SBD engaja dermatologistas em ações pela valorização da especialidade




10 de julho de 2020 0

A valorização do papel do dermatologista na assistência à população – tanto no tratamento e diagnóstico de doenças, quanto na realização de procedimentos cosmiátricos – é o tema de uma campanha institucional iniciada nesta sexta-feira (10/7) pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). O primeiro passo dessa iniciativa foi a veiculação de um vídeo, com a participação da Diretoria da entidade. Na peça, eles falam sobre a capacitação, a responsabilidade e o compromisso ético desse especialista com o paciente. 

No vídeo é reforçado que, no dermatologista, o paciente encontra o apoio para tratar de sua saúde e encontrar soluções que melhoram seu bem-estar, estabelecendo-se uma relação que se baseia na confiança e na segurança. O recado ainda ressalta a necessidade de que os pacientes procurem identificar se o profissional escolhido realmente é um dermatologista. Para tanto, basta acessar o site da SBD ou do Conselho Federal de Medicina (CFM). 

Para saber quem são os dermatologistas brasileiros, acesse: 

Sociedade Brasileira de Dermatologia

Conselho Federal de Medicina

Nos próximos dias, outras peças – com a participação de representantes da especialidade de vários estados e áreas de atuação – também serão exibidas nas redes sociais. Ao mesmo tempo, a SBD enviou mensagem aos seus associados estimulando-os a gravar pequenos depoimentos para exibirem em suas páginas pessoais e encaminhar para inserção nos canais da Sociedade Brasileira de Dermatologia no Facebook e no Instagram. 

Algumas dessas mensagens gravadas pelos associados poderão compor outros vídeos que serão divulgados oportunamente. “Temos trabalhado em diferentes frentes para valorizar o papel do dermatologista. Trata-se de uma ação contínua de defesa profissional. Entendemos que essa é uma oportunidade de mostrar para a população, os pacientes e aos nossos próprios colegas a importância da nossa especialidade”, disse o presidente da SBD, Sergio Palma. 

Segundo ele, além dos vídeos de engajamento, outras iniciativas continuarão sendo promovidas, sempre com o foco no fortalecimento da especialidade. “A Gestão 2019-2020 tem procurado qualificar e ampliar sua atuação no campo parlamentar, na esfera judicante, na comunicação com a sociedade. Daremos seguimento a esse trabalho, com o apoio dos colegas, ciente de que é uma luta de longa duração”, concluiu. 

Clique para assistir aos vídeos:
 


 


3 de junho de 2020 0

<p style=”text-align: justify;”>A SBD organiza Campanha sobre Hidradenite Supurativa durante a primeira semana de junho, mês mundial de conscientização sobre a doença. As ações realizadas nas redes sociais da entidade esclarecem sobre a doença, que afeta 41 a cada 10 mil brasileiros e atinge mais mulheres do que homens. <br />
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As publicações também ressaltam a importância da consulta com um médico dermatologista, profissional habilitado para diagnóstico e tratamento da hidradenite supurativa.<br />
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Acesse a <a href=”http://www.facebook.com/SociedadeBrasileiradeDermatologia” target=”_blank”>página da SBD no Facebook</a> e conheça as informações oficiais divulgadas pela sociedade.<br />
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6 de maio de 2020 0

JSBDv24n2 – março/abril 2020

Campanha incentiva a não realização de atos médicos desnecessários e promove uma reflexão sobre a adequação do cuidado com a saúde visando não causar danos ao paciente e evitar sobrecarregar os sistemas de saúde do país

A  importância de fazer escolhas sensatas na prática médica é o mote da campanha mundial Choosing Wisely, lançada pela American Board of Internal Medicine (Abim), nos Estados Unidos, em 2012. A iniciativa reúne diferentes sociedades médicas de mais de 25 países e faz um alerta para a realização de procedimentos e tratamentos que não geram nenhum benefício aos pacientes, mas que ainda continuam sendo prescritos pelos médicos e sobrecarregando os sistemas de saúde. Desde então, centenas de recomendações de exames e tratamentos foram rediscutidos com relação à efetividade clínica e publicados nos sites das entidades médicas. Essas listas de recomendações são baseadas em evidências sobre práticas médicas frequentes que devem ser reduzidas ou eliminadas.

No Brasil, a iniciativa teve início em 2015, com a adesão de dezenas de sociedades de especialidade. A SBD aderiu à campanha no começo deste ano e atualmente elabora uma lista de procedimentos e indicações de tratamentos e condutas referentes à dermatologia clínica. “Tendo em vista a relevância dos assuntos abordados pela Choosing Wisely, como também a necessidade de mais sociedades médicas brasileiras participarem dessa campanha, considero essenciais a adesão e o posicionamento da SBD”, explica o coordenador do grupo Hélio Miot. Segundo o médico, essa primeira edição abordará a dermatologia clínica, sendo direcionada a procedimentos diagnósticos ou terapêuticos desnecessários ou mesmo danosos, que devem ser evitados na prática médica.

No caso do Brasil, é preciso cumprir alguns pré-requisitos para elaboração da lista, que deve ter no mínimo cinco e no máximo dez recomendações a levar em conta por médicos e pacientes, todas elas necessariamente de acordo com o escopo de atuação da especialidade; seu processo de desenvolvimento precisa ser rigorosamente documentado e transparente desde o início; devem ser priorizados testes, procedimentos ou tratamentos utilizados com bastante frequência e que podem prejudicar pacientes − secundariamente, os que representem abordagens diagnósticas ou terapêuticas de baixo valor agregado;
carece existir um bom corpo de evidências científicas que suporte a recomendação; iniciar toda recomendação com as expressões "Não" ou "Reflita muito antes de"; evitar sugestões de práticas, como "Não prescreva medicação sem olhar interações", e recomendações genéricas, como "Não solicite exame sem indicação específica".

O grupo de especialistas – que conta com a atuação de dermatologistas de todo o país, bem como residentes dos Serviços de Dermatologia da Santa Casa de Curitiba e do Rio Grande do Sul – já iniciou a primeira etapa do trabalho com a elaboração de lista contendo 50 recomendações, que posteriormente serão submetidas à avaliação dos associados da SBD por meio de votação aberta.

“Com base nessas recomendações, será elaborada consensualmente listagem a ser submetida à consulta pública dos associados, para a formação democrática dos dez itens finais que irão compor o documento”, considera Miot.

O médico dermatologista salienta que a tendência internacional ganha valor ao proporcionar mais segurança e eficiência nos cuidados com a saúde dos pacientes, assim como ao fortalecer a sociedade médica como fonte confiável de informação da especialidade. “Nossa participação é importante, pois, além de divulgar a especialidade, traz recomendações que objetivam melhorar a assistência dermatológica no país”, frisa Hélio Miot.

Também fazem parte do grupo os médicos dermatologistas Andrea Ramos (Minas Gerais), Clivia Carneiro (Pará), Caio Castro, Paulo Criado e Luciana Abbade (São Paulo), Magda Weber e Renan Bonamigo (Rio Grande do Sul), Mayra Ianhez (Goiás) e Pedro Dantas (Sergipe).


7 de fevereiro de 2020 0

Silenciosa e negligenciada pelas autoridades sanitárias em anos anteriores, a hanseníase acumula milhares de vítimas ano após ano no Brasil. Entre 1999 e 2018, foram diagnosticados 768.215 casos desta doença, que pode ser detectada com facilidade. Mesmo com as constantes campanhas educativas, com foco no diagnóstico precoce, a detecção de novos casos tem indicado uma média de 38 mil registros por ano, no período. Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca o Brasil no segundo lugar no mundo em casos de hanseníase. Perde apenas para a Índia, que em 2017 apresentou 126.164 registros. 

Para a coordenadora da Campanha Nacional de Hanseníase da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Sandra Durães, trata-se de uma doença que afeta, sobretudo, regiões com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Apesar de o Brasil ser considerado uma potência econômica, a existência de desigualdades regionais repercute na forma como o registro de novos casos se materializa, explicou. 

Clique e acesse informações sobre casos novos

Nessas duas décadas analisadas, no Brasil, as maiores detecções de novos casos, em números absolutos, foram registradas no Maranhão (84.628 notificações); Pará (83.467); Mato Grosso (63.779); Pernambuco (57.355); e Bahia (52.411). Os dados foram apurados e avaliados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia com base em informações da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde. 

Prevenção – Como janeiro é o mês dedicado a conscientização, combate e prevenção da hanseníase no País, a SBD somou forças para apontar a importância de se enfrentar essa doença tropical de evolução crônica, que se manifesta principalmente por meio de lesões na pele e sintomas neurológicos, como dormência e diminuição de força nas mãos e nos pés. 

Seu diagnóstico, tratamento e cura dependem de exames clínicos e, principalmente, da capacitação do médico. Nesse sentido, Sergio Palma, presidente da SBD, afirma que a entidade tem colaborado com a capacitação de médicos de outras especialidades e generalistas, o que contribui para o fortalecimento da rede de detecção dessa doença. “No entanto, fica o alerta: quando descoberta e tratada tardiamente, a hanseníase pode trazer deformidades e incapacidades físicas”, ressaltou.

Ao longo dessas duas décadas, a avaliação dos números da hanseníase comprova que seu enfrentamento exige o desenvolvimento de diferentes estratégias devido à complexidade de seus determinantes. Múltiplos fatores estão envolvidos nessa questão, entre eles a dificuldade de acesso da população aos serviços de saúde, principalmente no Norte, Centro-Oeste e Nordeste, levando ao diagnóstico tardio. 

Por um lado, percebe-se um movimento de queda constante no total de novos casos identificados entre 1999, quando o Brasil contabilizou 43.617 registros da doença, e 2016, onde esse total baixou para 25.214. Porém, os dados do Ministério da Saúde apontam uma pequena alta a partir de então, com 26.875 notificações, em 2017, e 28.657, no ano seguinte. 

Detecção – No que se refere à taxa de detecção da doença na população geral, os indicadores também oscilam. Em 2000, ela era de 25,44 casos por 100 mil habitantes, chegando a 12,23, em 2016. Porém, como na contagem de números absolutos, esse índice também voltou a apresentar alta nos anos seguintes: 12,94 notificações, em 2017, e 13,70, em 2018.

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“Isso não significa necessariamente uma piora repentina. A doença não se comporta como uma epidemia viral. Na verdade, é a prova de que a rede de atendimento, buscou mais ativamente os casos para fazer o diagnóstico mais precoce. Contudo, mostra que o volume de pessoas portadores da hanseníase ainda é significativo, sendo que muitos não sabem que possuem essa condição”, alerta Egon Daxbacher, diretor da SBD e especialista no assunto.

Segundo ele, esse aumento no número de novos casos detectados, entre 2016 e 2018, resulta de mudanças na estratégia de prevenção e combate à doença. Dados do Ministério da Saúde apontam, por exemplo, que houve aumento no total de casos detectados a partir de ações como campanhas, exames feitos em pessoas que mantém contato (direto ou periférico) com pacientes e exames de coletividade.

O percentual de contactantes examinados passou de 60,9%, em 2000, para 81,4%, em 2018. “Mudou o modo de detecção, que deixou de ser apenas por demanda espontânea ou por encaminhamentos”, lembrou Daxbacher. Além disso, continuou ele, o tamanho da rede assistencial na atenção básica, onde a grande maioria dos pacientes recebe acompanhamento, quase triplicou. Há 18 anos, eram 3.327 serviços que atuavam nesse sentido. Atualmente, são 9.051.

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Carregada de estigmas, a hanseníase apresenta uma taxa de mortalidade relativamente baixa, em comparação com o número de casos diagnosticados no período. Entre 2008 e 2017, em todo o Brasil foram registrados 1.801 óbitos decorrentes dessa doença. O maior volume de mortes aparece no Maranhão (269), Bahia (136), Ceará (135), Rio de Janeiro (134) e Pará (126). 

Por sua vez, o tratamento da doença, o qual é eminentemente ambulatorial, tem gerado inúmeros pedidos de internação para o acompanhamento de pacientes com maiores complicações, com necessidade de cuidados mais especializados e até mesmo cirúrgicos para tratar as sequelas deixadas.

Internação – Nas duas décadas analisadas, o Sistema Único de Saúde (SUS) processou 38.745 pedidos de internação para pacientes por conta da hanseníase, com o custo total estimado em R$ 27,6 milhões (valores não atualizados). Ao longo do período, esses procedimentos foram mais adotados no Paraná (4.514 casos), Pernambuco (4.341), Santa Catarina (3.246), Goiás (2.811) e São Paulo (2.682 pedidos). 

Clique e acesse informações sobre internações por hanseníase

Se na Idade Média as pessoas com hanseníase eram obrigadas a anunciar sua presença carregando um sino, o preconceito se arrastou pelos séculos. No Brasil, há algumas décadas o isolamento compulsório era adotado, separando famílias e amigos. No entanto, até hoje muitos ignoram que essa doença tem tratamento eficaz, disponível na rede pública. 

O Grau de Incapacidade Física (GIF) nos casos diagnosticados, como de Grau 2, fica em 10,2 ocorrências por milhão de habitantes. Nos pacientes com atestação de cura, 68% foram avaliados quanto a incapacidade. Conforme explicou Sandra Durães, durante a evolução da doença, o acometimento do nervo periférico faz com que o paciente apresente alterações motoras e sensoriais. “Com o tempo, se lesiona e desenvolve infecção na pele que pode se transmitir ao osso. Também corre o risco de perder tecidos, como ocorria no passado. Atualmente, isso é muito raro, porque o tratamento é eficaz”.

Conforme explicou Egon Daxbacher, o diagnóstico precoce é muito importante e crucial para o controle da doença. “Se o paciente conta com atendimento médico e dos outros profissionais da equipe de saúde e toma seus remédios vai ficar bem. Mas se não houver acompanhamento e adesão ao tratamento, a hanseníase evolui, com possibilidade de aumentar o dano neural. As manchas reduzirão e o doente deixará de ser um agente de transmissão, mas as perdas motoras não serão recuperadas. Em decorrência, essa pessoa exigirá acompanhamento multiprofissional e de médicos de diferentes especialidades para não se lesionar e reduzir o risco de ficar incapacitada”, disse.


6 de fevereiro de 2020 0

Um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) apontou que em 20 anos a hanseníase atingiu 768 mil brasileiros e quase 156 mil pessoas são da Região Norte. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de seis mil novos casos foram registrados em 2018 na referida região, sendo 2.574 no Pará; 1.713 no Tocantins; 741 em Rondônia; 425 no Amazonas; 133 no Acre; 109 no Amapá e 107 em Roraima. 

A hanseníase só é transmitida quando não é identificada; a partir do diagnóstico e do início do tratamento não há mais risco de trasmissão.

Clique na imagem para assistir a íntegra da reportagem veiculada no Bom Dia Amazônia.


28 de janeiro de 2020 0


A hanseníase pode acometer qualquer pessoa em qualquer faixa etária. A doença é silenciosa, mas tem cura e pode ser tratada gratuitamente pelo SUS

Dados do Ministério da Saúde mostram que quase 52 mil brasileiros foram diagnosticados com hanseníase em 2003, o recorde da série histórica que começou no início da década de 1990, quando foram computados mais de 28 mil casos. Desde então, o número de casos vinha caindo, até que em 2017 foi registrada a primeira alta significativa em 13 anos. Um novo aumento veio em 2018, com 28 mil novos casos registrados no Brasil. 
 


Brasil é o foco da OMS, já que em números proporcionais à população somos o primeiro no ranking com a maior taxa de incidência mundial

"A doença é longa, ficando escondida no organismo de dois a sete anos em média. Quando começam a aparecer os sintomas, não é um caso tão novo assim, mas sim um caso novo descoberto. Dessa maneira, estamos falando em um aumento de busca ativa, isto porque cada paciente transmissor que não foi detectado pode estar tornando outros pacientes doentes", afirma o diretor da SBD, Egon Daxbacher.

Clique na imagem para assistir a íntegra da matéria veiculada no jornal da Globonews desta segunda-feira (27/1).

 

 


24 de janeiro de 2020 0

O Brasil ocupa o segundo lugar mundial em número de casos de hanseníase, perdendo apenas para a Índia. Pesquisa feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que em 2017, enquanto o Brasil teve 26.875 casos, a Índia teve 126.164. Na última década, foram registrados cerca de 30 mil casos novos por ano no Brasil.

O pico da doença no território brasileiro foi observado em 2003, com 51.941 casos. Por isso, em 2016, o Ministério da Saúde oficializou o mês de janeiro e consolidou a cor roxa para campanhas educativas sobre a doença no país.

A coordenadora da Campanha Nacional de Hanseníase da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Sandra Durães, disse hoje (23) à Agência Brasil que a hanseníase é uma doença que acomete as populações negligenciadas, com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do planeta. Embora o Brasil esteja entre as maiores potências econômicas, ainda apresenta grandes desigualdades e muitos bolsões de pobreza em áreas periféricas. “Isso também se demonstra pela incidência desigual no país”. O maior número de casos ocorre nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, enquanto o Sudeste e o Sul ocupam os quarto e quinto lugares, respectivamente.

Sandra Durães explicou que a hanseníase não afeta somente populações vulneráveis. Pessoas de níveis econômicos elevados também estão sujeitos a ter a doença. “Mas a maioria ocorre em populações de nível socioeconômico mais baixo”.

Características
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada por uma bactéria (Mycobacterium leprae) que apresenta características peculiares, afirmou a médica. Uma delas é que todos os brasileiros, por morarem em um país endêmico, têm contato com ela ao longo da vida. “Ela tem alto poder de infectar mas, por outro lado, a maioria das pessoas é muito resistente à doença. Então, um pequeno percentual das pessoas é que pode realmente ficar doente com a hanseníase”.

Também dentro desse pequeno percentual, a apresentação clínica vai variar conforme a resistência que a pessoa tenha à doença. As pessoas mais resistentes mostram formas mais brandas. Segundo a especialista, o bacilo da hanseníase apresenta grande afinidade com dois órgãos: a pele e os nervos periféricos. O sistema nervoso periférico se refere às partes que estão fora do sistema nervoso central, isto é, fora do cérebro e da medula espinhal.

“A pessoa que tem mais resistência vai apresentar poucas lesões na pele, vai ter uma carga bacilar mais baixa, com pouco ou nenhum poder para contaminar outras pessoas e terá um tratamento mais rápido, em seis meses”. Já nas pessoas que têm menos resistência, a doença vai se apresentar de forma mais disseminada na pele, vai atingir os nervos periféricas, vai ter alta carga bacilar e maior capacidade de contaminar outras pessoas. Além disso, o tratamento é mais longo, por 12 meses.

Contaminação
A hanseníase é passada de uma pessoa que tenha uma forma transmissível da doença e não esteja em tratamento, para outra pessoa. “Essa doença é passada pela via respiratória. Respirando naquele mesmo ambiente, você tem mais risco de pegar. Geralmente em ambientes pouco ventilados e aglomerados, a pessoa tem mais risco de pegar”. Não tem a ver com higiene, esclareceu a médica.

Uma curiosidade que dificulta o controle da doença é que a incubação longa. Isso significa que a partir do momento em que a pessoa entra em contato com a bactéria, só vai ficar doente cerca de sete a oito anos após. A hanseníase se manifesta na pele pelo aparecimento de manchas brancas ou vermelhas e de lesões vermelhas altas denominadas placas ou infiltrações. Essas lesões se caracterizam por terem a perda da sensibilidade, porque a bactéria tem uma afinidade grande pelos nervos periféricos.

“A pessoa vai perder a sensibilidade das lesões. Além disso, pode apresentar sensação de nariz entupido, ardência nos olhos e ter dormência nas extremidades, ou seja, nas mãos e pés”, explicou.

Estigma
Sandra Durães explicou que havia muito estigma e preconceito contra a hanseníase no passado porque o tratamento não era tão eficaz. Na evolução da doença, o acometimento do nervo periférico faz com que a pessoa tenha alterações motoras e perca a noção de quente ou gelado, por exemplo. “Ela vai se lesionar no ambiente, vai ter infecção na pele que pode se transmitir ao osso e pode haver perda de tecidos, como ocorria no passado”. Atualmente, isso é muito raro, porque o tratamento é eficaz.

O diagnóstico precoce é muito importante e crucial para o controle da doença, explicou Sandra. Se a pessoa procurar logo atendimento médico r tomar o antibiótico ela fica bem. Mas se o paciente deixa a hanseníase evoluir, os antibióticos não têm o poder de reverter o dano neural. As manchas vão diminuir, o doente não vai contaminar mais pessoas, a doença vai ficar estacionada, mas o dano neural que houve até aquele momento não será mais revertido. Essa pessoa vai exigir orientação e acompanhamento de uma equipe de neurologistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais para poder atuar no seu meio ambiente sem se lesionar para não ficar incapacitado.

“O ideal, disse a dermatologista, é que o diagnóstico seja feito em uma fase bem precoce em que ainda não haja o dano neural”. Com diagnóstico e tratamentos tardios, há risco de graves sequelas, como deformidades e incapacidades físicas irreversíveis.

Desconhecimento
As pessoas ainda têm grande desconhecimento da hanseníase, também conhecida como lepra. Daí o Ministério da Saúde promoveu a campanha Janeiro Roxo para chamar a atenção da população para o problema e informar que hoje o tratamento é supereficaz. Não há necessidade de a pessoa ficar reclusa, como ocorria com os antigos portadores de lepra, ou leprosos, que eram isolados compulsoriamente do restante da população.

Sandra Durães assegurou que a partir do momento em que a pessoa inicia o tratamento, tomando a primeira dose do antibiótico, ela praticamente deixa de ser contagiante. “As pessoas fazem o tratamento em casa, vão ao ambulatório uma vez por mês tomar medicamento e tomam outros remédios em casa”. O tratamento é gratuito e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o território nacional.

Para o controle da doença é importante também que as pessoas que tiveram contato mais próximo com o paciente sejam examinadas para ver se apresentam alguma lesão que não foi ainda percebida. “Se têm lesão, vão ser tratados; se não têm (lesão), recebem uma dose da vacina BCG (vacina frequentemente administrada para prevenção da tuberculose, obtida pela preparação da bactéria Mycobacterium bovis em estado atenuado)”.

A vacina BCG provoca uma resposta de defesa do organismo. Sandra Durães informou, por outro lado, que essa vacina não impede que a pessoa tenha tuberculose ou hanseníase, mas dificilmente ela terá formas graves das duas doenças. Atualmente, a BCG é dada para todos os bebês na maternidade. Na década de 1990 a 2000, o governo brasileiro fez a segunda dose da BCG que não atua no caso da tuberculose, mas protege a saúde da pessoa, no caso da hanseníase.

A doença pode afetar pessoas de qualquer idade e sexo. Sandra destacou que a partir do momento em que ela toma a primeira dose do remédio, ela deixa de ser contagiante. “Não precisa separar talher, mudar de casa. Pode namorar, não tem problema nenhum”.

Descentralização
Embora o dermatologista seja o profissional que sempre esteve mais envolvido com a doença, em função dos problemas ocorridos na pele do paciente, nos últimos anos, a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde resolveram fazer uma descentralização da assistência da doença. Por isso, os dermatologistas da SBD trabalharam na última década para capacitar as equipes de saúde da família da atenção básica. Por isso, atualmente, 70% dos diagnósticos são feitos na atenção básica por clínico geral, por médico da família. Os casos com dificuldade maior de diagnóstico exigem exames laboratoriais complementares, como a biópsia da pele, por exemplo e, raramente, a biópsia do nervo, nos casos em que não aparecem manchas na pele. Pode ser necessário ainda fazer o exame de baciloscopia, que corresponde à coleta da serosidade cutânea, colhida em orelhas, cotovelos e da lesão de pele.

A campanha Janeiro Roxo se estenderá até o final do mês, com ações educativas e divulgação, pela mídia, dos sinais e sintomas da hanseníase que ainda são parcialmente desconhecidos por grande parte da população. O primeiro mês do ano é dedicado à conscientização, combate e prevenção da hanseníase.

Os doentes de hanseníase sempre foram objeto de preconceito. Na Idade Média, eram obrigados a carregar um sino para anunciar sua presença. Até pouco tempo atrás, o isolamento compulsório para separar os pacientes do restante da população era prática comum no Brasil. Parentes eram separados e ficavam anos sem se ver por conta dessa política pública.

Fonte: Agência Brasil – EBC


21 de janeiro de 2020 0

Todos os anos, cerca de 30 mil pessoas desenvolvem hanseníase no Brasil. A doença tem cura, mas o diagnóstico precoce é muito importante e o tratamento deve ser iniciado o quanto antes para evitar deformidades e sequelas neurológicas no paciente.

O médico dermatologista Carlos Eduardo de Mathias explica as formas de transmissão e tratamentos disponíveis para a hanseníase no programa Balanço Geral, da TV Record filial São José do Rio Preto. Clique na imagem para assistir a íntegra da matéria.


15 de janeiro de 2020 0

Como parte do Mês de Luta contra a Hanseníase (Janeiro Roxo), monumentos brasileiros estão sendo iluminados de roxo, cor alusiva à ação que ocorre durante todo o mês de janeiro. O objetivo é mobilizar e sensibilizar médicos e população sobre o tema. O Senado é um dos parceiros dessa iniciativa e recebe iluminação especial até o dia 31 de janeiro. A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) coordena e reforça atividades de esclarecimento sobre a doença em todo o Brasil. 

Em matéria publicada no site do Senado, o diretor da SBD Egon Daxbacher ressalta a importância do diagnóstico precoce da doença para a prevenção de novos contágios e de possíveis sequelas. A doença é curável e com bom prognóstico. O tratamento é gratuito e realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o território brasileiro.

A coordenadora do Departamento de Hanseníase da SBD e da campanha nacional, Sandra Durães, ressalta que de acordo com a gravidade, o tratamento pode durar de seis a doze meses. "Após o início da terapia, não é necessária qualquer medida higiênica ou de isolamento domiciliar, como separação de talheres. Com a primeira dose da medicação, o risco de contágio já cai drasticamente. É vital que os brasileiros estejam atentos aos seus sintomas e procurem assistência médica o mais rapidamente possível". 

Saiba mais: http://www.sbd.org.br/noticias/janeiro-roxo-cupula-do-senado-e-iluminada-como-alerta-contra-hanseniase/

Foto: Agência Senado – Moreira Mariz

 

 

 





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