Sociedade Brasileira de Dermatologia lança documento que muda protocolo de atendimento para 5 milhões de pessoas com psoríase




29 de outubro de 2020 0

Cinco milhões de brasileiros que vivem com psoríase passam a contar, a partir de agora, com um novo fluxograma de tratamento e um delineamento atualizado nas estratégias para ajustes em suas terapias. O documento, elaborado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), orientará o manejo dos pacientes com essa doença em diferentes fases de cuidados, prevendo a incorporação de avanços científicos e tecnológicos ocorridos ao longo dos últimos oito anos, data da edição de texto anterior (2012).

Do total de pessoas com diagnóstico de psoríase em torno de 3,7 milhões (73,4%) têm sua qualidade de vida comprometida. Isso em decorrência de manifestações dessa doença na pele que comprometem movimentos, causam desconforto e geram exposição dos portadores a situações de preconceito por conta de desconhecimento da população. Para o presidente da SBD, Sérgio Palma, muitos pacientes desenvolvem quadros de depressão e outros transtornos de saúde mental devido à reação de alguns diante das lesões.  “Por isso, é essencial levar informações sobre a psoríase e suas implicações aos brasileiros. É o que a SBD fez em campanha recém encerrada sobre o tema”, destacou.

Medicamentos – Entre as mudanças que são trazidas pelo Consenso Brasileiro de Psoríase 2020 e Algoritmo de Tratamento da SBD estão a definição de novos desfechos, de metas de tratamento e de critérios de gravidade, bem como o uso de medicamentos imunobiológicos. Essas substâncias terapêuticas consideradas de última geração têm grande eficiência no tratamento de doenças autoimunes, como é o caso da psoríase. Produzidos por sistemas biológicos vivos, com estrutura molecular complexa, de alto peso molecular e homóloga às proteínas humanas, esses medicamentos são capazes de atuar em locais específicos das vias imunológicas e inflamatórias.

O Consenso da SBD servirá como referência para formulação de protocolos de atendimento e de políticas públicas voltadas aos pacientes com psoríase – de moderada à grave, apostam os dirigentes da entidade. Segundo Sérgio Palma, esse documento terá grande repercussão nas práticas adotadas em serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pela área privada, com a incorporação, exclusão ou alteração de tecnologias. “Por meio dele, fica estabelecido um parâmetro moderno de assistência para pessoas com psoríase, o qual deve ser agregado à prática clínica para trazer maior efetividade, segurança e conforto no manejo dessa doença que não tem cura, mas que, com as orientações e suporte terapêutico corretos, pode causar menos desconforto aos seus portadores”, disse Palma.

Doença – Grande parte da população ainda desconhece a psoríase. Trata-se de uma doença inflamatória crônica da pele e das articulações, de caráter imunomediado e não contagioso, que afeta cerca de 125 milhões de indivíduos em todo o mundo. Pelo menos 5 milhões estão no Brasil. Lesões nos joelhos, cotovelos, couro cabeludo e genitais são as manifestações clínicas mais comuns.

“Entende-se que os cuidados com portadores de psoríase, principalmente os mais jovens, devem ser entendidos como tema prioritário para a agenda pública de saúde. Por conta de seu caráter sistêmico, essa doença, antes vista como agravo de pele, passou a ser relacionada a doenças do sistema cardiovascular, ou seja, o portador tem maior risco de desenvolver outros transtornos. Por isso, esse Consenso deve ser um instrumento de consulta voltado a quem enfrenta essa doença, seja como paciente ou como médico assistente responsável”, disse o dermatologista Ricardo Romiti, professor da Universidade São Paulo (SP) e responsável pela publicação.

Epidemiologia – Na avaliação dos especialistas da SBD, no Brasil, a composição étnica, aumento da longevidade, além de características climáticas e de insolação podem implicar em dados epidemiológicos únicos e diferentes prevalências regionais de psoríase. Essas características também influenciam, no País, as manifestações graves dessa doença e sua resposta às terapêuticas disponíveis.

Dados recentes da SBD estimam a prevalência da psoríase, no Brasil, em 1,31% da população, sendo 1,15%, em mulheres; e 1,47%, em homens. Houve, ainda, a identificação de um aumento da prevalência de psoríase quanto à faixa etária: abaixo dos 30 anos, de 0,58%; entre 30 e 60 anos, de 1,39%; e entre maiores de 60 anos, 2,29%. As regiões do país também diferem quanto à prevalência da doença, com maiores indicadores nas regiões Sul e Sudeste, em contraste com Centro-Oeste, Norte e Nordeste.

O tratamento desse transtorno visa a redução do desconforto que causa. Em pacientes com quadros leves, o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT), do Ministério da Saúde, ainda em vigor, orienta a prescrição de medicamentos externos, como cremes e pomadas com corticosteroides, calcipotriol e ácido salicílico. Nos casos moderados e graves, a opção prioritária é a fototerapia ultravioleta B (UVB) ou ultravioleta A (PUVA), assim como medicamentos orais sistêmicos. A SBD inova ao propor que seja agregado ao PCDT os chamados imunobiológicos e terapias-alvo, considerados os tratamentos mais modernos, pois atuam como anticorpos, bloqueando a proteína que causa a inflamação.

Apesar de não ter cura, é possível reduzir o aparecimento de episódios da doença em seus portadores, alertam os especialistas. Para tanto, recomenda-se a adoção de hábitos de vida saudáveis, como: alimentação equilibrada, prática de atividade física, não fumar e evitar situações de estresse emocional. Também é recomendado o uso de hidratante e controlar a exposição diária ao sol. No entanto, alerta Ricardo Romiti, “é essencial sempre contar com suporte de médico dermatologista para fazer o diagnóstico e acompanhar o paciente para fazer ajustes na terapêutica, caso necessário”.

O Consenso Brasileiro de Psoríase 2020 e Algoritmo de Tratamento da Sociedade Brasileira de Dermatologia foi elaborado sob a coordenação dos especialistas Sérgio Palma (PE), Ricardo Romiti (SP), André Vicente E. de Carvalho (RS) e Gleison V. Duarte (BA). O documento tem 35 capítulos e reúne a produção de 80 colaboradores, que fizeram a estratificação de níveis de evidência e seu grau de recomendação sobre diferentes tópicos relacionados à doença.

 


5 de outubro de 2020 0

Nas próximas semanas, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) fará o lançamento do Consenso de Psoríase 2020. A novidade foi anunciada pelo presidente da entidade, Sérgio Palma, em artigo publicado no portal Futuro da Saúde. No texto, ele antecipou alguns detalhes do documento e ressalta a importância dessa publicação como fonte de subsídios para a elaboração de políticas públicas de saúde voltadas ao tratamento da psoríase no Brasil.

O documento, que está sendo elaborado sob a coordenação dos especialistas Ricardo Romiti (SP), André Vicente E. de Carvalho (RS) e Gleison V. Duarte (BA), terá 23 capítulos, produzidos por 66 autores, que fazem a estratificação de níveis de evidência e seu grau de recomendação sobre diferentes tópicos relacionados à doença.

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“Esse Consenso será fundamental, especialmente por apresentar um novo fluxograma de tratamento da psoríase e delinear estratégias para migração de terapias. A publicação inclui ainda novos medicamentos imunobiológicos, assim como define novos desfechos, metas de tratamento e critérios de gravidade. O conteúdo, que deu atenção especial ao contexto brasileiro de saúde pública e privada, foi construído por vozes de especialistas imersos na realidade do Sistema Único de Saúde (SUS) ”, expressou Sérgio Palma.

Conscientização – Além de abordar os preparativos para o lançamento do Consenso, em seu artigo, o presidente da SBD destaca que, como todos os anos, este mês de outubro será marcado por ações de conscientização sobre a psoríase, doença que muitos já viram, mas que poucos sabem o nome. “A SBD lançará uma campanha com o objetivo de eliminar preconceitos e informar a respeito dos diferentes aspectos dessa doença, inclusive como melhorar a vida de quem tem o diagnóstico”, salientou no texto.

Desde 2016, a SBD elabora ações de esclarecimento para mostrar que pacientes podem conviver com a psoríase, doença imunomediada e não contagiosa, que afeta cerca 125 milhões de pessoas em todo o mundo (5 milhões apenas no Brasil). Em 2020, como parte dessa série de iniciativas, a entidade fez um profundo investimento na produção científica do Consenso 2020 a fim de beneficiar médicos e seus pacientes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Novo consenso para tratamento de psoríase será lançado em outubro


28 de maio de 2020 0

Diferentes fatores de risco podem levar à piora de pacientes com psoríase, como infecções, uso de medicações e situações de estresse. Assim, o tratamento dessa doença exige maior atenção no momento atual, em que o mundo atravessa uma pandemia de coronavírus. Preocupada com o tema, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) promove na próxima terça-feria (2/6), mais uma atividade online para oferecer informações aos especialistas que lidam com o assunto. 

A partir das 19h, ocorrerá a quarta edição da série SBD Live, uma interação promovida por meio de plataforma virtual durante a qual convidados apresentam informações atualizadas e respondem dúvidas de participantes. No encontro, o tema Covid-19: conduta e cuidados em pacientes de psoríase, será abordado por profissionais com trajetória reconhecida no trato dessa doença. Nesta edição, o encontro organizado pela SBD conta com o patrocínio da ABBVIE e o apoio da Manole.
 
Convidados – O primeiro palestrante será Ricardo Romiti, coordenador de ações para psoríase na SBD e coordenador do Ambulatório de Psoríase do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP). Também participará da atividade a professora Renata Magalhães, chefe do Serviço de Dermatologia da FCM da Unicamp e coordenadora dos Ambulatórios de Psoríase e Biológicos do Hospital das Clínicas, em São Paulo. A mediação será do presidente da SBD, Sergio Palma. 

Juntos, eles abordarão questões como real risco de infecção em pacientes com psoríase e as condutas mais acertadas em relação a estes quadros. “Apesar de não existirem, até o momento, estudos científicos válidos que demonstrem a interrelação entre o coronavírus e a psoríase, o dermatologista deve se manter atualizado sobre os trabalhos em andamento. Além disso, a pandemia tem potencial para gerar estresse no convívio social e familiar, o que, certamente, tem impacto sobre a saúde dos pacientes”, afirmou Palma. 

Segundo ele, a SBD Live, na próxima semana, trará elementos importantes para a atuação dos especialistas em seus consultórios, especialmente no que se refere à manutenção e introdução de tratamentos convencionais e imunobiológicos em tempos de Covid-19. “Essa série é uma iniciativa da Gestão 2019-2020, com o objetivo de subsidiar nossos associados de elementos que lhes ofereçam maior segurança e condições de responder às demandas diárias”, ressaltou, ao lembrar que o projeto tem sido bem aceito pelos dermatologistas, com um bom índice de participação.  

 


20 de maio de 2020 0

Médico dermatologista do Serviço de Dermatologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp)/Hospital de Base comenta sobre principais recomendações para prevenção de contágio e tratamentos para pacientes que necessitam de atenção especial neste período

Durante as últimas semanas e nos próximos meses, hospitais de todo o mundo estarão voltados para o atendimento às pessoas infectadas pela Covid-19. Entretanto, a sociedade e a comunidade médica têm se perguntado como ficarão os tratamentos que já estão em andamento e os que precisam começar devido a doenças específicas, sobretudo as crônicas, seja em unidades hospitalares, clínicas e até mesmo em consultórios. Com participação em importantes pesquisas clínicas nas áreas de psoríase, imunobiológicos e urticária crônica espontânea – esta última no Centro Integrado de Pesquisas (CIP) do Hospital de Base, de São José do Rio Preto –, o dermatologista Carlos Eduardo de Mathias, coordenador dos ambulatórios de oncologia dermatológica, de cosmiatria e de cabelos e unhas do Serviço de Dermatologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp)/Hospital de Base, disse se encontrar em um dilema, assim como muitos de seus colegas de profissão: como lidar com tratamentos que não podem ser interrompidos durante a pandemia?
 
Para lidar com a situação de crise epidemiológica de forma segura, Mathias conta que no trabalho sua equipe tem seguido todas as recomendações propostas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo Ministério da Saúde (MS) e pela própria Funfarme, afastando os docentes do grupo de risco e ampliando as medidas de segurança com relação a residentes, funcionários e pacientes nos atendimentos de casos emergenciais. “Mantivemos os atendimentos de todos os casos oncológicos, das urgências e emergências dermatológicas, assim como as primeiras consultas de pacientes que não se enquadram nos grupos de risco”, disse o médico dermatologista que foi aluno do Professor João Antonio durante sua residência na Famerp.

Para isso, as consultas foram espaçadas física e temporalmente, sendo obrigatório por todos o uso de máscara. As recomendações para prevenção de contágio também estão sendo constantemente reforçadas, como o distanciamento social; a higienização frequente das mãos; o não toque a face e mucosas; e o uso de máscara em ambientes públicos. “Também esclarecemos que é de suma importância que o paciente avise ao seu médico caso teste positivo para Covid-19 ou até mesmo sobre o aparecimento de sintomas associados, como febre e falta de ar, para que a pessoa seja rapidamente conduzida aos tratamentos adequados para todas as comorbidades”, esclarece.
 

Telemedicina: o uso da tecnologia para auxiliar pessoas que precisam de cuidados rotineiros

É possível usar a telemedicina para tratar pacientes, sobretudo os que apresentam maior chance de infecção, sem colocar em risco sua saúde e a do médico, bem como promovendo o distanciamento social recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Embora esta seja uma importante aliada em situações de atendimento, é necessário se atentar para algumas questões como a transparência, a segurança de dados e a privacidade do paciente, assim como a limitações de conectividade.

“Quando alguma condição não permite o atendimento presencial, o acesso ao médico deve ser facilitado e garantido, mesmo que por telemedicina, mas de maneira bastante criteriosa e conforme as diretrizes do Ministério da Saúde (MS). Precisamos atentar para as limitações da alternativa, já que uma parcela dos nossos pacientes não possui sinal de internet nos seus aparelhos telefônicos, dependendo basicamente da chamada de voz, o que na dermatologia impacta sobremaneira a semiologia básica da visualização das lesões de pele”, pontua. O médico afirma que, ainda no caso dos pacientes que não encontram problemas ao fazer chamadas por áudio ou vídeo, partes importantes do exame físico dermatológico são perdidas, como a palpação e a dermatoscopia. “Mas no futuro, acredito que a telemedicina será mais uma grande ferramenta para a qual devemos estar preparados e integrados, ainda mais com o progresso da inteligência artificial”, completa.
 

Atenção especial a pacientes vulneráveis

Ainda que assegurados todos os cuidados na hora do atendimento, é fundamental lembrar que, especificamente em relação aos pacientes dermatológicos, há quatro grupos que exigem especial atenção durante esta pandemia, com as respectivas recomendações adicionais, baseadas na análise das mais recentes publicações e nas recomendações da SBD e do MS.

“Em portadores de hanseníase, o tratamento poliquimioterápico (PQT) preconizado deve ser mantido. Merecem especial atenção aqueles em uso de terapia imunomoduladora (corticosteroides) para o tratamento das reações hansênicas, que não deve ser interrompida abruptamente, mas, na medida do possível, ter diminuição gradativa da dosagem. É importante salientar que não há, até o presente momento, orientação para suspensão da talidomida. Com relação a pacientes em uso de imunobiológicos, não há estudos suficientes que correlacionem o real risco de Covid-19 para eles, que devem manter seu tratamento e procurar imediatamente um serviço de saúde em caso de manifestações compatíveis com a doença viral, em especial falta de ar e febre. Além disso, tais pacientes devem ter um canal de comunicação eficaz e seguro com o Serviço e com os médicos prescritores”, salienta.

Quanto ao uso da isotretinoína para o tratamento de acne durante a pandemia, até o momento não foram verificados nos estudos sérios de riscos de infecção ou de alteração na evolução do Sars Cov-2. “Nesses casos o tratamento deve ser mantido, acompanhando-se os efeitos colaterais já conhecidos. E em pacientes em tratamento oncológico, o tratamento cirúrgico das neoplasias malignas de pele deve ser assegurado. Caso o paciente faça uso de alguma quimioterapia, radioterapia e/ou imunoterapia, a conduta mais apropriada deve ser decidida junto ao oncologista clínico”.
 
Outro ponto importante é frisar, é que a regulação do sistema imunológico, essencial para o clearance viral e produção de anticorpos específicos eficazes contra o Sars Cov-2, pode sofrer influência de fatores emocionais, assim como ocorre no curso de doenças imunomediadas, como a psoríase. Por isso, o bem-estar psicossocial pode também ser um importante aliado contra essa pandemia.

“A sociedade médica está sendo a cada dia munida de mais informações sobre a Covid-19. Sabemos, entretanto, que sua fisiopatologia ainda não é totalmente compreendida, e muito menos há um protocolo fixo de tratamento curativo. O bom senso, portanto, sempre deve prevalecer, acompanhado de assistência multidisciplinar para pacientes com doenças crônicas. E, tão importante quanto, deve haver constante e eficaz comunicação entre os médicos que estão na linha de frente da pandemia com aqueles que já assistem tais indivíduos”, frisou Carlos Eduardo de Mathias, que também atua em consultório privado nas áreas de dermatologia clínica e cirúrgica.
 

* Matéria publicada na edição março/abril do JSBD


19 de maio de 2020 0

O enfrentamento de uma pandemia como a da Covid-19 causa danos na vida de todos: tanto da população, que muitas vezes se sente solitária devido ao confinamento e confusa em relação às informações divulgadas pela imprensa, quanto de quem está na linha de frente nos hospitais, como médicos e demais profissionais de saúde, que a cada dia recebem mais pessoas com a doença. Seguir os protocolos do Ministério da Saúde e se informar por meio dos órgãos oficiais e de sociedades médicas de especialidades são ações fundamentais para que menos pessoas se infectem pelo novo coronavírus. Entretanto, mesmo sabendo que a adoção de tais medidas é importante para evitar a propagação, muitos – médicos incluídos – acabam desenvolvendo estresse, ansiedade e até depressão devido ao distanciamento, às incertezas quanto ao futuro e ao medo de contrair a doença. E como não abalar a saúde mental com tantas dúvidas e inseguranças?

O Jornal da SBD conversou com a médica psiquiatra Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Hospital das Clínicas da FMUSP e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria(ABP) no triênio 2017-2019, para saber como é possível amenizar os reflexos desse período na vida de profissionais da saúde e pacientes. A entrevista foi publicada na edição de março/abril do periódico.

JSBD: O que pode ser feito para minimizar o estresse do confinamento? Atividades de lazer e o estímulo à criatividade são importantes tanto para a população quanto para médicos em geral?
Carmita Abdo: O confinamento, por si só, pode gerar estresse, porque nos sentimos tolhidos, limitados. É ainda pior para aquelas pessoas que não encontram em casa atividades com que se envolver ou que estão em relacionamentos conflituosos. Quanto maior o desconforto doméstico, maior o estresse do confinamento; obviamente atividades, sejam elas de lazer ou de trabalho, ajudam a lidar com essa situação. Prática de exercícios físicos, uma agenda balanceada com entretenimento e tarefas diárias, cuidados com a aparência, contatos virtuais, brincadeiras com as crianças da casa são medidas protetivas. Mas cada um deve buscar preencher seu tempo com escolhas pessoais, para não criar uma rotina mais entediante do que o próprio ócio.

JSBD: E como lidar com a solidão? Especificamente com relação às pessoas que moram sozinhas sejam elas jovens ou idosas.
CA: Estar só pode ser uma preciosa oportunidade de organização interna, de resgate do equilíbrio. Por outro lado, vale salientar que confinamento não é sinônimo de isolamento. Bons filmes, bons livros, papos pela internet, culinária, jardinagem, cuidado com os animais são alternativas para se contrapor ao distanciamento físico das pessoas queridas. É até possível programar um happy hour ou um almoço, cada um na sua casa, num encontro virtual, com direito a fundo musical e boa conversa.

JSBD: No caso de pessoas que já possuem transtornos de estresse agudo, bem como manias e compulsões, em momentos como este os sintomas podem se acentuar? Como agir?
CA: Os sintomas podem se acentuar em quem já apresenta esses transtornos. Nesses casos, uma ajuda especializada deverá ser retomada ou intensificada. Além disso, procurar manter-se ocupado, evitar dormir demais (como fuga) ou de menos (privação do sono é nociva à saúde mental), evitar também a ociosidade absoluta, o sedentarismo, as bebidas em excesso são atitudes que ajudam.

JSBD: Como lidar com as situações de estresse pós-traumático após quarentena tanto na população como também nos profissionais de saúde?
CA: Durante a quarentena, o equilíbrio emocional pode se romper pelo medo da pandemia, pela insegurança econômica, pelo distanciamento físico de pessoas queridas, pela sobrecarga de trabalho (dos profissionais de saúde e dos home office sem hora para começar nem para acabar), pelos hábitos forçosa e repentinamente modificados. A melhor forma de lidar é admitir que se fragilizou, fazer do cuidado pessoal a prioridade, até se restabelecer por meio de relaxamento, mindfulness, exercícios físicos, hobbies, terapias e medicamentos, quando for o caso.

JSBD: Uma vida financeira desequilibrada pode afetar muito o psicológico. E em um país com tantos autônomos, a pandemia fez seus lucros certamente caírem. Como fazer essa equação para não afetar a saúde mental?
CA: A pandemia está nos ensinando que podemos viver com menos e que os desafios nos mantêm vivos. Se de um lado, sofremos perdas; de outro, constatamos que essa perda é geral, o que nos impulsiona a separar o essencial do supérfluo, a socorrer os menos favorecidos do que nós. Estamos reaprendendo que dependemos uns dos outros para conseguir vencer. Vitória é sair saudável dessa guerra. Terminar materialmente mais pobre é o preço que vamos pagar.

JSBD: Muita gente está fazendo lives para manter contato com parentes e amigos. No início, pareceu uma forma de interagir. Mas acredita que com o tempo possa não fazer bem, já que pode gerar algum tipo de ansiedade? Fale sobre isso.
CA: Por enquanto as lives estão cumprindo o seu papel de aproximar as pessoas e propiciar a interação possível. Quando essa alternativa se esgotar, não tenho dúvida de que nossa criatividade já terá descoberto outras formas tão ou mais eficazes. Vamos evoluir num ritmo eletrizante para superar a ansiedade. Pode crer, novos meios de contato serão descobertos e praticados, a cada dia de confinamento. Por exemplo? Cantar e dançar nas varandas dos apartamentos, brindar à distância com cálices presos a hastes, registrar e divulgar cenas pitorescas das nossas ruas quase desertas. Muita gente já começa a se interessar por costumes de países dos quais nunca antes ouviu falar. Estamos ampliando os horizontes e o jeito de fazer as mesmas coisas, confirmando que a criatividade é filha da adversidade.

JSBD: Médicos que estão na linha de frente do combate à Covid-19 tendem a se deprimir mais rapidamente que os demais? Explique por que, uma vez que, em tese, médicos já estão acostumados a lidar com a morte.
CA: Se as circunstâncias nos exigem  acima de nossas forças; se nos sentimos desafiados e desarmados, apesar de nossa coragem; se há falta de perspectiva a curto e médio prazo; se compaixão pelos pacientes é o sentimento possível no momento, não há como o médico não se entristecer ou até deprimir (se a predisposição for para tal). Acostumado a lidar com a morte, ele se mantém hígido, quando sabe o que fazer para curar ou minimizar a doença. Diante de um inimigo praticamente desconhecido, contando com poucas armas para defesa e pouca ou nenhuma munição para o ataque, os médicos que estão na linha de frente da Covid-19 vivem a dolorosa experiência de dias frustrantes e a insana luta por dias mais promissores para si e, em especial, para seus pacientes.

JSBD: Há hoje algum tipo de curso ou atualização para os médicos que estão trabalhando com esses pacientes com corona nos hospitais?
CA: Sim, há inúmeros cursos, palestras, debates e lives sendo oferecidos online para que o médico se instrumentalize melhor e se atualize. E estão sendo divulgados pelas redes sociais. Diversificados quanto às temáticas, contemplam diferentes especialidades e interesses.

JSBD: A crise, pelo que se diz, está apenas começando. Tanto que profissionais das mais diversas áreas de saúde estão sendo convocados. O que diria, neste momento para os médicos de consultório, que não estão acostumados à rotina de hospitais? Como se preparar para isso?
CA: O consultório nem sempre é um lugar mais protegido do que o front de uma pandemia. A crise se alastra para além dos hospitais e será combatida com a experiência que o médico adquiriu no exercício da medicina, em tempos de não crise. Para qualquer situação, o preparo deve ser não só técnico, mas especialmente emocional. Ser verdadeiramente útil, vai depender de estar saudável. Recomendo fortemente que os colegas se protejam com EPIs adequadas e respeitando os seus limites. Não negligenciem de sua integridade física e mental. Só assim estarão aptos para continuar salvando vidas. O certo é que a cada dia saberemos um pouco mais sobre o novo coronavírus, o que nos tornará dia a dia mais habilitados para combatê-lo e vencer.

JSBD: Alguns médicos, pelo fato de estar na linha de frente, vêm-se afastando de suas famílias. Como manter a mente ativa, o trabalho fluindo, quando a vida pessoal está tão destroçada?
CA: Quando está nessa atividade, tenho certeza de que o médico se concentra e nem percebe o quanto (em tempo e espaço) está afastado de sua própria vida. Nos raros momentos de descanso, essa consciência volta. É nesses momentos que o pensamento deve se desapegar do presente. Nada é para sempre! Nem mesmo uma pandemia da magnitude da Covid-19. Sua vida de volta depende de você resistir (recordando os momentos felizes) e acreditar (a cada vida que salva).

JSBD: E os parentes dos doentes? Algum protocolo que esteja sendo seguido pelos médicos para dar amparo a essas pessoas?
CA: Sim, temos protocolos já elaborados e divulgados. Sugiro, por exemplo, acessar o site da Associação Médica Brasileira (AMB) para conhecer as recomendações de como lidar com a Covid-19: https://amb.org.br/. Há outras excelentes diretrizes elaboradas, divulgadas e diariamente atualizadas, à medida que mais vamos sabendo sobre essa doença.

JSBD: A solidariedade entre as pessoas diante de uma pandemia reforça os laços de afeto e é capaz de transformar a maneira como a sociedade enxerga a vida daqui para frente?
CA: A solidariedade é um diferencial que preserva vidas. Só quando pensamos e agimos na direção de proteger o outro, conseguimos proteger a população e, por conseguinte, a nós mesmos. O planeta havia se esquecido disso. A pandemia nos roubou a convivência com nossos pares para que recobrássemos essa consciência.

JSBD: Quando a senhora acha que a vida vai voltar à normalidade de fato?
CA: Essa previsão é difícil de se fazer. Pode ser de repente, porque o acaso ajudou e foi descoberta uma vacina, um remédio. Pode demorar, porque as pesquisas dependem de tempo para um desfecho confiável. De qualquer forma, não há como voltar ao ponto de onde partimos. A normalidade será outra, quando essa verdadeira guerra terminar. Estaremos menos crédulos e menos confiantes em nossa imunidade, porém mais sábios e mais felizes.


3 de março de 2020 0

O Dia da Mulher é 8 de março e todos os outros dias do ano! São guerreiras, mães, filhas, esposas e trabalhadoras que vão à luta diariamente para dar o seu melhor em tudo o que fazem. Também são vaidosas e merecem cuidar bem de si mesmas todos os dias. Para comemorar a data, a SBD dá dicas de cuidados para evitar o envelhecimento precoce e melhorar a qualidade da pele por faixa etária.

Ao longo dos anos, a pele sofre alterações devido à diminuição de alguns dos seus principais componentes, como fibras elásticas e colágeno  – estruturas que conferem sustentação e previnem flacidez e rugas. “Isto acontece por causa dos fatores naturais de envelhecimento, como alterações hormonais e modificações na produção de proteínas do organismo, mas pode ser acelerado por fatores externos como radiação solar, poluição do dia a dia, tabagismo, má alimentação, ingestão de bebidas álcoolicas, doenças dermatológicas e determinados estilos de vida”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Sérgio Palma.

“As perdas das propriedades naturais da pele e os hábitos de cada um resultam em sinais de envelhecimento, flacidez, fadiga cutânea, rugas e perda do contorno original do rosto”, comenta o assessor do Departamento de Dermatologia Geriátrica da SBD, Luiz Gameiro.

Dessa forma, a Sociedade Brasileira de Dermatologia reforça que não existe idade ideal para começar os tratamentos dermatológicos, mas é importante manter sempre a pele com saúde, independentemente da idade. “A pele exige uma rotina de cuidados para se manter saudável, como: uso diário de filtro solar, limpeza adequada, retirando sempre os resíduos, principalmente de maquiagens, e uso rotineiro de hidratantes”, afirma a coordenadora do Departamento de Cosmiatria da SBD, Alessandra Romiti.

“Nos últimos anos, a dermatologia evoluiu muito em relação aos procedimentos e técnicas que envolvem tecnologias no tratamento cosmético da face e do corpo. Os tratamentos indicados devem sempre ser individualizados e a prevenção é muito importante”, reforça a coordenadora do Departamento de Laser e Tecnologia da SBD, Taciana Dal’ Forno Dini.

O tratamento ideal depende das necessidades de cada pele, mas o mais importante é a prevenção. É preciso consultar um dermatologista regularmente, prevenir-se do sol, alimentar-se bem e ingerir muito líquido para se hidratar.

Fique de olho nas dicas de cuidados específicos com a pele por faixa de idade:

A partir dos 30 anos: Nessa faixa de idade a palavra-chave é prevenção. É preciso utilizar diariamente protetor solar anti-UVA e UVB, higienizar a pele, aplicar cremes antioxidantes tópicos e eventualmente usar suplementos orais, como a vitamina C e vitamina E. “Nesta fase da vida, perdemos cerca de 1% de sustentação da pele a cada ano, aumentando para um total de 30% nos anos seguintes à menopausa”, destaca a assessora do Departamento de Dermatologia Geriátrica da SBD, Marcelle Nogueira. A acne da mulher adulta é muito frequente nesta faixa etária, por isso é importante a utilização de produtos oil free para as mulheres de pele oleosa. 

Os cuidados de prevenção também podem incluir a aplicação de toxina botulínica para rugas dinâmicas de expressões faciais e preenchimento com ácido hialurônico para reduzir sulcos, olheiras ou vincos faciais. Nesta idade algumas tecnologias, como a luz intensa pulsada e os lasers, podem melhorar as sardas e o melasma, condições muito frequentes. Vale lembrar que é preciso procurar um dermatologista para indicação do tratamento adequado.
 
Acima de 40 anos: Para as mulheres que têm mais de 40 anos é recomendado usar, além dos fotoprotetores e antioxidantes, agentes firmadores, antirrugas e despigmentantes, quando necessário. Isso porque começam a apresentar perda mais intensa de elastina e colágeno e a hidratação da pele começa a sofrer alterações mais evidentes. Alguns tratamentos estéticos combinados, como aplicação de toxina botulínica, preenchimento com ácido hialurônico, injeções de bioestimuladores de colágeno, lasers, radiofrequência microagulhada, ultrassom microfocado, entre outros, podem ser indicados de acordo com cada caso, sempre com orientação do dermatologista.
 
Após os 50 anos: Nessa fase as mulheres já devem passar a usar produtos que estimulam a produção de colágeno na face e principalmente ao redor dos olhos, pois as pálpebras já evidenciarão sinais mais intensos do envelhecimento. Tratamentos estéticos como peelings, lasers e outras tecnologias são recomendados, além da toxina botulínica e preenchedores para reduzir rugas, vincos faciais da pele madura ou danificadas pelo sol. Mas lembre-se: é preciso uma consulta com um dermatologista para saber a melhor indicação para cada caso.

O dermatologista é o profissional habilitado para cuidar da saúde e beleza da pele, cabelos e unhas. “Quem deseja realizar procedimentos estéticos invasivos, como aplicação de toxina botulínica e ácido hialurônico, lasers, microagulhamento e peelings, precisa procurar um dermatologista para diagnóstico correto, prescrição e realização do procedimento mais indicado para cada tipo de paciente”, finaliza Sérgio Palma.


2 de março de 2020 0

Com a chegada do coronavírus ao Brasil, causador da COVID 19, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) reitera a importância do apoio da população às medidas preconizadas pelas autoridades sanitárias. Além dela, para a SBD os médicos devem estar atentos ao papel-chave que ocupam nesse momento, em especial no repasse de esclarecimentos para evitar o pânico e no encaminhamento de casos suspeitos para diagnóstico e tratamento.

Da mesma forma, a SBD considera importante que o Governo – em suas diferentes esferas (municipal, estadual e federal) – cumpra o que se espera dele nos campos da vigilância, prevenção, diagnóstico e tratamento de casos suspeitos e confirmados. Além disso, deve proporcionar aos médicos e às equipes multidisciplinares as condições para que exerçam suas atividades.

Diante disso, a SBD classifica como pertinente a nota pública divulgada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), semana passada, na qual são apresentados uma lista de compromissos esperados de autoridades, médicos e população.

Acesse a íntegra da nota do CFM sobre o coronavírus 

“Acreditamos que esse documento reforça pontos da preocupação de todo o País. No caso dos médicos, de modo especial, há o dever de agir rápido para evitar a disseminação do vírus e de apontar eventuais deficiência de infraestrutura”, lembrou o presidente da entidade, Sergio Palma.

Ele também lembrou de outra preocupação apontada pela nota do CFM: a disseminação de informações falsas (as fake news). Conforme apontou, “ao disseminar notícias sem confirmação, mesmo que de forma cômica, se pode comprometer o trabalho de prevenção e combate à Covid 19. Por isso, todos devem reproduzir informações e orientações de fontes oficiais e confiáveis. Esse é o entendimento da SBD”.

Foto: Agência Brasil


12 de fevereiro de 2020 0

Segundo a pesquisa Perfil das Consultas Dermatológicas, realizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) em 2018, a acne é o principal motivo que leva a consultas dermatológicas. Os dados não foram exatamente uma surpresa na época, levando-se em conta que as pessoas tendem a procurar tratamento com mais agilidade quando o problema afeta diretamente a aparência, como é o caso da acne.

A médica dermatologista da SBD e chefe do Serviço de Dermatologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcia Ramos-e-Silva, explica que a acne é uma condição bastante comum não só no Brasil, mas em todo o mundo, e é na adolescência que se apresenta de forma mais aguda, atingindo entre 79 e 95% da população dessa faixa etária. Pode, porém, acometer também adultos, especialmente mulheres entre 25 e 40 anos. “Estima-se que haja mais de 16 milhões de brasileiras portadoras dessa condição, na proporção de quatro mulheres afetadas para cada homem. Atinge também todas as raças, apesar de parecer mais frequentes nos brancos”, esclarece.

É o caso da jornalista Alice Santos, de 38 anos. Quando mais nova, não costumava ter espinhas no rosto, mas com o tempo começou a apresentar pequenas bolinhas que logo foram diagnosticadas por sua dermatologista como acne. “Achei estranho porque normalmente associamos espinhas, cravos e o inchaço característico à adolescência, e nesse período minha pele era boa. Quando minha médica falou sobre acne, a primeira preocupação foi com a maquiagem, pois apesar de não usar nada pesado, gosto de passar pó para evitar o brilho e blush para dar cor. Mas fiquei preocupada com a questão de tampar os poros da pele, e ela logo me tranquilizou sobre isso”, conta.

E realmente não há problema no uso de maquiagem nos indivíduos que apresentem acne, basta que o produto não seja comedogênico e seja livre de óleo. “Além disso, a maquiagem pode estar associado a alguma substância para ao mesmo tempo tratar a acne, como substâncias secativas: ácido salicílico, entre outros”, pontua Marcia.

Embora não exista contraindicação para o uso de maquiagens por quem tem acne, é importante alertar que a não proibição deve caminhar junto com o tratamento adequado. Ou seja, uma rotina diária de cuidados com a pele é fundamental para a resolução do quadro. “O primeiro e muito importante passo é uma limpeza correta pela manhã e à noite, com o uso de produtos adequados para a pele acneica. Os produtos específicos, sejam eles orais ou tópicos, em geral, só funcionarão com a associação desta limpeza apropriada”, enfatiza a médica.

Ela salienta que atualmente há tratamentos bastante eficientes para melhorar a condição. “Quando comecei na dermatologia, os casos graves inexoravelmente caminhavam para cicatrizes inestéticas, mesmo com os tratamentos disponíveis naquela época, e isso não acontece mais desde o advento dos retinoides”.

No entanto, a médica lembra que os médicos devem ficar atentos na escolha da medicação correta para cada caso. “Devem ser avaliados localização, intensidade, frequência de aparecimento das lesões, sexo e idade do paciente, entre outros aspectos, e o uso de procedimentos e limpezas adjuvantes. Isso nos permite resolver e/ou melhorar muito todos os pacientes que usam as medicações corretamente”, comenta.


11 de fevereiro de 2020 0

Carnaval é época de curtir blocos de ruas, ir atrás do trio elétrico, acompanhar os desfiles das escolas de samba, viajar e/ou ir à festas. Seja qual for a sua forma de curtir a folia, não esqueça de cuidar da sua pele, cabelos e unhas. 

“Vale lembrar que tudo o que é exagerado faz mal e que utilizar produtos de forma errada pode causar sérios danos à pele e, principalmente, à saúde. Além disso, o carnaval acontece no verão. Então, os cuidados com o sol devem ser redobrados durante as atividades ao ar livre. Também não esqueça de usar roupas e sapatos confortáveis para evitar problemas”, alerta a coordenadora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Alessandra Romiti.
 
Se você está se preparando para curtir a época mais animada do ano, veja as dicas e orientações que a Sociedade Brasileira de Dermatologia tem para os foliões curtirem o carnaval com saúde.

Brilhos, maquiagens, pinturas, espumas, sprays de pintar cabelo e fantasias
Todos esses itens podem ter substâncias que causam alergias, dermatite de contato, ardência ou coceira. Portanto, não utilizem espumas, pinturas e sprays de cabelo em excesso. Em relação às maquiagens e brilhos, prefira os produtos de marcas confiáveis. Já sobre as fantasias, opte por materiais leves e evitem tecidos sintéticos. Em caso de irritação, lave a área afetada com água e sabonete imediatamente e, em casos de piora, procure um dermatologista associado à SBD

Hidratação
Cuide da sua saúde durante o carnaval bebendo bastante água ou água de coco para não deixar as altas temperaturas e o agito causarem desidratação. Também abuse dos hidratantes corporais e faciais para evitar o ressecamento da pele. 

Cuidado com os pés
Proteja seus pés de calos, traumas e risco de cortes. Use sapatos confortáveis e folgados, de preferência tênis. Se mesmo com todo cuidado surgirem bolhas nos pés, o melhor é não estourar para não infeccionar, proteger com um curativo e usar um sapato que não provoque atrito na região. Assim, você poderá curtir por mais tempo e sem dor a época do ano mais esperada pelos foliões. 

Infecções sexualmente transmissíveis (IST)
Não deixe de usar camisinha. Ela pode evitar doenças como sífilis, HPV, HIV, e hepatites B e C. As infecções sexualmente transmissíveis (IST) podem trazer uma série de danos à saúde. Seja responsável!

Proteção solar
O sol pode provocar, de imediato, queimadura solar e insolação. Inclua no seu kit carnaval chapéu ou boné de aba larga, óculos de sol com proteção UV e o filtro solar com FPS30, no mínimo, e reaplique a cada 2h, porque o produto sai com o suor. Também opte pelo o protetor físico (com cor) já que tem maior aderência à pele, durabilidade e resistência ao suor. Além disso, se programe para aproveitar a folia até as 10h ou após às 15h, fora do horário de pico do sol. Outra dica importante é que ao entrar em contato com frutas cítricas (limão, tangerina e caju), in natura, sucos ou picolés, lavar bem a região com água e sabonete e reaplicar protetor solar na área antes da exposição solar para evitar queimaduras e manchas.


3 de fevereiro de 2020 0

Com a confirmação de milhares de casos de contaminação pelo novo coronavírus em diferentes países, o Brasil se prepara para enfrentar essa epidemia que preocupa as autoridades sanitárias ao redor do mundo. Até o momento, em território nacional, só existem alguns pacientes com suspeita de terem contraído a doença. Para ajudar nesse esforço de prevenção, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) alerta seus associados para ficarem atentos a pacientes que manifestem sinais e sintomas de contaminação pelo coranavírus. Essas pessoas devem ser orientadas a procurarem os serviços de saúde o mais rapidamente possível. 

“Esse é um grave problema de saúde pública. A prevenção e o combate a essa doença devem envolver a todos os profissionais da saúde. Os dermatologistas precisam fazer sua parte e orientar aqueles que recebem em seus consultórios sobre as medidas que evitam complicações”, alerta o presidente da SBD, Sergio Palma. 

Sobre o coronavírus, o Ministério da Saúde criou uma página na internet que traz dados sobre sua origem e características. De acordo com o presidente da SBD, a informação é a principal arma para impedir que a doença se alastre e faça vítimas. 

Acesse a página do Ministério da Saúde sobre o coronavírus 

Segundo informe da Sociedade Brasileira de Infectologia, o coronavírus é conhecido desde a década de 1960, sendo parte de uma grande família de microrganismos que causam de resfriados  a síndromes respiratórias mais graves.  A entidade salienta que uma pessoa contaminada pode apresentar sintomas variados, desde infecções em vias aéreas superiores parecidas com um resfriado comum a casos de pneumonia ou insuficiências respiratórias agudas. 

“O cenário no momento é de alerta máximo para identificação precoce de casos suspeitos e instituição de medidas de precaução, uma vez identificados. Até o momento, não há casos confirmados no país. Devemos como médicos nos manter atualizados, já que as informações tem sido processadas de forma muita rápida. Nosso papel com relação a promoção à saúde é também o de esclarecer a sociedade e não deixar que o pânico se instale”, disse o infectologista Paulo Sérgio Ramos de Araújo, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pesquisador da Fiocruz. 

Dentre os cuidados necessários para se reduzir o risco de infecção por coronavírus estão: 

•      Evitar viagens à China como forma de prevenir contaminações;
•    Evitar contato próximo com pessoas doentes e que tenham infecção respiratória aguda;
•    Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos;
•    Se não houver água e sabão, usar um antisséptico para as mãos à base de álcool em gel, principalmente, após contato direto com pessoas doentes e antes de se alimentar;
•    Usar lenços descartáveis para higiene nasal (evitar lencinhos de pano);
•  Cobrir nariz e boca sempre que for espirrar ou tossir com um lenço de papel e descartar no lixo;
•    Higienizar as mãos sempre depois que tossir ou espirrar;
•    Evitar tocar em olhos, nariz e boca com as mãos não higienizadas;
•    Manter ambientes muito bem ventilados;
•    Não compartilhar objetos de uso pessoal como copos, garrafas e talheres;
•    Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência;
•    Evitar contato com animais selvagens ou doentes.

“Tão importante quanto ter acesso à informação correta e repassá-la aos colegas, amigos, pacientes e familiares, é evitar a disseminação de notícias falsas sobre este assunto. As fakenews podem ter um impacto desastroso no trabalho de prevenção e de tratamento. Por isso, tenhamos atenção redobrada com as mensagens que compartilhamos em nossas redes sociais e grupos de conversação”, enfatiza Sérgio Palma.





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