Com a pandemia de covid-19, uso de sabonetes, álcool em gel e luvas contribui para o surgimento de problemas na pele das mãos




2 de agosto de 2021 0

Medidas de prevenção à covid-19 podem ser a causa de problemas dermatológicos que incomodam muitas pessoas. Isto ocorre porque a higienização com sabão e álcool em gel contribui para o aumento dos casos de eczemas nas mãos. Essa é a percepção de especialistas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) que trazem recomendações para reduzir as chances de aparecimento desses quadros. 

Para Rosana Lazzarini, assessora do Departamento de Alergia Dermatológica e Dermatoses Ocupacionais da SBD, a exposição a esses produtos e o uso constante de luvas, como no caso dos profissionais de saúde, podem aumentar as chances de surgirem lesões vermelhas, descamação e/ou crostas, pequenas bolhas (vesículas), acompanhadas de coceira nas mãos.

Dermatite – Estes sinais podem ser causados pela dermatite atópica, dermatite de contato irritativa ou dermatite alérgica. Elas provocam erupções que coçam, com formação de quadros característicos de eczema. Com a pandemia, cada vez mais pessoas apresentam esse tipo de complicação, analisa a especialista. 

“A necessidade de reforçar a higienização fez com que fossem incorporados à rotina hábitos, como o emprego de sabão e álcool em gel, que induzem à irritação, sobretudo se o paciente já é portador de dermatite atópica. Neste momento, há o agravamento dos sinais pela piora das condições da barreira cutânea”, disse. 

Para diminuir as chances de desconforto, Rosana Lazzarini recomenda a aplicação de cremes hidratantes nas extremidades, o que ajuda ainda a prevenir o ressecamento da pele, comum nesta época do ano. No entanto, se já há um quadro de eczema instalado, ela avisa que é necessária a orientação de um médico dermatologista para indicar o melhor tratamento.

Sabonete – Além desse cuidado, a especialista da SBD sugere o emprego de sabonetes com pH mais próximo da pele, como forma de reduzir o ressecamento que contribui para surgimento do eczema. Segundo ela, independentemente de a pele ser oleosa, mista ou seca, é importante utilizar produtos com hidratante na fórmula ou do tipo syndet, que reduzem a irritação. 

Com respeito ao álcool em gel, Rosana Lazzarini orienta sua adoção sem excessos, evitando-se, inclusive, que seja aplicado em mãos que já apresentam fissuras. Em situações deste tipo, com presença de lesões, a limpeza deve ser mantida, porém com sabonete suave explica a especialista, que ressalta a necessidade da intensificação do emprego de cremes para a pele. 

“A hidratação precisa ser constante. Então, é lavar e hidratar em seguida, até em situações corriqueiras. Se forem utilizadas luvas, depois de retirá-las, não esqueça de redobrar o cuidado, hidratando novamente”, assinalou. 
 


13 de julho de 2021 0

Problemas no acesso a equipamentos que permitem tratamento e inexistência de medicamentos específicos para o controle da doença são realidades que afetam as pessoas que vivem com vitiligo. No Brasil, mais de um milhão de pessoas manifestam essa condição (0,5% dos brasileiros). No mundo, a doença atinge, em média, 1% da população. Em 25 de junho, dia dedicado ao tema pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) se une ao movimento em pela conscientização sobre esse tema diversas vezes negligenciado pela população e aponta gargalos no campo da assistência que devem ser superados.

Uma das críticas da SBD com relação ao manejo dos pacientes reside na dificuldade de acesso desse grupo às câmaras de fototerapia espalhadas pelo País, fenômeno que ocorria mesmo antes da pandemia de covid-19.

“Temos essas câmaras em hospitais universitários e serviços particulares. A SBD tem ajudado, ao longo das gestões, os serviços credenciados a desenvolverem um serviço de fototerapia, mas há outras doenças que também necessitam desse tratamento, como psoríase, linfoma cutâneo, por exemplo. Muitas vezes, os hospitais conseguem colocar alguns pacientes de vitiligo na fototerapia, mas não dão vazão à demanda. É uma luta para que nós aumentemos o acesso deles a um tratamento adequado do vitiligo, incluindo o tratamento fototerápico”, declara a coordenadora do Departamento de Fotobiologia da SBD, Ivonise Follador.

Medicação – O assessor do Departamento de Biologia Molecular Genética e Imunologia da SBD, Caio de Castro, concorda que existe, no Brasil, pouca oferta de máquinas de fototerapia para a população. Além disso, ele aponta um outro problema para as pessoas com vitiligo, no mundo inteiro: a falta de medicação específica para a doença.

Além da inexistência de produtos específicos, o especialista alerta que os pacientes com vitiligo devem evitar cremes à base de hidroquinona, que podem piorar os sinais da doença. Castro faz ainda uma recomendação ao portador: se tem tendência a ter vitiligo em área de trauma, evite esportes de contato. A dica é principalmente para as crianças. “Se em áreas onde há trauma surge uma nova lesão, o paciente deve trocar, por exemplo, o jiu-jitsu pela natação”, finaliza.

Outro ponto importante para esse segmento da população é o suporte psicológico, conforme destaca Ivonise Follador. “Precisamos perceber o impacto negativo da mancha no paciente, os medos que existem, e estimular, se for o caso, a busca do suporte em psicoterapia. Isso pode ajudar a prevenir a diminuição da autoestima, o surgimento da insegurança, da depressão e da ansiedade”, ressaltou, lembrando ainda da relevância do papel do médico no seguimento dos casos.

Orientações – Preocupada com o tema, em 2020, a SBD publicou o “Manual Prático de Fototerapia”. Com textos objetivos e didáticos, tem uso garantido em consultório, clínicas e hospitais que atendem pacientes em busca desse procedimento, inclusive pessoas com vitiligo. No mesmo ano, os Anais Brasileiros de Dermatologia (ABD), divulgaram o “Consenso sobre Tratamento do Vitiligo”. O trabalho constitui um guia para tratamento clínico e cirúrgico da doença.

Coloração – O vitiligo é caracterizado pela perda da coloração da pele em virtude da destruição dos melanócitos, células que formam a melanina. Ele não é contagioso, mas causa sequelas emocionais em virtude da discriminação sofrida por pessoas portadoras.

Segundo Ivonise, 25% dos casos aparecem antes dos 10 anos de idade, 50% até 20 anos, e de 70% a 80% antes dos 30 anos. “O Dia Mundial é importante, pois ajuda os pacientes a verem que não estão sós, que existem perspectivas e que há casos de regressão importante das manchas. O mais importante acreditar e fazer um tratamento sério. Existem resultados muito positivos no tratamento. Não ter cura, não quer dizer não ter tratamento”, disse.

O vitiligo pode se manifestar de seis formas: focal (manchas pequenas em uma área específica do corpo); mucosal (manchas somente nas mucosas, como lábios e região genital); segmentar (manchas distribuídas unilateralmente, apenas em uma parte do corpo); acrofacial (manchas nos dedos e em volta da boca, dos olhos, do ânus e genitais); comum (manchas no tórax, abdome, pernas, nádegas, braços, pescoço, axilas e demais áreas acrofaciais); e universal (manchas espalhadas por várias regiões do corpo).

Atualmente, o tratamento do vitiligo é feito com fototerapia com radiação ultravioleta B banda estreita (UVB-nb), fototerapia com ultravioleta A (PUVA), laser, além de técnicas cirúrgicas de transplante de melanócitos. “Estão sendo pesquisados ainda tratamentos tópicos, à base de inibidores de prostaglandinas e à base de inibidores de JAK, por exemplo. Mas, certamente, aparecerão outras medicações em médio prazo. O importante é que o paciente procure ajuda, tenha apoio médico e psicológico e não deixe que a doença o tire do seu propósito de vida”, explica Ivonise.


10 de junho de 2021 0

Apesar de avanços tecnológicos que têm surgido, o papel do médico dermatologista ainda é fundamental para o diagnóstico de doenças que afetam pele, cabelos e unhas. Essa é a avaliação de especialistas no uso da telemedicina ao avaliar anúncio de lançamento de uma ferramenta pelo Google que ajudaria na identificação de lesões. O serviço, que se chama Derm Assist, pode entrar em operação até o fim do ano, nos Estados Unidos, mas ainda aguarda autorização da Food and Drug Administration (FDA), agência federal de saúde dos Estados Unidos. No Brasil, não há previsão de lançamento.

O coordenador do Departamento de Teledermatologia da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Daniel Holthausen Nunes, considera que esse tipo de mecanismo pode ser útil, mas não substitui a atuação do médico no fechamento do diagnóstico sobre eventuais problemas. Segundo ele, o objetivo do Derm Assist é útil ao apontar possíveis doenças existentes, ficando a cargo do dermatologista confirmar, ou não, a suspeita.

Software – O Google explica que pelo Derm Assist o usuário poderá encaminhar fotos de sua erupção, lesão ou mancha para análise do software abastecido com imagens de referência de 288 doenças de pele. Após buscar correspondências, a ferramenta indica possíveis transtornos associados ao material enviado, mas não é capaz de fazer o diagnóstico definitivo.  

“Essa tecnologia pode acelerar a ida ao consultório médico, facilitando diagnósticos precoces, especialmente na triagem de lesões graves, como o câncer de pele, que normalmente não causa sintomas evidentes nos primeiros momentos. Não é raro o paciente só buscar por um dermatologista quando a situação já está avançada, com prognóstico negativo”, disse Daniel Holthausen Nunes.

Chao Lung Wen, responsável pela Disciplina de Telemedicina do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), reforça que a novidade não substituirá os dermatologistas. “Esse mecanismo não invadirá a responsabilidade e os cuidados médicos com os pacientes. Somente o médico pode assumir as condutas terapêuticas e o tratamento, traçando um raciocínio investigativo, a partir das informações clínicas de cada paciente, como o biótipo”, alerta.

Democratização – Questões éticas devem ser consideradas quanto ao uso de plataformas desse tipo, ressalta Chao Lung Wen. Na sua avaliação, a SBD pode assumir um papel importante, em nome da segurança da população, analisando – quando possível – a beneficência e a não maleficência desta ferramenta, a partir dos preceitos da bioética.

O especialista acredita que o médico moderno – com capacidade de análise crítica, investigativa e de comunicação –, com o suporte da tecnologia, pode ser capaz de aperfeiçoar sua relação de confiança com os pacientes, oferecendo assistência e contemplando aspectos de segurança, eficiência e empatia. “Assim, será viável promover maior comprometimento da população, por meio dessas condutas, ajudando-a a conhecer melhor sua saúde, as doenças e os autocuidados”, finaliza.

 


10 de junho de 2021 0

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) publicou uma cartilha na qual esclarece os principais pontos e dúvidas a respeito da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD – Lei nº 13.709). O dispositivo, aprovado em 2018, está em vigência desde 2020, sendo que suas sanções entrarão em vigor a partir de 1º de agosto deste ano. O material voltado aos associados esclarece, principalmente, o que é a norma e suas implicações.

A LGPD se aplica a pessoas jurídicas de direito público e privado, que realizam o tratamento de dados, como é o caso da SBD; bem como às pessoas físicas que têm seus dados coletados, independentemente do meio (físico ou digital), no país onde estejam ou onde estejam localizadas suas informações.

Dados pessoais – O assunto é de suma importância, pois visa a segurança jurídica, padronizando normas e práticas e promovendo a proteção de dados pessoais de todos os cidadãos, em âmbito nacional. Nesse sentido, considera-se dados pessoais a informação relacionada a pessoa natural identificada ou identificável. Ou seja, quaisquer informações que possam levar a identificação de uma pessoa natural, de maneira direta ou indireta, por referência a um nome, a um número de identificação ou a um ou mais elementos específicos da sua identidade física, fisiológica, psíquica, econômica, cultural ou social.

A cartilha explica, ainda, qual é o papel, nesse contexto, da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), órgão que zela pela proteção dos dados pessoais no Brasil. É esclarecido, então, que compete a ANPD fiscalizar e aplicar sanções em caso de descumprimento à legislação, sendo assim sua responsabilidade é definir, em regulamento próprio, como serão aplicadas essas sanções administrativas. As penalidades pelo descumprimento só passarão a ser aplicadas a partir de agosto deste ano, período estipulado para as empresas se adequarem às normas.

Associados – Nesse sentido, a SBD reafirma seu compromisso em empreender todos os esforços para garantir as medidas necessárias ao enquadramento e respeito à Lei nº 13.709/2018. Especialmente considerando o artigo 18, a entidade se coloca à disposição para qualquer esclarecimento sobre o tratamento de dados, sempre que requisitado pelos associados.

A SBD ressalta ainda que, de acordo com a norma, são direitos da população em geral obter a qualquer momento e mediante requisição as seguintes respostas: confirmação da existência de tratamento e acesso a dados; correção de dados incompletos, inexatos ou desatualizados; anonimização, bloqueio ou eliminação de dados desnecessários, excessivos ou tratados em desconformidade com o disposto na Lei.

Os cidadãos podem ainda solicitar a portabilidade dos dados a outro fornecedor de serviço ou produto, mediante requisição expressa e observados os segredos comercial e industrial, de acordo com a regulamentação do órgão controlador; a eliminação dos dados pessoais tratados com o consentimento do titular, exceto em hipóteses previstas na Lei; informação de entidades públicas e privadas com as quais o controlador realizou uso compartilhado de dados; e informação sobre a possibilidade de não fornecer consentimento e sobre as consequências da negativa.

Aproveite para se atualizar. Clique aqui para fazer o download da cartilha.


20 de outubro de 2020 0

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) disponibilizou aos seus associados mais um canal de comunicação: o aplicativo SBD chegou para facilitar uma série de transações, sendo, inclusive, sintonizado com o portal da entidade, em especial a área de acesso restrito. O software – desenvolvido pela empresa ITarget Tecnologia – já está disponível para download, gratuitamente, nas lojas virtuais Apple Store, para os usuários de Iphone; e Google Play, para os usuários do sistema operacional Android.

“Essa é mais uma ação da Gestão 2019-2020 desenhada no intuito de facilitar a vida de nossos associados. O compromisso dos atuais diretores é entregar aos nossos colegas o que há de mais moderno em tecnologia de ponta”, destaca o presidente da SBD, Sérgio Palma.

Para ter acesso ao perfil de usuário no novo aplicativo, após realizar o download, basta entrar com mesmo login e senha utilizados para acesso ao portal da SBD. Caso o usuário não se lembre da senha, ele clicará no recurso “esqueci a senha”, preencherá os dados solicitados e cadastrará uma nova sequência.

Serviços – A nova plataforma permite a integração com os serviços disponibilizados para os associados no portal da SBD, que poderão ser realizados diretamente no aplicativo. Na Central de Anuidades, o usuário poderá consultar os boletos das anuidades pagos e em aberto; optar por pagamento com cartão de crédito; e emissão de recibos.

No ícone Identidade Virtual, o associado terá acesso à carteira personalizada para uso em parcerias e rede de benefícios. O layout será personalizado com QR Code. Já em Denúncias, o usuário poderá informar, de modo rápido, empresas e/ou profissionais que não estão de acordo com as normas da SBD e do exercício ético da medicina. A função permite ainda inserir imagens e descrição do estabelecimento.

Notícias e eventos – Além disso, o novo aplicativo permite ainda que as Notícias da SBD publicadas no site institucional sejam lidas diretamente no software. Os usuários da plataforma poderão também integrar com as redes sociais corporativas (Twitter e Facebook).

O novo aplicativo também trará nova área dedicada aos eventos da SBD, a qual passou por reestruturação, modernização e ampliação. Dentre as facilidades disponíveis estão: acesso à programação científica, nomes de palestrantes, expositores, notícias, interação na timeline e à opção de inscrição.

Também será possível enviar perguntas aos palestrantes, participar de enquetes, realizar check in, avaliar exposições e montar uma agenda com a grade que se deseja assistir no evento. “Nossa gestão entrega uma nova forma de comunicação entre a SBD e os associados, com todos os recursos encontrados em nosso site disponíveis num único aplicativo, colocando nossa entidade entre aquelas que possuem suporte tecnológico de alta perfomance”, finaliza o diretor financeiro, Egon Daxbacher.


24 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Mídia e Saúde

Em entrevista ao Bom Dia Rio (TV Globo) desta quinta-feira (23/7), o presidente da SBD, Sérgio Palma, falou sobre os cuidados na realização de procedimentos estéticos, ressaltando a necessidade da população conferir se o profissional é abalizado, ou seja, se possui o título de especialista reconhecido e registrado junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM), antes de realizar qualquer tratamento cosmiátrico invasivo.

“Procedimentos invasivos, sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos são atos privativos do médico. Logo, para realizar um procedimento desses é preciso realizar uma consulta médica, afastar as contraindicações, planejar o tratamento em conjunto com o paciente e realizá-lo da forma mais segura possível. E se ocorrer alguma complicação, que ela seja também brevemente vista, reconhecida e tratada para minimizar sofrimentos”, explicou Sérgio Palma.

Para saber quem são os dermatologistas brasileiros, acesse: 

Sociedade Brasileira de Dermatologia

Conselho Federal de Medicina

Como saber se o profissional é habilitado

O presidente da SBD explica que no caso da dermatologia, para anunciar que o profissional é médico dermatologista, é preciso que ele esteja inscrito regularmente no Conselho Regional de Medicina no estado em que o profissional trabalha e também possuir o RQE, que é o Registro de Qualificação do Especialista (Saiba mais).

“Só pode ser profissional habilitado e anunciar a população que se trata de médico dermatologista, se o profissional fez a residência médica, que é um programa pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), ou pós-graduação, tendo sido aprovado em prova de Título de Especialista em Dermatologia da SBD em conjunto com a Associação Médica Brasileira (AMB)’, ressaltou.

Para evitar a exposição aos riscos do atendimento feito por não médicos, a SBD recomenda à população que a realização de procedimentos dermatológicos ou estéticos invasivos seja conduzida por médico.

“Sempre que consultar um médico para fazer algum procedimento, veja a experiência dele, e mas também se esse profissional é regularmente habilitado e registrado junto ao Conselho Regional de Medicina e na sociedade de especialidade médica em que atua”, frisou.

Clique na imagem para assistir a íntegra da entrevista.

 


24 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Eventos

Com o objetivo de inovar, capacitar e conectar o associado ao conceito de liderança colaborativa, bem como promover a aprimoramento das competências profissionais da equipe de trabalho que atua no consultório, a entidade lançou em março o SBD Inovação 4.0, composto de cursos rápidos e gratuitos com início imediato. Atualmente, são oferecidos os cursos para secretárias; gestão para clínicas dermatológicas e de micologia. A proposta tem agradado aos médicos e mostra a importância da implementação desse tipo de atividade a distância voltada para a atualização científica do especialista. 

Os conteúdos direcionados para a equipe administrativa do consultório/clínica abordam a qualidade do atendimento ao paciente, organização do cotidiano de trabalho, finanças pessoais, entre outros. Para quem está no início da profissão, há módulos que ressaltam as principais regras da Anvisa para abertura de clínicas, bem como planejamento financeiro e de marketing, além de recursos humanos. Já os assuntos voltados para a rotina de quem atua em clínicas, envolvem direito médico, marketing digital, controles financeiros até fluxos e rotinas no cotidiano médico e neuromarketing.

“Por meio de tecnologias modernas foram disponibilizados aos associados conteúdos atuais, a fim de dar ao especialista capacidades técnica e científica que garanta ao paciente um atendimento adequado”, diz o presidente da SBD, Sérgio Palma.

Micologia – Desde sua implementação, as atividades do curso de Micologia, oferecido aos associados gratuitamente durante a pandemia, contam com mais de 3.300 matrículas. Sob a coordenação da médica dermatologista do Departamento de Micologia da SBD, Regina Casz Schechtman, conta com três blocos (básico, intermediário e avançado) e reúne assuntos como noções gerais sobre micologia e taxonomia dos fungos patogênicos; micoses superficiais, subcutâneas e sistêmicas; etiologia e epidemiologia; diagnóstico clínico e diferencial, além do laboratorial; casos clínicos de complexidade fácil, média e difícil, entre outros. 

O conteúdo disponível na plataforma SBD Inovação 4.0 pode ser acessado a qualquer momento por médicos dermatologistas SBD. Já os colaboradores, após cadastro, receberão as aulas por e-mail. 

O projeto conta com o apoio da MedConsulting Consultoria Médica. Para conferir o programa dos cursos e realizar o cadastro, acesse a página do SBD Inovação 4.0:  http://www.sbd.org.br/dermatologia/acoes-campanhas/sbd-inovacao-40/

 


22 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Assuntos institucionais

Nos últimos meses, desde o início da pandemia de Covid-19, a rotina de trabalho e aperfeiçoamento profissional dos médicos mudou totalmente, e encontros presenciais precisaram ser cancelados e/ou revistos. A fim de manter a discussão e atualização sobre temas pertinentes ao dia a dia dos médicos dermatologistas, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) realizou de abril a julho uma série de eventos online contemplando diversos assuntos, a SBD Live. Até então foram realizados 10 encontros semanais com o apoio da Manole Educação.
 
“Além da telemedicina, que tem auxiliado os médicos nos atendimentos de seus pacientes, a tecnologia também possibilitou outro ganho fundamental para nós, médicos dermatologistas, que foi poder manter nosso constante aprendizado, ainda que não por meio de cursos e palestras presenciais. As lives que realizamos, e foram comandadas por nomes reconhecidos da dermatologia, abordaram temas essenciais ao exercício da nossa profissão, incluindo os desafios que a Covid-19 tem trazido para a nossa área”, ressalta Sérgio Palma, presidente da SBD.

A seguir, saiba um pouco mais sobre o que aconteceu em cada live realizada pela SBD nas últimas semanas. Para acessar o conteúdo, basta clicar a plataforma de webinares da SBD em parceria com a Manole Educação.


No dia 13 de abril, a SBD fez um encontro para discutir o uso da telemedicina nos tempos atuais, o webinar “Telemedicina: da norma à prática na dermatologia”. Realizado em parceria com a TheraSkin e a iClinic, o debate teve também a participação de Sandra Franco, consultora jurídica especializada em direito médico e da saúde, e levantou pontos como a orientação e a prestação de cuidados ao paciente durante o período da pandemia.
 
No dia 7 de maio, a telemedicina foi novamente abordada, mas de outra forma. No encontro, Donizetti Giamberardino, primeiro vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), falou sobre como ficará o atendimento por telemedicina após o fim da pandemia, ética médica, prescrição eletrônica e certificação digital, resolução que normatizará o atendimento médico a distância no país, emissão de atestados ou receitas médicas em meio eletrônico, entre outros assuntos correlatos. A live também teve a participação do presidente da SBD, Sérgio Palma; do assessor jurídico da SBD Alberthy Ogliari; do coordenador de Tecnologia da Informação do CFM, Gleidson Porto Batista; e do diretor financeiro da SBD, Egon Daxbacher.
Saiba mais em: http://www.sbd.org.br/noticias/em-webinar-da-sbd-centenas-de-dermatologistas-esclarecem-duvidas-sobre-telemedicina-em-tempos-de-covid-19/
 
As manifestações dermatológicas relacionadas à Covid-19 constituíram o tema da live de 26 de maio. Durante o encontro, os associados puderam esclarecer suas dúvidas sobre o assunto com os professores Paulo Ricardo Criado, pesquisador pleno da Pós-Graduação do Centro Universitário Saúde ABC (FMABC) e coordenador do Departamento de Medicina Interna da SBD, e Hélio Miot, professor da Unesp, em Botucatu, e coordenador científico da SBD. A moderação do debate ficou sob a responsabilidade do presidente Sérgio Palma. Entre os temas abordados, falou-se sobre os estudos produzidos a fim de auxiliar os dermatologistas sobre a possível relação de sintomas e sinais na pele com a contaminação pelo coronavírus. Saiba mais em: http://www.sbd.org.br/noticias/sbd-promove-debate-para-esclarecer-duvidas-sobre-sinais-e-sintomas-na-pele-relacionados-a-covid-19/
 
O encontro ocorrido no dia 2 de junho reuniu Ricardo Romiti, coordenador de ações para psoríase na SBD e coordenador do Ambulatório de Psoríase do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP); Renata Magalhães, chefe do Serviço de Dermatologia da FCM da Unicamp e coordenadora dos Ambulatórios de Psoríase e Biológicos do Hospital das Clínicas, em São Paulo; e o presidente Sérgio Palma, para um debate sobre o atendimento de casos de psoríase durante a pandemia da Covid-19. Foram discutidos os diferentes fatores de risco que podem levar à piora de pacientes com psoríase; o real risco de infecção nesses pacientes e condutas mais acertadas em relação a esses quadros; o modo como o estresse desse período tem impacto sobre a saúde dos pacientes; e ressalvas à prescrição de cloroquina e hidroxicloroquina. Nessa edição, o encontro organizado pela SBD contou com o patrocínio da Abbvie. Saiba mais em: http://www.sbd.org.br/COVID19/sbd-live-promove-debate-sobre-os-cuidados-com-pacientes-de-psoriase-durante-a-pandemia-covid-19/

A participação da população foi a novidade do encontro do dia 9 de junho. Com o tema impacto da Covid-19 sobre a pele, durante a live debateram-se temas como o estresse gerado pela Covid-19 e sua possível manifestação na pele; como a pandemia pode ser o gatilho para o surgimento ou piora de doenças psicodermatológicas; quais os cuidados para proteger pele, cabelos e unhas; como evitar problemas decorrentes do uso de máscaras, luvas e óculos de proteção, entre outros assuntos. O evento, que teve o patrocínio da Bayer, contou com a participação de especialistas como Márcia Senra e Alessandra Romiti, coordenadoras dos Departamentos de Psicodermatologia e de Cosmiatria, respectivamente; a assessora do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD Bruna Duque Estrada, e o presidente Sérgio Palma, que atuou também como moderador. Centenas de pessoas assistiram à live, que manteve linguagem mais didática do que as demais, direcionadas especificamente aos médicos dermatologistas. No final, as especialistas responderam a questões enviadas pelos espectadores. Saiba mais em: http://www.sbd.org.br/noticias/centenas-de-pessoas-assistem-sbd-live-sobre-como-a-covid-19-pode-afetar-a-saude-da-pele-cabelos-e-unhas/
 
Na sexta live, de 16 de junho, a SBD abordou a Gestão 4.0 para clínicas e consultórios, que focaliza a melhora do desempenho administrativo e financeiro de clínicas e consultórios dermatológicos. Durante o encontro, os participantes puderam tirar suas dúvidas com especialistas do mercado desse tipo de gestão, como Priscilla Dantas, master coach e CX customer experience da MedConsulting; Leandro Cardoso, CEO da MedConsulting; Cláudia Monteiro, CMO da MedConsulting; e Maurício Conti, coordenador médico da Mídia Eletrônica da SBD. A live teve moderação do presidente da SBD, Sérgio Palma, e contou com o apoio institucional da MedConsulting. Além de priorizar aspectos das gestões financeira e administrativa, o grupo conversou sobre estratégias de marketing para a retomada pós-pandemia de Covid-19.
 
Novamente abordando os cuidados de paciente com psoríase, a live do dia 23 de junho levantou outros pontos relativos ao tema, como o risco de infecções graves em pacientes que fazem o uso de imunossupressores; a possibilidade de pacientes em uso de imunobiológicos terem maior risco de desenvolver formas graves de Covid-19; e os cuidados na assistência para pacientes em tratamento com imunobiológicos em centros de terapia assistida. Com participação dos professores Ricardo Romiti, coordenador do ambulatório de psoríase do Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo; Paulo Oldani, coordenador dos ambulatórios de psoríase e imunossupressores do Hospital Federal dos Servidores do Estado (RJ) e do Hospital Naval Marcílio Dias; e Gleison Duarte, membro do Group for Research and Assessment of Psoriasis and Psoriatic Arthritis, a live teve a moderação do presidente Sérgio Palma. Esse encontro, em especial, revelou uma novidade que promete auxiliar os dermatologistas neste momento: o lançamento do “Guia prático de manejo da psoríase e Covid-19”. O documento, com 24 páginas, foi elaborado pelos médicos Ricardo Romiti e Gleison Duarte, e pode ser baixado pelo link http://www.sbd.org.br/mm/cms/2020/06/23/guiapratico-manejodapsoriasecovid-19.pdf.

A dermatoscopia e o diagnóstico de lesões desafiadoras ganharam destaque na live de 30 de junho, cujo intuito foi aprimorar o conhecimento dos dermatologistas no diagnóstico de lesões cutâneas, principalmente do câncer da pele. Mediado pelo vice-presidente da SBD, Mauro Enokihara, o encontro reuniu especialistas que analisaram e comentaram casos reais com aspectos desafiadores para os médicos da área. Participaram do evento Bianca Costa Soares de Sá, dermatologista do Núcleo de Câncer de Pele do Hospital A. C. Camargo Center; Carlos Barcaui, professor-associado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Renato Bakos, professor-associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e chefe do Serviço de Dermatologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre; e a primeira secretária da SBD, Flávia V. Bittencourt, professora-associada da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e chefe do Serviço de Dermatologia do Hospital das Clínicas (HC-UFMG). Saiba mais em: http://www.sbd.org.br/noticias/sbd-live-promove-debate-sobre-dermatoscopia-com-foco-no-diagnostico-do-cancer-de-pele-mas-nao-exclusivamente/
 
A dermatite atópica foi o tema na nona live da SBD, que aconteceu em 7 de julho. Dessa vez, os associados puderam se atualizar sobre o tratamento tópico da dermatite atópica; quando usar o tratamento sistêmico; e o tratamento do prurido. Com o título “Atualização terapêutica da dermatite atópica”, o encontro teve o patrocínio da GSK e contou com especialistas Ana Mosca, coordenadora do Departamento de Dermatologia Pediátrica da SBD e dermatologista pediátrica no Hospital Municipal Jesus; Juliany Estefan, membro titular da SBD e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e atual dermatologista da GSK; Clarissa Prati, doutora em Ciências da Saúde pelo Hospital Servidor Público de São Paulo e preceptora da Residência Médica em Dermatologia no Hospital São Lucas (PUCRS). A mediação foi realizada pelo presidente da SBD, Sérgio Palma. Após o encerramento das apresentações, os presentes puderam fazer perguntas, levantando temas como orientações para o banho e cuidados gerais com a pele; esquemas recomendados de corticoterapia; diagnóstico de DA associada à alergia alimentar em pacientes pediátricos; utilização de probióticos, entre outros. Saiba mais em: http://www.sbd.org.br/noticias/em-sbd-live-sobre-tratamento-da-dermatite-atopica-e-anunciada-novidade-para-capacitacao-dos-dermatologistas/
 
A última SBD Live, realizada no dia 14 de julho, teve como tema “Lasers e tecnologia na dermatologia – discussão de casos clínicos”. O debate virtual contou com a moderação do presidente Sérgio Palma e participação de quatro especialistas no assunto: Taciana Dal’Forno Dini, coordenadora do Departamento de Laser da SBD; Renato Soriani, Beni Grinblat e Geraldo Magela – os três últimos ocupam cargos de assessoria no mesmo Departamento da SBD. Durante o encontro, os médicos abordaram assuntos como tratamentos corporais para celulite, flacidez, estrias e cicatrizes; rejuvenescimento facial; tecnologias e terapia fotodinâmica para ceratoses actínicas e campo de cancerização; e lasers e tecnologias para melasma, rosácea e cicatrizes de acne. Saiba mais em: http://www.sbd.org.br/noticias/aspectos-praticos-do-uso-de-lasers-e-tecnologias-na-dermatologia-sao-debatidos-em-novo-sbd-live/


16 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020 

Ações institucionais

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) enviou nesta segunda-feira (13/7) suas contribuições para compor o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de hanseníase. A elaboração do documento dentro da entidade foi coordenada por Sandra Durães, responsável pelo Departamento de Hanseníase da SBD. O conjunto de proposta será agora analisado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) do Ministério da Saúde.

No campo do diagnóstico, as contribuições da SBD sugerem, dentre outros pontos, buscar evidências científicas para a melhor acurácia dos testes de sensibilidade; e inserir os testes de histamina e de diagnóstico molecular; bem como a sorologia nas referências.

Já em relação ao tratamento foram sugeridas a busca de evidências científicas para definir o esquema terapêutico padrão e o tempo de tratamento, inclusive do U-MDT; e a inserção de drogas poupadoras de corticoides no manejo das reações hansênicas.

Pioneirismo – Segundo Sandra Durães, esse será o primeiro PCDT para hanseníase no Brasil ancorado em evidências científicas após revisão sistemática da literatura, com o objetivo de oferecer apoio a médicos, gestores de saúde e outros profissionais na tomada de decisões relacionadas ao tema.

Para o presidente da SBD, Sérgio Palma, "na avaliação da entidade, a formulação de uma proposta deste tipo será útil, sobretudo, em casos que gerem incerteza nos campos da eficácia, segurança, custo-efetividade e aplicabilidade do tratamento. Assim, para os dermatologistas, com essa padronização, a rede integrante do Sistema Único de Saúde (SUS) se tornaria ainda mais eficiente e capaz de oferecer maior qualidade no cuidado integral às pessoas com hanseníase".

Sob esse aspecto, a médica dermatologista Sandra Durães explica que “mediante as constatações de que recomendações do Ministério da Saúde nem sempre estão sendo seguidas e que esquemas terapêuticos não recomendados estão sendo utilizados, sob o risco de gerarem tratamento insuficiente e/ou produção de resistência medicamentosa, a produção deste PCDT se torna importante para fundamentar cientificamente as opções terapêuticas”.

Colaboração – Ela destaca que a colaboração nas ações de controle da hanseníase é uma prioridade para a SBD, o que se reflete na inclusão da doença nos temas de educação continuada nos Anais Brasileiros de Dermatologia e na programação de diferentes eventos. Também surge na oferta de atividades de capacitação para diagnóstico e prevenção de hanseníase em todo país, assim como no engajamento ativo em campanhas sobre o tema.

Conforme explicou a coordenadora do Departamento de hanseníase, “a pele é o maior órgão do corpo humano e nela estão expressos vários tipos de doenças, tais como câncer, doenças infecciosas, doenças metabólicas, manifestações de doenças sistêmicas. Com isso, os dermatologistas sempre estiveram ligados ao diagnóstico e tratamento das infecções que têm importância para a saúde pública, dando importantes contribuições tanto no campo da assistência aos pacientes quanto na produção científica em relação a esses agravos”.

Diante desse histórico de contribuições da SBD na luta contra a hanseníase, o tesoureiro da entidade, Egon Daxbacher, destaca ainda que nas duas últimas gestões, em especial na que cobre o período 2019-2020 “houve a ampliação da participação institucional junto ao Ministério da Saúde, com relação a esse e outros temas”. Segundo disse, isso aconteceu ao se oferecer auxílio na construção de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas e também na produção e divulgação de materiais informativos em projetos e campanhas voltadas ao combate às doenças de pele.

No vídeo a seguir, que faz parte da campanha pela valorização da especialidade da SBD, médicos dermatologistas falam sobre as doenças negligenciadas.


16 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Outros olhares

“A carne negra é a mais barata do mercado”. A frase, da canção “A carne”, composição de Seu Jorge que ficou conhecida na voz de Elza Soares, se escutada, causa indignação, é ainda mais indigesta quando percebemos que retrata a realidade de muitas esferas da sociedade. Sobretudo em tempos de um vírus que não escolhe sexo, cor ou classe social, mas que, na prática, segundo dados informados pelo Sistema Único de Saúde, por meio da base de dados abertos OpenDATASUS, tem matado mais negros e pobres no Brasil. 

Desde o início da pandemia, uma situação se repete ao redor do mundo: pessoas se contaminam, são tratadas e se curam. Entre o diagnóstico e o tratamento (com o devido isolamento), entretanto, o contato com outras pessoas acontece “naturalmente”. No Brasil, de acordo com estudo realizado pela Fiocruz e pela University College London apontou que o novo vírus entrou no país vindo de vários pontos da Europa, dos Estados Unidos e da Oceania. No entanto, independentemente da porta de entrada do vírus, os mais atingidos são os que tiveram contato com ele em um segundo momento, por meio de contágio direto – no Rio de Janeiro, por exemplo, houve o caso de uma mulher que veio do exterior infectada e não faleceu, mas teve contato com uma funcionária, idosa e sem plano de saúde, que veio a óbito no dia seguinte ao da apresentação dos sintomas. 

Vítimas invisíveis
 
Para compreender o panorama dos mais atingidos pela Covid-19 é importante analisar a constituição social do país. A população menos favorecida do Brasil é composta, quase majoritariamente, por negros e pardos que, em sua maioria, continuaram a trabalhar durante a pandemia, sem que pudessem aderir ao distanciamento social, principal medida recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essas pessoas também, normalmente, moram em casas com elevada proporção de moradores por cômodo, ou seja, em locais em que realizar o isolamento proposto para paralisar a transmissão é quase inviável. Esse conjunto de situações torna-se ainda mais cruel devido à dificuldade de acesso a alimentação de qualidade e à falta de água e saneamento que as comunidades enfrentam, o que impossibilita a higienização devida das mãos, roupas e demais superfícies de contato. 

“O que vivemos hoje com a Covid-19 e suas principais vítimas é praticamente uma resposta à condição histórica do negro no Brasil. Eles são maioria em um país que não lhes deu a devida reparação pelo que sofreram no passado. Mesmo que ao longo dos anos algumas políticas tenham promovido alguma ascensão social na vida dessa população, nenhuma foi suficientemente produtiva para igualar as desvantagens entre negros e brancos, seja no mercado de trabalho, na distribuição de rendimento, nas condições de moradia, no acesso à educação, na luta contra a violência ou na representação política. Essas características, consequentemente, se refletem no quadro epidemiológico dessa população, evidenciando iniquidades e vulnerabilidades no acesso às condições promotoras de saúde”, explica a dermatologista Sandra Durães.
 
Outro motivo que provoca maior letalidade entre negros e pardos é a falta de tratamento adequado em relação a outras enfermidades já existentes e que fazem dessas pessoas parte do grupo de risco, como as doenças crônicas: diabetes, hipertensão, obesidade, câncer etc. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), por exemplo, apontam que a população negra apresenta prevalências maiores de hipertensão (44,2%) e diabetes (12,7%), quando comparada à população branca (22,1% e 6,2%, respectivamente), superando a prevalência nacional de ambas comorbidades. 

“É como um efeito dominó. A pessoa adoece, não se cuida, e, quando contrai um vírus como esse, o organismo já está debilitado de alguma forma e não resiste”, pontua Sandra. 

A médica informa ainda que estudos genéticos e epigenéticos disponíveis implicaram genes relacionados a hipertensão e outras doenças cardiovasculares na regulação do sistema imunológico, ou seja, a posse de determinados polimorfismos genéticos e sua interação com o ambiente resultam no aumento ou diminuição da transcrição de moléculas determinando a imunomodulação.
 
Mas essa realidade não é exatamente uma novidade do Brasil. A disseminação de micróbios patogênicos, como vírus, historicamente tem sido ligada à desigualdade social, quando populações socialmente desfavorecidas transmitem a mais alta carga da doença, com pior prognóstico e mortalidade. 

“Na pandemia de gripe de 1918 a 1919, nos Estados Unidos (EUA), houve menor incidência cumulativa da doença entre os negros, mas maior mortalidade em relação aos brancos. Na pandemia de influenza H1N1, de 2009, houve taxa de internação mais elevada entre os pobres e aqueles que residiam em bairros pobres, bem como minorias raciais/étnicas nos EUA. Já em relação à Covid nos EUA, a população negra representou 34% de todas as mortes até a metade de abril. Além disso, a letalidade por caso também foi maior na população negra. Ou seja, sabemos quem estará sempre no lado mais fraco em enfrentamentos como o que estamos vivendo e porque mais negros morrem em situações como essas”, esclarece.
 
Como a medicina pode ajudar a mudar o panorama
 
Embora o Ministério da Saúde (MS) tenha instituído, em 2009, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), reconhecendo e assumindo a necessidade de criar mecanismos de promoção da saúde integral da população negra e do enfrentamento ao racismo institucional no SUS, a realidade é outra. Em 2014, o MS lançou uma campanha com o slogan “Racismo faz mal à saúde. Denuncie!”, visando envolver usuários e profissionais da rede pública de saúde na luta contra o racismo e conscientizar a população de que a discriminação racial também se manifesta na saúde. A campanha foi motivada por relatos de discriminação, e os números que revelam a expressão do racismo no SUS − como o fato de uma mulher negra receber menos tempo de atendimento médico do que uma mulher branca ou o fato de 46,2% das mulheres brancas terem acompanhantes no parto, enquanto apenas 27% das negras utilizarem esse direito, entre outros − mostram essa desigualdade.
 
De acordo com Sandra Durães, para além das políticas públicas de inclusão e equidade, a medicina pode e deve ser um instrumento para a melhoria da saúde da população negra. Como médicos, podemos dar um atendimento diferenciado quando o paciente chega até nós, estudando cada caso na sua singularidade, levando em consideração aspectos individuais e sociais para oferecer um tratamento melhor.  Dessa forma, em situações como a de agora, uma pandemia em que tudo pode ser a diferença entre a vida e a morte de uma pessoa, além da luta contra o vírus adotando as medidas sanitárias preconizadas, devemos esclarecer sobre a importância do tratamento das comorbidades que são fatores de risco  para a Covid”, diz.  

Além disso, campanhas dentro das comunidades, com médicos de família, nutricionistas e outros profissionais de saúde, podem ajudar essas pessoas que muitas vezes são desprovidas não apenas de acesso aos hospitais e tratamentos, mas também de conhecimentos que podem ser passados por campanhas e consultas periódicas dentro das comunidades.

 





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