Os prós e contras dos cursos remotos na área médica e sua aceitação pelos profissionais
Duas forças opostas tornam a rotina do médico particularmente difícil. De um lado, o dia a dia sempre atribulado por ter de se dividir entre o consultório, o hospital e as viagens a congressos. De outro, a necessidade de especialização constante e domínio de um conhecimento que cresce exponencialmente a cada mês. A equação não tem solução fácil, mas um aliado parece ter chegado para ficar – os cursos médicos à distância. “Na minha concepção, esse tipo de curso será cada vez mais rotineiro em praticamente todas as áreas médicas. Hoje, as informações são muito numerosas e a forma de adquiri-las ou reportá-las ganha cada vez mais uma maior dinamicidade. Esta forma de aprendizado já faz parte do dia a dia do profissional de saúde atualizado e reciclado”, diz o dermatologista Jayme de Oliveira Filho, coordenador do Departamento de Teledermatologia da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Dados comprovam a avaliação do Dr. Jayme. O ensino a distância (EAD) no Brasil dobra a cada ano. De acordo com Richard Vasconcelos, diretor da ME Digital, empresa especializada nesta modalidade de ensino, 14% dos alunos de ensino superior no país estão matriculados em cursos online. Em números absolutos, são quase 1 milhão de estudantes. Embora o ensino de especialização não tenha dados precisos sobre sua expansão nos últimos anos, Vasconcelos afirma que o crescimento segue pelo mesmo caminho. Um indicativo é adoção por grandes universidades como a USP, Unicamp, UFRGS, entre outras, de tecnologias para ensino online. A facilidade de ministrar aulas remotas permite que pesquisadores consagrados se engajem nesta modalidade e aumentem o apelo por este tipo de curso. Mestre em Tecnologias Digitais pela Oxford University, da Inglaterra, Vasconcelos destaca que médicos distantes dos grandes centros urbanos são os grandes beneficiados. “Antes da popularização do EAD, o médico tinha de pedir licença do trabalho, mudar-se para uma das capitais e fazer o curso. Hoje, ele não precisa sair de casa ou do consultório”. Para quem mora nos grandes certos urbanos, a opção por cursos remotos também pode ser uma forma de poupar o tempo perdido no trânsito.
Mas a Medicina tem particularidades que forçam a necessidade da aprendizagem no modo convencional. Dr. Jayme recomenda que o dermatologista escolha o curso em que o prejuízo de não assistir a uma aula ao vivo seja o menor possível. “Cursos com pacientes ao vivo ainda são um pouco prejudicados, quando comparados com cursos que tenham a presença do médico no local. Mas os questionamentos com testes, hipóteses diagnósticas e detalhamento de exames laboratoriais de fato enriquecem, e muito, o aprendizado do aluno interessado”, detalha. Em muitos casos, os cursos online também mesclam uma parte das aulas no modo presencial para compensar uma eventual perda de conteúdo. Essa medida é especialmente útil para reduzir o impacto de um dos pontos fracos dos curs…