Especialização na pandemia




11 de janeiro de 2021 0

Especial Covid-19

Enquanto médicos e demais profissionais da saúde com experiência se uniram para enfrentar a Covid-19 em hospitais públicos e privados, médicos em início de carreira se viram do dia para a noite na linha de frente no enfrentamento da pandemia. Se por um lado a realidade imposta pode ter causado receios sobre o que realmente precisa ser aprendido durante uma residência, por outro é certo de que a expertise adquirida nesse período vai moldar parte da vida profissional de cada um no futuro.

A residente Paula Hitomi Sakiyama, do terceiro e último ano de dermatologia do Hospital Santa Casa de Curitiba, está na linha de frente da enfermaria e da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital exclusivo com 110 leitos para o atendimento de pacientes com Covid-19 – residentes de todas as especialidades foram escalados para prestar auxílio no hospital de campanha administrado pela Santa Casa de Curitiba durante a pandemia, exceto os do grupo de risco. Ela conta que auxiliar no atendimento de pacientes com a Covid-19 tem sido um grande desafio, já que além das dúvidas sobre essa nova doença, há também a adversidade de lidar com uma situação inusitada e muito diferente da prática dermatológica.

“Com a convocação, também foi necessário conciliar as atividades da residência com as do combate à pandemia, ambas com alto grau de exigência. Fico feliz em saber que estou contribuindo nesse momento tão difícil para todos. No entanto, é desanimador ver o descaso, a politização e o negacionismo de parte da população e do poder público em relação à pandemia”, pontua.

Já Breno Saty Kliemann, residente do primeiro ano da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, tem feito plantões em UTIs no Instituto de Medicina e Cirurgia do Paraná, um antigo hospital reaberto durante a pandemia para atendimento exclusivo de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) com Covid-19. O hospital tem 50 leitos de UTI e 60 de enfermaria e, além do estudante, há outros nove residentes de dermatologia fazendo plantões nos setores de coronavírus. Profissionais de outras especialidades que também foram convocados para fazer esses plantões.

Ao contrário do que poderiam imaginar quando ingressaram no curso de Medicina, a rotina atual de Paula e Breno não previa o contato direto com um vírus com alto poder de transmissão como o coranavírus, tampouco o uso de pijama cirúrgico na entrada de hospitais, aventais para entrar e atender na UTI, máscaras, gorros, luvas, face shields (máscara protetora facial) etc. Entretanto, ambos estão vivenciando uma oportunidade de aprendizado que, na prática, poucos terão a chance.

Aprendizado impactado
Com o número reduzido de profissionais especializados e habituados ao atendimento de pacientes críticos, como os com experiência em clínica médica, urgência e emergência e medicina intensiva, médicos de todas as especialidades, residentes ou não, foram convidados para atuar na linha de frente do combate à pandemia. Entretanto, entre os residentes, embora estar na linha de frente do enfrentamento à doença possa ser avaliado como um grande aprendizado e desafio, a prática na especialidade escolhida pode sofrer danos.

Na dermatologia, como boa parte do aprendizado se dá por meio de atividades ambulatoriais e categorizadas como eletivas, a pandemia acabou “atrapalhando” a residência, já que as recomendações das autoridades sanitárias exigiam redução significativa dos atendimentos e procedimentos neste período, sendo priorizados apenas os casos de maior risco e que exigissem um acompanhamento contínuo – isso sem contar um aumento considerável de faltas nas consultas marcadas.

“Acredito que o prejuízo no processo de formação do residente durante a pandemia seja inevitável e exija adaptações para amenizar essa perda. Na minha residência, houve um aumento das discussões e aulas online e a modalidade de atendimento remoto foi iniciada para alguns pacientes com alto risco de exposição. No meu caso, com a ajuda dos preceptores, aproveitei o maior tempo livre para iniciar e dar continuidade aos trabalhos científicos. Além disso, me beneficiei da comodidade dos eventos online para participar de cursos e congressos que foram alterados de presenciais para remotos”, comenta Paula.

Para Breno, mesmo com as teleconsultas realizadas com alguns pacientes que demandavam cuidados especiais, como aqueles em uso de imunobiológicos, somadas as aulas teóricas durante o período, não há como substituir o aprendizado prático adquirido no dia a dia de consultas eletivas no ambulatório, ou de procedimentos eletivos. “Espero que com as vacinas consigamos recuperar esse aprendizado nos próximos anos e reduzir o impacto na formação”, diz.

Além disso, como a doença pode acarretar sintomas dermatológicos, os residentes tiveram a oportunidade de usar, em seu cotidiano, alguns conhecimentos aprendidos dentro da dermatologia. “O conhecimento das possíveis manifestações cutâneas associadas à Covid-19 pode auxiliar na identificação precoce da infecção e, consequentemente, na diminuição da sua transmissão”, explica Paula, complementando que “a aprendizagem na medicina é um processo constante e a atuação durante a pandemia reforçou a importância de habilidades essenciais na profissão, como autocontrole, responsabilidade e doação.

Uma rotina pesada
Estar na linha de frente no enfrentamento à Covid-19 tem sido uma rotina entre médicos de todas as especialidades, residentes, ou não. A médica Miriane Garuzi é uma delas. Atuando na UTI adulto do Hospital das Clínicas de Botucatu (FMB /Unesp) como plantonista há cinco anos e como diarista dois, está há dez meses, exclusivamente, na UTI Covid. Ela conta que atender pacientes críticos com o vírus tem sido bastante intenso e desafiador. “O quadro clínico muda muito rapidamente, bem como os protocolos de atendimento, conforme novas descobertas. A taxa de mortalidade é maior que a habitual na UTI, e é necessário lidar muitas vezes com a sensação de impotência. O contato com a família via videochamada ou telefone é diferente também, pois torna o acolhimento menos pessoal e mais difícil, uma vez que estratégias antes usadas, como, por exemplo, o toque, não estão mais disponíveis”, comenta. Ela conta que atender pacientes críticos com o vírus tem sido bastante intenso e desafiador.

“O quadro clínico muda muito rapidamente, bem como os protocolos de atendimento, conforme novas descobertas. A taxa de mortalidade é maior que a habitual na UTI, e é necessário lidar muitas vezes com a sensação de impotência. O contato com a família via videochamada ou telefone é diferente também, pois torna o acolhimento menos pessoal e mais difícil, uma vez que estratégias antes usadas, como, por exemplo, o toque, não estão mais disponíveis”, comenta.

Para a médica, apesar do desgaste diário ao trabalhar em uma pandemia, com tantos internados e alta taxa de mortalidade (associado a isso, há, ainda, as muitas fake news que impactam diretamente o trabalho) ser muito desgastante, o enfrentamento não trouxe aprendizado apenas para os com pouca experiência. Até mesmo para profissionais como ela, que tem uma carreira como intensivista, o atendimento a esse tipo de paciente tem ensinado ainda mais sobre manejo ventilatório e hemodinâmico, e sedoanalgesia. “Acredito que essa seja uma oportunidade de se desenvolver mais na profissão, tanto em relação aos conhecimentos médicos, quando na questão da relação médico-paciente/médico-família”, determina.

 


11 de janeiro de 2021 0

Na medicina, é comum encontrar um estudo de uma determinada área que, posteriormente, tenha reflexos em outras especialidades. E esse é o caso da ocitocina. Normalmente associado aos sentimentos de bem-estar e felicidade, na saúde o hormônio tem seus efeitos reconhecidos na contração uterina, ejeção de leite, prazer sexual e reduções do estresse e da ansiedade. Porém, mais recentemente, estão surgindo estudos relacionando a ocitocina à diminuição do envelhecimento e cicatrização da pele, e nos tratamentos do autismo e da dor crônica.

“Estudos recentes demonstraram que a ocitocina apresenta efeitos antienvelhecimento sobre o fibroblasto e indicam que esta pode ser utilizada como agente no tratamento do envelhecimento cutâneo. Outros estudos demonstraram que o hormônio apresenta efeito anti-inflamatório e ação cicatrizante com regeneração da microvascularização da pele. Desse modo, verificamos que muitos trabalhos mostram cada vez mais evidências de que a ocitocina tem ação no tratamento do envelhecimento cutâneo, da jovialidade e em diversos campos da medicina”, explica João Carlos Lopes Simão, médico colaborador da Divisão de Dermatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Felicidade x beleza
Uma pessoa feliz é naturalmente mais bonita ao olhar dos outros, certo? Isso acontece porque o cérebro reage positivamente a esse comportamento e aos sinais de felicidade, que funcionam como verdadeiros códigos de comunicação trocados entre os indivíduos. O cérebro interpreta esses códigos e leva as pessoas a sentirem mais atração e a acharem mais bonitos os indivíduos bem-humorados e que transmitem coisas boas. Com isso, é possível afirmar que uma pessoa feliz e sorridente produz ocitocina não apenas para si, mas estimula a produção do hormônio e sensações positivas também em quem está por perto e interagindo positivamente com ela – ou seja, a beleza e o bom-humor são literalmente contagiantes. “Sempre teremos essa percepção quando olhamos casais felizes e casais tristes. Os casais felizes são mais bonitos ou, pelo menos, assim os percebemos”, pontua João Carlos Simão.

Na dermatologia, a ocitocina é muito relacionada à busca pela beleza. Contudo, nesse contexto, ela se apresenta de maneiras diferentes em dois tipos distintos de pacientes: os que querem controlar o tempo e o envelhecimento, buscando procedimentos estéticos com alta frequência para se manterem com aparência mais jovem; e os que não brigam com os sinais do tempo e querem amadurecer com beleza, mas naturalidade – e, por isso, procuram tratamentos para, por exemplo, amenizar manchas, rugas, flacidez. “Envelhecer bem significa manejar o envelhecimento natural com ações preventivas e de tratamento sobre as doenças crônico-degenerativas, e isso engloba manter qualidade de vida com boa atividade física e alimentação correta; construir relacionamentos afetivos e sociais harmômicos; e também realizar procedimentos estéticos para tratamento dos sinais de envelhecimento, mas sem perder naturalidade e sem transformações radicais”, esclarece João Carlos. Para o médico, aceitar o envelhecimento natural não equivale a envelhecer bem. “Com o aumento da expectativa de vida e das variadas possibilidades de prevenção e de tratamento de doenças crônico-degenerativas, uma mulher com idade entre 50 e 60 anos, dependendo do estilo de vida, pode ter a aparência de uma pessoa de 40 anos”, disse.

Os homens também têm buscado tratamentos estéticos em consultórios dermatológicos. Esse crescimento, imagina-se, muito tem a ver com a influência das mídias sociais e a disputa por likes na internet. Porém, há uma boa porcentagem que procura tratamentos não por exibição, mas para ter uma boa aparência para competir no mercado de trabalho e também por motivação afetiva. No entanto, é papel do médico, além de sugerir os tratamentos adequados a cada indivíduo, alertar sobre exageros na busca constante pela juventude e identificar pacientes que apresentem distúrbio de imagem (Transtorno Dismórfico Corporal). “Tenho verificado pacientes cada vez mais jovens que querem se submeter a procedimentos estéticos transformadores porque encontram pequenos defeitos em suas fotos nas redes sociais ou porque acham que já estão envelhecendo”, esclarece.

Reposição de bem-estar
É sabido que a produção de ocitocina diminui naturalmente com a idade e que é possível fazer a reposição da mesma, especialmente por meio da administração intranasal. Entretanto, o que nem todos sabem é que há formas naturais de aumentar a sua produção e que acarretam também no aumento da produção de outros hormônios e neurotransmissores benéficos. “Uma excelente maneira de obtê-la é por meio dos exercícios físicos regulares. A yoga e a meditação também são boas práticas que vêm ganhando espaço no nosso meio”, diz Simão. As principais substâncias envolvidas na sensação de bem-estar e felicidade são a endorfina, a dopamina, a serotonina e a ocitocina, "mas também são importantes os níveis normais de hormônios tireoidianos, hormônios sexuais, cortisol etc.”, complementa.

É importante lembrar, porém, que os níveis de ocitocina mais altos não necessariamente significarão uma pele mais bonita e saudável. A saúde da pele, além da questão hormonal, envolve cuidados como evitar a exposição solar, o tabagismo e a poluição, além de fatores genéticos (envelhecimento intrínseco). Entretanto, quem tem uma vida mais tranquila e a encara de forma mais leve, provavelmente envelhecerá mais devagar, desde que considere todos os outros fatores envolvidos no processo de envelhecimento.

 


8 de janeiro de 2021 0

Entrevista

A consolidação e ampliação das ações visando à atualização científica dos associados é uma das metas que será empreendida pela nova gestão da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), no biênio 2021-2022. Em entrevista ao portal da SBD, Mauro Enokihara, novo presidente da entidade, apresentou algumas de suas preocupações e objetivos para o período, que se desenvolverá sob o slogan “Dermatologia de todos, e para todos”.

Ele salientou que para avançar em seus projetos a diretoria da Gestão 2021-2022 – em conjunto com a equipe de colaboradores da SBD – já iniciou o planejamento do trabalho para atender às principais demandas dos associados. De acordo o presidente, além de promover capacitação técnica de alta qualidade, também estão entre as prioridades ações de defesa profissional e de projeção da imagem institucional no debate público sobre temas de relevância para a dermatologia, a medicina e os pacientes.

Confira, a seguir, uma rápida entrevista com Mauro Enokihara.

Portal SBD – Como o senhor vê o desafio presidir a SBD?

Mauro Enokihara – No primeiro encontro com a atual equipe, eu apresentei uma imagem que julgo ser representativa: um campo vasto e verde, cortado por um caminho de pedras, que tem como destino uma alta montanha. Esse é o desenho da nossa atual conjuntura. Nos próximos meses, sabemos que haverá inúmeros desafios ao longo da estrada. Nesse contexto, se realmente quisermos alcançar novos patamares – chegando ao topo das montanhas –, precisamos estabelecer nossas metas. Nesse sentido, nosso objetivo maior será servir ao associado da SBD. Da mesma maneira que as diretorias anteriores fizeram um ótimo trabalho, sendo que eu como associado usufrui disso, nosso intuito é atender às demandas dos dermatologistas.

Portal SBD – No contexto da pandemia de Covid-19, como será a atuação da SBD?

Mauro Enokihara – Devido ao novo coronavírus, nós tivemos um 2020 extremamente difícil. Mas, nesse cenário de incerteza, que permanecerá pelo menos em curto prazo, houve também oportunidades de aprendizado. Inovamos no modo de promover atividades da SBD e de estabelecer contato com os associados. Com base nessa experiência, já estamos trabalhando para montar uma ampla programação científica, com cursos e eventos. Neste momento, é ainda mais importante elaborarmos planos para superar as indefinições impostas pela Covid-19. Mas uma coisa é certa: em 2021, vamos trabalhar com afinco para que a SBD reforce seus projetos de educação continuada e de apoio ao aprimoramento profissional dos dermatologistas brasileiros, dando atenção aos associados de cada uma de nossas Regionais. Queremos consolidar as boas iniciativas já oferecidas e aperfeiçoar o que precisa ser melhorado.

Portal SBD – Como a SBD pretende trabalhar no campo da defesa profissional?

Mauro Enokihara – Nos últimos anos, diferentes especialidades médicas – sobretudo a dermatologia – têm vivenciado sucessivos ataques às suas competências. São ações promovidas por entidades e indivíduos de outras categorias profissionais. Contra esse movimento, a SBD já tem buscado abrigo na Justiça, com uma série de ações onde essa postura tem alvo de questionamento. Sabemos que esse é um processo longo, com amplo direito a recursos, mas acreditamos que temos argumentos sólidos o suficiente para contrapor essas irregularidades. Também temos buscado sensibilizar parlamentares em favor dessa causa, assim como recebido o apoio de instituições representativas da classe médica, como o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Médica Brasileira (AMB). Essas iniciativas que já acontecem vão ser consolidadas. O último presidente da SBD, Sérgio Palma, juntamente com sua diretoria, encampou esse trabalho de defesa profissional de modo incansável e esse é um compromisso que não será abandonado.

Portal SBD – De que modo a dermatologia brasileira, por meio da SBD, pode contribuir com a formulação de políticas públicas de saúde?

Mauro Enokihara – Costumamos caracterizar a dermatologia como uma especialidade complexa e completa. É a única que engloba mais de três mil doenças, que necessitam de tratamento – clínico ou cirúrgico –, envolvendo uma gama imensa de procedimentos. Além disso, temos também a dermatologia sanitária, que se ocupam das chamadas doenças negligenciadas. Esse é um ponto que precisa ser valorizado. A hanseníase ainda é um exemplo de problema grave e atualíssimo. No passado, sonhávamos que haveria maior controle dessa doença do Brasil, no início dos anos 2000. Já se passaram duas décadas e hoje o nosso País ainda é o segundo no mundo em número de casos. Outro exemplo são as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), que têm diversas manifestações cutâneas e vêm se disseminando, especialmente entre os mais jovens. Outro tópico relevante em termos de saúde pública é o cuidado inerente para cada tipo de pele, especialmente no Brasil, onde a miscigenação é uma realidade inegável. Há doenças que são próprias de cada cor ou etnia. Quando identificamos a dermatologia como especialidade completa é por que está atenta a todos esses fatores, além de muitos outros, como as ações nos campos cirúrgico e cosmiátrico. Efetivamente, ela engloba a assistência que cobre pessoas das classes menos favorecidas até as mais abastadas. Por isso, nossos compromissos e metas podem ser consolidados na frase escolhida para nortear a atual gestão em suas ações: “Dermatologia de todos, e para todos”.

Portal SBD –  Qual sua mensagem para os associados da SBD?

Mauro Enokihara – Muitos já me conhecem, em função da minha trajetória. Seja pela atuação no campo clínico, seja na vida associativa. Diante disto, quero reiterar a cada associado da SBD a total seriedade com a qual encaro essa oportunidade de gerir nossa entidade nos próximos dois anos. Para tanto, podem contar com o melhor de nossos esforços – meus e de todos os membros da diretoria – para oferecer aos especialistas uma gestão inovadora, permeada por valores éticos, trabalho árduo e que buscará sempre atender a cada um da melhor maneira, mesmo que para isso muitas vezes seja preciso tornar o impossível possível. 


7 de janeiro de 2021 0

O dia 1º de dezembro marcou o início da Campanha Dezembro Laranja, que completou sete anos em 2020 e, em virtude da pandemia de Covid-19, foi realizada exclusivamente no formato digital em todos os canais da SBD. Sob a coordenação do dermatologista Elimar Gomes, o tema da ação enfatizou que câncer da pele é coisa séria e que a conscientização deve começar desde a infância. Para isso, contou com os embaixadores e influenciadores Maria Clara e JP, que divulgaram o movimento em suas redes sociais e convidaram crianças e adultos para conhecerem de forma descomplicada as formas de prevenção e de tratamento disponíveis. Além das divulgações nas redes sociais direcionadas para a população, a SBD promoveu lives para os médicos sobre casos desafiadores e tratamento no melanoma.

Em paralelo, os Serviços Credenciados e Regionais da SBD realizaram algumas ações de atendimento ao público, respeitando os cuidados gerais com a saúde diante da pandemia. No entanto, um fato que chamou a atenção dos especialistas foi a redução de quase 50% na procura por exames na rede pública de saúde e também nos consultórios. De janeiro a setembro de 2020 foram computados 109.525 exames para diagnosticar o câncer da pele. No mesmo período no ano passado, o fluxo de atendimento foi bem mais expressivo, com a realização de cerca de 210 mil exames. O estado de São Paulo, que em 2019 realizou o maior número de exames, cerca de 80 mil, este ano não chegou aos 35 mil.

Locais públicos iluminados 

Diversos monumentos públicos ganharam iluminação especial durante o mês de dezembro. O Cristo Redentor foi o primeiro a aderir a campanha nacional de prevenção ao câncer da pele da SBD. O Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Maracanã, monumento dos Três Marcos, em Goiânia, Forte de Santo Antônio, em São Luís do Maranhão, Santa Casa de Curitiba, CRM-SC, Fiesp, Roda Gigante Rio Star, Câmara dos Deputados, Congresso Nacional, Ministérios e Itamaraty também receberam tons da cor símbolo da campanha. O objetivo da SBD é tornar o movimento ainda mais conhecido pela população, além de informar sobre a doença, formas de tratamento e diagnóstico precoce e correto.  

Live com Paula Toller

Ainda em dezembro também foi promovida live com a cantora Paula Toller para conscientizar a população sobre a  prevenção do câncer de pele. O show foi transmitido pelo canal do YouTube da entidade e teve grande engajamento do público. Além da cantora, diferentes personalidades participaram do movimento vestindo a cor laranja.

Vídeo para conscientizar

O Dezembro Laranja 2020 também contou com a divulgação de um vídeo protagonizado por crianças e adolescentes que falaram sobre os grupos de risco e como identificar as lesões de pele.
Ainda precisamos ter muita atenção aos casos da doença. No Brasil, são registrados 180 mil novos casos por ano, sendo que 30% dos cânceres são malignos. É uma luta permanente da SBD para que a doença tenha seus números reduzidos. Para isso, contamos com o seu engajamento não só dezembro ou no verão, mas durante todo o ano.

Saiba mais: Jornal Nacional destaca o alerta dos dermatologistas para a importância do diagnóstico precoce do câncer de pele


6 de janeiro de 2021 0

Em meio a um ano completamente atípico, a SBD se reinventou ao criar o projeto SBD Live, um canal de atualização de conteúdo científico e troca de informações voltado para o associado, mas também de promoção à saúde, já que algumas apresentações foram abertas para população em geral por meio do YouTube.

Com periodicidade semanal, inicialmente as lives abordaram temas sobre a relação entre o novo coronavírus e as manifestações clínicas dermatológicas, diagnóstico, prescrições e complicações, sempre com a participação de convidados e especialistas no assunto. A seguir, foram apresentados assuntos diversificados e importantes para a prática dermatológica como dermatite atópica, melanoma, rejuvenescimento, proteção solar, entre tantos outros, totalizando 32 edições ao longo de 2020.  

Durante as apresentações os associados e público puderam enviar questões em tempo real para tornar a participação mais dinâmica. Para assistir ou rever alguns conteúdos acesse:  https://sbdlive.com.br.

 

 


5 de janeiro de 2021 0

Ao longo da gestão 2019-2020 a SBD realizou diferentes ações objetivando o fortalecimento da dermatologia, da medicina, e em prol da saúde dos pacientes, ao encaminhar demandas específicas ao diferentes órgãos de saúde do país, como Ministério da Saúde, à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e outras instâncias. Foram muitos os diálogos com governantes que atuam nos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, sempre mantendo o acompanhamento de sua assessoria jurídica nas discussões técnicas. O Relatório da Gestão 2019-2020 traz em minúcia todas as iniciativas empreendidas. Para se ter uma ideia, até dezembro de 2020 estavam em tramitação 620 procedimentos decorrentes de representações da SBD junto aos Ministérios Públicos e Vigilâncias Sanitárias, além de 260 processos ético-disciplinares, em conselhos de representação profissional.  Também tramitavam na Câmara dos Deputados e no Senado Federal cerca de 70 projetos de lei de interesse da dermatologia até o último mês do ano de 2020. Em todos os encontros foram debatidas a importância do ato médico e do ensino de qualidade tanto na graduação quanto na pós-graduação, melhor assistência à população brasileira, a revisão de honorários e a atenção à publicidade médica.

No Congresso Nacional a SBD contribuiu com outros debates relevantes, muitos deles interligados com a saúde do paciente e também com o trabalho do médico, como participação em audiência pública relacionada ao câncer de pele para a discussão da criação da Semana de Prevenção e Combate a essa doença, que passaria a integrar o calendário oficial de atividades do governo; audiência pública na Câmara dos Deputados para debater o exercício ilegal da medicina e os riscos para pacientes ao serem expostos a profissionais sem formação adequada; iniciativas do Instituto Brasil de Medicina (IBDM), organização privada e sem fins lucrativos, criada para subsidiar o legislativo no debate técnico de temas associados ao exercício da medicina; audiência pública na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP), da Câmara dos Deputados, na tentativa de mudar a denominação da profissão odontologia para medicina orofacial e do título profissional de cirurgião-dentista para médico orofacial; audiência para apresentar os riscos à população na realização de procedimentos estéticos invasivos por profissionais não médicos; mobilização pela revalidação do diploma em ação conjunta com o Conselho Federal de Medicina (CFM); reunião técnica do Grupo de Trabalho da Tabela Sistema Único de Saúde (SUS), organizado pela Câmara dos Deputados, com sociedades de especialidades médicas para discutir formas de modernização no cálculo e reajuste desse parâmetro para custeio das ações realizadas na rede pública.

No Judiciário, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) alertou sobre diferentes situações que colocam em risco a saúde do paciente, por meio de mais de mil denúncias de prática irregular na realização de procedimentos estéticos encaminhadas aos Ministérios Públicos estaduais, às Vigilâncias Sanitárias de estados e municípios e aos conselhos de classe de profissionais da saúde não médicos. Também atuou junto com sua assessoria jurídica em ações judiciais contra resoluções de biomédicos que pleiteavam aplicar substâncias e realizar procedimentos invasivos de natureza estética, como por exemplo a Resolução nº 241/14 do Conselho Federal de Biomedicina (CFBM). Também agiu contra a Resolução nº 198/2019 do Conselho Federal de Odontologia (CFO) que reconheceu a harmonização orofacial como especialidade da odontologia. Atuou contra o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) cuja liminar, em vigor, suspende os efeitos da Resolução nº 529/2016 daquela entidade no que diz respeito aos procedimentos: micropuntura (microagrilhamento), laserterapia, depilação a laser, criolipólise, escleroterapia, intradermoterapia/ mesoterapia, prescrição de nutricêuticos/nutricosméticos e peelings. Por fim, está em em tramitação ação judicial movida contra o Conselho Federal de Farmácia (CFF) cuja liminar em vigor suspende os efeitos da resolução CFF nº 669/2018, que reconhecia a saúde estética como área de atuação do farmacêutico.

No Executivo, a SBD esteve à frente de dezenas de reuniões e audiências públicas, muitas de forma virtual em decorrência da pandemia de Covid-19, para a garantia do atendimento de qualidade e pela democratização do acesso a exames, procedimentos e medicamentos tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na rede privada. Atuou e participou da revisão das normas para a regularização de cosméticos para o alisamento ou ondulação dos cabelos em reunião promovida pela Anvisa; ofereceu sua contribuição ao divulgar estudo científico sobre o uso de antimaláricos aminoquinolínicos pela dermatologia; empreendeu esforços para ampliar o acesso da população dos planos de saúde aos medicamentos imunobiológicos destinados ao tratamento de doenças de pele, como psoríase, hidradenite supurativa e urticária crônica espontânea; participou da formulação do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de hanseníase; trabalhou pela inclusão de terapia imunobiológica subcutânea e endovenosa para o tratamento da psoríase no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), sendo que hoje os biológicos já estão disponíveis no sistema oúbico de saúde.

Conheça detalhes dessas e outras essas iniciativas realizadas ao longo dos últimos dois anos no Relatório da Gestão 2019-2020.

* Com informações de SBD Por Você – Relatório de Gestão – 2019-2020

 

 


5 de janeiro de 2021 0

Mídia e Saúde

Após o sucesso do inédito Curso de Telemedicina e Responsabilidade Digital, a SBD abre novas vagas gratuitas e limitadas para essa atividade a partir de janeiro. Voltado para o médico dermatologista, o curso ocorre de 20 de janeiro até 10 de fevereiro sob a coordenação de Chao Lung Wen. Durante as aulas serão apresentados e debatidos conceitos relacionados à telemedicina e sua relação com o atual momento dos atendimentos médicos no Brasil; aspectos sobre regulamentações para teleassistência, teleconsulta, telepropedêutica, entre outros assuntos.

No total, o conteúdo programático abrange 14 temas, como ética nas redes sociais; segurança digital e HIPAA; critérios para escolha de plataformas tecnológicas; normas e compliance institucionais em telemedicina e como elaborar TCLE e TCI, que serão ministrados em quatro webinares por meio de plataforma exclusiva nos dias 20/01 (abertura); 27/01 (contextualização); 3/2 (contextualização) e 10/2 (encerramento), sempre das 19h30 às 20h30, totalizando 15 horas de conteúdo científico. O restante da carga programática, correspondente a 11 horas, poderá ser assistida de forma assíncrona de acordo com a disponibilidade do aluno em plataforma exclusiva da SBD.

Utilizando metodologia ativa de ensino, o espaço permitirá a resolução de dúvidas dos participantes que serão esclarecidas durante os webinares ao vivo. A intenção é que a iniciativa leve conhecimento sobre a temática – bastante atual nos dias de hoje – para todos os interessados, sabendo que parte do acesso às aulas poderá ser feita a qualquer hora do dia.

Certificados – Para receber o certificado de conclusão, o aluno deverá acessar todos os conteúdos obrigatórios e ter assistido 75% da carga de atividades programadas (votadores); além de assistir a um webinar de forma síncrona e a outros dois webinares gravados. O participante também deverá enviar resumo do conteúdo assimilado durante o curso.

A iniciativa conta com o patrocínio da Johnson&Johnson.

Para acessar a plataforma, clique aqui. A senha de acesso é a mesma utilizada aqui no site e no aplicativo da SBD.


Confira a seguir o temário completo do curso:

1. Histórico e fundamentos da telemedicina
2. Ética – fotografia digital
3. Ética – redes sociais
4. Segurança digital e HIPAA
5. Segurança: nuvens públicas, nuvens corporativas
6. Ética: porque WhatsApp e telefone não são recursos para teleconsulta?
7. Critérios para escolha de plataformas tecnológicas
8. Certificados digitais, prontuários eletrônicos e prescrição eletrônica
9. Telemedicina: leis, portarias, resoluções e normas técnicas
10. Tipos de serviços assistenciais em telemedicina
11. Telepropedêutica
12. Media training digital em saúde para teleassistência
13. Normas e compliance institucionais em telemedicina e como elaborar TCLE e TCI
14. Pilares da teleconsulta médica


5 de janeiro de 2021 0

Outros Olhares

O impacto das mudanças climáticas nos tratamentos dermatológicos
 
Morar em um país tropical significa vivenciar, na prática, apenas duas estações do ano, uma com temperatura mais amena, que não chega exatamente a ser fria, e outra mais quente, normalmente caracterizada por altas temperaturas, e que dura a maior parte do ano. No Brasil, especificamente, junta-se ao fato de ser um país quente em sua essência. E o aquecimento global decorrente da intervenção humana é capaz de acarretar temperaturas ainda mais elevadas. Esse calor, não raramente, costuma causar uma série de problemas relacionados à saúde. Não é incomum, por exemplo, as pessoas apresentarem maior cansaço, estresse e problemas respiratórios associados ao clima. Todas essas sensações também podem ser sentidas na pele.

Segundo o médico dermatologista Flavio Luz, as mudanças climáticas, especialmente os extremos de temperatura, levam a um aumento de doenças provocadas pelo calor, como a miliária e a Doença de Grover (dermatose acantolítica transitória). Entretanto, são as mudanças ecológicas decorrentes das mudanças climáticas e também das ações diretas do homem na natureza aquelas capazes de mais afetar a nossa saúde, vide o surgimento recorrente de novos vírus no planeta.  

Os indivíduos com doenças graves, agravadas ou induzidas pelo sol, como, por exemplo, algumas formas de lúpus eritematoso, o xeroderma pigmentoso e o albinismo, devem ter um controle quase que absoluto do sol. “Nesses indivíduos, é fundamental fazer a reposição da vitamina D. A tecnologia nos ajuda nessa proteção com o desenvolvimento de tecidos com grande proteção ultravioleta e bastante confortáveis de serem utilizadas. E também pela evolução dos filtros solares”, explica.

Clima X cultura
Embora, como dito anteriormente, o calor tenha uma relação direta com o aumento e agravamento de algumas doenças dermatológicas, é preciso lembrar que algumas mudanças devem partir de cada pessoa. “É preciso avaliar até onde as tais alterações do clima e temperatura têm incidência direta sobre algumas doenças. O ciclo de diminuição da camada de ozônio, que levaria a uma maior intensidade das radiações ultravioleta na superfície da Terra, já está essencialmente controlado pela proibição da emissão dos gases refrigerantes que destroem essa camada. Então, o aumento da incidência do câncer da pele se refere muito mais a aspectos culturais de maior exposição do corpo ao Sol do que de alterações climáticas diretas”, avalia Luz.

Além disso, segundo o médico, apesar de boa parte da população já estar consciente no sentido de se proteger do sol nas exposições recreativas, o grande desafio dos dermatologistas é educar as pessoas para proteção do solar no dia a dia. “Roupas de fibras naturais, especialmente de algodão, são altamente eficazes na proteção contra radiação. Roupas especiais também são indicadas em situações extremas, como esportes aquáticos. Dessa forma, não há necessidade, na maior parte das vezes, de utilização de filtro solar por baixo das roupas, com exceção dos indivíduos que apresentam uma necessidade muito grande de proteção e utilizam roupas de tecidos sintéticos claros e finos”, frisa Flávio.

É importante lembrar aos associados de que, com a chegada do verão, o índice ultravioleta na maior parte do Brasil se mantém em níveis muito altos ou extremos, já começando logo cedo, pela manhã. Em cidades ensolaradas, como Rio de Janeiro, e nas regiões Norte e Nordeste, a partir das 8h já se tem um índice ultravioleta bastante elevado e com potencial danoso para a pele. Portanto, além do tratamento habitual prescrito aos pacientes sobre determinada doença, é necessário sempre reiterar que os cuidados de proteção devem ser redobrados neste período, com uso de chapéus com abas largas, óculos escuros com proteção UV, camisa e protetor solar igual ou superior a 30, reaplicando a cada duas horas ou sempre que houver suor ou imersão em água, além de evitar exposição solar entre 9h e 15h.


5 de janeiro de 2021 0

Entrevista


Renato Marchiori Bakos

Médico dermatologista, professor associado da FAMED/UFRGS, chefe do Serviço de Dermatologia/ Hospital de Clínicas de Porto Alegre – HCPA e coordenador do Departamento de Oncologia Cutânea da SBD

Nos últimos anos, inúmeros estudos têm demonstrado o crescimento na incidência de câncer em todo o mundo. Especificamente no Brasil, segundo a publicação "Estimativa 2020 – Incidência de câncer no Brasil", lançada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) durante comemoração do Dia Mundial do Câncer, em fevereiro de 2020, o país terá 625 mil novos casos da doença a cada ano do triênio 2020-2022, sendo a maioria de pele – mais de 180 mil.

Embora esse aumento de casos acenda um alerta entre profissionais da saúde, é importante ressaltar um índice maior de indivíduos com diagnóstico precoce da doença. E a dermatoscopia é o método não invasivo que melhor auxilia na avaliação das lesões pigmentadas da pele. “A dermatoscopia é fundamental na avaliação de pacientes com lesões com suspeita de neoplasias cutâneas melanocíticas e não melanocíticas e no segmento de tumores benignos que façam diagnóstico diferencial com elas, minimizando o índice de biópsias desnecessárias. A técnica permite a visualização de componentes estruturais, vasos sanguíneos e distribuição de pigmento na epiderme, na derme papilar e reticular, criando, consequentemente, um novo mundo morfológico. Isto permite estabelecer uma correlação clínico-histológica in vivo capaz de aumentar a acurácia diagnóstica dos tumores avaliados”, explica Renato Marchiori Bakos, professor associado da FAMED/UFRGS, chefe do Serviço de Dermatologia/HCPA e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e especialista no tema.

A seguir, o médico comenta sobre a importância da dermatoscopia para a avaliação de lesões da pele e como o treinamento de médicos dermatologistas na técnica é fundamental para um diagnóstico mais preciso.

JSBD – Como a dermatoscopia pode auxiliar na relação com o dermatopatologista quando avaliando casos potencialmente oncológicos?

Renato Marchiori Bakos – Deve ser rotina o contato próximo do dermatologista com o patologista. Pela correlação que os achados dermatoscópicos possuem com os histopatológicos, a descrição adequada de estruturas dermatoscópicas pode ser extremamente útil para o dermatopatologista. Há inúmeros casos em que a impressão clínico-dermatoscópica pode ser determinante para a interpretação histológica. Além disso, a dermatoscopia também pode guiar um sítio mais representativo para uma biópsia incisional, quando indicada.  

JSBD – Além do câncer de pele, quais são outras indicações significativas do método?

RMB – As indicações de uso da dermatoscopia têm crescido. Inúmeras publicações apontam seu benefício na prática dermatológico na detecção ou auxílio diagnóstico de um número significativo de sinais e sintomas na dermatologia. Em especial, podemos destacar as doenças infecciosas, as infestações e as doenças inflamatórias, assim como a avaliação de unhas e doenças de couro cabeludo e em áreas anatômicas especiais. Como já foi escrito em editoriais, o dermatoscópio pode ser considerado o estetoscópio do dermatologista, praticamente. E não somente pode como deve ser utilizado de forma constante na prática clínica, cirúrgica e cosmiátrica.

JSBD – Todo médico dermatologista pode realizar o exame em seu paciente ou é preciso algum curso ou especialização para tal?

RMB – Sem dúvida, todo dermatologista que recebeu treinamento em dermatoscopia deve realizar o procedimento. Existe natural curva de aprendizado. Isso ocorre no aprimoramento de qualquer técnica diagnóstica. Além do treinamento nos Serviços Credenciados, a participação em cursos e outras atividades paralelas também é importante. Possivelmente, o mais significativo seja a insistência em treinar o método no dia a dia, avaliando todo tipo de lesão, com isso, desenvolvendo uma lógica na observação das estruturas e padrões dermatoscópicos. Obviamente, sempre correlacionando os achados práticos com a teoria.     

JSBD – Quais equipamentos o médico dermatologista precisa para realizar a dermatoscopia no seu consultório?

RMB – Essa resposta depende muito dos objetivos do profissional e o grau de investimento que pretende aplicar na dermatoscopia. Hoje em dia, há uma variedade de aparelhos portáteis acessíveis e extremamente eficazes para o diagnóstico dermatoscópico da prática diária. Inclusive, eles podem ser acoplados em telefones celulares e câmeras digitais, permitindo a realização da dermatoscopia digital e, consequentemente, a captura e armazenamento de imagens. Dessa forma, um dermatoscópio portátil e um adaptador para câmeras e celulares são suficientes para a maioria das situações. Para aqueles que pretendem realizar exames mais complexos com dermatoscopia (como o mapeamento corporal de nevos), esses aparelhos também podem ser suficientes. Entretanto, os videodermatoscópios digitais agilizam e facilitam a realização desses exames.

JSBD – Qual a influência que a inteligência artificial poderá ter na avaliação dermatoscópica?

RMB – Estudos recentes têm demonstrado que os sistemas de inteligência artificial têm uma alta capacidade de classificar as imagens dermatoscópicas de forma acurada, muitas vezes superior à classificação humana isolada. Achados similares são observados em quase todas as áreas médicas que realizam diagnóstico por imagem.  É muito possível que os algoritmos de inteligência artificial em dermatoscopia se tornem grandes aliados dos dermatologistas nesse provável aumento da acurácia diagnóstica das neoplasias de pele. É importante ressaltar que muitos diagnósticos são formulados por meio de uma boa entrevista médica, um exame geral da pele (no qual as lesões potencialmente suspeitas são detectadas), por uma inspeção ectoscópica adequada (com palpação das lesões) e também pela impressão clínica da imagem dermatoscópica. Essas prerrogativas aliadas a algoritmos de AI abastecidos por incontáveis imagens dermatoscópicas em sua memória, possivelmente irão beneficiar os pacientes.    
 
JSBD – Mais algum comentário que julgue importante para os associados sobre esse assunto?

RMB – Como um entusiasta da dermatoscopia, diria a todos os associados que ainda não estão familiarizados com a técnica que não tenham receio em procurar treinamento e que a apliquem em sua prática clínica. Para aqueles que já a utilizam, é sempre uma satisfação aprender com casos inusitados e trocar experiências e conhecimentos.

 


5 de janeiro de 2021 0

O 75º Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia (CSBD 2021), evento mais importante da instituição, ocorrerá entre os dias 4 e 7 setembro de 2021, na cidade de São Paulo. Já definida, a programação científica aborda todos os assuntos relacionados ao segmento da dermatologia. Seguindo o padrão dos congressos anteriores, ocorrerão uma série de atividades, que englobam cursos teóricos e em vídeo, simpósios, fóruns, reuniões administrativas, sessões especiais e plenárias, totalizando 113 ações científicas (veja detalhes a seguir).

“A grade científica de nosso Congresso procura atender de maneira igualitária todos os dermatologistas, sejam eles jovens ou experientes das mais diferentes áreas da especialidade, quer clínica, cirúrgica, diagnóstica ou terapêutica. A grade está pronta desde 2019 e passará por poucas interferências até o início de 2021. Podemos afirmar que toda dermatologia será contemplada no Congresso”, afirma o presidente Cyro Festa-Neto, adiantando que o encontro terá como novidade uma sala especial de um dia inteiro para apresentação de trabalhos científicos de residentes. “Também no último dia do Congresso será feito um resumo dos temas de maior impacto para os participantes”, disse.

Com temas diversificados, o programa do Congresso Brasileiro de Dermatologia busca estimular novos conhecimentos, mas também pesquisadores no país. De acordo com Festa-Neto, a intenção é aliar os temas à prática de consultório, “além de estimular os jovens não apenas à prática diária, mas ao aprendizado e iniciação à ciência. Precisamos de jovens interessados na academia para o desenvolvimento científico de nossa especialidade”, reforça lembrando que a programação contará com forte contribuição de seis palestrantes internacionais que atuam em áreas importantes na dermatologia.

Com relação aos temas pré-Congresso, serão ministrados cursos teóricos e práticos de temas relevantes como oncologia cutânea, atualização terapêutica, dermatologia pediátrica, dermatologia cosmiátrica e cirurgia dermatológica, entre outros.

Segundo o presidente, a responsabilidade da organização redobra devido à pandemia de Covid-19. O acontecimento fez com o evento que seria realizado no ano anterior, fosse transferido para 2021. “Não podemos afirmar, entretanto, a chance de termos um Congresso presencial, é enorme. A expectativa é grande e provavelmente será um dos primeiros eventos de grande porte que se realizará pós-pandemia. Até lá, já esperamos que todos estejamos vacinados e livres da doença. Se existirem novas normas impostas para eventos presenciais, estas serão cumpridas à risca”, assinala.

Ter conseguido alinhar a programação científica em meio à pandemia foi um ponto positivo da organização. No entanto, o presidente ressalta que a esperança de reencontrar todos fisicamente e poder abraçar de novo ganham significado importante. “Gostaríamos alcançar os mesmos resultados que os congressos anteriores conseguiram que são ganho de aprendizado, conteúdo científico à altura de nosso congresso e número expressivo de participantes. Mas mais do que isso, será voltar ao nosso normal para que possamos estar juntos presencialmente, apertarmos nossas mãos e nos abraçarmos novamente”.

O último congresso realizado na capital paulista ocorreu em 2015 e a expectativa para o encontro deste ano é alta. Para inscrições e detalhes da programação científica, acesse a página oficial do evento.

Convidados Internacionais – Ao longo dos meses de trabalho, foram sendo divulgados os nomes dos conferencistas internacionais que iam sendo confirmados. Conheça os palestrantes.

Trabalhos científicos – O prazo para submissão de trabalhos científicos vai de 30 de março até 15 de maio de 2021. Para enviar um trabalho é necessário que um dos autores já tenha realizado a inscrição no Congresso, nas categorias disponíveis no período. Os temas devem estar de acordo com as seguintes áreas de interesse: Biologia molecular, Cirurgia dermatológica, Cosmiatria, Dermatoses acneiformes, Dermatoses autoimunes, Dermatoses de anexos cutâneos, Dermatoses eczematosas, Dermatoses genéticas, Dermatoses infecciosas,  Dermatoses metabólicas, Dermatoses neoplásicas, Dermatoses pápulo-escamosas, Dermatoses por agentes físicos, químicos e mecânicos, Dermatoses psicossomáticas, neurogênicas e psicogênicas, Dermatoses vasculares, Dermatoses vésico-bolhosas, Semiologia e métodos diagnósticos em dermatologia e Outras áreas. O envio deve ser feito apenas de forma online, por meio do site oficial do evento.

Programa científico
17 cursos teóricos
6 cursos práticos em vídeo
34 simpósios
29 fóruns
12 reuniões de Departamentos da SBD
4 sessões anatomoclínicas
5 sessões especiais
6 sessões plenárias


Cyro Festa Neto (no microfone) participa de seu primeiro Congresso de Dermatologia em 1979, na cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais

 





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