Um deles é o estudo inédito realizado pela SBD-Resp que revela: pais e professores ainda acreditam que proteção solar só deve ocorrer na praia e durante os meses de verão. Maioria ainda desconhece efeitos nocivos da radiação solar também nos dias nublados e necessidade de proteção durante brincadeiras ao ar livre
Em dezembro 2014, a Campanha Sol, Amigo da Infância completou dois anos de atividades. Nesse período, milhares de crianças foram beneficiadas com suas ações, tendo dez cidades aprovado projetos de leis que incorporaram a Semana de Educação em Exposição Solar; oito municípios firmaram acordos por meio de Termos de Cooperação Técnica; 453 escolas e 195.970 alunos foram beneficiados com os conhecimentos da Campanha; 1.196 professores participaram dos cursos presenciais; 1.081 professores participaram dos cursos de Educação a Distância, e 10.254 professores propagaram a iniciativa.
Para ampliar as ações de divulgação junto ao público, a campanha conta com alguns canais digitais, como site solamigodainfancia.com.br e a fanpage no Facebook Solamigodainfancia. No site, há uma seção exclusiva para professores e demais profissionais da área da educação com o objetivo de disponibilizar informações diversas sobre a incidência dos raios solares e a saúde da pele, além de sugerir atividades para o trabalho com esse tema nas escolas.
Entre as atividades mais recentes em prol da Campanha, a SBD-Resp realizou um estudo com pais e professores para avaliar se entendem, de fato, a necessidade da proteção solar em todas as ocasiões. A pesquisa, inédita, revelou que ambos desconhecem os efeitos nocivos da radiação e ainda acreditam que proteção solar só deve ocorrer na praia e durante os meses de verão. “O dado mais preocupante é que, de fato, tanto os pais como os educadores acreditam que estão atuando da forma correta na proteção solar”, explicou o presidente da SBD-Resp, Paulo Criado. O estudo foi levado a termo em todo o Brasil, com 823 pais e 157 educadores, e serviu de base para disseminar a informação e esclarecer a população por meio de site específico sobre vantagens e cuidados que devem ser observados no dia a dia das crianças na exposição ao sol.
Dados da pesquisa
Apesar de 58% dos pais e 57% dos educadores afirmarem que a exposição excessiva ao sol na infância pode levar ao câncer da pele, o comportamento de risco das crianças e adolescentes brasileiros em casa ou na escola revela que teoria e prática não andam juntas quando o assunto é prevenção. Ainda assim, há um número relevante, 23% dos pais e 19% dos educadores, que ignoram também o risco da exposição solar excessiva.
A grande dificuldade está em estabelecer uma rotina de proteção. Embora 89% dos pais afirmem que usam protetor solar em seus filhos; a maioria nunca reaplica o produto, o que os deixa vulneráveis à radiação solar da mesma forma. Entre os 11% que declaram nunca usar o protetor solar, 42% alegam que esquecem; 32% não compram por ser muito caro, e 15% não consideram o produto importante.
E as contradições não param por aí: 69% dos pais declaram que sempre estimulam os filhos a se proteger do sol evitando horário de pior incidência solar (10h-15h), porém 45% (quase metade) dos educadores analisados deixam os alunos expostos ao sol nos piores horários ou o dia todo, e 29% deles afirmam que nunca estimularam a proteção solar entre seus alunos. O extremo também acontece: 6% dos pais e 27% dos educadores dizem que nunca deixam seus filhos ou alunos ficarem expostos ao sol.
Criado acredita que os números refletem um comportamento cultural do brasileiro em relação à doença. “Apesar dos avanços em informação sobre a incidência solar e os prejuízos do acúmulo de exposição inadequada ao sol para a saúde, as pessoas ainda veem o melanoma como algo distante da sua realidade, já que estamos falando de uma doença de longo prazo”, explica. A análise do médico é corroborada pelo estudo, já que a maioria dos entrevistados (84%) não aponta nenhum caso de câncer da pele na família.
Salva de Prata
Recentemente, a SBD-Resp conseguiu a aprovação de um projeto pela Lei Rouanet junto ao Ministério da Cultura para levar aos palcos uma adaptação do gibi e do DVD da Turma da Mônica A pele e o sol, com a montagem de um espetáculo teatral infantil em parceria com a Mauricio de Sousa Produções. Estão previstas 24 apresentações gratuitas direcionadas a alunos de escolas públicas e instituições sociais de São Paulo, Santos e Praia Grande, entre fevereiro e novembro do ano que vem.
Em fevereiro de 2015, a Câmara Municipal de São Paulo vai conceder a honraria “Salva de Prata” à SBD-Resp pelas atividades desenvolvidas com a campanha.
E, para fechar o ciclo, a Resp lançou durante a 19a Radesp, em dezembro, um livro comemorativo, que conta toda a trajetória da Campanha Sol, Amigo da Infância ao longo desses dois anos.
* Matéria publicada na edição de novembro/dezembro do Jornal da SBD.