Nos consultórios de dermatologia, é cada vez mais comum o atendimento de pacientes que passaram por procedimentos estéticos mal executados, resultando em complicações, deformidades e resultados insatisfatórios que exigem tratamentos longos e complexos. Diante dos riscos à saúde da população, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) reforça que médicos dermatologistas ou cirurgiões plásticos são os especialistas habilitados a realizar procedimentos estéticos invasivos, para evitar consequências graves e muitas vezes irreversíveis. Um caso recente, destacado na reportagem do Fantástico, revelou a denúncia de 63 pessoas contra uma clínica de estética em Goiás, após elas sofrerem sequelas sérias.
“Embora uma clínica aparente ter boa estrutura e seja popular nas redes sociais, é crucial que a população compreenda que procedimentos invasivos devem ser realizados apenas por médicos, profissionais capacitados para lidar com possíveis complicações. Sem esses cuidados, casos graves como o noticiado pela imprensa continuarão causando sérios danos à saúde. Essa situação está se tornando ou já é um problema de saúde pública”, explica o presidente da SBD, Dr. Carlos Barcaui.
Entre os procedimentos estéticos invasivos, estão a aplicação de toxina botulínica (Botox), preenchedores faciais (como ácido hialurônico), bioestimuladores de colágeno, laser e tecnologias invasivas, além de peelings químicos (como o de fenol, indicado para rugas e flacidez), entre outros.
“Um dermatologista passa por um longo processo de formação, que pode levar mais de nove anos, sendo seis anos de graduação em medicina e pelo menos três anos de especialização. Durante esse período, ele adquire as competências necessárias para realizar procedimentos clínicos, estéticos e cirúrgicos, sempre com base em uma consulta detalhada, análise da condição da pele e avaliação de indicações e contraindicações”, explica Dr. Sérgio Palma, membro da diretoria da SBD.
A SBD recomenda que, antes de se submeter a qualquer procedimento estético, o paciente consulte um dermatologista. Esse profissional é capacitado para avaliar a saúde da pele e recomendar o tratamento mais adequado, além de orientar sobre os cuidados necessários para evitar sequelas.
“Muitas pessoas se deixam seduzir por preços baixos oferecidos por profissionais não médicos, mas é importante lembrar que o barato pode sair caro. Fique atento a valores muito abaixo da média de mercado e, acima de tudo, priorize sua saúde e segurança”, alerta Dra. Juliana Ikino, também integrante da diretoria da SBD.
Um estudo realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) revelou que entre 2012 e 2023, cerca de 10 mil boletins de ocorrência e processos judiciais foram registrados no Brasil, motivados pelo exercício ilegal da medicina. Esses dados, obtidos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pelas Polícias Civis de 22 estados, indicam que muitos desses casos envolveram prejuízos financeiros, danos morais, sequelas e até mortes de pacientes atendidos por profissionais sem a formação médica necessária. Esses indivíduos, ao agirem com negligência e falta de qualificação, ultrapassaram os limites definidos pela Lei do Ato Médico (Lei nº 12.842/2013), que reserva aos médicos a realização de procedimentos invasivos e outras práticas.
O crime de exercício ilegal da medicina envolve, entre outras atividades, a realização de procedimentos invasivos, que exigem conhecimento técnico especializado, obtido apenas pelos médicos, o que reduz os riscos de danos à saúde do paciente.
A SBD reitera seu compromisso com a saúde e segurança da população. Para encontrar um dermatologista perto da sua região, acesse aqui.