A escassez de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os profissionais de saúde que atuam no atendimento dos pacientes com Covid-19 foi denunciada pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), em reportagem especial do Fantástico (TV Globo), exibida no último domingo (30). A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), cumprindo sua missão de zelar pela integridade física e bem-estar dos dermatologistas brasileiros, vem a público corroborar a gravidade da situação enfrentada pelos médicos e solicitar com urgência medidas do Poder Público para reverter o atual cenário de crise.
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Na matéria do Fantástico, foram apresentados diferentes relatos colhidos pela AMB e pelo Cofen, nas últimas duas semanas. Ao todo, as entidades reuniram quase cinco mil denúncias de profissionais de todos os estados do País sobre a falta de EPIs. Médicos e enfermeiros – com medo – solicitam orientação e fiscalização em hospitais públicos e particulares. Há relatos de escassez de itens básicos, como máscaras cirúrgicas, aventais, luvas e até mesmo sabão.
De acordo com o presidente da SBD, Sérgio Palma, devido à facilidade de transmissão do novo coronavírus, se os materiais de proteção não chegarem efetiva e urgentemente até as unidades de saúde, médicos, enfermeiros e técnicos inevitavelmente ficarão doentes. “Há um enorme risco de contágio de outros pacientes e dos familiares desses trabalhadores. Além disso, pode representar um déficit significativo da mão de obra mais indispensável nesse momento”, alertou.
Conforme ressaltou o vice-presidente da AMB, Diogo Leite Sampaio, há desabastecimento de forma generalizada em todo o Brasil, sendo necessária uma rápida mobilização das autoridades. Além disso, também é preciso reforçar as iniciativas de capacitação de todos aqueles que atuam na assistência dos pacientes com Covid-19.
Repressão – Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as orientações de segurança para atendimento de casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 incluem: higienização das mãos com água e sabonete líquido ou preparação alcoólica a 70%; óculos ou protetor facial; máscara cirúrgica; avental; e luvas. Entretanto, as denúncias revelam que no dia a dia das unidades de saúde falta até o mais básico.
Na última semana, profissionais de saúde fizeram protestos em Porto Alegre (RS) e Araguaína (TO), para pedir melhores condições na luta contra o coronavírus. Devido à escassez de insumos, muitos médicos têm utilizado recursos próprios para comprar máscaras, luvas e demais EPIs. A atitude, no entanto, tem sido alvo de repressão por parte da administração de diferentes hospitais. “Um dos responsáveis gritou comigo e, categoricamente, me proibiu de usar qualquer material de proteção. Ele disse que eu estava causando pânico na população”, releva um dos denunciantes.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que já realizou a compra de 60 milhões de itens e encomendou nos últimos dias outros 72 milhões de unidades de EPIs. “Existem mais de 40 caminhões circulando pelo País, apenas para a distribuição desses equipamentos. Além disso, vários voos também estão ocupados com essa finalidade”, pontuou o secretário-executivo do Ministério, João Gabbardo dos Reis.