O impacto das mudanças climáticas nos tratamentos dermatológicos
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O impacto das mudanças climáticas nos tratamentos dermatológicos
Morar em um país tropical significa vivenciar, na prática, apenas duas estações do ano, uma com temperatura mais amena, que não chega exatamente a ser fria, e outra mais quente, normalmente caracterizada por altas temperaturas, e que dura a maior parte do ano. No Brasil, especificamente, junta-se ao fato de ser um país quente em sua essência. E o aquecimento global decorrente da intervenção humana é capaz de acarretar temperaturas ainda mais elevadas. Esse calor, não raramente, costuma causar uma série de problemas relacionados à saúde. Não é incomum, por exemplo, as pessoas apresentarem maior cansaço, estresse e problemas respiratórios associados ao clima. Todas essas sensações também podem ser sentidas na pele.
Segundo o médico dermatologista Flavio Luz, as mudanças climáticas, especialmente os extremos de temperatura, levam a um aumento de doenças provocadas pelo calor, como a miliária e a Doença de Grover (dermatose acantolítica transitória). Entretanto, são as mudanças ecológicas decorrentes das mudanças climáticas e também das ações diretas do homem na natureza aquelas capazes de mais afetar a nossa saúde, vide o surgimento recorrente de novos vírus no planeta.
Os indivíduos com doenças graves, agravadas ou induzidas pelo sol, como, por exemplo, algumas formas de lúpus eritematoso, o xeroderma pigmentoso e o albinismo, devem ter um controle quase que absoluto do sol. “Nesses indivíduos, é fundamental fazer a reposição da vitamina D. A tecnologia nos ajuda nessa proteção com o desenvolvimento de tecidos com grande proteção ultravioleta e bastante confortáveis de serem utilizadas. E também pela evolução dos filtros solares”, explica.
Clima X cultura
Embora, como dito anteriormente, o calor tenha uma relação direta com o aumento e agravamento de algumas doenças dermatológicas, é preciso lembrar que algumas mudanças devem partir de cada pessoa. “É preciso avaliar até onde as tais alterações do clima e temperatura têm incidência direta sobre algumas doenças. O ciclo de diminuição da camada de ozônio, que levaria a uma maior intensidade das radiações ultravioleta na superfície da Terra, já está essencialmente controlado pela proibição da emissão dos gases refrigerantes que destroem essa camada. Então, o aumento da incidência do câncer da pele se refere muito mais a aspectos culturais de maior exposição do corpo ao Sol do que de alterações climáticas diretas”, avalia Luz.
Além disso, segundo o médico, apesar de boa parte da população já estar consciente no sentido de se proteger do sol nas exposições recreativas, o grande desafio dos dermatologistas é educar as pessoas para proteção do solar no dia a dia. “Roupas de fibras naturais, especialmente de algodão, são altamente eficazes na proteção contra radiação. Roupas especiais também são indicadas em situações extremas, como esportes aquáticos. Dessa forma, não há necessidade, na maior parte das vezes, de utilização de filtro solar por baixo das roupas, com exceção dos indivíduos que apresentam uma necessidade muito grande de proteção e utilizam roupas de tecidos sintéticos claros e finos”, frisa Flávio.
É importante lembrar aos associados de que, com a chegada do verão, o índice ultravioleta na maior parte do Brasil se mantém em níveis muito altos ou extremos, já começando logo cedo, pela manhã. Em cidades ensolaradas, como Rio de Janeiro, e nas regiões Norte e Nordeste, a partir das 8h já se tem um índice ultravioleta bastante elevado e com potencial danoso para a pele. Portanto, além do tratamento habitual prescrito aos pacientes sobre determinada doença, é necessário sempre reiterar que os cuidados de proteção devem ser redobrados neste período, com uso de chapéus com abas largas, óculos escuros com proteção UV, camisa e protetor solar igual ou superior a 30, reaplicando a cada duas horas ou sempre que houver suor ou imersão em água, além de evitar exposição solar entre 9h e 15h.