Após cerca de dez anos de ações junto ao Ministério da Saúde pela melhoria no tratamento da psoríase, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) obteve importante vitória nesta quinta-feira (11/10) com a recomendação de quatro medicamentos imunobiológicos para o tratamento da doença. A ata da reunião da plenária da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias) avaliou o resultado da Consulta Pública n. 26, realizada em junho, e recomendou inicialmente a incorporação ao SUS dos medicamentos adalimumabe (como primeira opção terapêutica), secuquinumabe, ustequinumabe (na falha do adalimumabe) e etanercepte (para pacientes pediátricos), para o tratamento da psoríase moderada a grave em pacientes que apresentam falha terapêutica ou contraindicação ao uso das terapias tradicionais. Agora é necessário aguardar a publicação no Diário Oficial da União e a revisão do Protocolo Clínico e Diretrizes de Tratamento (PCDT) da psoríase para que os pacientes possam ter acesso a essa terapêutica.
A Comissão analisou os estudos apresentados que avaliavam as evidências científicas sobre eficácia, segurança, custo-efetividade e impacto orçamentário das medicações.
“A partir dessa recomendação teremos condições de tratar de maneira completa nossos pacientes com novas drogas que são a complementação do tratamento da psoríase. Vamos tratar a enfermidade desde as drogas sistêmicas tradicionais até os imunobiológicos para aqueles pacientes graves que não respondem à terapia clássica. Hoje é um dia histórico para a dermatologia”, considera a dermatologista Sineida Berbert Ferreira, coordenadora do Grape SBD de Psoríase e de Dermatite Atópica de Maringá.
Os medicamentos biológicos utilizados no tratamento da psoríase já são liberados pelo SUS para tratamento de diversas outras doenças, como a artrite reumatoide e artrite psoriásica (comorbidade da própria psoríase). Entretanto, até então, o paciente com psoríase com acometimento apenas cutâneo não era beneficiado pelo SUS, mesmo com a indicação clínica adequada.
“A incorporação coroou o trabalho de mais uma década da SBD em prol dos pacientes com o apoio irrestrito da Psoríase Brasil e da sua presidente Gladis Lima. É uma vitória ter os biológicos como uma das alternativas terapêuticas para o tratamento da psoríase, assim como ocorre com a artrite psoriática e reumatoide”, disse a dermatologista Claudia Maia. “É um bom começo. Vamos conseguir prestar um atendimento melhor para os pacientes e com isso melhorar sua qualidade de vida”, corrobora o dermatologista Paulo Oldani.
O resultado foi divulgado durante o Seminário da SBD "A Nova Realidade da Terapêutica Dermatológica", uma das atividades científicas do 11º Simpósio de Cosmiatria e Laser e 23ª Radesp (11-13/10), em São Paulo. Na ocasião foram discutidos temas referentes ao tratamento da doença: 'Como tratar a psoríase nos tempos de biológicos'; 'Biológicos em outras doenças dermatológicas' e 'Acesso público e privado'.
Participaram como palestrantes os médicos dermatologistas Sérgio Palma (vice-presidente da SBD), Claudia Maia, José Antonio Sanches (presidente da SBD), Sineida Berbert e Paulo Oldani (foto).
Biológicos incorporados
A Conitec deliberou por unanimidade o adalimumabe como primeira linha de tratamento biológico após falha da terapia-padrão (por oferecer menor custo/resposta) e ustequinumabe ou secuquinumabe como segunda linha de tratamento biológico após falha do adalimumabe (por apresentar melhor resposta clínica). Também deliberou por unanimidade a incorporação de etanercepte na primeira etapa de tratamento após falha da terapia de primeira linha da psoríase em pacientes pediátricos. O infliximabe não foi incorporado para essa indicação clínica.
Acesse a íntegra da ata: http://conitec.gov.br/images/Reuniao_Conitec/2018/Ata_70Reuniao.pdf