Presidente da SBD fala dos cuidados necessários para realização de procedimentos estéticos no Bom Dia Rio




24 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Mídia e Saúde

Em entrevista ao Bom Dia Rio (TV Globo) desta quinta-feira (23/7), o presidente da SBD, Sérgio Palma, falou sobre os cuidados na realização de procedimentos estéticos, ressaltando a necessidade da população conferir se o profissional é abalizado, ou seja, se possui o título de especialista reconhecido e registrado junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM), antes de realizar qualquer tratamento cosmiátrico invasivo.

“Procedimentos invasivos, sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos são atos privativos do médico. Logo, para realizar um procedimento desses é preciso realizar uma consulta médica, afastar as contraindicações, planejar o tratamento em conjunto com o paciente e realizá-lo da forma mais segura possível. E se ocorrer alguma complicação, que ela seja também brevemente vista, reconhecida e tratada para minimizar sofrimentos”, explicou Sérgio Palma.

Para saber quem são os dermatologistas brasileiros, acesse: 

Sociedade Brasileira de Dermatologia

Conselho Federal de Medicina

Como saber se o profissional é habilitado

O presidente da SBD explica que no caso da dermatologia, para anunciar que o profissional é médico dermatologista, é preciso que ele esteja inscrito regularmente no Conselho Regional de Medicina no estado em que o profissional trabalha e também possuir o RQE, que é o Registro de Qualificação do Especialista (Saiba mais).

“Só pode ser profissional habilitado e anunciar a população que se trata de médico dermatologista, se o profissional fez a residência médica, que é um programa pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), ou pós-graduação, tendo sido aprovado em prova de Título de Especialista em Dermatologia da SBD em conjunto com a Associação Médica Brasileira (AMB)’, ressaltou.

Para evitar a exposição aos riscos do atendimento feito por não médicos, a SBD recomenda à população que a realização de procedimentos dermatológicos ou estéticos invasivos seja conduzida por médico.

“Sempre que consultar um médico para fazer algum procedimento, veja a experiência dele, e mas também se esse profissional é regularmente habilitado e registrado junto ao Conselho Regional de Medicina e na sociedade de especialidade médica em que atua”, frisou.

Clique na imagem para assistir a íntegra da entrevista.

 


24 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Eventos

Com o objetivo de inovar, capacitar e conectar o associado ao conceito de liderança colaborativa, bem como promover a aprimoramento das competências profissionais da equipe de trabalho que atua no consultório, a entidade lançou em março o SBD Inovação 4.0, composto de cursos rápidos e gratuitos com início imediato. Atualmente, são oferecidos os cursos para secretárias; gestão para clínicas dermatológicas e de micologia. A proposta tem agradado aos médicos e mostra a importância da implementação desse tipo de atividade a distância voltada para a atualização científica do especialista. 

Os conteúdos direcionados para a equipe administrativa do consultório/clínica abordam a qualidade do atendimento ao paciente, organização do cotidiano de trabalho, finanças pessoais, entre outros. Para quem está no início da profissão, há módulos que ressaltam as principais regras da Anvisa para abertura de clínicas, bem como planejamento financeiro e de marketing, além de recursos humanos. Já os assuntos voltados para a rotina de quem atua em clínicas, envolvem direito médico, marketing digital, controles financeiros até fluxos e rotinas no cotidiano médico e neuromarketing.

“Por meio de tecnologias modernas foram disponibilizados aos associados conteúdos atuais, a fim de dar ao especialista capacidades técnica e científica que garanta ao paciente um atendimento adequado”, diz o presidente da SBD, Sérgio Palma.

Micologia – Desde sua implementação, as atividades do curso de Micologia, oferecido aos associados gratuitamente durante a pandemia, contam com mais de 3.300 matrículas. Sob a coordenação da médica dermatologista do Departamento de Micologia da SBD, Regina Casz Schechtman, conta com três blocos (básico, intermediário e avançado) e reúne assuntos como noções gerais sobre micologia e taxonomia dos fungos patogênicos; micoses superficiais, subcutâneas e sistêmicas; etiologia e epidemiologia; diagnóstico clínico e diferencial, além do laboratorial; casos clínicos de complexidade fácil, média e difícil, entre outros. 

O conteúdo disponível na plataforma SBD Inovação 4.0 pode ser acessado a qualquer momento por médicos dermatologistas SBD. Já os colaboradores, após cadastro, receberão as aulas por e-mail. 

O projeto conta com o apoio da MedConsulting Consultoria Médica. Para conferir o programa dos cursos e realizar o cadastro, acesse a página do SBD Inovação 4.0:  http://www.sbd.org.br/dermatologia/acoes-campanhas/sbd-inovacao-40/

 


22 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Assuntos institucionais

Nos últimos meses, desde o início da pandemia de Covid-19, a rotina de trabalho e aperfeiçoamento profissional dos médicos mudou totalmente, e encontros presenciais precisaram ser cancelados e/ou revistos. A fim de manter a discussão e atualização sobre temas pertinentes ao dia a dia dos médicos dermatologistas, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) realizou de abril a julho uma série de eventos online contemplando diversos assuntos, a SBD Live. Até então foram realizados 10 encontros semanais com o apoio da Manole Educação.
 
“Além da telemedicina, que tem auxiliado os médicos nos atendimentos de seus pacientes, a tecnologia também possibilitou outro ganho fundamental para nós, médicos dermatologistas, que foi poder manter nosso constante aprendizado, ainda que não por meio de cursos e palestras presenciais. As lives que realizamos, e foram comandadas por nomes reconhecidos da dermatologia, abordaram temas essenciais ao exercício da nossa profissão, incluindo os desafios que a Covid-19 tem trazido para a nossa área”, ressalta Sérgio Palma, presidente da SBD.

A seguir, saiba um pouco mais sobre o que aconteceu em cada live realizada pela SBD nas últimas semanas. Para acessar o conteúdo, basta clicar a plataforma de webinares da SBD em parceria com a Manole Educação.


No dia 13 de abril, a SBD fez um encontro para discutir o uso da telemedicina nos tempos atuais, o webinar “Telemedicina: da norma à prática na dermatologia”. Realizado em parceria com a TheraSkin e a iClinic, o debate teve também a participação de Sandra Franco, consultora jurídica especializada em direito médico e da saúde, e levantou pontos como a orientação e a prestação de cuidados ao paciente durante o período da pandemia.
 
No dia 7 de maio, a telemedicina foi novamente abordada, mas de outra forma. No encontro, Donizetti Giamberardino, primeiro vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), falou sobre como ficará o atendimento por telemedicina após o fim da pandemia, ética médica, prescrição eletrônica e certificação digital, resolução que normatizará o atendimento médico a distância no país, emissão de atestados ou receitas médicas em meio eletrônico, entre outros assuntos correlatos. A live também teve a participação do presidente da SBD, Sérgio Palma; do assessor jurídico da SBD Alberthy Ogliari; do coordenador de Tecnologia da Informação do CFM, Gleidson Porto Batista; e do diretor financeiro da SBD, Egon Daxbacher.
Saiba mais em: http://www.sbd.org.br/noticias/em-webinar-da-sbd-centenas-de-dermatologistas-esclarecem-duvidas-sobre-telemedicina-em-tempos-de-covid-19/
 
As manifestações dermatológicas relacionadas à Covid-19 constituíram o tema da live de 26 de maio. Durante o encontro, os associados puderam esclarecer suas dúvidas sobre o assunto com os professores Paulo Ricardo Criado, pesquisador pleno da Pós-Graduação do Centro Universitário Saúde ABC (FMABC) e coordenador do Departamento de Medicina Interna da SBD, e Hélio Miot, professor da Unesp, em Botucatu, e coordenador científico da SBD. A moderação do debate ficou sob a responsabilidade do presidente Sérgio Palma. Entre os temas abordados, falou-se sobre os estudos produzidos a fim de auxiliar os dermatologistas sobre a possível relação de sintomas e sinais na pele com a contaminação pelo coronavírus. Saiba mais em: http://www.sbd.org.br/noticias/sbd-promove-debate-para-esclarecer-duvidas-sobre-sinais-e-sintomas-na-pele-relacionados-a-covid-19/
 
O encontro ocorrido no dia 2 de junho reuniu Ricardo Romiti, coordenador de ações para psoríase na SBD e coordenador do Ambulatório de Psoríase do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP); Renata Magalhães, chefe do Serviço de Dermatologia da FCM da Unicamp e coordenadora dos Ambulatórios de Psoríase e Biológicos do Hospital das Clínicas, em São Paulo; e o presidente Sérgio Palma, para um debate sobre o atendimento de casos de psoríase durante a pandemia da Covid-19. Foram discutidos os diferentes fatores de risco que podem levar à piora de pacientes com psoríase; o real risco de infecção nesses pacientes e condutas mais acertadas em relação a esses quadros; o modo como o estresse desse período tem impacto sobre a saúde dos pacientes; e ressalvas à prescrição de cloroquina e hidroxicloroquina. Nessa edição, o encontro organizado pela SBD contou com o patrocínio da Abbvie. Saiba mais em: http://www.sbd.org.br/COVID19/sbd-live-promove-debate-sobre-os-cuidados-com-pacientes-de-psoriase-durante-a-pandemia-covid-19/

A participação da população foi a novidade do encontro do dia 9 de junho. Com o tema impacto da Covid-19 sobre a pele, durante a live debateram-se temas como o estresse gerado pela Covid-19 e sua possível manifestação na pele; como a pandemia pode ser o gatilho para o surgimento ou piora de doenças psicodermatológicas; quais os cuidados para proteger pele, cabelos e unhas; como evitar problemas decorrentes do uso de máscaras, luvas e óculos de proteção, entre outros assuntos. O evento, que teve o patrocínio da Bayer, contou com a participação de especialistas como Márcia Senra e Alessandra Romiti, coordenadoras dos Departamentos de Psicodermatologia e de Cosmiatria, respectivamente; a assessora do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD Bruna Duque Estrada, e o presidente Sérgio Palma, que atuou também como moderador. Centenas de pessoas assistiram à live, que manteve linguagem mais didática do que as demais, direcionadas especificamente aos médicos dermatologistas. No final, as especialistas responderam a questões enviadas pelos espectadores. Saiba mais em: http://www.sbd.org.br/noticias/centenas-de-pessoas-assistem-sbd-live-sobre-como-a-covid-19-pode-afetar-a-saude-da-pele-cabelos-e-unhas/
 
Na sexta live, de 16 de junho, a SBD abordou a Gestão 4.0 para clínicas e consultórios, que focaliza a melhora do desempenho administrativo e financeiro de clínicas e consultórios dermatológicos. Durante o encontro, os participantes puderam tirar suas dúvidas com especialistas do mercado desse tipo de gestão, como Priscilla Dantas, master coach e CX customer experience da MedConsulting; Leandro Cardoso, CEO da MedConsulting; Cláudia Monteiro, CMO da MedConsulting; e Maurício Conti, coordenador médico da Mídia Eletrônica da SBD. A live teve moderação do presidente da SBD, Sérgio Palma, e contou com o apoio institucional da MedConsulting. Além de priorizar aspectos das gestões financeira e administrativa, o grupo conversou sobre estratégias de marketing para a retomada pós-pandemia de Covid-19.
 
Novamente abordando os cuidados de paciente com psoríase, a live do dia 23 de junho levantou outros pontos relativos ao tema, como o risco de infecções graves em pacientes que fazem o uso de imunossupressores; a possibilidade de pacientes em uso de imunobiológicos terem maior risco de desenvolver formas graves de Covid-19; e os cuidados na assistência para pacientes em tratamento com imunobiológicos em centros de terapia assistida. Com participação dos professores Ricardo Romiti, coordenador do ambulatório de psoríase do Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo; Paulo Oldani, coordenador dos ambulatórios de psoríase e imunossupressores do Hospital Federal dos Servidores do Estado (RJ) e do Hospital Naval Marcílio Dias; e Gleison Duarte, membro do Group for Research and Assessment of Psoriasis and Psoriatic Arthritis, a live teve a moderação do presidente Sérgio Palma. Esse encontro, em especial, revelou uma novidade que promete auxiliar os dermatologistas neste momento: o lançamento do “Guia prático de manejo da psoríase e Covid-19”. O documento, com 24 páginas, foi elaborado pelos médicos Ricardo Romiti e Gleison Duarte, e pode ser baixado pelo link http://www.sbd.org.br/mm/cms/2020/06/23/guiapratico-manejodapsoriasecovid-19.pdf.

A dermatoscopia e o diagnóstico de lesões desafiadoras ganharam destaque na live de 30 de junho, cujo intuito foi aprimorar o conhecimento dos dermatologistas no diagnóstico de lesões cutâneas, principalmente do câncer da pele. Mediado pelo vice-presidente da SBD, Mauro Enokihara, o encontro reuniu especialistas que analisaram e comentaram casos reais com aspectos desafiadores para os médicos da área. Participaram do evento Bianca Costa Soares de Sá, dermatologista do Núcleo de Câncer de Pele do Hospital A. C. Camargo Center; Carlos Barcaui, professor-associado da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Renato Bakos, professor-associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e chefe do Serviço de Dermatologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre; e a primeira secretária da SBD, Flávia V. Bittencourt, professora-associada da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e chefe do Serviço de Dermatologia do Hospital das Clínicas (HC-UFMG). Saiba mais em: http://www.sbd.org.br/noticias/sbd-live-promove-debate-sobre-dermatoscopia-com-foco-no-diagnostico-do-cancer-de-pele-mas-nao-exclusivamente/
 
A dermatite atópica foi o tema na nona live da SBD, que aconteceu em 7 de julho. Dessa vez, os associados puderam se atualizar sobre o tratamento tópico da dermatite atópica; quando usar o tratamento sistêmico; e o tratamento do prurido. Com o título “Atualização terapêutica da dermatite atópica”, o encontro teve o patrocínio da GSK e contou com especialistas Ana Mosca, coordenadora do Departamento de Dermatologia Pediátrica da SBD e dermatologista pediátrica no Hospital Municipal Jesus; Juliany Estefan, membro titular da SBD e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e atual dermatologista da GSK; Clarissa Prati, doutora em Ciências da Saúde pelo Hospital Servidor Público de São Paulo e preceptora da Residência Médica em Dermatologia no Hospital São Lucas (PUCRS). A mediação foi realizada pelo presidente da SBD, Sérgio Palma. Após o encerramento das apresentações, os presentes puderam fazer perguntas, levantando temas como orientações para o banho e cuidados gerais com a pele; esquemas recomendados de corticoterapia; diagnóstico de DA associada à alergia alimentar em pacientes pediátricos; utilização de probióticos, entre outros. Saiba mais em: http://www.sbd.org.br/noticias/em-sbd-live-sobre-tratamento-da-dermatite-atopica-e-anunciada-novidade-para-capacitacao-dos-dermatologistas/
 
A última SBD Live, realizada no dia 14 de julho, teve como tema “Lasers e tecnologia na dermatologia – discussão de casos clínicos”. O debate virtual contou com a moderação do presidente Sérgio Palma e participação de quatro especialistas no assunto: Taciana Dal’Forno Dini, coordenadora do Departamento de Laser da SBD; Renato Soriani, Beni Grinblat e Geraldo Magela – os três últimos ocupam cargos de assessoria no mesmo Departamento da SBD. Durante o encontro, os médicos abordaram assuntos como tratamentos corporais para celulite, flacidez, estrias e cicatrizes; rejuvenescimento facial; tecnologias e terapia fotodinâmica para ceratoses actínicas e campo de cancerização; e lasers e tecnologias para melasma, rosácea e cicatrizes de acne. Saiba mais em: http://www.sbd.org.br/noticias/aspectos-praticos-do-uso-de-lasers-e-tecnologias-na-dermatologia-sao-debatidos-em-novo-sbd-live/


16 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020 

Ações institucionais

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) enviou nesta segunda-feira (13/7) suas contribuições para compor o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de hanseníase. A elaboração do documento dentro da entidade foi coordenada por Sandra Durães, responsável pelo Departamento de Hanseníase da SBD. O conjunto de proposta será agora analisado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) do Ministério da Saúde.

No campo do diagnóstico, as contribuições da SBD sugerem, dentre outros pontos, buscar evidências científicas para a melhor acurácia dos testes de sensibilidade; e inserir os testes de histamina e de diagnóstico molecular; bem como a sorologia nas referências.

Já em relação ao tratamento foram sugeridas a busca de evidências científicas para definir o esquema terapêutico padrão e o tempo de tratamento, inclusive do U-MDT; e a inserção de drogas poupadoras de corticoides no manejo das reações hansênicas.

Pioneirismo – Segundo Sandra Durães, esse será o primeiro PCDT para hanseníase no Brasil ancorado em evidências científicas após revisão sistemática da literatura, com o objetivo de oferecer apoio a médicos, gestores de saúde e outros profissionais na tomada de decisões relacionadas ao tema.

Para o presidente da SBD, Sérgio Palma, "na avaliação da entidade, a formulação de uma proposta deste tipo será útil, sobretudo, em casos que gerem incerteza nos campos da eficácia, segurança, custo-efetividade e aplicabilidade do tratamento. Assim, para os dermatologistas, com essa padronização, a rede integrante do Sistema Único de Saúde (SUS) se tornaria ainda mais eficiente e capaz de oferecer maior qualidade no cuidado integral às pessoas com hanseníase".

Sob esse aspecto, a médica dermatologista Sandra Durães explica que “mediante as constatações de que recomendações do Ministério da Saúde nem sempre estão sendo seguidas e que esquemas terapêuticos não recomendados estão sendo utilizados, sob o risco de gerarem tratamento insuficiente e/ou produção de resistência medicamentosa, a produção deste PCDT se torna importante para fundamentar cientificamente as opções terapêuticas”.

Colaboração – Ela destaca que a colaboração nas ações de controle da hanseníase é uma prioridade para a SBD, o que se reflete na inclusão da doença nos temas de educação continuada nos Anais Brasileiros de Dermatologia e na programação de diferentes eventos. Também surge na oferta de atividades de capacitação para diagnóstico e prevenção de hanseníase em todo país, assim como no engajamento ativo em campanhas sobre o tema.

Conforme explicou a coordenadora do Departamento de hanseníase, “a pele é o maior órgão do corpo humano e nela estão expressos vários tipos de doenças, tais como câncer, doenças infecciosas, doenças metabólicas, manifestações de doenças sistêmicas. Com isso, os dermatologistas sempre estiveram ligados ao diagnóstico e tratamento das infecções que têm importância para a saúde pública, dando importantes contribuições tanto no campo da assistência aos pacientes quanto na produção científica em relação a esses agravos”.

Diante desse histórico de contribuições da SBD na luta contra a hanseníase, o tesoureiro da entidade, Egon Daxbacher, destaca ainda que nas duas últimas gestões, em especial na que cobre o período 2019-2020 “houve a ampliação da participação institucional junto ao Ministério da Saúde, com relação a esse e outros temas”. Segundo disse, isso aconteceu ao se oferecer auxílio na construção de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas e também na produção e divulgação de materiais informativos em projetos e campanhas voltadas ao combate às doenças de pele.

No vídeo a seguir, que faz parte da campanha pela valorização da especialidade da SBD, médicos dermatologistas falam sobre as doenças negligenciadas.


16 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Outros olhares

“A carne negra é a mais barata do mercado”. A frase, da canção “A carne”, composição de Seu Jorge que ficou conhecida na voz de Elza Soares, se escutada, causa indignação, é ainda mais indigesta quando percebemos que retrata a realidade de muitas esferas da sociedade. Sobretudo em tempos de um vírus que não escolhe sexo, cor ou classe social, mas que, na prática, segundo dados informados pelo Sistema Único de Saúde, por meio da base de dados abertos OpenDATASUS, tem matado mais negros e pobres no Brasil. 

Desde o início da pandemia, uma situação se repete ao redor do mundo: pessoas se contaminam, são tratadas e se curam. Entre o diagnóstico e o tratamento (com o devido isolamento), entretanto, o contato com outras pessoas acontece “naturalmente”. No Brasil, de acordo com estudo realizado pela Fiocruz e pela University College London apontou que o novo vírus entrou no país vindo de vários pontos da Europa, dos Estados Unidos e da Oceania. No entanto, independentemente da porta de entrada do vírus, os mais atingidos são os que tiveram contato com ele em um segundo momento, por meio de contágio direto – no Rio de Janeiro, por exemplo, houve o caso de uma mulher que veio do exterior infectada e não faleceu, mas teve contato com uma funcionária, idosa e sem plano de saúde, que veio a óbito no dia seguinte ao da apresentação dos sintomas. 

Vítimas invisíveis
 
Para compreender o panorama dos mais atingidos pela Covid-19 é importante analisar a constituição social do país. A população menos favorecida do Brasil é composta, quase majoritariamente, por negros e pardos que, em sua maioria, continuaram a trabalhar durante a pandemia, sem que pudessem aderir ao distanciamento social, principal medida recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essas pessoas também, normalmente, moram em casas com elevada proporção de moradores por cômodo, ou seja, em locais em que realizar o isolamento proposto para paralisar a transmissão é quase inviável. Esse conjunto de situações torna-se ainda mais cruel devido à dificuldade de acesso a alimentação de qualidade e à falta de água e saneamento que as comunidades enfrentam, o que impossibilita a higienização devida das mãos, roupas e demais superfícies de contato. 

“O que vivemos hoje com a Covid-19 e suas principais vítimas é praticamente uma resposta à condição histórica do negro no Brasil. Eles são maioria em um país que não lhes deu a devida reparação pelo que sofreram no passado. Mesmo que ao longo dos anos algumas políticas tenham promovido alguma ascensão social na vida dessa população, nenhuma foi suficientemente produtiva para igualar as desvantagens entre negros e brancos, seja no mercado de trabalho, na distribuição de rendimento, nas condições de moradia, no acesso à educação, na luta contra a violência ou na representação política. Essas características, consequentemente, se refletem no quadro epidemiológico dessa população, evidenciando iniquidades e vulnerabilidades no acesso às condições promotoras de saúde”, explica a dermatologista Sandra Durães.
 
Outro motivo que provoca maior letalidade entre negros e pardos é a falta de tratamento adequado em relação a outras enfermidades já existentes e que fazem dessas pessoas parte do grupo de risco, como as doenças crônicas: diabetes, hipertensão, obesidade, câncer etc. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), por exemplo, apontam que a população negra apresenta prevalências maiores de hipertensão (44,2%) e diabetes (12,7%), quando comparada à população branca (22,1% e 6,2%, respectivamente), superando a prevalência nacional de ambas comorbidades. 

“É como um efeito dominó. A pessoa adoece, não se cuida, e, quando contrai um vírus como esse, o organismo já está debilitado de alguma forma e não resiste”, pontua Sandra. 

A médica informa ainda que estudos genéticos e epigenéticos disponíveis implicaram genes relacionados a hipertensão e outras doenças cardiovasculares na regulação do sistema imunológico, ou seja, a posse de determinados polimorfismos genéticos e sua interação com o ambiente resultam no aumento ou diminuição da transcrição de moléculas determinando a imunomodulação.
 
Mas essa realidade não é exatamente uma novidade do Brasil. A disseminação de micróbios patogênicos, como vírus, historicamente tem sido ligada à desigualdade social, quando populações socialmente desfavorecidas transmitem a mais alta carga da doença, com pior prognóstico e mortalidade. 

“Na pandemia de gripe de 1918 a 1919, nos Estados Unidos (EUA), houve menor incidência cumulativa da doença entre os negros, mas maior mortalidade em relação aos brancos. Na pandemia de influenza H1N1, de 2009, houve taxa de internação mais elevada entre os pobres e aqueles que residiam em bairros pobres, bem como minorias raciais/étnicas nos EUA. Já em relação à Covid nos EUA, a população negra representou 34% de todas as mortes até a metade de abril. Além disso, a letalidade por caso também foi maior na população negra. Ou seja, sabemos quem estará sempre no lado mais fraco em enfrentamentos como o que estamos vivendo e porque mais negros morrem em situações como essas”, esclarece.
 
Como a medicina pode ajudar a mudar o panorama
 
Embora o Ministério da Saúde (MS) tenha instituído, em 2009, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), reconhecendo e assumindo a necessidade de criar mecanismos de promoção da saúde integral da população negra e do enfrentamento ao racismo institucional no SUS, a realidade é outra. Em 2014, o MS lançou uma campanha com o slogan “Racismo faz mal à saúde. Denuncie!”, visando envolver usuários e profissionais da rede pública de saúde na luta contra o racismo e conscientizar a população de que a discriminação racial também se manifesta na saúde. A campanha foi motivada por relatos de discriminação, e os números que revelam a expressão do racismo no SUS − como o fato de uma mulher negra receber menos tempo de atendimento médico do que uma mulher branca ou o fato de 46,2% das mulheres brancas terem acompanhantes no parto, enquanto apenas 27% das negras utilizarem esse direito, entre outros − mostram essa desigualdade.
 
De acordo com Sandra Durães, para além das políticas públicas de inclusão e equidade, a medicina pode e deve ser um instrumento para a melhoria da saúde da população negra. Como médicos, podemos dar um atendimento diferenciado quando o paciente chega até nós, estudando cada caso na sua singularidade, levando em consideração aspectos individuais e sociais para oferecer um tratamento melhor.  Dessa forma, em situações como a de agora, uma pandemia em que tudo pode ser a diferença entre a vida e a morte de uma pessoa, além da luta contra o vírus adotando as medidas sanitárias preconizadas, devemos esclarecer sobre a importância do tratamento das comorbidades que são fatores de risco  para a Covid”, diz.  

Além disso, campanhas dentro das comunidades, com médicos de família, nutricionistas e outros profissionais de saúde, podem ajudar essas pessoas que muitas vezes são desprovidas não apenas de acesso aos hospitais e tratamentos, mas também de conhecimentos que podem ser passados por campanhas e consultas periódicas dentro das comunidades.

 


10 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Destaque

A SBD lançou em julho a Campanha de Valorização do Dermatologista. A iniciativa reforça o papel do médico dermatologista na assistência à população – tanto no tratamento e diagnóstico das doenças quanto na realização de procedimentos cosmiátricos. Por meio de dez vídeos curtos e posts a divulgar nas redes sociais e no site institucional especialistas abordarão temas que envolvem capacitação médica, oncologia cutânea, cabelos e unhas, e doenças negligenciadas, dermatologia cosmiátrica, pediátrica e preventiva, pesquisa em dermatologia e defesa da especialidade.

No primeiro vídeo, com a participação da diretoria, foram comentados aspectos da capacitação, da responsabilidade e do compromisso ético do especialista com o paciente. O material reforça a ideia de que o paciente encontra no dermatologista o apoio para tratar de sua saúde e encontrar soluções que melhorem seu bem-estar, estabelecendo-se então uma relação com base na confiança e na segurança. A mensagem também ressalta a importância de os pacientes verificarem se o profissional escolhido é realmente dermatologista, acessando os sites da SBD ou do Conselho Federal de Medicina (CFM). 

Novos vídeos

Em breve, novas peças com a participação de representantes da especialidade de vários estados e áreas de atuação serão exibidas nas redes sociais. Paralelamente, a SBD enviou mensagem a seus associados estimulando-os a gravar curtos depoimentos para exibir em suas páginas pessoais, bem como encaminhar para inserção nos canais da Sociedade Brasileira de Dermatologia no Facebook e no Instagram. 

Algumas dessas mensagens gravadas pelos associados poderão compor outros vídeos que serão divulgados oportunamente. “Temos trabalhado em diferentes frentes para valorizar o papel do dermatologista. Trata-se de uma ação contínua de defesa profissional. Entendemos que essa é uma oportunidade de mostrar para a população, os pacientes e nossos próprios colegas a importância de nossa especialidade”, avaliou o presidente da SBD, Sérgio Palma. 

Em sua opinião, além dos vídeos de engajamento, outras iniciativas continuarão sendo promovidas, sempre com foco no fortalecimento da especialidade. “A Gestão 2019/2020 tem procurado qualificar e ampliar sua atuação no campo parlamentar, na esfera judicante, na comunicação com a sociedade. Daremos seguimento a esse trabalho, com o apoio dos colegas, cientes de que é uma luta de longa duração”, concluiu. 
 

Clique para assistir:
 


 


9 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Outros olhares

Muitos médicos que estão à frente das unidades de tratamento intensivo para Covid-19 têm enfrentado o medo e a insegurança em seu cotidiano para atender a população em meio a disseminação mundial de uma doença que pode ser transmitida por apenas um toque. Guardadas as devidas proporções, o Brasil já passou por pandemia semelhante à que acontece atualmente, mas utilizando formas de tratamento muito diferentes. A hanseníase, ou lepra, nome pelo qual a doença era conhecida no passado, motivou a criação dos leprosários, comunidades isoladas em que somente pessoas diagnosticadas com a doença poderiam ficar.
 
Criados por volta de 1920 e fechados definitivamente no Brasil em 1986, os leprosários – esses locais existiam também em países da Europa, especialmente, em Portugal e na Grécia –, que também eram chamados de asilos ou casas de isolamento, funcionavam como comunidades exclusivas para quem tinha a enfermidade. “Eram praticamente cidades fechadas, com comércio, escola, cartório, hospital, praças etc. Possuíam até dinheiro próprio; as fichas, que tinham valores equivalentes aos mil-réis”, explica o dermatologista Gerson Dellatorre, preceptor do Hospital Santa Casa de Curitiba e colecionador dessas moedas ou fichas. Ele lembra, ainda, que embora o tratamento para a cura da hanseníase tenha sido descoberto nos anos 1940, os locais foram mantidos até idos de 1980, e com inúmeros relatos sobre violência de todas as formas e muito preconceito com os que de lá saíam.
 
Aa fichas dos leprosários, embora agucem a curiosidade pelo contexto em que foram criadas, mostram que o Brasil de 100 anos atrás não era tão diferente do que encontramos hoje, com a violência crescente e a segregação de determinados grupos. A seguir, Dellatorre fala um pouco mais sobre história, medicina e a forma como evoluímos ao lidar com situações de emergência de saúde pública, como as pandemias.
 
JSBD: Por que teve a ideia de colecionar as moedas? A coleção foi motivada por alguma experiência pessoal?
Gerson Dellatorre: Me interessei pela numismática (termo utilizado para se referir ao estudo e/ou coleção de moedas) quando ainda cursava a residência de dermatologia na Santa Casa de Curitiba. Estava com a televisão ligada no History Channel, e o programa falava a respeito de moedas − ou, como os numismatas preferem denominá-las nesses casos, fichas − de um leprosário brasileiro. Como a hanseníase estava presente no nosso dia a dia de atendimentos, aquilo muito me chamou atenção pelo seu valor histórico. A partir disso, eu passei a procurar a existência delas no Brasil e também em outros países, buscando conhecer um pouco da história de cada local.
 
JSBD: Essas fichas de uso exclusivo dentro dos leprosários realmente evitavam a contaminação entre outras pessoas? Não havia o perigo de contágio para as pessoas que abasteciam o local com insumos, entre outras coisas?
GD: Os locais eram abastecidos pelo mundo externo em locais específicos para o contato com o exterior. Nos leprosários, todos os insumos que entravam (comida, carta ou qualquer outro objeto) costumavam ser devidamente higienizados. Os familiares que visitavam os internos muitas vezes ficavam separados por vidros ou a uma determinada distância. Com o tempo, muitas famílias iam deixando de visitar os doentes e tocando suas vidas lá fora (até porque também passariam a ser estigmatizadas), enquanto quem recebeu a “sentença” recomeçava outra vida dentro do leprosário. Hoje, sabemos que esses cuidados eram excessivos, pois o perigo de contágio é relevante apenas para quem convive de forma próxima com o doente por muitos anos.
 
JSBD: Todos os pacientes eram colocados nos mesmos leprosários ou existiam "graus ou tipos" variados de leprosários?
GD:
Acredito que o critério maior fosse o geográfico. As pessoas eram internadas em locais próximos àqueles em que viviam.
 
JSBD: Houve algum caso de saída dessas fichas das colônias, tendo, então, infectado alguém?
GD:
Não, pois não era um perigo real, mas sim fruto do desconhecimento e do medo próprios da época.
 
JSBD: Quantos leprosários existiram no Brasil?
GD:
Cerca de 40, e um detalhe curioso é que, embora a descoberta do tratamento da doença tenha acontecido em 1943, esses locais foram mantidos até os anos 1980. Acredito que os mantiveram porque as pessoas que lá viviam eram tão negativamente rotuladas, que a volta à sociedade seria difícil para os ex-doentes.
 
JSBD: As fichas eram diferenciadas apenas no seu formato, mas tinham os valores da época ou eram diferentes em outros aspectos? De que material eram feitas?
GD:
Algumas, como as da Colônia Santa Tereza (SC) e da Colônia Itapuã (RS), eram feitas de latão e foram cunhadas por uma funilaria, a Siderúrgica Eberle, da cidade de Caxias do Sul, que tinha expertise na produção de lamparinas, talheres, espadas e outros itens metálicos. Já nas fichas colombianas, por exemplo, embora o metal escolhido fosse o bronze, foram utilizadas diferentes ligas, produzindo fichas com tonalidades que iam do marrom-escuro ao amarelo.

JSBD: Como médico, o que acha das colônias? Eram eficientes para evitar o contágio mesmo?
GD:
Na minha visão, em última análise, elas representam uma época marcada pela ausência da cura da doença e pelo medo extremo de ser por ela contaminado. Havia ainda a falta de conhecimento mais amplo sobre suas formas de transmissão, e isso levou a políticas de isolamento compulsório em vários países do mundo, tornando a hanseníase uma das doenças mais estigmatizantes na história da humanidade.

JSBD: Essas fichas podem significar um retrato de como a segregação é cruel, já que esses pacientes que as utilizavam eram deixados e não tinham muita assistência (são retratados muitos casos de violência, roubos etc.). Poderia fazer uma breve associação sobre o que, comparativamente, seriam esses leprosários hoje?
GD:
É difícil encontrar um paralelo exato àquela situação nos dias de hoje. A saúde pública sanitarista, antigamente, cometia excessos, mas o fazia com base nos conhecimentos científicos que possuía, e é muito complicado fazer um julgamento dessa situação. É claro que, com o conhecimento que temos hoje, seria inconcebível criar esses locais. A medicina evolui e continua evoluindo com esses tropeços. Tenho certeza de que, daqui a 50 anos, o que hoje praticamos e achamos que esteja certo será criticado. Essa evolução, que antes acontecia em espaço de décadas, hoje ocorre em horas. Essa rapidez das informações tem como efeito colateral, por exemplo, deixar a pesquisa mais passível de erros, como vimos recentemente naquele estudo sobre tratamento da Covid-19 que foi removido do The Lancet. Já imagino em 2050 alguém dando uma entrevista contando peculiaridades desse isolamento social que estamos enfrentando, e espero que lá na frente achem que tudo foi um absurdo, pois isso seria sinal de que encontraram a resolução do problema.
 
JSBD: Estamos vivendo tempos bastante obscuros, até com negação da ciência. Acredita que algo assim como esses leprosários e a criação dessas moedas possa ser retomado em tempos de Covid-19?
GD:
Acredito que não; são situações diferentes: uma doença crônica, estigmatizante e altamente debilitante se não tratada, e uma doença aguda (Covid).
 
JSBD: Como era uma “economia” separada do resto do país, como as pessoas eram “remuneradas” dentro dessas colônias? Como era o dia a dia nas colônias? Havia médicos? Todos, incluindo quem trabalhava, eram doentes? Há alguma curiosidade sobre essas moedas?
GD:
Havia médicos, assistentes de enfermagem (muitas vezes eram freiras). Alguns leprosários, como o da Colônia Santa Tereza, em São Pedro de Alcântara (SC), eram como pequenas cidades, incluindo pequenos comércios. Possuía também hospital, residências das famílias, escola, cartório, delegacia, igreja, cadeia, praça de esportes, oficinas, cemitério  e até um cinema. Para o funcionamento desse comércio, obrigatoriamente, era necessário um numerário, e, como se acreditava que o dinheiro nacional não poderia circular ali dentro, foi idealizado um dinheiro apenas para uso local: as fichas da C.S.T. Existem cinco tipos desse dinheiro, com valores faciais de 1.000, 500, 300, 200 e 100 réis. No reverso, todos apresentam as iniciais C.S.T., com o detalhe dos pontos em ligeiro declive para a direita. Os relatos dizem que as fichas de 300 réis eram as mais usadas (e as mais raras dessa colônia), sendo esse justamente o valor da entrada do cinema. Nem a reforma monetária brasileira de 1942 afetou o comércio interno, que continuou a usar as moedas com o padrão mil-réis.
 
JSBD: Houve casos de cura de pacientes de leprosários naquela época?
GD:
O isolamento em si não curava ninguém. Apesar de sabermos hoje que alguns subtipos clínicos de hanseníase apresentam involução espontânea, o isolamento em tese apenas diminuía a transmissão da doença para outras pessoas. A cura só veio a ser disponível no final da década de 1940, com a comercialização da dapsona, ficando mais eficaz muitos anos após, com o advento da terapia combinada (poliquimioterapia).
 
JSBD: Novamente fazendo uma associação com o período atual, quando não nos tocamos para evitar a contaminação, que lições aprendidas pela medicina naquela época podem ser usadas hoje, para evitar a contaminação pela Covid-19?
GD:
A Covid-19 apresenta infectividade exponencialmente maior do que a micobactéria da hanseníase. Para a Covid, na ausência de um tratamento, o distanciamento social e as medidas de higiene e de uso de máscara são, hoje, infelizmente, as únicas armas que possuímos para conter seu alastramento.
 
JSBD: Voltando à sua coleção, quantas peças ela tem, e o que representam as moedas?
GD:
Hoje, na minha coleção tenho cerca de 20 fichas, de diferentes países (Brasil, Colômbia, Venezuela e também Filipinas). As fichas mais raras, como as de leprosários panamenhos e japoneses, são difíceis de achar. Acabam raramente aparecendo à venda em leilões virtuais, com preços altos. Recentemente, pedi a um colega dermatologista que passou por um estágio no Japão que, se encontrasse uma casa de moedas, perguntasse a respeito de uma muito rara, do leprosário Nagashima Aisei-en. O atendente a conhecia, mas informou que seria raríssimo encontrá-la (e consequentemente muito cara).
 
JSBD: Conhece outras pessoas que façam coleções parecidas?
GD:
Não conheço, mas imagino que esta entrevista seja uma oportunidade para, quem sabe, encontrar alguns colegas dermatologistas que também colecionem.


9 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Eventos

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) compôs o grupo de entidades que participou da Reunião de Escopo do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de hanseníase, realizada por teleconferência, pelo Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde (DCCI/SVS) do Ministério da Saúde. A iniciativa teve o objetivo de produzir o primeiro PCDT para hanseníase no Brasil, documento ancorado em evidências científicas. A entidade foi representada por Sandra Durães, coordenadora do Departamento de Hanseníase.

Com o PCDT, se pretende oferecer apoio a médicos, profissionais e gestores de saúde na tomada de decisões relacionadas ao tema, especialmente diante de casos que tragam incerteza científica nos campos da eficácia, segurança, custo-efetividade e aplicabilidade do tratamento. Assim, a rede integrante do Sistema Único de Saúde (SUS) se tornaria ainda mais eficiente e capaz de oferecer maior qualidade no cuidado integral às pessoas com hanseníase.

“A constatação de que nem sempre as recomendações do Ministério da Saúde estão sendo seguidas e esquemas terapêuticos não recomendados estão sendo utilizados com risco de tratamento insuficiente e/ou produção de resistência medicamentosa, torna a produção deste PCDT importante para fundamentar cientificamente a adoção dos esquemas terapêuticos comprovadamente mais eficazes e suficientes”, explica Sandra Durães. 

O presidente da SBD, Sergio Palma, destaca que a colaboração nas ações de controle da hanseníase é uma prioridade para a entidade, em especial na Gestão 2019-2020, o que se reflete na inclusão da doença nos temas de educação continuada nos Anais Brasileiros de Dermatologia e congressos, na realização de capacitações em hanseníase em todo país e na participação ativa nas campanhas do Janeiro Roxo. “Além disso, dermatologistas da SBD têm histórico de produção científica de excelência na área. Desta forma, podemos agregar uma expertise diferenciada à equipe que discutirá o PCDT”, afirma.

Extensão e abrangência – Durante a reunião, realizada em 9 de junho (terça-feira), foram definidos os aspectos a serem incluídos no protocolo, que servirão para a estruturação das perguntas clínicas ou questões de pesquisa que vão orientar a pesquisa na literatura científica. Também foi avaliada a extensão do PCDT e abrangência das informações a serem agregadas ao documento final.

Na percepção da SBD, o enfrentamento da hanseníase deve ser tratado como prioridade pelo Ministério da Saúde. Nesse sentido, lembra Egon Daxbacher, diretor financeiro da entidade, estão entre as principais estratégias de ação: a detecção precoce e o tratamento imediato de todos os casos e o exame de contatos, com o intuito de prevenir as incapacidades físicas e a interrupção da cadeia de transmissão. 

“Os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) são documentos oficiais do SUS, elaborados pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC). Eles têm o objetivo de estabelecer claramente os critérios de diagnóstico de cada doença, o algoritmo de tratamento com as respectivas doses adequadas e os mecanismos para o monitoramento clínico em relação à efetividade do tratamento e a supervisão de possíveis efeitos adversos”, explicou.

Além da SBD, participaram da reunião dirigentes de diversos setores do Ministério da Saúde; e representantes do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan); Academia Brasileira de Neurologia (ABN); Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH); Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI); e Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC).

Vice-líder – De acordo com Sandra Durães, com a implementação mundial da poliquimioterapia (PQT), por incentivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), na década de 1980, a carga global da hanseníase diminuiu. Ainda assim, diz, a taxa de registro de novos casos tem permanecido quase estática na última década.

Em ordem decrescente, Índia, Brasil e Indonésia contribuem com a maioria desses novos casos. No mundo, foram reportados à OMS, um total de 208.619 casos novos da doença, em 2018. Desses 28.660 (92,6% do total das Américas) foram notificados no Brasil. 

Do total de 28.660 casos novos diagnosticados no país, 1.705 (5,9%) ocorreram em menores de 15 anos. Dentre os 24.780 (86,5) avaliados no diagnóstico, 2.109 (8,5%) foram classificados como grau de incapacidade 2 (deficiências visíveis causadas pela hanseníase). “Diante desse cenário, o Brasil é classificado como um país de alta carga para a doença”, comenta a especialista da SBD.


9 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Mídia e Saúde

No dia 25 de junho é celebrado o Dia Mundial da Conscientização do Vitiligo, momento destinado à disseminação de informação sobre a doença e combate à discriminação contra seus portadores e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) faz um alerta aos que convivem com essa condição em tempos de Covid-19. É necessário superar essa fase evitando que a tensão social causada pelo coronavírus não gere consequências nos cuidados desses pacientes. 

“Nós devemos buscar que a doença não seja o polo mais importante da vida dessas pessoas. É importante que elas tenham qualidade de vida e acesso aos tratamentos necessários para bem viver”, afirma Ivonise Follador, ex-presidente por duas gestões da Regional Bahia da SBD. Segundo ela, esse esforço deve ser redobrado em meio à pandemia pelo novo coronavírus, em que o estresse gerado pelas medidas de prevenção pode contribuir para o desenvolvimento ou agravamento do vitiligo.

Manchas brancas – O vitiligo tem origem genética e não é contagioso. A doença é caracterizada pelo aparecimento de manchas brancas na pele, decorrentes da redução ou ausência dos melanócitos (células responsáveis pela formação da melanina, o pigmento que dá cor à pele humana). Nessa data, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) reforça o alerta para o acolhimento e cuidado com o portador, reafirmando a importância do maior conhecimento sobre o vitiligo.

“A SBD oferece um conjunto de orientações para fomentar a qualidade de vida do portador do vitiligo. Por exemplo, recomenda-se o controle do estresse e evitar situações que favoreçam agravamento da doença, como a exposição ao sol sem proteção e o uso de roupas muito apertadas. Cabe ao dermatologista avaliar o paciente e decidir pela melhor abordagem de tratamento, considerando seu quadro clínico”, destacou Sergio Palma, presidente da entidade. 

Para ele, não se pode ignorar também que é necessário respeitar a autonomia do paciente que convive com o vitiligo. De acordo com Sérgio Palma, há várias pessoas que não encaram essa doença como um problema que deve merecer tratamento, em parte por não ser uma doença contagiosa ou que implique em limitações de qualquer ordem. 

No momento, a SBD está finalizando dois documentos orientativos com recomendações para os dermatologistas, com vistas a atualizar as melhores práticas no atendimento ao portador do vitiligo durante essa crise epidemiológica. No trabalho coordenado por Caio de Castro, haverá um consenso sobre o tratamento da doença que contou com a participação de sete dermatologistas brasileiros.

“Nesse documento, estabelecemos um padrão de tratamento e protocolos para esse momento”, explica Ivonise Follador, que participa do grupo. Ela coordena o preparo do outro documento, um manual de fototerapia, um dos principais tratamentos para o controle do vitiligo e de outras doenças. “Esse guia aprofunda aspectos trazidos pelo consenso e explica de forma didática como usar a fototerapia nas diversas doenças”, explica. 

Acompanhamento – A médica demonstra preocupação com o potencial aumento nos números de casos da doença no período pós-pandemia. “O portador de vitiligo não está no grupo de risco da Covid-19 nem tem maior propensão para desenvolver a doença. O que pode contribuir é o aumento do estresse, assim como a possível dificuldade no acesso ao diagnóstico e tratamento decorrentes do distanciamento social”, avalia. Segundo ela, a sobrecarga do Sistema Único de Saúde (SUS) pela pandemia pode adiar o diagnóstico e tratamento do vitiligo, contribuindo para o aumento dos casos.

Dados oficiais indicam que o vitiligo alcança 1% da população mundial. No Brasil, mais de 1 milhão de pessoas convivem com a doença. O desenvolvimento de transtornos psicológicos, como a queda na autoestima e a retração no convívio social, são seus efeitos mais significativos. A doença não tem causa definida, mas está associada a fenômenos autoimunes, exposição solar ou química, estresse e traumas emocionais. Quando diagnosticado, o vitiligo pode ser unilateral (manifestando em apenas um lado do corpo) ou bilateral (manifestando em todo o corpo), e pode afetar os pelos e cabelos. 

O vitiligo pode manifestar-se de cinco maneiras: focal (manchas pequenas em uma área específica do corpo); mucosal (manchas somente nas mucosas, como lábios e região genital); segmentar (manchas distribuídas unilateralmente, apenas em uma parte do corpo); acrofacial (manchas nos dedos e em volta da boca, dos olhos, do ânus e genitais); comum (manchas no tórax, abdome, pernas, nádegas, braços, pescoço, axilas e demais áreas acrofaciais); e universal (manchas espalhadas por várias regiões do corpo).

“Tem havido avanços na terapêutica e remédios novos estão surgindo. Podemos ter novidades no médio prazo”, destaca Ivonise Follador, frisando a importância do diagnóstico e acompanhamento do portador por um médico dermatologista. “É importante o portador buscar informação sobre a doença, mas diagnóstico e tratamento só podem ser feitos corretamente por um médico especialista”. Segundo ela, muitas pessoas pensam que, por não ter cura, a doença não tem tratamento, mas é possível impedir o surgimento de novas manchas. “Isso não é verdade. Existe tratamento e ele contribui para o controle da doença e a qualidade de vida do portador. E quanto mais cedo é feito o diagnóstico, melhores são as chances do paciente”.


9 de julho de 2020 0

JSBDv24n3 – maio/junho 2020

Política e Saúde

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) obteve ganho de causa no Poder Judiciário, em ação conjunta com o Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas (CRM-AM). Com a decisão da Justiça, conseguiu-se restabelecer a prerrogativa exclusiva do médico na indicação e realização de procedimentos estéticos. Esse tema é esclarecido em informativo jurídico divulgado pela entidade na quinta-feira (2/6).

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“Essa decisão tem grande relevância por fortalecer a legislação em vigor. Nós temos atuado para preservar a prerrogativa do médico dermatologista e, com isso, proteger a população”, afirma Sérgio Palma, presidente da SBD. Trata-se de mais um caso com desdobramento positivo alcançado pela sua Assessoria Jurídica na área da defesa profissional. 

Contra abusos – Segundo o presidente da SBD, “é importante coibir a atuação sem o conhecimento necessário nesse campo, o que tem trazido muitos prejuízos para muitas pessoas. Ser acompanhado por um especialista é essencial para o resultado desejado”, acrescenta. A SBD, por meio da Gestão 2019-2020, tem se dedicado a alertar a população para riscos envolvidos nessas situações e buscado combater os abusos e irregularidades cometidos por profissionais de outras categorias.

Impetrada junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, a ação questionou a realização de curso para capacitar biomédicos, farmacêuticos e dentistas na aplicação de botox e procedimentos de preenchimento facial. 

Em sua decisão, o TRF entendeu que a execução de procedimentos estéticos invasivos como botox, peelings, preenchimentos, laserterapia, bichectomias, entre outros, são atividades privativas de médicos. Ao reafirmar as normas no Art. 4º da lei 12.842/2013, a corte determinou a suspensão do curso.





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