Atualizar as condutas terapêuticas para dermatite atópica (DA), com ênfase na prática clínica dos dermatologistas. Essa foi a tônica do encontro virtual, promovido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), com patrocínio da GSK e apoio da Manole Educação, que congregou cerca de 956 espectadores na noite da última terça-feira (7/7). O evento online, transmitido por meio de plataforma gratuita e exclusiva para associados, apresentou informações a respeito de métodos de tratamento com base em evidências científicas recentes da literatura médica.
Clique aqui para acessar a plataforma
Durante os trabalhos, o presidente da SBD, Sérgio Palma, que atuou como mediador dessa edição do SBD Live, adiantou que, devido à necessidade de os dermatologistas aprofundarem seus conhecimentos na área da Imunologia para tratar corretamente inúmeras doenças da pele, a exemplo da DA, a entidade ofertará a partir do segundo semestre de 2020 um curso especialmente voltado à educação científica em conceitos da imunidade.
Além disso, Sérgio Palma ressaltou que outras informações científicas, com credibilidade e qualidade asseguradas pela equipe da SBD, com foco na pandemia, estão disponíveis no site da entidade. “Na última semana, lançamos um documento com recomendações para a manutenção das atividades em clínicas e consultórios médicos, mesmo durante a pandemia da Covid-19. O conteúdo está na página SBD coronavírus, na qual também estão disponíveis inúmeros outros trabalhos relevantes sobre a atual pandemia de Covid-19 e sua repercussão na dermatologia. Essas são ações que ratificam o compromisso da SBD em prol da capacitação de seus associados”, disse.
Clique aqui para acessar a plataforma SBD Coronavírus
Orientações – A mestre em Clínica Médica, com ênfase na Saúde de Crianças e Adolescentes, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e atual dermatologista da GSK, Juliany Estefan, deu início às explanações com orientações sobre cuidados tópicos para DA. Conforme salientou, em função da característica crônica e recidivante da doença, é fundamental que o paciente dê continuidade ao tratamento, mesmo após a melhora dos sintomas.
“A DA é uma patologia inflamatória complexa e crônica, com prevalência alta, sobretudo entre crianças e adolescentes. A coceira, inflamação e irritação aparente da pele são as manifestações clássicas. No geral, o tratamento é eficaz e inclui o uso diário de hidratante – imediatamente após o banho – e administração de medicamentos, como anti-histamínicos, corticoides tópicos, adjuvantes e outros. No entanto, é importante manter o acompanhamento em longo prazo, visto que os sintomas tendem a ressurgir, se os cuidados de rotina forem abandonados”, afirmou.
Entres os fatores desencadeantes da DA estão as infecções cutâneas, o contato com produtos de limpeza e demais agentes irritantes, além do clima frio e das mudanças abruptas de temperatura. “O estresse e ansiedade também têm papel relevante no desencadeamento das crises”, pontuou a dermatologista.
Na sequência, Clarissa Prati, doutora em Ciências da Saúde pelo Hospital do Servidor Público Estadual (SP) e preceptora da Residência em Dermatologia do Hospital São Lucas (PUCRS), abordou questões sobre tratamento sistêmico, indicado para casos graves e moderados de DA. A especialista comentou aspectos da fisiopatogenia da doença, destacando a necessidade de avaliar a gravidade da DA a partir de métodos reconhecidos pela comunidade científica, como EASI, SCORAD e outros.
Ainda de acordo com a médica, os dermatologistas devem estar atentos para a associação frequente de outras doenças com a DA, em especial asma, rinossinusite crônica e alergia alimentar. “A asma é um bom exemplo. Ela tem fisiopatologia muito similar à DA e está presente em cerca de 35% dos pacientes com dermatite atópica grave. Por isso, é sempre recomendada a investigação aprofundada de outros quadros a fim de obter um diagnóstico mais preciso e o tratamento integral”, discorreu.
Prurido – Finalizando os debates, a coordenadora do Departamento Científico de Dermatologia Pediátrica da SBD e médica do Hospital Municipal Jesus (RJ), Ana Mosca, comentou especificidades a respeito do prurido, manifestação caracterizada por desconforto intenso e vontade de coçar a pele. Segundo ela, o sintoma é crônico nos quadros de DA, uma vez que persiste por meses, quando não tratado.
“O ato insistente de se coçar leva à perda de barreiras da pele e uma subsequente inflamação. A resposta imune e demais reações do organismo ativam determinados neurosensores que vão desencadear sintomas como perturbação do sono, dor e queimação”, explicou. Na avaliação da especialista, o hábito diário de hidratar a pele associado ao uso dos fármacos adequados corresponde à forma mais eficiente de eliminar o problema.
“Como fator preventivo, é fundamental que os pais permitam o pleno contato das crianças com o ambiente e bactérias inerentes ao meio. Os estudos são claros ao demonstrar que quanto mais anticorpos de bactérias o organismo tem, mais diverso é o microbioma e pouca demartite atópica surge. As crianças que vivem em locais demasiadamente esterilizados e assépticos são mais suscetíveis a essa doença”, ponderou.
Após o encerramento das apresentações, todos os especialistas responderam ainda diferentes questionamentos dos espectadores sobre assuntos como: orientações para o banho e cuidados gerais com a pele; esquemas recomendados de corticoterapia; diagnóstico de DA associada à alergia alimentar em pacientes pediátricos; utilização de probióticos; entre outros.