Pesquisadores brasileiros do Departamento de Ortopedia e do Laboratório de Nanoengenharia e Diamante da Unicamp pediram a patente de um gel à base de álcool polivinílico com nanopartículas de carbono que, em testes em animais, mostrou-se capaz de substituir a cartilagem. Se os resultados positivos conseguidos em cães e ratos de laboratório se repetirem em seres humanos, será possível substituir as cartilagens lesadas que, principalmente no joelho, provocam intensa dor e limitação de movimento em milhões de brasileiros. “Este estudo é um dos líderes mundiais no setor de cartilagens, um problema que atinge boa parte da população acima dos 60 anos”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT, Osvandré Lech.
Para o professor William Dias Belangero que, com o professor Vitor Baranauskas, é o orientador da tese da bióloga Ana Amélia Rodrigues, que desenvolveu o produto, “os traumas decorrentes do esporte competitivo e o alongamento da expectativa de vida tem levado mais de uma dezena de milhões de brasileiros a sofrerem devido a problemas da cartilagem, e o novo gel pode vir a ser a solução”.
Belangero explica que a cartilagem é o tecido que reveste as extremidades ósseas e garante o movimento indolor, com baixo atrito e desgaste ínfimo. Os problemas causados pela perda da cartilagem por trauma ou degeneração são mais conhecidos quando ocorrem nos joelhos ou na coluna vertebral e causam intensa dor, inflamação e limitação dos movimentos, diz o médico, e como esse tecido é pouco irrigado por sangue, dificilmente se recompõe.
“É por isso que a possibilidade de substituir a cartilagem articular por um material artificial tem sido tão estudada pelos cientistas”, diz ele, que trabalha também em outra linha de pesquisa, buscando recompô-la a partir de células-tronco.
COMO UM LAGO GELADO
A dificuldade de substituir a cartilagem se explica pela altíssima performance desse tecido. O professor diz que comparado ao nível de atrito de um disco de aço rolando sobre um lago gelado, a cartilagem articular tem atrito dez vezes menor.
A pesquisa de Ana Amélia levou ao desenvolvimento de um hidrogel, isto é, um polímero com capacidade de absorver água e de resistir à compressão que ocorre, por exemplo, quando o goleiro salta para pegar uma bola e volta ao solo, descarregando todo o peso do corpo sobre as cartilagens do joelho.
“O hidrogel se comportava quase exatamente como a cartilagem”, explica o professor William, tinha baixíssimo coeficiente de atrito, desgaste mínimo, expulsa a água quando comprimido e volta a absorvê-la e aos fluídos corporais quando cessa a pressão. O produto melhorou ainda mais quando a ele foram acrescentadas nanopartículas de carbono, isto &eac…