Na Globonews, diretor da SBD aborda dúvidas sobre a relação entre Covid-19 e manifestações cutâneas



Na Globonews, diretor da SBD aborda dúvidas sobre a relação entre Covid-19 e manifestações cutâneas

17 de maio de 2020 0

O diretor da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) Egon Daxbacher disse na sexta-feira (15/5), em entrevista ao Jornal das Dez (GloboNews), que achados científicos sobre possíveis sintomas do novo coronavírus (Covid-19) na forma de manifestações cutâneas ainda estão sendo investigados. Diante disso, segundo ele, até o momento, existem muitas dúvidas sobre estas situações, necessitando o acompanhamento de publicações com resultados de novas pesquisas sobre o assunto.

Assista a íntegra da entrevista

Na entrevista, o diretor da SBD lembrou da importância do país seguir as conclusões da ciência e buscar avançar em conhecimentos relacionados à doença. “É tudo muito novo nessa pandemia. Alguns dos trabalhos científicos divulgados investigaram poucos pacientes, outros relataram suspeitos, sem confirmação e sem análise histopatológica. Ainda estamos esperando novos dados”, salientou. Daxbacher ressaltou que há descrições de casos, num amplo espectro de manifestações. Inclusive, conforme explicou, existem relatos de pacientes que não desenvolveram outros sinais (febre, falta de ar, tosse), apenas lesões cutâneas, e testaram positivo para Covid-19. 

Sintomas – Diante desse quadro, o diretor da SBD salientou que pessoas que apresentarem sintomas dermatológicos devem procurar um dermatologista para avaliação. Se for o caso, o médico pode solicitar o teste para a Covid-19. “Temos um Departamento de Medicina Interna, coordenado pelo professor Paulo Criado, que está fazendo a revisão dos estudos na velocidade em que estão sendo produzidos, contudo ainda não há nenhuma definição mais clara”, frisou.

Indagado se o contato com uma pessoa com lesões cutâneas pode transmitir o novo coronavírus, Daxbacher afirmou que trabalhos atuais não apontam para este tipo de contaminação. “Estudos indicam que o vírus pode permanecer na superfície. Isso inclui a superfície cutânea. Uma pessoa com manifestação cutânea pode ter o vírus circulando em sua via aérea, não necessariamente com sintomas de via área. Então, devemos lavar as mãos sempre que tocarmos em alguém. Não está em análise científica, atualmente, se o vírus está na pele, mas, ele pode ter se depositado sobre a pele a partir da respiração. Ou seja, a transmissão de pele para pele ainda não foi confirmada pela literatura médica”, explicou.

No contexto atual, com o uso frequente de álcool para higienização das mãos, Egon Daxbacher recomendou a hidratação frequente da pele, com a ida ao dermatologista se forem percebidos sinais e sintomas do surgimento de problemas dermatológicos. Essa visita ao médico pode eliminar dúvidas sobre a Covid-19 e ajudar na identificação precoce de outros transtornos de pele, que não pararam de acontecer, sem ter, necessariamente, relação com o coronavírus.

Análises – Para auxiliar os especialistas, a SBD tem publicado, periodicamente, artigos que fazem a revisão sistemática de estudos divulgados, inclusive no exterior. O trabalho, conduzido pelo professor Paulo Criado, coordenador do Departamento de Medicina Interna da entidade, está à disposição na plataforma criada pela Sociedade, na qual se encontram informações sobre a Covid-19. 

Acesse a plataforma da SBD sobre Covid-19

No último artigo de Paulo Criado, publicado em 4 de maio, foi analisado artigo do British Journal of Dermatology, assinado pela professora Cristina Galván Casas e sua equipe da Academia Espanhola de Dermatologia e Doenças Venéreas (AEDV). O trabalho sugere a associação do corononavírus com cinco tipos de manifestações cutâneas diferentes. Além disso, os pesquisadores apontam indícios da relação entre o tipo de complicação dermatológica e a gravidade da contaminação pela Covid-19.

Segundo o professor Paulo Ricardo Criado, coordenador do Departamento de Medicina Interna da SBD e pesquisador Pleno da Pós-Graduação da Centro Universitário Saúde ABC (FMABC), esse trabalho constitui o estudo prospectivo e multicêntrico com a maior casuística até agora. No entanto, alerta, apesar da farta documentação fotográfica, não houve, estudo histopatológico, o que fragiliza suas conclusões.

Acesse a íntegra do artigo

Além disso, ele prossegue: “se considerarmos, mesmo que subnotificados os casos diagnosticados com lesões na pele, a frequência destas alterações cutâneas na Covid-19 continua extremamente baixa (em torno de 0,1569% dos 239 mil doentes com esse diagnóstico naquele país). Assim, lesões na pele por essa doença existem, porém não devem criar ansiedade e expectativas de que sejam indicadoras precisas de sua ocorrência”. 

 





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