das perguntas clínicas ou questões de pesquisa que vão orientar a pesquisa na literatura científica. Também foi avaliada a extensão do PCDT e abrangência das informações a serem agregadas ao documento final.

Na percepção da SBD, o enfrentamento da hanseníase deve ser tratado como prioridade pelo Ministério da Saúde. Nesse sentido, lembra Egon Daxbacher, diretor financeiro da entidade, estão entre as principais estratégias de ação: a detecção precoce e o tratamento imediato de todos os casos e o exame de contatos, com o intuito de prevenir as incapacidades físicas e a interrupção da cadeia de transmissão. 

“Os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) são documentos oficiais do SUS, elaborados pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC). Eles têm o objetivo de estabelecer claramente os critérios de diagnóstico de cada doença, o algoritmo de tratamento com as respectivas doses adequadas e os mecanismos para o monitoramento clínico em relação à efetividade do tratamento e a supervisão de possíveis efeitos adversos”, explicou.

Além da SBD, participaram da reunião dirigentes de diversos setores do Ministério da Saúde; e representantes do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan); Academia Brasileira de Neurologia (ABN); Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH); Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI); e Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC).

Vice-líder – De acordo com Sandra Durães, com a implementação mundial da poliquimioterapia (PQT), por incentivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), na década de 1980, a carga global da hanseníase diminuiu. Ainda assim, diz, a taxa de registro de novos casos tem permanecido quase estática na última década.

Em ordem decrescente, Índia, Brasil e Indonésia contribuem com a maioria desses novos casos. No mundo, foram reportados à OMS, um total de 208.619 casos novos da doença, em 2018. Desses 28.660 (92,6% do total das Américas) foram notificados no Brasil. 

Do total de 28.660 casos novos diagnosticados no país, 1.705 (5,9%) ocorreram em menores de 15 anos. Dentre os 24.780 (86,5) avaliados no diagnóstico, 2.109 (8,5%) foram classificados como grau de incapacidade 2 (deficiências visíveis causadas pela hanseníase). “Diante desse cenário, o Brasil é classificado como um país de alta carga para a doença”, comenta a especialista da SBD.


9 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Mídia e Saúde

No dia 25 de junho é celebrado o Dia Mundial da Conscientização do Vitiligo, momento destinado à disseminação de informação sobre a doença e combate à discriminação contra seus portadores e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) faz um alerta aos que convivem com essa condição em tempos de Covid-19. É necessário superar essa fase evitando que a tensão social causada pelo coronavírus não gere consequências nos cuidados desses pacientes. 

“Nós devemos buscar que a doença não seja o polo mais importante da vida dessas pessoas. É importante que elas tenham qualidade de vida e acesso aos tratamentos necessários para bem viver”, afirma Ivonise Follador, ex-presidente por duas gestões da Regional Bahia da SBD. Segundo ela, esse esforço deve ser redobrado em meio à pandemia pelo novo coronavírus, em que o estresse gerado pelas medidas de prevenção pode contribuir para o desenvolvimento ou agravamento do vitiligo.

Manchas brancas – O vitiligo tem origem genética e não é contagioso. A doença é caracterizada pelo aparecimento de manchas brancas na pele, decorrentes da redução ou ausência dos melanócitos (células responsáveis pela formação da melanina, o pigmento que dá cor à pele humana). Nessa data, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) reforça o alerta para o acolhimento e cuidado com o portador, reafirmando a importância do maior conhecimento sobre o vitiligo.

“A SBD oferece um conjunto de orientações para fomentar a qualidade de vida do portador do vitiligo. Por exemplo, recomenda-se o controle do estresse e evitar situações que favoreçam agravamento da doença, como a exposição ao sol sem proteção e o uso de roupas muito apertadas. Cabe ao dermatologista avaliar o paciente e decidir pela melhor abordagem de tratamento, considerando seu quadro clínico”, destacou Sergio Palma, presidente da entidade. 

Para ele, não se pode ignorar também que é necessário respeitar a autonomia do paciente que convive com o vitiligo. De acordo com Sérgio Palma, há várias pessoas que não encaram essa doença como um problema que deve merecer tratamento, em parte por não ser uma doença contagiosa ou que implique em limitações de qualquer ordem. 

No momento, a SBD está finalizando dois documentos orientativos com recomendações para os dermatologistas, com vistas a atualizar as melhores práticas no atendimento ao portador do vitiligo durante essa crise epidemiológica. No trabalho coordenado por Caio de Castro, haverá um consenso sobre o tratamento da doença que contou com a participação de sete dermatologistas brasileiros.

“Nesse documento, estabelecemos um padrão de tratamento e protocolos para esse momento”, explica Ivonise Follador, que participa do grupo. Ela coordena o preparo do outro documento, um manual de fototerapia, um dos principais tratamentos para o controle do vitiligo e de outras doenças. “Esse guia aprofunda aspectos trazidos pelo consenso e explica de forma didática como usar a fototerapia nas diversas doenças”, explica. 

Acompanhamento – A médica demonstra preocupação com o potencial aumento nos números de casos da doença no período pós-pandemia. “O portador de vitiligo não está no grupo de risco da Covid-19 nem tem maior propensão para desenvolver a doença. O que pode contribuir é o aumento do estresse, assim como a possível dificuldade no acesso ao diagnóstico e tratamento decorrentes do distanciamento social”, avalia. Segundo ela, a sobrecarga do Sistema Único de Saúde (SUS) pela pandemia pode adiar o diagnóstico e tratamento do vitiligo, contribuindo para o aumento dos casos.

Dados oficiais indicam que o vitiligo alcança 1% da população mundial. No Brasil, mais de 1 milhão de pessoas convivem com a doença. O desenvolvimento de transtornos psicológicos, como a queda na autoestima e a retração no convívio social, são seus efeitos mais significativos. A doença não tem causa definida, mas está associada a fenômenos autoimunes, exposição solar ou química, estresse e traumas emocionais. Quando diagnosticado, o vitiligo pode ser unilateral (manifestando em apenas um lado do corpo) ou bilateral (manifestando em todo o corpo), e pode afetar os pelos e cabelos. 

O vitiligo pode manifestar-se de cinco maneiras: focal (manchas pequenas em uma área específica do corpo); mucosal (manchas somente nas mucosas, como lábios e região genital); segmentar (manchas distribuídas unilateralmente, apenas em uma parte do corpo); acrofacial (manchas nos dedos e em volta da boca, dos olhos, do ânus e genitais); comum (manchas no tórax, abdome, pernas, nádegas, braços, pescoço, axilas e demais áreas acrofaciais); e universal (manchas espalhadas por várias regiões do corpo).

“Tem havido avanços na terapêutica e remédios novos estão surgindo. Podemos ter novidades no médio prazo”, destaca Ivonise Follador, frisando a importância do diagnóstico e acompanhamento do portador por um médico dermatologista. “É importante o portador buscar informação sobre a doença, mas diagnóstico e tratamento só podem ser feitos corretamente por um médico especialista”. Segundo ela, muitas pessoas pensam que, por não ter cura, a doença não tem tratamento, mas é possível impedir o surgimento de novas manchas. “Isso não é verdade. Existe tratamento e ele contribui para o controle da doença e a qualidade de vida do portador. E quanto mais cedo é feito o diagnóstico, melhores são as chances do paciente”.


9 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Política e Saúde

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) obteve ganho de causa no Poder Judiciário, em ação conjunta com o Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas (CRM-AM). Com a decisão da Justiça, conseguiu-se restabelecer a prerrogativa exclusiva do médico na indicação e realização de procedimentos estéticos. Esse tema é esclarecido em informativo jurídico divulgado pela entidade na quinta-feira (2/6).

Clique aqui e leia o informativo

“Essa decisão tem grande relevância por fortalecer a legislação em vigor. Nós temos atuado para preservar a prerrogativa do médico dermatologista e, com isso, proteger a população”, afirma Sérgio Palma, presidente da SBD. Trata-se de mais um caso com desdobramento positivo alcançado pela sua Assessoria Jurídica na área da defesa profissional. 

Contra abusos – Segundo o presidente da SBD, “é importante coibir a atuação sem o conhecimento necessário nesse campo, o que tem trazido muitos prejuízos para muitas pessoas. Ser acompanhado por um especialista é essencial para o resultado desejado”, acrescenta. A SBD, por meio da Gestão 2019-2020, tem se dedicado a alertar a população para riscos envolvidos nessas situações e buscado combater os abusos e irregularidades cometidos por profissionais de outras categorias.

Impetrada junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, a ação questionou a realização de curso para capacitar biomédicos, farmacêuticos e dentistas na aplicação de botox e procedimentos de preenchimento facial. 

Em sua decisão, o TRF entendeu que a execução de procedimentos estéticos invasivos como botox, peelings, preenchimentos, laserterapia, bichectomias, entre outros, são atividades privativas de médicos. Ao reafirmar as normas no Art. 4º da lei 12.842/2013, a corte determinou a suspensão do curso.


9 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Eventos

Devido à pandemia do novo coronavírus, alguns eventos tiveram seus formatos reformulados, como o caso do 75º CSBD, principal encontro da SBD, que teve sua data alterada para setembro de 2021. Com a mudança, a Diretoria da SBD Gestão 2019-2020 e Comissão Organizadora optaram por realizar um evento online preliminar e gratuito nos dias 5 e 7 de setembro deste ano. 

O “Preliminar Online” é uma prévia do 75º CSBD e foi desenvolvido para oferecer ao associado novas perspectivas terapêuticas e atualizações científicas em todas as áreas da dermatologia. O programa conta com a participação de renomados dermatologistas e objetiva proporcionar aos inscritos conhecimentos e troca de informações em um ambiente virtual e dinâmico.

Lembrando que para participar do encontro online, é preciso se inscrever no 75º CSBD. 

Se você já se inscreveu no 75º CSBD, basta acessar a área restrita do site e fazer a adesão no evento online: www.sbd.org.br/dermato2020/.    
 


9 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Artigo

O Sars-CoV-2 é o 17o membro identificado dos vírus pertencentes ao gênero Betacoronavirus, que em dezembro de 2019 iniciou a epidemia de uma síndrome gripal em Wuhan (província de Hubei, na China), causando a agora denominada coronavirusdisease-2019 (Covid-19), a qual, em 15% dos doentes, evolui para síndrome do desconforto respiratório grave, podendo causar óbito em cerca de 0,5 a 5% dos infectados diagnosticados por recuperação viral (RT-PCR) ou sorologia documentada, dependendo da área geográfica em que ocorre, faixa etária e suporte hospitalar disponível. Em janeiro de 2020, o vírus caminhou em seu trajeto pandêmico, de forma que na primeira quinzena do mesmo ano infectou mais de oito milhões de pessoas em todo o globo, exceto na Antártida, e atingiu a fatalidade em mais de 500 mil pessoas.

A exemplo de seus parentes próximos, a Sars de 2002-2003 e a Mers de 2012, o contágio se faz pelas vias aéreas, questionando-se a via fecal-oral como possível. A combinação de alta avidez da sua proteína estrutural, denominada Spike (proteína S), pela enzima conversora da angiotensina 2 (ECA2), nas células do hospedeiro humano, tornou o vírus mais efetivo em infectá-las do que seus parentes anteriores betacoronavírus. A abundância da ECA2 nas membranas epiteliais dos bronquíolos terminais e pneumócitos do tipo II (ou células alveolares tipo 2) tornou os pulmões humanos o órgão-alvo do vírus em sua ascensão pela infecção e uso do maquinário de síntese de RNA e proteica do ser humano para sua propagação em novas cópias virais. Vale ressaltar, que estudos de 2012 demonstraram que a pele expressa a ECA2 nas células endoteliais da derme, células dendríticas dérmicas, mastócitos, queratinócitos da camada basal da epiderme e células epiteliais das glândulas écrinas.

Cerca de 80% da população, apesar de susceptível à infecção pelo Sars-CoV-2 sofrerá a infecção, na inexistência de uma vacina, porém será assintomática ou oligossintomática. A doença sintomática dura em média 14 dias.

Naturalmente, a imunidade inata com o sistema monocítico-macrofágico e o sistema do complemento são ativados produzindo quantidades expressivas de interferon do tipo I (alfa e beta), com o complemento auxiliando as células apresentadoras de antígenos a ativar a imunidade adaptativa (células T, CD4 e CD8, além de células B) a fim de expressarem um fenótipo TH1, TH17, e posteriormente promovendo em torno do quinto ao sétimo dia de infecção viral a síntese de IgA, IgM e posteriormente o pico de IgG. No entanto, ainda há controvérsia quanto a todos os infectados exprimirem anticorpos com epítopos para os antígenos utilizados nos testes sorológicos atualmente disponíveis. Nos doentes (sintomáticos) graus variados de ativação inflamatória e do sistema de coagulação ocorrem determinando fenótipos e desfechos distintos da doença.

Em torno de 8% dos doentes hospitalizados apresentam manifestações dermatológicas, podendo algumas ser atribuídas à infecção viral, e outras questionadas se representam reações adversas às drogas usadas no seu tratamento.

Os fenótipos das manifestações dermatológicas também espelham o espectro da ativação sistêmica e/ou tegumentar da inflamação e/ou coagulação. A frequência entre elas varia de acordo com a série de pacientes relatada na literatura internacional. É possível categorizá-las em cinco padrões gerais que, dentro deles, abrigam subtipos, tornando a Covid-19 mais uma mimetizadora de diagnósticos diferenciais na dermatologia, a saber, em ordem de possível frequência:
•    erupções exantemáticas
•    erupções urticariformes
•    erupções papulovesiculosas
•    erupções eritema pérnio-símile
•    erupções do tipo livedo racemosa, púrpura retiforme e/ou acroisquemia.

A cronologia com que elas ocorrem durante a Covid-19 não está ainda bem estabelecida, porém alguns casos se comportam de forma distinta:
•    As erupções urticariformes parecem poder anteceder em alguns poucos dias, em alguns doentes os sintomas de síndrome gripal.
•    As erupções exantematosas tendem a ocorrer de forma concomitante ao período de estado da doença. Podem ser do tipo morbiliforme, eritema multiforme-símile, Sdrife-símile (Symmetrical Drug Reaction Intertriginous and Flexural Exanthema-símile), exantemas purpúricos, erupção pitiríase rósea-símile, além de eritema em áreas fotoexpostas.
•    As lesões do tipo eritema pérnio-símile podem ocorrer em agregação familiar, com crianças e adolescentes oligo ou assintomáticos com essas lesões e parentes que tiveram ou têm Covid-19.
•    As formas eritêmato-papulosas, papulosas ou papulovesiculosas, podem lembrar doença de Grover, prurigo estrófulo, lesões tipo picadas de percevejo (cimidíase), pulíase, erupção variceliforme de Kaposi, disidrose e geralmente ocorrem no período de estado da doença ou persistem após o desaparecimento dos sintomas da síndrome gripal, geralmente sendo muito pruriginosos.
•    Lesões tipo púrpura palpável denotam ativação do complemento e doença de grau mais intensa, bem como o livedo racemosa, o qual deve manter o médico vigilante quanto à coagulação intravascular disseminada em instalação, a púrpura retiforme e a acroisquemia.

Neste último cenário clínico dermatológico, mesmo na ausência de dispneia (hipoxemia silenciosa) esses achados cutâneos podem indicar doença muito grave e requerer imediata hospitalização com anticoagulação plena, com heparina.

Enfim, durante um período pandêmico a vigilância médica frente a sinais cutâneos deve levar em conta dados epidemiológicos dos contatos domiciliares, amigos e vizinhos do paciente, sintomas clínicos de síndrome gripal, anosmia e ageusia, diarreia e vômitos, histórico medicamentoso detalhado, a fim de se fazer o diagnóstico laboratorial da infecção viral em vigência (RT-PCR por secreção coletada com swab da nasofaringe) ou do contato com o Sars-CoV-2 pelo exame sorológico. Há que ressaltar o fato de as manifestações dermatológicas não serem patognomônicas da Covid-19 e devem ser diagnósticos diferenciais de múltiplas outras doenças, as quais ainda são epidêmicas ou endêmicas no nosso meio, como a dengue, sífilis, sarampo, hanseníase tipo fenômeno de Lucio, entre outras.

Aos meios acadêmicos sugerimos o estabelecimento de registro fotográfico, histopatológico e protocolos de exame de imuno-histoquímica para proteínas do Sars-CoV-2, a fim de demonstrar sua presença na pele e microscopia eletrônica de transmissão, para registro do vírus nas estruturas cutâneas.

Infelizmente como tragédia humanitária, mas também como oportunidade à ciência, a Covid-19 com certeza irá mudar não só nossa sociedade em relação ao comportamento socioeconômico, mas também será um marco de avanço científico, como foi a Aids nas últimas décadas do século 20.

Leitura sugerida (acesso aberto)
Criado PR, Abdalla BMZ, de Assis IC, van Blarcum de Graaff Mello C, Caputo GC, Vieira IC. Are the cutaneous manifestations during or due to SARS-CoV-2 infection/COVID-19 frequent or not? Revision of possible pathophysiologic mechanisms [published online ahead of print, 2020 Jun 2]. Inflamm Res. 2020;1-12. doi:10.1007/s00011-020-01370-w

 


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Com a palavra
 

Não são os mais fortes que sobrevivem, e sim os mais adaptados às mudanças do seu ambiente…1 Em tempos de pandemia, incrível como a teoria de Charles Darwin sobre A origem das espécies (1869) soa tão oportuna e atual!1 Surpreende como cada um, dentro do seu habitat e de suas limitações pessoais, se movimentou para se adequar ao novo modus operandi. Todos nós, homens, mulheres, adultos, crianças e idosos, sem exceção, temos sofrido o impacto profundo de um vírus que, literalmente, acuou bilhões de pessoas em todo o mundo.

Indivíduos com mais idade, devido ao maior risco de complicações pelo SARS-CoV-2, foram os mais afetados.2 Além do fator etário (imunossenescência), comorbidades associadas também contribuíram para que governos recomendassem medidas de isolamento dessa população.2 Apesar do benefício de prevenção de contágio nesses indivíduos e, assim, evitando mortes, alguns efeitos colaterais são inevitáveis. Isolamento e restrição de movimento trazem óbvias consequências negativas a qualquer ser humano. Distanciamento dos entes queridos, privação da liberdade, preocupação com a saúde (própria e de familiares) e incerteza sobre a duração desse árduo processo geram ansiedade e medo…3

E as doenças de pele, como ficam nesse cenário?

Estudos têm relacionado estresse psicológico e distúrbios de estresse pós-traumático, ansiedade e depressão com início ou piora de inúmeras dermatoses.3 Embasamento para essa conexão se origina em modulações neuroendócrinas de sistemas inflamatórios.3 Assim, eventos estressantes, como aqueles resultantes pela atual crise sanitária, podem sim desencadear início ou recorrência de psoríase, prurido crônico, urticária e dermatite atópica.3

Do ponto de vista oncológico, cenários bastante desafiadores surgem. Segundo estudos nacionais da Sociedade Brasileira de Dermatologia, dentre os idosos, as neoplasias pré-malignas e malignas se destacam como as enfermidades mais frequentes nas consultas dermatológicas.4,5 Não é difícil imaginarmos a quantidade expressiva de pacientes geriátricos, tanto do sistema público quanto do suplementar, temporariamente sem atendimentos… O agendamento de uma consulta ambulatorial, de forma geral, tem exigido paciência e persistência dos doentes. Assim, certamente, enfrentaremos mais impactos negativos relacionados a diagnósticos tardios e tratamentos clínico-cirúrgicos prejudicados.

Em que sentido nós, dermatologistas, podemos contribuir para a pessoa idosa nesse cenário de distanciamento?

Primeiramente, como profissionais da saúde e influenciadores de outros ao nosso redor, precisamos enfatizar a necessidade de três pontos básicos na rotina dos mais velhos: autocuidado (higiene pessoal, alimentação), atividades produtivas (tarefas do lar, atividade física, pesquisas on-line) e lazer (jogos, filmes, redes sociais, jardinagem).6 Outro quesito essencial é evitar que o distanciamento físico cause isolamento social. Assim ligações telefônicas regulares e videochamadas entre familiares e amigos são cruciais para evitar sentimentos de solidão e desamparo. Em relação ao nosso ofício, especialmente nesse cenário do novo coronavírus, estou convicto do papel da telemedicina e, em particular a teledermatologia, na melhora do acesso a serviços de saúde com qualidade e otimização de recursos. Indivíduos e comunidades podem ser beneficiados tanto em nível assistencial (teletriagem, teleconsulta) como na prevenção de doenças e promoção de saúde.

Por último, para refletirmos… deixo uma citação inspiradora de Madre Teresa de Calcutá: “Podemos curar as doenças físicas com remédios, mas a única cura para solidão, desespero e falta de esperança é o amor.”

Referências:

1. Conor Cunningham. Survival of the fittest. Encyclopaedia Britannica. 11 Feb 2020. https://www.britannica.com/science/survival-of-the-fittest [citado 2020 jun 21].
2. Franceschi, C., Garagnani, P., Parini, P. et al. Inflammaging: a new immune–metabolic viewpoint for age-related diseases. Nat Rev Endocrinol 14, 576–590 (2018). https://doi.org/10.1038/s41574-018-0059-4
3. Garcovich, S.,Bersani, F., Chiricozzi, A. and De Simone, C. (2020), Mass quarantine measures in the time of COVID-19 pandemic: psychosocial implications for chronic skin conditions and a call for qualitative studies. J Eur Acad Dermatol Venereol. doi: 10.1111/jdv.16535

4. Sociedade Brasileira de Dermatologia. Perfil nosológico das consultas dermatológicas no Brasil. An Bras Dermatol. 2006;81(6):549-58.
5. Sociedade Brasileira de Dermatologia, Miot HA, Penna GO, Ramos AMC, Penna MLF, Schmidt SM, Luz FB, Sousa MAJ, Palma SLL, Sanches Junior JA. Profile of dermatological consultations in Brazil (2018). An Bras Dermatol. 2018;93(6):916-28.
6. Agência Brasília. Idosos precisam se manter ativos durante a quarentena. [citado 2020 jun 21]. https://agenciabrasilia.df.gov.br/2020/04/22/idosos-precisam-se-manter-ativos-durante-quarentena/


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Ações institucionais

Em virtude do período de retomada das atividades em clínicas e consultórios médicos, mesmo durante a  pandemia da Covid-19, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) divulgou, nesta terça-feira (30/6), um guia com recomendações para o funcionamento e a manutenção desses estabelecimentos de saúde, em especial aqueles que oferecem serviços de fototerapia, utilizada no tratamento do vitiligo. As orientações incluem desde o cuidado na marcação das consultas até a indicação dos produtos adequados para a higienização dos equipamentos.

Acesse a íntegra do Guia da SBD

O documento é dividido em seis tópicos, que versam sobre os diversos aspectos para a manutenção das clínicas: “Screening e orientação de pacientes pré-consulta dermatológica/tratamento fototerápico”; “Cuidados com a manutenção do consultório ou clínica”; “Higienização dos equipamentos”; “Acolhimento dos pacientes”; “Entre tratamentos de pacientes em cabine fototerápicas”; “Aferição da irradiância da RUVB-FE”; e “Cuidados com a manutenção e limpeza dos equipamentos”.

Medidas de prevenção – Na avaliação do presidente da SBD, Sérgio Palma, as medidas de prevenção são necessárias para garantir o bem-estar de todos: pacientes, acompanhantes, médicos e equipes de apoio. “Sem essa atenção, os consultórios ficam vulneráveis. Estamos num momento em que as medidas devem reforçadas e toda atenção deve ser dada aos detalhes, como ter sempre álcool em gel à disposição e assegurar a presença do menor número possível de pessoas em cada ambiente”, disse. 

Porém, lembrou ele, isso não significa que antes da pandemia o cuidado era menor: “as clínicas e os consultórios sempre foram lugares seguros. Isso por que os médicos, em sua rotina, sempre respeitam muito as normas de biossegurança, que são vistas como prioritárias. Só que num momento de pandemia, como o atual, esses cuidados redobram”. 

A cautela começa antes mesmo da chegada do paciente, orienta a SBD. Na hora da marcação da consulta, é importante que as recepcionistas e secretárias reforcem a necessidade de pontualidade e assiduidade, para evitar acúmulo de pessoas na sala de espera. A presença de acompanhantes não é recomendada, salvo se for absolutamente indispensável.  

Além disso, pacientes com tosse, febre ou sintomas respiratórios devem ter seu atendimento remarcado para após três semanas. De acordo com a SBD, também se deve questioná-los sobre possibilidade de contato com pessoa sabidamente portadora de Covid-19 ou que apresente sinais e sintomas (febre, tosse, coriza, entre outros). Se isso for confirmado, o atendimento será reagendado para 15 dias depois. Mas essas são apenas algumas das recomendações presentes no guia. 

Manutenção e higienização – Assim como as orientações com foco nos pacientes, é de suma importância que as equipes dos consultórios (médicos, enfermeiras, técnicos e recepcionistas) tenham acesso e portem equipamentos de proteção individual (EPIs), sobretudo se prestam assistência a menos de um metro. Na sala de espera, as cadeiras devem estar organizadas com, pelo menos, 1,5 metro de distância entre si e, caso não exista espaço físico suficiente, o paciente deve aguardar do lado de fora até sua hora do atendimento.

Hábitos e gentilezas como oferta de água, café e lanches devem ser suspensos nos consultórios nesse momento de reabertura, mas com a pandemia ainda em curso. Da mesma, se desaconselha o uso de canetas e pranchetas e a permanência de plantas, folders e revistas nas salas de espera. Para manter a circulação, avisa a SBD, o ideal é deixar as janelas abertas ou o ar condicionado ligado na função exaustão. 

Solução – Outra orientação às clínicas e consultórios é que reforcem as medidas de limpeza e desinfecção. Para tanto, pode-se usar solução de hipoclorito de sódio a 1%, álcool isopropílico 70° ou desinfetante hospitalar a base de peróxido de hidrogênio ativado em diluição própria para descontaminação de superfícies. No caso específico das cabines fototerápicas, utilizadas no tratamento do vitiligo, recomenda-se a aspiração da superfície dos equipamentos para remover resíduos de descamação, o uso de pano úmido ou toalha de papel com álcool 70° nas superfícies da sala, especialmente aquelas com as quais o paciente tem contato físico.

“Esses são apenas alguns dos cuidados”, ressalta Sérgio Palma. Segundo ele, o guia, que será disponibilizado imediatamente aos dermatologistas associados à SBD, não será uma iniciativa isolada. “Estamos acompanhando o processo de reabertura dos consultórios. Com base, há outras iniciativas em avaliação para tornar esse momento mais tranquilo para todos. A pandemia trouxe grandes perdas e estresse, mas nos obrigou a buscar soluções rápidas para a superação da crise”, concluiu. 

A elaboração do guia ficou a cargo das dermatologistas Daniela Antelo, professora adjunta de Dermatologia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ); e Ivonise Follador, médica dermatologista, mestre e doutora pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).


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Mídia e Saúde

Nas próximas semanas, os associados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) passarão a contar com o suporte de um aplicativo (app) para smartphone que permitirá a implementação de uma nova forma de relação entre os especialistas e sua entidade de representação. A ferramenta, que se encontra em fase final de testes, foi apresentada aos participantes da reunião realizada no sábado (13/6) entre os presidentes de Regionais e a Diretoria da Gestão 2019-2020. 

Com layout clean e de fácil uso, esse aplicativo, que em breve será disponibilizado gratuitamente aos associados, é uma aposta da SBD na tecnologia. Por meio dele, os usuários podem atualizar cadastro, ter acesso a informações a cursos, verificar dados administrativos, acessar notícias e encaminhar denúncias. “Trata-se de uma ferramenta dinâmica e prática, que será de grande utilidade não apenas para os profissionais como para o sistema composto pela SBD e suas Regionais”, disse Egon Daxbacher, tesoureiro da atual Gestão. 

Segundo ele, o aplicativo também representará economia para a entidade, pois poderá ser utilizado em diferentes momentos, como por exemplo em eventos. Em vez de contratar uma empresa para desenvolver um app para cada congresso ou jornada, a SBD poderá lançar da mesma ferramenta para dar suporte aos inscritos, explicou Daxbacher, para quem essa iniciativa ainda tem outro ponto positivo: simplifica a relação com o associado, diminuindo a distância entre ele e a entidade. 

“Essa é uma solução que faz parte de um sistema integrado de gestão. O objetivo é, por meio dela, oferecer mais suporte à entidade e aos associados de maneira prática e remota. Entre os benefícios, estarão o melhor acompanhamento do controle financeiro, do cadastro dos associados, e de cursos e congressos, entre outros. Tudo em harmonia com o portal da SBD”, disse Sérgio Palma, presidente da Sociedade. 

Eventos SBD – Ainda na reunião entre presidentes de Regionais e a Diretoria da Gestão 2019-2020 foram abordadas as últimas iniciativas da SBD no campo da educação continuada. A realização do SBD Live, que já contabiliza, cinco edições foi descrita como uma iniciativa importante. Desenvolvida em função da necessidade de qualificar os especialistas para atuação durante a pandemia de Covid-19, essa estratégia surpreendeu pelo alto nível de engajamento e pela avaliação positiva. 

Apesar desse modelo ter sido testado e aprovado, a SBD já se prepara para uma nova fase de encontros presenciais no segundo semestre, após o fim dessa emergência epidemiológica. A secretária-geral da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Claudia Alcantara, informou que já estão confirmadas as seguintes atividades: 4º Simpósio Nacional de Imunobiológicos e XII Simpósio Nacional de Psoríase; 12º Teraderm; V Simpósio Internacional de Cabelos e Unhas; e 42º Simpósio de Dermatologia Tropical.

Segundo foi relatado, a Gestão 2019-2020 está tomando todas as providências para garantir a segurança e a proteção da saúde e do bem-estar dos participantes desses encontros. Isso inclui a adoção de propostas, como a redução no número de vagas e o reforço em medidas de higienização e sanitárias. Além disso, como parte do planejamento, os boletins epidemiológicos estão sendo acompanhados diariamente para prevenir cenários de risco.
 





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