Dermatite Atópica



O que é?

É um dos tipos mais comuns de eczema, principalmente na infância, embora alguns casos possam ter início na adolescência e adultos. É uma doença genética, crônica e onde a coceira e a pele seca são as principais características. Acomete principalmente as grandes dobras do corpo como porção anterior dos cotovelos, região atrás dos joelhos e pescoço. Nas crianças menores a face é uma região frequentemente acometida.

A dermatite atópica pode ser acompanhada de outras formas de atopia como asma, rinite ou conjuntivite, embora essas não precisem ocorrer ao mesmo tempo. Alguns fatores podem agravar a dermatite atópica e incluem: 1) sudorese excessiva (ambiente quente, variações repentinas de temperatura e roupas quentes), 2) baixa umidade no ambiente (aumenta o ressecamento da pele), 3) roupas de lã, tecidos sintéticos e ásperos em contato direto com a pele (aumentam a coceira), 4) banhos demorados com água quente (ressecam a pele), 5) uso de sabonetes em excesso associado ou não ao uso de buchas e 6) situações de estresse (aumentam a coceira). A relação da dermatite atópica com alimentos não está bem estabelecida. Pode estar associada a alimentos, principalmente leite, nos casos graves e de início em recém-nascidos.

Não se trata de uma doença contagiosa.

 

Sintomas

A característica principal da doença é a pele seca com coceira constante o que leva a ferimentos na pele causado pela coceira.
Em geral a dermatose apresenta períodos de melhora e recaídas frequentes, podendo haver intervalos de semanas, meses ou anos, entre uma crise e outra.

A coceira pode causar ferimentos na pele, o que facilita a contaminação das feridas por bactérias, principalmente o Staphylococcus aureus. Entretanto, infecções por outros agentes podem ocorrer, como as causadas por vírus, principalmente o do Herpes simples, causando um quadro denominado erupção variceliforme de Kaposi. Infecções fúngicas também podem ocorrer na pele do portador de dermatite atópica.

O quadro clínico da dermatite atópica varia conforme a fase da doença. Pode ser divido em três estágios: fase infantil (3 meses a 2 anos de idade), fase pré-puberal (2 a 12 anos de idade), fase adulta (a partir de 12 anos de idade).

As lesões na pele variam muito e depende do tempo de doença e da gravidade, deste modo pode haver, por exemplo: áreas avermelhadas com ferimentos e nas doenças com longo tempo de evolução (meses a anos) podem aparecer áreas espessadas na pele.

Aproximadamente 70 % das crianças que apresentam a doença na infância evoluem com remissão na adolescência, embora alguns casos permaneçam até a vida adulta. Menos comum é o surgimento da dermatose na fase adulta.

Tratamento

O objetivo do tratamento da dermatite atópica é o controle da coceira, a redução da inflamação da pele e a prevenção das recorrências. Devido à pele ressecada, a base do tratamento é o uso de emolientes ou hidratantes. Isso porque a hidratação da pele é necessária para melhorar a barreira natural da pele. Pacientes devem ser orientados a aplicar esses produtos várias vezes ao dia. Banhos quentes devem ser evitados, optando-se por água morna e com tempo curto, pois a água quente resseca ainda mais a pele. Também se deve optar por sabonetes mais suaves, sintéticos que respeitam o pH natural da pele.

O uso de anti-histamínicos por via oral pode ajudar no controle da coceira que acompanha essa doença, mas seu efeito não é curativo. Alguns podem causar sonolência, mas ajudam a diminuir a coceira durante o sono. O médico verificará se há opções de medicações que não causem esse efeito colateral, se for do desejo do paciente.

Nas formas leves (maioria dos casos) o tratamento envolve o uso de medicamentos tópicos, ou seja, aqueles aplicados diretamente sobre a pele ou couro cabeludo do paciente. Normalmente, é empregado um creme ou uma pomada de cortisona (ou esteroide), mas seu uso deve restrito, devido aos seus efeitos colaterais. Estas medicações são ajustadas aos locais de aplicação e a faixa etária do paciente, uma vez que existem diferentes tipos e concentrações que serão ajustadas pelo médico. Crianças devem utilizar corticosteroides de menor potência, pela sua capacidade de absorvê-los e causar problemas internos.

Outras medicações que não envolvem os corticosteroides podem ser utilizadas em associação a eles ou separadamente, como os derivados da calcineurina, especialmente em áreas de pele muito fina, como pálpebras, dobras axilares e região genital. A fototerapia, tratamento com raios ultravioleta (principalmente a ultravioleta B de banda estreita), é bastante eficaz no controle do eczema, pois auxilia na contensão da inflamação e coceira, mas pode não estar facilmente disponível.

Nos casos mais graves, os pacientes poderão precisar de medicações orais, incluindo corticoides, imunossupressores, como ciclosporina e metotrexate, entre outros. Já em casos de complicações, como infecções secundárias, é indicado o uso de antibióticos ou antivirais. Alguns casos necessitam de internação hospitalar para controle adequado da dermatose.

Novos tratamentos têm surgido, decorrentes de pesquisas médicas, abrindo perspectivas para o melhor controle dessa doença da pele. Entre eles podemos citar: crisaborole (tópico), e drogas de uso sistêmico como dupilumabe (inibidor de IL4 e IL13R), inibidores da enzima Janus Kinase (baricitinibe, upadacitinibe e abrocitinibe).

Alguns pacientes necessitam de atendimento com vários especialistas porque também apresentam associações com asma, rinite, sinusite e até pneumonias de repetição. Muitas vezes apoio psicológico/ psiquiátrico para o paciente e os familiares é necessário, uma vez que se trata de uma doença que compromete a qualidade de vida de todos os envolvidos. Vários aspectos da vida diária são comprometidos, como frequência à escola, ao trabalho e da vida amorosa dos adultos.

Somente o médico pode indicar o medicamento mais adequado para cada caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. É preciso seguir rigorosamente as orientações e jamais se automedicar. Também não se deve interromper o uso do medicamento sem consultar o médico e, tomá-lo em quantidades maiores do que a prescrita.

Prevenção

Melhorar as condições da barreira da pele é um dos pontos principais e ele é conseguido através do uso hidratantes ou emolientes pelo menos duas vezes ao dia e com produtos específicos para pele seca, além de ausência de fragrância e alguns conservantes na formulação.

Controle do prurido e orientação médica adequada precocemente, são medidas fundamentais para evitar o agravamento da doença.





SBD

Sociedade Brasileira de Dermatologia

Av. Rio Branco, 39 – Centro, Rio de Janeiro – RJ, 20090-003

Copyright Sociedade Brasileira de Dermatologia – 2021. Todos os direitos reservados