17ª edição do SBD Live aborda os conceitos gerais, a barreira cutânea e o microbioma na dermatite atópica



17ª edição do SBD Live aborda os conceitos gerais, a barreira cutânea e o microbioma na dermatite atópica

17 de setembro de 2020 0

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) promoveu, na terça-feira (15/9), a 17ª edição do projeto SBD Live, cujo conteúdo em debate foi “Dermatite atópica – conceitos gerais, barreira cutânea e microbioma”. A iniciativa, realizada por meio de plataforma virtual exclusiva aos associados, promoveu uma atualização sobre o tema recorrente na prática do dermatologista.

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“Esse mês temos duas datas importantes: o Dia Mundial da Dermatite Atópica (DA), celebrado em 14 de setembro; e o Dia de Conscientização sobre a doença, comemorado em 23 de setembro. Por isso, a SBD está promovendo abordagens sobre diversos aspectos da doença”, enfatizou o presidente da Sociedade e um dos moderadores do encontro, Sérgio Palma.

Conceitos – A palestra ficou a cargo da convidada especial, Clarissa Prati, assessora do Departamento de Dermatologia Pediátrica da SBD, mestre em Ciências Médicas e doutora em Ciências da Saúde, além de preceptora no Hospital São Lucas (PUC-RS). Segundo a especialista, dermatite atópica é uma dermatose inflamatória crônica multifatorial na qual o prurido é uma característica muito importante, com frequência elevada: 8% das crianças e 5% dos adolescentes são acometidos com a DA no Brasil.

Entre os adultos, entre 1% e 3% são acometidos, sendo que a maioria dos casos se inicia na infância. “Um número global mostra que de 30% a 40% dos casos são do tipo moderado a grave e acabam tendo uma interferência grande na qualidade de vida por conta da morbidade que obriga à internação dos pacientes sucessivas vezes”, explicou.

Clarissa Prati afirmou, ainda, que em virtude de sua etiologia multifatorial, há um inter-relação direta e dinâmica entre a disfunção de barreira, a resposta imune/processos inflamatórios, os fatores microbianos e ambientais, os distúrbios genéticos/mutações em perfis específicos de pacientes. “Isso favorece, então, esse processo imune crônico da doença com influência importante dos fatores ambientais e resposta imune, especialmente tipo 2, mas não somente”, diz.

Integridade – A especialista lembrou também que a integridade da barreira cutânea, formada pelas barreiras física, química, microbiana e imunológica, depende da homeostase da pele. Ela ressaltou que a partir do estabelecimento da dermatite atópica, há uma desregulação da imunidade inata/adaptativa e da disfunção da barreira cutânea. Conforme afirmou, “um processo retroalimenta o outro e o dermatologista precisa entender e agir em ambos e não somente em um deles”.  

Conforme explicou, uma pele saudável tem a sua barreira totalmente consolidada e na DA essa barreira alterada em todos os seus componentes “permite perda maior de água, por meio desses espaços, e ainda contato maior com fatores ambientais agressores, sejam proteínas de limpeza ou outras substâncias externas que favorecem a agressão e estimulam a resposta imune”.

Microbioma – Ela acrescentou que na DA há diminuição da diversidade e aumento desproporcional da população Staphylococcus aureus associados aos episódios de exacerbação. Mais de 90% dos pacientes com dermatite atópica têm a pele colonizada pela bactéria, em comparação com cerca de 5% dos indivíduos não afetados.

“Durante os surtos de DA, a diversidade bacteriana diminui e a proporção de Staphylococcus aureus aumenta. Em média, passa de 35% para 90%. É muito. Essa bactéria tem uma capacidade maior de sensibilizar a pele e isso é conhecido como a produção de superantígenos. Eles estimulam a resposta imune Th2 e outros mediadores inflamatórios, e as exotoxinas acabam por ser uma característica de determinadas cepas da Staphylococcus aureus”, destacou.

Clarissa esclareceu também que o microbioma da pele é sítio específico e determinado pelas características fisiológicas. Na grande parte da superfície cutânea há um equilíbrio muito tênue entre os Staphylococcus e os Corynebacteriums; nas partes mais sebáceas e seborreicas, as espécies de Cutibacterium predominam. Já a composição fúngica é similar por toda a superfície cutânea corpórea.  “Uma influência, cada vez mais explorada, do ponto de vista de intervenções é do microbioma intestinal. Não só na dermatite atópica como em outras doenças inflamatórias”, disse.

Após as exposições da convidada, o diretor financeiro da SBD, Egon Daxbacher, juntamente com o presidente da entidade, mediou as questões enviadas pelos espectadores. Dentre os tópicos abordados com a especialista, estão questões como, orientações sobre o banho; uso de hipoclorito de sódio; qual sabonete syndet é mais adequado para qual momento; o uso de probióticos; a alergia alimentar e a DA; e quais óleos usar pré e pós-banho.

 





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